As Fraudes do Médium Mirabelli (Parte 19)

Dando prosseguimento à série de reportagens do Correio Paulistano.

Correio Paulistano – Terça-feira, 20 de junho de 1916, página 3 

No mundo das maravilhas

Fez-se luz em a noite do mistério 

O sr. Carlos Mirabelli é realmente um hábil prestidigitador 

Duas palavras ao mirabellico vespertino• As sessões realizadas no “Correio Paulistano” • Primeiras suspeitas • Na pista do embuste

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FIAT LUX…

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Ao iniciarmos ontem, a palpitante história da farsa mirabellica, reproduzimos gostosamente a apreciação feita pelo “Jornal do Commercio”, o velho, brilhante, e acatadíssimo órgão da imprensa carioca, a propósito do desencanto pelo “Correio Paulistano” de mais um bruxo que já ia, felizmente com desaponto para quase a totalidade do nosso meio culto, ganhando raízes fundas e daninhas na credulidade ainda mais daninha e mais funda de alguns homens de reconhecida idoneidade moral e intelectual. E, hoje, antes de reiniciarmos o fio da nossa descrição, urge que informemos à Gazeta, nossa colega vespertina, aquilo mesmo de que ela nunca intimamente duvidou, senão com o solerte intuito, em vão nascido, de individualizar o caso do pseudo-médium. A informação que vamos ministrar à Gazeta é muito simples, e por isso mesmo, muito clara: o Correio Paulistano não empresta o seu nome a nenhuns dos seus redatores para tratarem deste ou daquele assunto; o Correio Paulistano, absolutamente seguro das intrujices do sr. Carlos Mirabelli, tratou de orientar o público e de evitar que em torno do audacioso prestimano se formasse, com o auxílio direto ou indireto de cavalheiros respeitáveis, a mais leve corrente de inexplicável simpatia. Foi só o que fez, e é só o que está fazendo. Mas fê-lo e fá-lo por amor apenas da sua nobre missão de esclarecer os fatos e profligar os erros, fê-lo e fá-lo sem o inconfessável escopo de, calcando a nota de escândalo ou explorando a fraqueza dos incautos, recolher ao balcão no fim do dia mais uns pingues tostões da sua venda avulsa. É, portanto, menos verdadeiro que os informes versantes ao sr. Mirabelli, fornecidos por esta folha, sejam o produto de uma questão pessoal levantada pelos nossos companheiros de tenda jornalística, srs. Antônio Carlos da Fonseca, Plynio Reis e Aristéo Seixas. A direção deste jornal, solidária com a atitude dos seus três auxiliares referidos, repele, como convém, a insólita insinuação da Gazeta. De resto, o nosso objetivo é apenas orientar o público, como estamos fazendo: não, porém, a nossa colega vespertina, que, ao que nos parece, já está sobejamente orientada… 

Quanto ao fato, que nos atribui a colega, de havermos “censurado os homens de ciência que deram o seu testemunho sobre a realidade dos fenômenos a que assistiram, e que com isso comprometeram os seus nomes e até os seus aturados estudos de ciências ocultas”, ele é bem verdadeiro; e é, porventura, o único móvel da nossa atitude. Estivessem somente em foco as prestidigitações do sr. Mirabelli e as ruidosas afirmativas da Gazeta, nem uma só linha, de certo, teríamos escrito a esse respeito. 

Mas, doeu-nos ver que pessoas em verdade de muita ilustração, mas também de muita boa fé, se estivessem deixando ludibriar pelo pseudo-médium. E, porque tal sentimento dentro de nós bradasse, viemos a público e contamos a coisa tal como ela realmente é. Percebemos que alguma dúvida pairava ainda no espírito dos crentes mais fervorosos; e, sem mais ambages, desafiamos o mistificador para que, sob rigorosa fiscalização, viesse produzir diante de um júri os fenômenos então proclamados. O médium, a conselho dos seus admiradores, aceitou o nosso repto; realizou cinco sessões de duas a três horas cada uma; fechou as janelas e trancou as portas; concentrou-se e fez que toda a assistência se concentrasse… Mas o seu espírito protetor conservou-se, tal como ele é, nas etéreas regiões do desconhecido. E o sr. Mirabelli, que andava em toda parte a fazer as tais escamoteações, inclusive no salão deste jornal, não conseguiu nenhum fenômeno, não realizou coisa alguma, não produziu mais nada, nunca mais se encontrou com a alma tão comunicativa de seu papá… 

Disseram então, a Gazeta, que o fracasso das experiências era resultante da presença menos simpática dos representantes do “Correio Paulistano”. Pois que fosse; mas, neste caso, por que foram também infrutíferas as duas provas a que o dr. Alberto Seabra e o eminente ocultista Horacio de Carvalho submeteram o intrujão, amarrando-lhe as mãos e atando-lhe os pés? 

Por que razão os espíritos protetores de Mirabelli primaram pela ausência no dia em que o dr. Vital Brasil se resolvera a examiná-lo? 

Por que não atendeu Mirabelli ao convite do dr. Eduardo Guimarães, de realizar, de dia, uma sessão em que o ilustre cientista o ia seriamente observar? 

Por que se recusou igualmente ao convite do dr. Franco da Rocha, que tanto o desejava ver numa sessão  “que não fosse revestida de caráter familiar”? 

Por quê? Por que esses cavalheiros não lhe eram também simpáticos? Não; intrujice! Intrujice! Intrujice! 

Se Mirabelli fosse realmente o que assentou de dizer à Gazeta, já agora inteiramente comprometida neste caso, seria de fato o homem mais extraordinário dos nossos tempos; e, assim sendo, dele se teria já ocupado a imprensa da nossa terra. Ao contrário disso, porém, nenhum dos nossos brilhantes colegas acompanhou a folha vespertina na sua “ingênua” crença mirabellica, nenhum.  

O “Estado de S. Paulo”, o “Commercio de S. Paulo”, o “Fanfulia”, a “Capital”, que tão brilhantemente tem vergastado a exploração do caso e a boa fé dos incautos; o “Diário Popular”, a “Platéa”, a “Nação”, o “Combate”, o “Jornal da Noite” e outros mais, todos, sem exceção, repelem a idéia de seriedade nas manifestações de Mirabelli. 

E uma em boa companhia o “Correio Paulistano”, e não apenas determinados de seus redatores, continuará com oportunidade a demonstrar que Mirabelli é o mais audacioso intrujão destes últimos tempos.  

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Clichê estampado duas vezes pela “Gazeta”, a primeira no dia 19 de maio, com os seguintes dizeres:  

“A NOSSA GRAVURA REPRODUZ UMA DAS CENAS QUE PRECEDEM AS EXPERIÊNCIAS: O “MÉDIUM” DEIXA-SE EXAMINAR PARA VER QUE NÃO TRAZ OBJETOS QUE POSSAM DAR LUGAR A “TRUQUES”. NA FOTOGRAFIA VÊEM-SE OS DRS. CARLOS DE NIEMEYER, MUCIO TEIXEIRA E SYLVIO DE CAMPOS, ALÉM DE OUTRAS PESSOAS”; 

E a segunda, a 31 do mesmo mês, com esta declaração: “Fotografia que nos foi gentilmente cedida pelo dr. Carlos de Niemeyer, cujo retrato se vê na mesma. O ilustrado clínico examina o sr. Mirabelli, tendo verificado que ele não trazia objetos que pudessem dar lugar a “truques”. 

Como seja nosso escopo ir, no correr desses comentários, restabelecendo a verdade dos fatos, cabe aqui uma explicação a propósito da fotografia acima reproduzida. É que não representa ela o momento em que Mirabelli realizasse qualquer de suas sessões. A coisa é bem outra, a coisa se conta por outra forma, segundo narram as próprias pessoas que constituíram esse grupo: no dia seguinte ao em que realizara uma experiência mirabéllica, o fotógrafo, sr. Valério Vieira, convidara várias das pessoas que haviam estado presentes a tal sessão, para, em grupo, as fotografarem em torno do ilusionista, cuja posição teatral foi pensadamente escolhida por aquele conhecido artista.

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A Gazeta procurou explicar o caso do clichê acima, por nós increpado de uma simples fantasia de artista, declinando sobre o ilustre clínico, dr. Carlos Niemeyer, a responsabilidade de qualquer inexatidão que porventura houvesse com respeito a ela. Aceitemos por um momento essa hipótese. Mas, responda-nos, agora, a ilustrada colega a esta perguntinha inocente: quando a fotografia foi pela primeira vez estampada, trazia a declaração de que “a gravura reproduzia uma das cenas que procedem as experiências”; e, quando a “Gazeta”, pela segunda vez, a estampou, o fez com a afirmativa de que “o dr. Niemeyer examinava Mirabelli, tendo verificado que este não trazia objetos que pudessem dar lugar a “truques”. São duas asserções bem diferentes: uma feita quando o ilustrado clínico dava entrevistas favoráveis sobre Mirabelli; outra quando a colega vespertina, zangada com a declaração do dr. Niemeyer de que Mirabelli era um intrujão, rompera com o conceituado clínico. Neste caso, aceitando como do dr. Niemeyer a primeira das declarações feitas pela “gazeta”, não podemos, todavia, compreender como se lhe atribuía também a outra, mais categórica ainda, feita ao tempo que o distinto facultativo francamente divergia da orientação da nossa colega. 

Ainda mais: esteve em nossa redação o sr. Henrique Silva (Iodiran), um dos fotografados, que nos autorizou a declarar não ser o clichê acima uma reprodução sequer do que realmente se passara na sessão. Mirabelli, antes de iniciar os trabalhos, tirara apenas o paletó e o colete; e só uma criação artística do fotógrafo saía o bruxo de tanga…

As sessões realizadas no “Correio Paulistano” 

Nesse mesmo sábado, à noite, disse-nos o secretário desta folha, ao chegar da sessão descrita em o nosso número de ontem: 

– Assisti aos fenômenos do Mirabelli.

– Que tais?

– Admiráveis. 

E descreveu-nos tudo o que vira, num entusiasmo que ocultava perfeitamente a sua “íntima desconfiança”; depois, tomou assento à sua secretária, acendeu um cigarro, pôs-se a refletir. 

Perguntamos-lhe: 

– Então, pode sair amanhã a entrevista?

– Ainda não.

– Mas o homem disse-nos “ter pressa, pois quer mandá-la, pelo primeiro paquete, aos seus parentes moradores na Itália”.

– Sim; depois conversaremos. Ainda há pouco falei com ele, que está aí fora. 

De fato, quando o secretário chegou a esta folha, ao cruzar a porta do gabinete da administração, viu lá dentro o sr. Carlos Mirabelli, que conversava com o farmacêutico Malhado Filho, dr. Martinho Botelho, dr. Mello Nogueira, dr. Alarico Silveira e Francisco Sucupira. O médium, ao enxergá-lo, exclamou, num ar de herói vitorioso: 

“– Ei-lo! Está aqui o homem que há pouco assistiu a coisas extraordinárias; conte, sr. Fonseca, o que viu, a estes senhores.” 

O nosso secretário narrou então aos circunstantes tudo o que presenciara, inclusive o “caso do papel”, que tanto impressionou o sr. Malhado Filho, imprimindo, muito de indústria, à sua descrição um certo entusiasmo, a fim de animar o “médium” a realizar algumas sessões no nosso salão nobre. 

Finda a narrativa do Fonseca, o dr. Martinho Botelho, ainda “incrédulo”, pediu ao “professor” que realizasse uma experiência no momento. Aquiescendo ele, entraram ambos para o nosso salão nobre, já em outra parte descrito aos leitores. Fecharam-se por dentro. Sentaram-se em seguida num dos ângulos do salão, onde se encontrava o sofá e demais peças do mobiliário. 

Após uma pequena demora, levantando, encaminhara-se o médium para uma das extremidades da mesa de leitura, onde tomara a posição que indica o clichê nº 1, e assim falou ao dr. Martinho Botelho: 

“– Está aqui seu pai, ei-lo.” 

E gesticulava, pateticamente. 

“– Olhe! Ele põe a mão no seu ombro! Diz – Meu filho!” 

O dr. Martinho pediu então que o prestimano desse alguns traços do saudoso conde do Pinhal. 

“– Barbas brancas, óculos pretos, etc. Vai ele dar uma prova material da sua presença! Olhe!” 

E sobrepondo quatro copos em cima da referida mesa de leitura, colocou dentro do de cima um envelope. Em seguida, ordenou que “a sobrecarta saísse por si do recipiente”. 

E saiu. Depois repetiu os já repetidíssimos fenômenos – moveu um papelão, quebrou um vaso, alguns copos e mais qualquer coisa de que não nos lembramos. 

O dr. Martinho, ao retirar-se do salão, disse-nos: 

“– É… o homem moveu alguma coisa. Disse que meu pai esteve aí, deu-me alguns dos seus traços…” 

*          * 

A seguir, o nosso companheiro Plínio Reys, que pedira ao Fonseca que o apresentasse ao médium, entrou com este no salão, a fim de admirá-lo, ou antes, de admirar os famosos fenômenos. 

Plínio Reys, como todos sabem, é um brilhante jornalista, e um dos mais hábeis e brilhantes repórteres de S. Paulo. Além disso, fazendo há longos anos o serviço policial, está muito familiarizado com todas as pesquisas, com todos esses ardis postos em prática pelas autoridades, do que resulta ter um faro de verdadeiro Sherlock.  

O nosso companheiro, antes de entrar no salão, assim nos falou: 

“– Se for truque, eu o descubro imediatamente” 

Mas, ou porque os olhos penetrantes de Plinio assustassem o médium, ou porque ele se sentisse “sem forças”, o caso é que ele nada conseguiu fazer; pelo que, daí há pouco, voltava à redação, desapontadíssimo, o nosso prezado companheiro de trabalho. 

*          * 

Foi então que o dr. Mello Nogueira, que andava também ansioso por ver os tais movimentos, pediu ao médium que experimentasse com ele… Foram ambos para o salão e a porta respectiva novamente se fechou. 

*          * 

Foi mais feliz, desta feita, o nosso prezado companheiro, pois, logo que o médium se concentrou, “apareceu” o espírito de seu pai, que, a julgar pela descrição de Mirabelli, está agora muitíssimo diferente… O seu progenitor em nada, absolutamente nada, se parecia com os traços que lhe dera o professor, e que eram um arremedo do próprio tipo do sr. Mello Nogueira… 

Começam as nossas suspeitas 

Na experiência anterior, presenciada pelo secretário desta folha, como viram, o médium achou que o “lápis não servia por estar com a base molhada”. Ora, isso despertou razoáveis suspeitas. Por que razão não servia o lápis umedecido? Depois, no “Correio Paulistano”, após cada vez que o pseudo-médium operava, pedia licença e dirigia-se ao W.C.; além disso, por que, para certas pessoas não realizava sessões, e para outras, como para o nosso companheiro Plínio Reys, os espíritos não apareciam? 

O nosso secretário conjeturava. Outros pequenos fatos, a quase toda gente imperceptíveis, assumiam, de momento a momento, enormes proporções, para os nossos dois companheiros, que estavam resolvidos a descobrir a coisa. Assim as tais “correntes mediúnicas” adrede preparadas pelo médium: o apagamento de lâmpadas, “afim de que pudesse o espírito ser observado pelas pessoas de vista boa”; o fato de só poderem os fenômenos ser observados a uma “certa distância”, sendo “muitíssimo perigoso” ao observador, se este deixasse por qualquer motivo a corrente, com o intuito de aproximar-se dos objetos em movimento – pois não só o espírito poderia atacá-lo, como até lançar-lhe os objetos que estivessem sob a sua influência. Muita impressão causou ainda aos nossos companheiros o interesse que mantinha o médium em que fosse publicada a entrevista que nos concedera, e na qual deveria figurar o seu retrato, porque “um predestinado não se incomoda com essas ninharias de popularidade terrena”; também assim as repetições dos fenômenos – sempre os mesmos, invariavelmente os mesmos, – movimentos de caixas, de copos, lápis que saem “por si sós” de garrafas, levitação de moedas, chapéus, anéis e outras coisas leves ou em equilíbrio, quando pesadas, não contribuíram menos ara que a dúvida pairasse em nosso espírito. 

Na pista do embuste 

Foi diante de tudo isto que começamos de observar detidamente as experiências do prestidigitador. Tanto assim que, no sábado referido, em o nosso salão nobre, quando realizou ele a sessão para o dr. Martinho Botelho, o nosso secretário, mais o Plínio Reys, logo que o operador e o assistente se trancaram por dentro, azularam da sala da redação e, de comum acordo, se postaram, com detida vigilância, nos limiares das portas que dão entrada para o salão.  Nesse observatório – o buraco da fechadura, permaneceram durante todas as experiências do homem-prodígio, não perdendo dele o menor gesto, a mais breve frase, a mais ligeira piscadela – porque o médium gesticula, fala e esbugalha os olhos, quando opera, que não é brincadeira; assusta os mais calmos, põe no ambiente, com a sua figura de profeta de fancaria, qualquer coisa de singular, que cheira a bruxedos e coisas do arco da velha. 

Quando ambos os jornalistas, alta noite, comentavam o que apreciaram, não lhes restava dúvida que havia, nas maravilhas do Messias, um truque sutilíssimo. Afim de melhor documentarem a sua opinião, ou antes, de a confirmarem com uma prova irrefutável e única, logo que o sr. Carlos Mirabelli se retirou do Correio Paulistano, pelas duas horas da madrugada, penetraram eles o salão nobre, acompanhados do sr. Francisco Sucupira, funcionário do Fórum Criminal. Aí, – por cima das mesas, sob as cadeiras, o sofá e as mesas, procederam a uma pesquisa rigorosa, de quem desejava examinar, com meticulosidade, até os mais imperceptíveis átomos de poeira… A busca coroou-se de êxito completo – pois que ia ela ainda em meio, quando o Sucupira, que se rojara pelos tapetes, se erguia num salto, trazendo nos dedos “alguma coisa estranha”, que os nossos companheiros não distinguiam dos lugares em que se achavam. 

– Que é isto? disse. 

Era um achado de certa importância; um passo dado para a descoberta do truque. 

A busca prosseguia no entanto, mais rigorosa ainda ante o que encontrara Sucupira. 

Em dado momento, Plínio Reys, que, imitando esse jovem, passou também a examinar o tapete, justamente no ponto em que o mágico operara, levantou-se, vitorioso e radiante. Chamou o nosso secretário para um canto e segredou-lhe:  

– Olha, a chave das maravilhas mirabellicas. 

E era-o efetivamente. Estava tudo descoberto. 

            et lux facta est.

 

Os cabelos 

(Da nossa edição vespertina de ontem)

 

Vai-se o primeiro fio rebentado…

Vai-se outro mais, mais outro… enfim dezenas

De fios, das cabeças, vão-se apenas

De Mirabelli surge a mão gelada…

 

E à noite, quando a rígida noitada

Sopra, as almas dos crentes, tão serenas,

Vão, invisíveis, em tremendas cenas,

Sorte fazendo em lúgubre revoada…

 

Também dos corações, onde abotoam,

As crendices se vão, céleres voam,

Como agora os cabelos dos mortais;

 

No espírito do povo as asas selam,

Fogem… e eles aos crânios não mais voltam,

E elas aos corações não voltam mais. 

DR. CHICO

 

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O NOSSO SALÃO NOBRE 

A – Local em que Mirabelli operou

B – Ponto em que, sobre o tapete, encontramos o “papá” do médium.

C e D – Lugares que ocupavam, respectivamente, os drs. Martinho Botelho e Mello Nogueira, durante a experiência do mágico.

E e F – As duas portas do salão, de onde, pelo orifício da fechadura, os nossos companheiros observavam o bruxo, analisando todos os seus movimentos.

G – Lampadário que existe sobre a grande mesa de leitura e cujas luzes o escamoteador pediu fossem apagadas no momento de produzir os “fenômenos”.

H – A mesa de leitura. 

Para amanhã:

SURGE UM NOVO MIRABELLI

Um outro “médium” produz os mesmos fenômenos – Qual era o intuito do “Correio Paulistano” – Uma experiência que se reveste de inesperada solenidade

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QUEM CONTA UM CONTO…

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