As Fraudes do Médium Mirabelli (Parte 5)

Dando prosseguimento às reportagens do Correio Paulistano.

Correio Paulistano – Terça-feira, 30 de maio de 1916, página 2 

No mundo das superstições 

(Neste brilhante artigo, o distinto clínico e homem de ciência, dr. Carlos de Niemeyer, passa em revista os “fenômenos” e as intrujices do pseudo-médium ultimamente em foco).  

Referindo-me n’“A Gazeta” de 24 fluente sobre o caso Mirabelli ventilei diversas hipóteses em que poderiam ser classificados os aludidos fenômenos para cuja elucidação propunha uma comissão de peritos.  

Sabendo, porém, que um instrumento comprometedor da lisura protagonista havia sido encontrado na redação do “Correio Paulistano”, onde uma sessão se realizara, insinuei desde logo a inanidade daquele corpo de delito, que provaria, quando muito, uma aberração, aliás, freqüente nos indivíduos que se dizem médiuns. 

A fraude é cometida, então, debaixo de uma tal ou qual irresponsabilidade, de modo inconsciente, involuntário, como só é de acontecer nos sonambúlicos. 

Li algures o fato sucedido em casa de uma senhora que se queixara à polícia atribuindo o furto de suas jóias a uma pequena criada, que é imediatamente presa. O médico da Correção, porém, homem de bons sentimentos e conhecedor de sua profissão, descobre tratar-se de uma histérica. Hipnotiza-a e a confirmação não tarda a vir em favor de suas previsões. A rapariga, em estado de hipnose, esclarece o furto, declarando o lugar onde escondera os objetos desaparecidos, a fim de melhor guardá-los. Avisada a patroa, é a criada em questão posta em liberdade, enquanto aquela se desculpava de uma acusação injusta. 

Meditando sobre esta hipótese, para mim a mais importante, cheguei, infelizmente, a um resultado negativo, isto é, o sr. Mirabelli não é um inocente, pois age com plena consciência de seus atos.  

E, ainda mais, obtive a certeza de que o embuste era um fato que se verificava com fins especulativos, em ludibrio da boa fé dos que assistiam às suas cenas de verdadeiro prestimano de fanearia.  

O nosso tariufo, porém, trocara do meio; em vez de manter-se na sua posição, agregado a uma “troupe”, nômade ou de saltimbancos, escolhera o lar respeitável de nossas famílias, profanando o que há de mais sagrado que é o culto aos mortos. Como é sabido, o sr. Mirabelli fazia preceder os seus fenômenos de uma invocação aos manes, que o auxiliavam naquelas representações funambulescas.  

Os leitores devem recordar-se de um famoso faquir que também palmilhou por estas hospitaleiras terras, um tal Sarak, conde de Dás. Este senhor, que se arrogara possuidor de forças ocultas, foi igualmente surpreendido em seus truques, entre os quais o do interessantíssimo fenômeno da germinação espontânea. Um conhecido poeta desta cidade, que ilustra as nossas letras, dando-lhe certo número de grãos de trigo, notou que, na areia do trapaceiro conde, outros existiam em franca atividade germinativa; de modo que, na ocasião da roga, surgiam à superfície evidenciando a pseudo-vegetação dos restantes ali intactos. 

Todos esses casos me trazem à lembrança os ardis de pessoas que se entregam a esse gênero de exploração e para cujo êxito se utilizam de persuasão de que os mesmos se ligam a manifestações sobrenaturais do ocultismo, espiritismo e quejandas. 

Na cidade de Hydesville, condado de Wayne, nos Estados Unidos, residia, lá para o século XVIII, uma celebra Família Fox, cujas filhas Margarida e Catharina tinham a faculdade de conversar com um espírito que lhes aparecera e ao qual atribuíam ao movimento dos móveis, as pancadas no teto da casa e outros sinais de sua intervenção. 

Estabelecido um alfabeto convencional, elas respondiam às perguntas, contando cada letra número determinado de pancadas. 

Perseguida a família Fox pela igreja episcopal metodista, transportou-se para Rochester, onde o misterioso ser continuava a dar demonstrações que impressionaram os habitantes da localidade. 

Decorrem os anos e constata-se o conchavo das meninas Fox com os vizinhos, que mediante bater de palmas atendiam, às escondidas, produzindo os fenômenos indicados o que pasmavam a assistência. 

Não é portanto motivo de admiração que o Sr. Mirabelli tenha, entre nós, conseguido, com as suas sortes, embabir a credulidade de pessoas conceituadas, que, aliás, são mais sujeitas que as velhacas a se enganarem. 

Em relação às espertezas da família Fox, a imprensa, magistrados, sábios se deram ao trabalho de apreciá-las, tomando-as a sério, e a maior parte afirmava a veracidade dos fenômenos observados com plena segurança de não terem sido enganados. 

E foi baseando-se nestes fenômenos que o filósofo francês da cidade de Lyon, Hipolyto Denizar de Rivail, se inspirou para fundar a sua nova doutrina e adotou o pseudônimo cabalístico de Allan Kardec, o criador do espiritismo moderno. 

De então por diante o número de prosélitos da nova seita cresceu extraordinariamente e muitas manifestações foram registradas, algumas das quais iam de encontro às leis naturais e escapavam à razão humana. Aparições de fantasmas, e outros fenômenos conhecidos com o nome de exteriorização, foram descritos; fotografias designavam os espectros, cuja natureza sobrenatural não era mais possível de dúvida. 

Para a explicação de todos esses fenômenos, Allan Kardec idealizou engenhosamente a sua teoria, que é realmente sedutora. 

Cada indivíduo é formado por três partes distintas, mal ligadas por um único laço, o fluido vital do universo, o corpo material, o espírito e o seu invólucro ou perispírito. Após a morte, o arcabouço é abandonado tal como acontece com a crisálida, quando se metamorfoseia em borboleta. O espírito, desprendendo-se, continua no seu casulo astral, podendo encarnar-se novamente e desencarnar-se até ao se aperfeiçoamento, purificando-se, lapidando-se. 

Todas essas idéias, que não são nenhuma novidade, como o próprio autor faz ciente, é mais ou menos o que os antigos magos do Egito, da Caldéia e da Pérsia haviam imaginado.  

Allan Kardec, porém, vislumbra em tudo isso uma utilidade que é a de convencer os incrédulos, que em seu foro íntimo conservam uma centelha de dúvida sobre a imortalidade da alma, um elemento preciosíssimo de moral religiosa, baseando-se nos Evangelhos. Ora, é exatamente esta a parte fraca do seu monumento, cujos alicerces não residem em acuradas investigações científicas, nem nas leis da física; no estudo, enfim, de fatos positivos e de interesse social. 

Que valor podem merecer essas idéias que se originaram de uma falsa observação, como em geral sucede em todas essas questões do desconhecido, do invisível? 

Vem de molde, ainda uma vez, citar aqui o escandaloso processo de Paris sobre uma escroque, de que era empresário um senhor Leymarie, diretor da “Revue Spirit”, fundada por Allan Kardec. 

De mãos dadas com o fotógrafo Buguet, a que já me reportei, e mais um senhor Firman, americano, e que se prestava ao papel de médium, traziam presa a curiosidade pública, com fantásticas fotografias de espectros. 

O processo correu os seus trâmites por entre risos e chacotas, que deleitaram o público. 

Testemunhas arroladas depuseram e as cenas do embuste foram pelo juiz reconstruídas. Uma boneca sem cabeça, um retalho de mousseline, fragmentos de fotografias antigas eram os instrumentos de que se serviam os traficantes para enganar os incautos fregueses. 

Muitos se achavam tão obcecados que absolutamente não admitiam a possibilidade de logro e descreviam as exclamações dos parentes diante da semelhança da sombra dos falecidos! 

Uma fotografia em que acidentalmente aparecera o imperador Maximiliano ao lado de um inca, que quebrava nozes, custara ao conde de Bullet a importante soma de 5.000 francos.  

Facilitavam a reprodução dos traços do espírito as informações que, numa antecâmara, colhia uma caixeira nos seus diálogos com os interessados. 

Eis aí no que consistem os estudos que se relacionam com a doutrina filosófica de Allan Kardec.  

Seria, entretanto, temerário ousar negar em absoluto fenômenos que experimentadores dignos de nota, como William Crookes, Charles Richet e outros têm afirmado. 

Embora na maioria os casos relatados sejam o fruto de condenável dolo, em alguns outros o raciocínio sereno e imparcial interpreta-os; mas, nunca como manifestações sobrenaturais, e sim, como questões de ordem física ou mesmo psíquica ou patológica, de que são agentes indivíduos de constituição especial; alucinações e visões do nosso próprio cérebro. 

A emanação do fluido desses indivíduos; a telepatia; o mentevismo, que é a transmissão do pensamento, esclarecem grande número dessas manifestações. 

A atividade do trabalho intelectual, em que a imagem concebida é, às vezes, tão intensa, que se torna mais real que aquela produzida pelos objetos exteriores, é responsável por todas essas sensações subjetivas da nossa retina. Daí resulta o que nos sonhos experimentamos. E a alucinação permanente o que é senão a loucura? 

Quanto aos estalidos, filiam-se, não rato, a contraturas musculares, estudadas por Augusto Flint, professor da Universidade de Búfalo. O dr. Maurício Schiff, de Florença, ele próprio desenvolvia em si esse interessante fenômeno com o músculo longo perônio lateral da perna, quando em contratura. O dr. Luiz Concato, de Bolonha, mencionou as mesmas manifestações num caso de coréia, as quais cessavam durante o sono.  

Outras observações se explicam pelo hipnotismo, como a visão a distância. O professor César Lombroso narra um caso de histeria, em que a transposição dos sentidos se evidencia em estado de sonambulismo após crises de catalepsia. A doente, de olhos vendados, via pelo lóbulo da orelha, pela extremidade nasal. 

Todos esses casos que acabamos de aduzir encontram cabal elucidação nos próprios elementos naturais. Por que então apelar-se para as almas do outro mundo?  

E, depois, que interesse usufrui a sociedade, se os espíritos invocados não orientam os povos nos problemas sociais, na descoberta, seja de um documento valioso ou de um medicamento para os nossos males? 

Um dos defeitos mais graves da religião espírita, como de todas as outras, é o da superstição. 

Desde os tempos mais remotos da nossa era, o comércio o comércio com os espíritos se fazia e dele se ocupavam os químicos, os astrólogos e principalmente os sacerdotes. 

O homem, não contente de se aproveitar das forças naturais, se comprazia em pedir aos deuses benéficos ou malfeitores o auxílio em suas práticas, com que pretendiam contrariar as leis da natureza. 

Os enguiços eram próprios da bruxaria, que tudo conseguia por intermédio dos seus filtros amorosos ou de vingança contra a colheita, e os animais dos desafetos.  

Rezam as crônicas de Atenas que o escritor Apuléio, da Numídia, tendo-se casado por interesse, os herdeiros de sua mulher propuseram uma ação de nulidade de testamento, sob pretexto de que o mesmo havia alcançado seus fins pelos ofícios da feitiçaria. Defendendo-se desta acusação, ele publicou a sua obra intitulada “O asno de ouro”, na qual mostra, entretanto, a influência demoníaca sobre o homem como em todas as coisas da natureza. 

A prática da feitiçaria foi sempre condenada pela religião católica e os livros do Antigo Testamento, o Levítico e o Deuterônimo são explícitos a respeito nas cominações de penas, entre as quais a de ser o infrator queimado vivo. 

Na Idade Média a necromancia atingiu o seu apogeu. 

Em Roma, os feiticeiros se reuniam nas cavernas do monte Esquilino e aí nos seus laboratórios, que chamavam de matemáticos, nessa assembléia misteriosa que se denominava “sabá”, eles preparavam as abomináveis fórmulas dos engrimanços. Imolavam uma criança cujo sangue recebiam numa taça que era e que era oferecida sob o rito da mesma seita ao amor, perante o corpo nu do interessado no sortilégio. 

Em Menfis, na Ásia Menor, enterravam uma faca com figuras gravadas, de uma lubricidade nefanda, com o fim de obter o amor cobiçado. 

“Macbeth”, tragédia de Shakespeare, foi sugerida por essas impressionantes cenas, em que se reproduzem comoventes sortilégios de Canídia o Sagona, procurando os cemitérios, onde enterravam crianças vivas, para com seus ossos e suas entranhas confeccionar os seus segredos, que depositavam em covas que faziam com as suas unhas. 

A superstição invadira o próprio Vaticano e o papa Gregório VII foi considerado o maior necromântico de sua época. 

Conta-se que, tendo esquecido em sua viagem para Roma o seu livro de necromancia, mandara dois de seus alos buscá-lo, com a recomendação expressa, porém, de não abri-lo, pois esta imprudência lhes custaria caro. Ao chegar em Albano os jovens emissários se deixaram fascinar pela curiosidade e tentaram abri-lo. Surge Satã e intima-os a pedir o que desejavam, sob pena de serem por ele levados. Balbuciando então um deles que fizesse aluir às muralhas da cidade, o acontecimento se realiza com a catupefacção dos imprevidentes servos. 

Paracelso, médico suíço da Renascença, queimou os seus livros para dedicar-se aos recursos da bruxaria. 

Mas, para que, leitores, cansar a vossa atenção com esses documentos da superstição, se ela é dos nossos dias, da nossa era cristã? 

Jesus perseguia Belzebu, o que prova a crença demoníaca entre os judeus. 

O apóstolo Paulo, pescando em Efeno, profligou a leitura de livros de necromancia, que queimou diante do povo ímpio e sacrílego. 

Mas se a Bíblia é um repertório inesgotável de superstições, de aparições, de milagres inacreditáveis, que muita gente boa aceita? 

Mas, então, me perguntarei que religião é a melhor: como viver sem uma crença, que é o nosso conforto espiritual? 

Plutarco, moralista grego do começo da era cristã, já revelou os perigos a que se expõe todo aquele que abraça o ateísmo com o intuito de fugir às superstições religiosas. 

Na persuasão de que não existe um ser soberanamente bom e imortal, o ateu cai no indiferentismo, no ceticismo, que é um grande mal. O supersticioso, ao contrário, é dominado por uma crença forte e viva, que lhe imprime na alma doentia um terror acabrunhador, tornando-o pusilânime e fraco. Ele perde a liberdade de consciência, que delega a um mentor espiritual, que o guia, e precipita-se num abismo ainda maior. 

É preciso, pois, que cada um se resguarde contra esses exageros tão perniciosos e cujo único partido é a escolha do meio termo. 

Deve-se acreditar num Deus supremo, sem pacto, sem que se deixe calevar por súplicas ou orações; sem os ressaibos do ódio ou da vingança; sem açoite às portas do templo. 

Para quê arquitetar em nossa mente um céu de com divisões e privilégios adquiridos, como quem se presume de passaportes ou bilhetes de fácil ingresso? 

O engodo das promessas, outra coisa não é senão fechar a boca ao faminto, reservando-se para os preferidos o poderio, a abastança, a pompa, a riqueza.  

Três causas influem sobre a superstição dos povos: a crença nos dogmas que a igreja ensina, a ignorância e a miséria. 

Compete assim à ciência esclarecer os ignorantes, prodigalizando-lhes a instrução. 

Já quereis saber quais são entre outros muitos, os apóstolos desse templo? 

É Benjamin Franklin, corrigindo com as suas descobertas na eletricidade as crendices da fagulha celeste, considerada como um castigo do céu. Foi inventado o pára-raio, e o altar ficou isento de ser fulminado, enquanto os padres removem da torre a Santa Bárbara.  

É Galileu contrariando o profeta Moisés, que havia mandado parar o sol, afim de que Josué atravessasse o rio Jordão a pé enxuto. Humilhado pela igreja a retratar-se, quando afirmava que era a terra que se movia, solta essa frase, que o celebrizou: “e pur si muove!” 

É Bartolomeu Lourenço de Gusmão, o emigrado de Portugal e que foi acabar seus dias em Sevilha, compungido e triste com a ingratidão da igreja, que o excomungara, queimando-o em efígie. 

A sua memória, porém, elevou-se nas páginas da história, mais alto ainda do que havia subido a sua passarola. 

É Santos Dumont dominando os apara glória da nossa Pátria e confusão da igreja que destinava para as aves o reino do espaço que nos cerca. 

É o abnegado filantropo e audacioso peregrino das nossas selvas, cujas recônditas e ínvias regiões invadiu, não para dominar ou conquistar, mas para difundir o bem. Refiro-me ao coronel Rondon, a quem o nosso governo ofereceu em retribuição aos seus relevantes trabalhos importante soma em dinheiro, que recusou. Os serviços prestados em holocausto só podem ser estimados pela imorredoura gratidão da Humanidade. A moeda que soa e refulge, mas que corrompe e seduz, não tem aqui seu curso. 

Terminando direi que é na resolução dos problemas sociais que se atingirá um dia repartir com a comunhão, sem direitos de exclusividade, os proventos do trabalho honesto, que nobilita e eleva. 

E, para o céu que se volvam, em vez de orações, as ações benfazejas, a caridade sem a preocupação preconcebida de um inferno ou purgatório e sim dotado de toda bondade e indulgência, alma-máter generosa, que acolhe em seu seio os filhos indistintamente transviados ou não. 

É qual o criminoso mais repelente, que não é digno de comiseração, e de indulgência, quando muitas vezes sabemos que ele é produto do atraso, da anarquia em que vivemos, sob o influxo de uma tara doentia? 

Medidas de coerção severa cumpre às nossas autoridades policiais tomar contra os abusos cometidos pelos falsos profetas e adivinhos, que infestam a sociedade, assim como os que praticam hipnotismo ou as evocações necromânticas, mediante a feitiçaria ou intervenção de médiuns, conscientes ou inconscientes, na defesa individual e da coletividade. 

E, com estas linhas, aí fica lavrado o meu protesto. 

S. Paulo, 29 de maio de 1916. 

                        Dr. Carlos de Niemeyer 

N. B. – Deixo entregue à redação deste jornal a descrição detalhada das sessões demonstrativas dos truques do sr. Mirabelli, às quais compareci, subscrevendo-as como verdadeiras. 

Os leitores não perderão, assim, por aguardar mais alguns dias para gozarem momentos de boas pilhérias dessa personagem curiosíssima e sensacional. – Dr. C. N.

Uma resposta a “As Fraudes do Médium Mirabelli (Parte 5)”

  1. William Diz:

    Crítica: As Fraudes do Médium Mirabelli (Parte 5)

    Dr. Carlos de Niemeyer após usar, relacionar e generalizar o termo “aberração” aos médiuns, segue dizendo que a “fraude é cometida, então, debaixo de tal ou qual irresponsabilidade, de modo inconsciente, involuntário, como só é de acontecer nos sonambúlicos”. Como podem ver é complicada e digna de comédia como ele atribui irresponsabilidade às pessoas sonâmbulas (nesse estado que apresenta casos complexos).Vejam: (http://www.sono.com.br/site/portal/detalhe.asp?campo=22&secao_id=5) e (http://www.ipub.ufrj.br/documentos/JBP(4)2005_(328-333).pdf)

    O doutor diz que Mirabelli não é inocente e age com plena lucidez de seus atos (!), afirma se tratar de absoluta fraude, porém, como médico prudente que deveria ser não expõe um relatório consistente, se limitando apenas em especular e estabelecer paralelos.

    Se senti indignado como se apresenta o culto aos mortos, revelando pré-conceituoso por pensar que sua crença e sentimento relacionados aos entes queridos devem estabelecer a conduta de toda humanidade, diversificada em sua cultura e religião.

    Cita de forma superficial e imprudente os “comparsas” no caso das irmãs Fox, que como muitos médiuns, demonstraram instabilidade psicológica diante de tantas tentações mundanas (como percebeu Charles Richet no caso “Bien Boa” sobre supostas fraudes em certas sessões) estudada por muitas pessoas sérias.

    Estabelecendo novamente um paralelo dentro de uma afirmativa (ele não cogita como possibilidade) de que Mirabelli engana com ajuda de comparsas.

    Depois o Dr. Carlos de Niemeyer blasfema que Hipolyto Denizar de Rivail criou uma “seita” baseada em imposturas a fim de praticar proselitismo.

    Quem conhece o mínimo da vida de Allan Kardec sabe que esse doutor não passa de um “carola” de seus próprios pré-conceitos, ao ponto de inventar e distorcer a história do espiritismo na França.

    Prossegue por mentir novamente ao dizer que “para a explicação de todos esses fenômenos, Allan Kardec idealizou engenhosamente a sua teoria, que é realmente sedutora”.

    Todo estudioso sabe o papel do CODIFICADOR do espiritismo, em momento algum ele utilizou suas próprias idéias pelo menos no que diz respeito às bases da “nova” (tão ou quase antiga quanto o homem como o médico admite) perspectiva que iria ganhar força, sobretudo, no Brasil.

    Como vocês, leitores podem concluir o espiritismo, segundo o ponto de vista do doutor, teria apenas se renovado e ganhado novo impulso com o caso das irmãs Fox, entre outros.

    O pretendido “prosélito” é tão antigo quanto o mundo uma vez que se confunde com os próprios fenômenos, no que diz respeito sua cultura (relação com os mortos).

    Não para por ai as distorções, acusa sobre o processo de Paris contra alguns espíritas e não fornece a versão espírita para o caso.

    Aliás, esse doutor ou deve saber francês ou se basear principalmente no resumo e tradução em português, disponível para os leitores brasileiros em um livro que há (http://www.espirito.org.br/portal/artigos/diversos/movimento/processo.html).

    Enfim, o doutor diz que Allan Kardec não passa de fabricar uma espécie de metafísica, o que é outra mentira, sobretudo porque o mesmo estava mergulhado em uma cultura positivista.

    Parece que ele não sabe nem contextualizar dentro da história e não tem muita noção do debate “Positivismo X Kardec” que se trava (o codificador se aproxima apenas em parte do positivismo).

    Diz que os casos genuínos de “mediunidade” são patológicos e associa com loucura! Sem comentários.

    Depois se mostra frágil e tendencioso em seus argumentos quando aparentemente aceita os trabalhos de César Lombroso e diz: “todos esses casos que acabamos de aduzir encontram cabal elucidação nos próprios elementos naturais. Por que então apelar-se para as almas do outro mundo?”.

    Ele sim apela dizendo que os espíritos, que nada mais são do que homens mortos, deveriam saber tudo e nos tornar vagabundos em relação as descobertas e as reformas sociais que nos compete. Não investiga, apenas pergunta e impõe condições sem basear em fatos.

    Confunde tudo, faz uma “mistureba” entre mitologia (até grega) com os fenômenos mediúnicos sem separar o joio do trigo e termina por prometer o relatório das fraudes para os próximos números.

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