ESPECIAL DE NATAL! Livro “Como a Igreja Católica Construiu a Civilização Ocidental” (2008) – capítulo 06

Neste capítulo Woods revela que, ao contrário do que se pensa, tirando-se o campo das artes, o Renascimento foi um período de estagnação e mesmo retrocesso, podendo-se dizer que foi mesmo uma época de irracionalismo com o crescimento absurdo da astrologia e da alquimia. Porém a Igreja incentivou enormemente o estudo da geometria euclidiana, trazendo frutos tanto nas artes como nas ciências, ajudando a tornar possível a Revolução Científica.

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Atenção: Isso não é uma defesa da Doutrina Católica. Não acredito que Maria pariu virgem muito menos que continuou assim após o parto; que Jesus multiplicou pães e peixes, etc. Também abomino a discriminação que é feita contra homossexuais (ao dizer que homossexualismo é pecado)  bem como a propaganda feita contra o aborto, o incentivo ao não uso de camisinha e afins.

VI.

A ARTE. A ARQUITETURA E A IGREJA

A herança artística do Ocidente identifica-se tão estreitamente com o imaginário católico que ninguém pode pretender negar a influencia da Igreja. No entanto, também aqui, a sua contribuição foi muito maior que a de simples fonte de temas para a arte ocidental.

O ÓDIO ÀS IMAGENS: ICONOCLASMO 

O próprio fato de conservarmos até hoje muitas das nossas obras-primas é, em si mesmo, um reflexo da mentalidade católica. Os séculos VIII e IX foram testemunhas do surgimento de uma heresia destruidora chamada iconoclasmo. Essa heresia rejeitava a veneração de imagens, ícones ou símbolos religiosos, e chegou a rejeitar a representação de Cristo e dos santos em qualquer tipo de arte. Se houvesse medrado, as belas pinturas, esculturas, mosaicos, vitrais, manuscritos com iluminuras e fachadas de catedrais, que têm deleitado e inspirado tanto os ocidentais como os não-ocidentais, nunca teriam chegado a existir. Mas não prosperou, já que ia na contramão do modo católico de compreender e apreciar o mundo criado.

A iconoclastia espalhou-se mais no Império bizantino do que no Ocidente, embora pretendesse proclamar uma doutrina que todos os que cressem em Cristo deviam aceitar. Foi introduzida pelo imperador bizantino Leão III o Isáurico (basileu de 717 a 741) por motivos que permanecem obscuros: é provável que tenha influído nela o encontro entre Bizâncio e o Islã. Desde o primeiro século de existência do Islã, depois que os muçulmanos conquistaram as regiões orientais do Império bizantino, o imperador de Constantinopla teve de sustentar uma guerra intermitente contra esse inimigo persistente e poderoso. No transcorrer dessa luta, não podia deixar de tomar conhecimento de muitas idéias islâmicas, entre elas a de que a arte não devia ser de maneira nenhuma figurativa; assim, por exemplo, não havia nenhuma representação de Maomé. E o imperador Leão III, em face das sucessivas vitórias dos muçulmanos e das derrotas dos bizantinos nos campos de batalha, começou a pensar que a razão disso devia estar em que Deus vinha punindo os bizantinos por fazerem ícones, imagens de Deus, proibidas também pelo Antigo Testamento.

Na época em que se acendeu a controvérsia iconoclasta, havia séculos que a arte cristã vinha fazendo representações de Cristo e dos santos. A representação artística de Cristo era reflexo da doutrina católica da Encarnação: com a Encarnação de Deus em Jesus Cristo, o mundo material havia sido elevado a um novo nível, apesar da sua corrupção pelo pecado original. Não devia ser desprezado, não só porque Deus o havia criado, mas também porque nele havia habitado.

Essa foi uma das razões pelas quais São João Damasceno condenou a iconoclastia. Tendo passado a maior parte da sua vida como monge, perto de Jerusalém, escreveu entre os anos 720 e 740 as três partes da sua Apologia contra os que atacam as imagens divinas. Como é natural, argumentava – com base em citações bíblicas e patrísticas, assim como no testemunho do conjunto da Tradição – que Deus não se opõe à veneração das imagens; em conseqüência, defendia teologicamente toda a arte religiosa. Nos iconoclastas, detectava uma tendência ao maniqueísmo[1], e repreendia-os por isso: “Injuriais a matéria e dizeis que não tem valor. O mesmo fazem os maniqueus, mas a Escritura divina proclama que ela é boa, porque diz: E Deus olhou para tudo o que havia feito e viu que era muito bom[2].

Mas João Damasceno tomou o cuidado de precisar que não “reverenciava (a matéria) como Deus – longe disso: como poderia ser Deus aquilo que veio à existência a partir do nada?”[3] Mas a matéria, que os cristãos nâo podiam condenar como má em si mesma, podia conter algo do divino;

“Não venero a matéria; venero Quem fez a matéria e Quem, por mim, se tornou matéria [pela Encarnação] e aceitou habitar na matéria para através dela realizar a minha salvação; e não cessarei de reverenciar a matéria através da qual se faz a minha salvação […]. Portanto, reverencio e respeito a matéria, porque está impregnada da graça e da energia divinas. Não é matéria extremamente preciosa e abençoada a madeira da cruz? Não é matéria a montanha augusta e santa, o lugar do Calvário? Não são matéria a rocha que deu vida e sustento, o santo sepulcro, a fonte da ressurreição? Não são matéria a tinta e todo o livro santo do Evangelho? Nâo é matéria a mesa que nos sustenta, que nos oferece o pão da vida? Não são matéria o ouro e a prata de que estão feitas as cruzes, os cálices e as palenas? E, acima de todas essas coisas, não são matéria o corpo e o sangue do meu Senhor? Por isso, ou deixamos de tratar tudo isio com reverência e veneração, ou nos submetemos à tradição da Igreja e permitimos a veneração das imagens de Deus e dos amigos de Deus, santificados pelo nome do Espírito divino e, por conseguinte, acolhidos sob a sombra da sua graça”[4].

Portanto, toda a arte religiosa, que contribuiu tão poderosamente para configurar a vida artística do Ocidente, apóia-se em princípios teológicos católicos. Depois de uma série de idas e vindas, os próprios bizantinos acabaram por abandonar o iconoclasmo em 843 e voltaram a criar e venerar os ícones de Cristo e dos santos. Os fiéis alegraram-se com essa vitória e passaram a comemorar com uma celebração anual do Triunfo da Ortodoxia[5] o retorno à prática tradicional.

É difícil exagerar a importância da oposição da Igreja ao iconoclasmo, condenado oficialmente pelo terceiro Concílio de Nicéia, em 787. Foram as idéias de São João Damasceno e dos seus seguidores que nos permitiram usufruir da beleza das Madonnas de Rafael, da Pietà de Michelangelo e de inúmeras outras obras de gênio, sem mencionar as grandiosas fachadas das catedrais da Idade Média. Com efeito, não deveríamos tomar como natural e evidente a aceitação da arte representativa religiosa; o islamismo nunca abandonou a sua insistência na arte não-figurativa, e sabemos igualmente que, no século XVI, os protestantes retomaram a heresia iconoclasta, pondo-se a destruir estátuas, altares, vitrais e inúmeros outros tesouros da arte ocidental. Calvino, certamente o mais importante de todos os pensadores protestantes, preferia espaços despojados para os seus serviços de culto e chegou a proibir até o uso de instrumentos musicais. Nada mais alheio ao apreço católico pelo mundo material, inspirado na Encarnação e na certeza de que os seres humanos, compostos de matéria e espírito, podem valer-se das coisas materiais na sua ascensão para Deus.

A CATEDRAL 

Não há dúvida de que a maior contribuição católica para a arte, aquela que modificou indiscutível e permanentemente a paisagem européia, é a catedral. Um historiador da arte escreveu recentemente; “As catedrais medievais da Europa (…) são a maior realização da humanidade em todo o panorama da arte”[6]. Particularmente fascinantes são as catedrais góticas, cuja arquitetura sucedeu ao estilo românico no século XII e, partindo da Franca e da Inglaterra, se espalhou em maior ou menor grau pela Europa. Esses edifícios, monumentais em tamanho e espaço, caracterizaram-se pelos seus arcobotantes, arcos ogivais, abóbadas nervuradas e uma profusão de vitrais deslumbrantes, e o efeito combinado desses elementos produziu um dos mais extraordinários testemunhos da fé sobrenatural de uma civilização.

Não é por acaso que um estudo mais apurado dessas catedrais revela uma impressionante coerência geométrica. Essa coerência procede diretamente de uma corrente importante do pensamento católico: Santo Agostinho menciona repetidamente Sabedoria 11, 21 – aquele versículo do Antigo Testamento segundo o qual, como já vimos, Deus dispôs todas as coisas com medida, quantidade e peso –, e essa idéia tornou-se moeda corrente entre a grande maioria dos pensadores católicos do século XII. Novamente encontramos aqui a escola da catedral de Chartres, que veio a desempenhar um papel central na construção das catedrais góticas[7].

Quando a arquitetura gótica evoluiu a partir da sua predecessora românica, mais e mais pensadores católicos se foram persuadindo da ligação entre a matemática – em particular, a geometria – e Deus. Já desde Pitágoras e Platão, uma importante corrente de pensamento na civilização ocidental identificava a matemática com o divino. Em Chartres, explica Robert Scott, os mestres “acreditavam que a geometria era um modo de ligar os seres humanos a Deus, que a matemática era um veículo para revelar à humanidade os mais íntimos segredos do céu. Pensavam que as harmonias musicais estavam baseadas nas mesmas proporções da ordem cósmica, que o cosmos era uma obra de arquitetura e que Deus era o seu arquiteto”. Essas idéias levaram os construtores “a conceber a arquitetura como geometria aplicada, a geometria como teologia aplicada e o projetista de uma catedral gótica como um imitador do divino Mestre”[8]. “Assim como o grande Geômetra criou o mundo em ordem e harmonia – explica o professor John Baldvvin –, também o arquiteto gótico, com os seus humildes meios, tentava compor a morada terrena de Deus de acordo com os supremos princípios da proporção e da beleza”[9].

Com efeito, a proporcionalidade geométrica que encontramos nessas catedrais é absolutamente impressionante. Consideremos a catedral inglesa de Salisbury. Medindo o cruzeiro central da catedral (onde o seu principal transepto corta o eixo leste-oeste), verificamos que tem trinta e nove por trinta e nove pés. Essa dimensão básica é, por sua vez, a base de praticamente todas as outras medidas da catedral. Por exemplo, tanto o comprimento como a largura de cada um dos dez átrios da nave são de dezenove pés e seis polegadas – exatamente a metade do comprimento do cruzeiro central. A própria nave está constituída por vinte espaços idênticos, que medem dezenove pés e seis polegadas quadradas, e por outros dez espaços que medem dezenove pés e seis polegadas por trinta e nove pés. Outros aspectos da estrutura oferecem ainda mais amostras da absoluta coerência geométrica que permeia toda a catedral[10].

Outro exemplo impressionante da preocupação pelas proporções geométricas é a catedral de Saint Remi, em Rheims. Embora ainda contenha elementos do estilo românico anterior e não seja o exemplo mais puro de estrutura gótica. Saint Remi já manifesta o cuidado com a geometria e a matemática que constituiu uma qualidade fascinante dessa tradição. A influência de Santo Agostinho e da sua crença no simbolismo dos números – diferente e complementar dessa outra que vimos, que considera a estruturação matemática do mundo como reflexo da mente divina – ressalta de modo evidente. O coro de Saint Rémi está “entre os mais perfeitos símbolos trinitários da arquitetura gótica – explica Chrislopher Wilson –, observa-se como o arquiteto brinca com o número três nas três janelas que iluminam os três níveis da ábside principal; e a multiplicação do número de assentos em cada degrau do coro – onze – pelo número de degraus dá trinta e três[11]. como é evidente, alude à idade de Cristo.

O desejo de atingir ao mesmo tempo a precisão geométrica e um simbolismo numérico, que contribui significaticavamente para o prazer que o visitante colhe desses enormes edifícios, não foi, portanto, mera coincidência. Procedia de idéias que já se encontravam nos Padres da Igreja. Santo Agostinho, cujo De Musica viria a tornar-se o tratado de estética mais inlluenie da Idade Média, considerava a arquitetura e a música como as artes mais nobres, uma vez que as suas proporções matemáticas seriam as do próprio universo e, por essa razão, elevo nossas mentes à contemplação da ordem divina[12].

O mesmo se pode dizer das janelas e da ênfase na luz que inunda esses enormes e majestosos edifícios, talvez as características mais notáveis da catedral gótica. É razoável pensar que o arquiteto levou em conta o simbolismo teológico da luz. Santo Agostinho concebia a aquisição do conhecimento por parte dos seres humanos como fruto da iluminação divina: Deus ilumina a mente com o conhecimento. E por isso não é descabido pensar que os arquitetos desse tempo se livessem inspirado na poderosa metáfora da luz física como meio de evocar a fonte divina da qual procede todo o pensamento humano[13].

Assim o vemos na igreja abacial de Saint-Denis, sete milhas ao norte de Paris. Aqui não se pode ignorar o significado religioso da luz. que se derrama através das janelas pelo coro e pela nave. Uma inscrição no pórtico explica que a luz eleva a mente por cima do mundo material e a dirige para a verdadeira luz, que é Cristo[14]. Escreve um estudioso moderno: “Quando os olhos dos adoradores se elevavam para o céu, podii imaginar a graça de Deus, à semelhança da luz do sol. a derramar as suas bênçãos e a mover os espíritos à ascensão. Os pecadores podiam ser movidos ao arrependimento e â busca da perfeição ao vislumbrarem o mundo de perfeição espiritual em que Deus habitava: um mundo sugerido pela regularidade geométrica das catedrais”[15].

Com efeito, tudo o que se refere à catedral gótica revela a sua inspiração sobrenatural. “Enquanto as linhas predominantemente horizontais dos templos greco-romanos simbolizavam uma experiência religiosa dentro de limites naturais – escreve Jaki –, as agulhas góticas simbolizavam a orientação para o alto de uma visão nitidamente sobrenatural”.[16] Um período histórico capaz de produzir tão magníficas obras de arquitetura não pode ter sido de completa estagnação e trevas, como se retrata com tanta freqüência a Idade Média. A luz que jorra nas catedrais góticas simboliza a luz do século XIII, época caracterizada não só pelo fervor religioso e pelo heroísmo de um São Francisco de Assis, como também pelas universidades, pelo estudo e pela erudição.

Poucos são os que não se deixam conquistar por essas obras de arquitetura. Um dos estudos mais recentes sobre a catedral gótica deve-se a um sociólogo da Universidade de Stanford, que simplesmente se apaixonou pela catedral de Salisbury, na Inglaterra, e decidiu estudar e escrever sobre esse tema para difundir o conhecimento desse tesouro que tanto o cativou[17]. E mesmo um erudito hostil do século XX fala com admiração da devoção e do trabalho paciente revelados na construção das grandes catedrais:

“Em Chartres, encontramos uma esplêndida imagem da bela devoção dos habitantes de uma região que erigiram uma catedral magnífica. Esse maravilhoso edifício começou a ser construído em 1194 e foi terminado em 1240. Para construir um edifício que embelezasse a sua cidade e satisfizesse as suas aspirações religiosas, os habitantes deram o contributo do seu esforço e das suas posses, ano após ano, ao longo de quase meio século. Estimulados pelos seus sacerdotes, homens, mulheres e crianças iam a pedreiras distantes para extrair os blocos de cantaria e se atrelavam eles mesmos a toscas carroças carregadas dos materiais de construção. Dia após dia, perseveravam nesse fatigante esforço. Quando paravam à noite, extenuados pelo trabalho do dia, o tempo que sobrava era dedicado a confissões e orações. Outros trabalhavam na própria catedral, em tarefas que requeriam maior destreza, mas faziam-no com igual devoção […]. A sua dedicação e devoção marcaram época naquela parte da França”[18].

 

A construção da catedral gótica tem sido, às vezes, creditada à mentalidade escolástica. Os escolásticos – de quem São Tomás de Aquino foi o exemplo mais ilustre – construíram todo um sistema intelectual; não se preocupavam apenas de responder a esta ou àquela questão, mas de erguer edifícios inteiros do pensamento. As suas Summae – nas quais exploravam todas as questões mais importantes relativas a um tema – eram tratados sistemáticos e coerentes em que cada conclusão particular se relacionava harmonicamente com todas as outras, tal como os vários elementos que compunham a catedral gótica trabalhavam juntos para criar uma estrutura de extraordinária coerência interna.

Erwin Panofsky acrescenta, sugestivamente, que não se tratava de uma coincidência e que ambos os fenômenos – a escolástica e a arquitetura gótica – emergiam de um ambiente intelectual e cultural comum. Forneceu exemplos e mais exemplos de intrigantes paralelismos entre as Sumas escolástícas e a catedral. Assim como um tratado escoláslico, ao examinar as questões disputadas, conciliava posições conflitantes provenientes de fontes dotadas de igual autoridade – por exemplo, de dois Padres da Igreja aparentemente em desacordo –, a catedral gótica sintetizava as características das tradições arquitetônicas precedentes, em lugar de, simplesmente, adotar uma e suprimir a outra[19].

O RENASCIMENTO

A maior explosão de criatividade e inovações no mundo da arte desde a Antigüidade teve lugar durante o Renascimento dos séculos XV e XVI.

Não é fácil encaixar esse período em categorias nítidas. Por um lado, parece em certa medida anunciar a chegada do mundo moderno: há um secularismo crescente, assim como uma ênfase cada vez maior na vida mundana, mais do que no mundo vindouro; abundam, por exemplo, os contos imorais. Não é de estranhar, pois, que houvesse católicos inclinados a rejeitá-lo de cabo a rabo. Por outro lado, há elementos suficientes para descrevê-lo como o auge da Idade Média, mais do que como uma ruptura com o passado: os medievais, tal como algumas figuras exponenciais do Renascimento, tinham um profundo respeito pela herança da antigüidade clássica, ainda que não a aceitassem de modo tão acrítico como o fizeram alguns humanistas; e é na Idade Média que encontramos as origens das técnicas artísticas que viriam a ser aperfeiçoadas no período seguinte. Além disso, o grosso da produção artística renascentista foi de obras de natureza religiosa, e, se hoje as podemos apreciar, é graças ao patrocínio dos papas da época.

Um século antes do que se considera normalmente o início do Renascimento, o medieval Giotto di Bondone (1266-1337), conhecido simplesmente como Giotto, já havia antecipado muitas das inovações técnicas e artísticas que fariam a glória da Renascença. Giotto nasceu em 1267, perto de Florença. Conta-se dele que aos dez anos, enquanto cuidava de ovelhas, usava um pedaço de giz para desenhar as ovelhas nas rochas. E que Cimabue ficou tão impressionado com esses desenhos que pediu ao pai do menino permissão para educá-lo na arte da pintura.

O próprio Giovanni Cimabue (1240-1302) foi um artista inovador: ultrapassando o formalismo da arte bizantina, pintava as figuras humanas com uma tendência realista. Giotto seguiu essa linha, elevando-a a novos cumes, que viriam a exercer uma influência substancial nas subseqüentes gerações de pintores. As técnicas que Cimabue empregou para dar profundidade aos seus quadros, em três dimensões, foram da maior importância, como também o modo como individualizou as figuras humanas, em oposição à abordagem mais estilizada que o precedeu, na qual os rostos dificilmente se distinguiam uns dos outros.

Pode-se dizer, assim, que o Renascimento se desenvolveu a partir da Idade Média. Mas em áreas não relacionadas com a arte, foi um período de retrocesso. O estudo da literatura inglesa e continental não sentiria praticamente nenhuma falta – com algumas honrosas exceções – se se removessem os séculos XV e XVI. Também a vida científica de toda a Europa permaneceu em gestação: se excetuarmos a teoria do universo de Copérnico, a história da ciência ocidental entre 1350 e 1600 é de relativa estagnação. E a filosofia ocidental, que havia florescido nos séculos XII e XIII, teve comparativamente muito pouco a mostrar nesse período[20].

Poder-se-ia até dizer que o Renascimento foi, sob muitos aspectos, um tempo de irracionalismo. Por exemplo, foi nessa época que a alquimia alcançou o seu auge, e a astrologia ganhou ainda maior influência. As perseguições às bruxas, erroneamente associadas à Idade Média, só se espalharam a partir do final do século XV e durante o XVI.

Do que não há dúvida é de que, durante o Renascimento, imperou o espírito secularista. Embora raramente se negasse de um modo explícito a doutrina do pecado original, começou a dominar uma visão muito mais inclinada a celebrar a natureza humana e as suas capacidades potenciais. Com o advento do Renascimento, assistimos à exaltação do homem natural, da sua dignidade e das suas capacidades, divorciadas dos efeitos regeneradores da graça sobrenatural. As virtudes contemplativas, tão admiradas na Idade Média, como manifestava a tradição monástica, começaram a perder o seu lugar para as virtudes ativas como objeto de admiração. Em outras palavras, um entendimento secular dos conceitos de utilidade e praticidade – que triunfaria mais tarde, durante o Iluminismo – começou a menosprezar a vida dos monges e, em seu lugar, a glorificar a vida ativa mundana, a do homem comum da cidade.

O secularismo estendeu-se também à filosofia política: em O Príncipe (1513), Maquiavel concebeu a política em moldes puramente seculares, e descreveu o Estado como uma instituição moralmente autônoma, isenta dos padrões de certo e errado pelos quais se costuma medir o comportamento dos indivíduos.

Esse secularismo começou a invadir igualmente o mundo da arte. Passou a haver patrocinadores fora dos quadros da Igreja, e com isso os temas artísticos começaram a mudar. Prosperavam agora os retratos, os auto-retratos e as paisagens, todos seculares por natureza. O propósito de retratar tão exatamente quanto possível o mundo natural – tão evidente na arte renascentista – deixa entrever que esse mundo, longe de ser um mero estágio entre a existência temporal e a felicidade eterna, era considerado algo bom em si mesmo e merecia ser cuidadosamenle estudado e reproduzido.

Apesar disso, houve nesse período um enorme volume de obras artísticas que tinham por objeto temas religiosos, e muitas delas procediam de homens cuja arte se inspirava profundamente em uma fé religiosa sincera e arraigada. Segundo Kenneth Clark, autor da aplaudidíssima série da BBC Civilização:

“Guercino passava muitas das suas manhãs em oração: Bernini assistia freqüentemente a retiros e praticava os Exercícios Espirituais de Santo Inácio; Rubens ia à missa todos os dias, antes de começar a trabalhar. Esse teor de vida não obedecia ao medo à Inquisição, mas à singela crença de que a vida do homem devia pautar-se pela fé que havia inspirado os grandes santos das gerações precedentes. A segunda metade do século XVI foi um período de santidade na Igreja Católica […], com figuras como Santo Inácio de Loyola, o visionário soldado que se tornou psicólogo. Não é preciso ser católico praticante para sentir respeito pelo meio século que foi capaz de produzir esses grandes espíritos”[21]. 


Os papas, em particular Júlio II e Leão X, foran mecenas de muitos desses artistas. Foi durante o pontificado de Júlio II, e sob o seu patrocínio, que figuras como Bramante, Michelangelo e Rafael produziram algumas das mais memoráveis obras de arte. A Catholic Enciclopedia aponta a importância desse papa ao afirmar que:

“Quando se discutiu se a Igreja devia absorver ou rejeitar e condenar o progresso, se devia ou não associar-se ao espírito humanista, Júlio II teve o mérito de se pôr do lado da Renascença e preparar a plataforma para o triunfo moral da Igreja. As grandes criações de Júlio II – a Catedral de São Pedro de Bramantc e o Vaticano de Rafael e Michelangelo – sâo inseparáveis das grandes idéias de humanismo e cultura representadas pela Igreja Católica. Aqui a arte ultrapassa-se a si própria, tornando-se linguagem de algo mais alto, o símbolo da mais nobre das harmonias jamais realizadas pela natureza humana. Por decisão desse homem extraordinário, Roma tornou-se, em fins do XVI, o lugar de encontro e o epicentro de tudo o que era grande no campo da arte e do pensamento”[22].

O mesmo se pode dizer de Leão X, embora lhe tenham faltado o gosto impecável e a capacidade de discernimento de Júlio II. “De todos os lugares – escreveu um cardeal em 1515 –, homens de letras apressam-se a acorrer à Cidade Eterna, pátria comum, protetora e mecenas”. As obras de Rafael cresceram ainda mais em excelência sob o pontificado de Leão X, que deu continuidade ao patrocínio do seu predecessor a esse pintor de excepcional categoria. “Em tudo o que se referia à arte, o papa voltava-se para Rafael”, observou um embaixador, em 1518[23]. Novamente, podemos confiar no juízo de Will Durant. quando observa que a corte de Leão X era

“o centro do intelecto e da sabedoria de Roma, o lugar onde estudiosos, educadores, poetas, artistas e músicos eram bem-vindos e hospedados, o cenário de solenes cerimônias eclesiásticas, de recepções diplomáticas, de banquetes requintados, de espetáculos teatrais ou musicais, declaraações poéticas e exposições de arte. Era, sem dúvida alguma, a mais refinada corte do mundo naquele tempo. O trabalho desenvolvido pelos papas, de Nicolau V ao próprio Leão X, para melhorar e embelezar o Vaticano, para reunir os gênios artísticos e literários e os embaixadores mais competentes de toda a Europa, fez da corte de Leão o zênite, não da arte – porque este fora alcançado sob Júlio II –, mas sim da literatura e do brilho do Renascimento. Mesmo em termos meramente quantitativos, a história nunca viu nada igual no campo da cultura, nem sequer na Atenas de Péricles ou na Roma de Augusto”[24].

A criação renascentista preferida por nós, a Pietà de Michelangclo, é uma obra impressionantemente tocante, impregnada de uma profunda sensibilidade católica. Nos tempos de Michelangclo, a pietà, que representava a Virgem Maria com o seu divino Filho nos braços depois de crucificado, já vinha constituindo um gênero artístico havia centenas de anos. Essas primeiras pietàs eram, com freqüência, desagradáveis de se ver, como é o caso da a Pietà Röttgen (cerca de 1300-1325), na qual uma figura de Cristo contorcida e ensangüentada está deitada no colo de uma mãe esmagada pela aflição. Correspondiam a um período de terríveis desastres e tragédias humanas, que se traduziu em uma grande quantidade de representações do sofrimento na arte religiosa[25], particularmente por causa da ênfase que se punha na crucifixão mais do que na ressurreição (ao contrário do que fizeram os ortodoxos e os protestantes), como evento central do drama da Redenção.

Mas a intensidade desse sofrimento é significativamente atenuada na ptimeira e mais famosa das duas Pietàs de Michclangclo. Considerada como a mais grandiosa das esculturas em mármore de todos os tempos, essa Pietà preserva a tragédia daquele terrível momento, mas representa o rosto da mãe de Cristo com traços de inegável serenidade.

Desde o século II, Maria e chamada a “segunda Eva”, porque, se a desobediência de Eva levou a humanidade à perdição, a conformidade de Maria com a vontade de Deus, ao con sentir em trazer no seu seio o Homem-Deus, tornou possível a redenção da humanidade. Essa é a mulher que vemos na escultura de Michelangelo: tão confiante nas promessas de e tão perfeitamente conformada com a vontade de Deus que é capaz de aceitar serenamente, com espírito de fé e igualdade de ânimo, o terrível destino do seu divino Filho.

ARTE E CIÊNCIA 

Ao avaliarmos as contribuições da Igreja para o desenvolvimento da ciência moderna, vimos brevemente como as idéias teológicas e filosóficas fundamentais, derivadas do catolicismo, se demonstraram conaturais ao surgimento da pesquisa científica. Surpreendentemente, as nossas observações sobre a arte podem acrescentar ainda outra explicação para o singular êxito da ciência no Ocidente. Trata-se da descoberta de perspectiva linear, talvez o traço mais característico da pintura renascentista.

Foi no Ocidente que se desenvolveu a aiie da perspectiva – a representação de imagens em três dimensões em um plano bi-dimensional –, assim como o chiaroscuro, o uso de luz e sombra. Essas duas características já existiam na arte da antigüidade clássica, mas foram os artistas ocidentais que lhes deram nova vida, mais ou menos a partir de 1300. Foi só através da influência ocidental que os artistas posteriores aplicaram em todo o mundo esses princípios à sua arte tradicional[26].

Em The Heritage of Giotto’s Geometry, Samuel Edgerton compara a arte da perspectiva desenvolvida na pré-Renascença e na Renascença européias com a arte de outras civilizações. Começa por comparar duas representações de uma mosca, uma ocidental e outra chinesa, e mostra que a ocidental está muito mais atenta à estrutura geométrica da mosca. “No Ocidente – escreve –, estamos convencidos de que, se quisermos entender a estrutura de um objeto orgânico ou inorgânico, devemos encará-lo primeiro como uma nature morte (como uma natureza morta de Jean-Baptiste Chardin, por exemplo), com todas as partes que o compõem representadas em conexões geométricas estáticas e objetivas. Nessas pinturas, como sarcasticamente observou Artur Waley, «Pôncio Pilatos e um bule de café são ambos massas cilíndricas verticais». Para um chinês tradicional, essa abordagem é, estética e cientificamente, absurda”. O objetivo da comparação de Edgerton é sublinhar que “a perspectiva geométrica e o chiaroscuro, convenções da arte da Renascença européia, sejam ou não esteticamente elegantes, demonstraram-se extremamente úteis para a ciência moderna”[27]. É por isso que esse autor sugere que não foi uma coincidência que Giotto, o precursor e na verdade o fundador da arte renascentista, e Galileu, às vezes considerado o fundador da ciência moderna, tivessem nascido ambos na Toscana e que a cidade toscana de Florença tenha sido o berço tanto de obras-primas artísticas como dos progressos científicos.

Também a inclusão da perspectiva geométrica na arte foi produto do ambiente intelectual específico da Europa católica. Como vimos, a idéia de Deus como geômetra e da geometria como a base sobre a qual Deus ordenou a sua criação era uma constante no mundo católico. No tempo da Renascença, explica Edgerton:

“Crescia no Ocidente uma singular tradição arraigada na doutrina católica medieval: estava-se tornando socialmente de rigor que a «gente bem» conhecesse a geometria euclidiana. Mesmo antes do século XII, os primeiros Padres da Igreja intuíram que podiam descobrir na geometria euclidiana o próprio modo de pensar de Deus.

“A perspectiva geométrica linear foi rapidamente aceita na Europa ocidental após o século XV, porque os cristãos acreditavam que, ao contemplarem uma imagem artística assim criada, captavam uma réplica da própria csirutu essencial da realidade subjacente que Deus havia concebido no momento da criação. Por volta do século XVII, quando os «filósofos naturais» (como Kepler, Galileu, Descartes e Newton) foram compreendendo cada vez mais que a perspectiva linear coincide efetivamente com o próprio processo ótico e fisiológico da visão humana, não só manteve o imprimatur cristão da perspectiva, como ela passou a servir para reforçar na ciência ocidental a crescente convicção otimista e generalizada de que se tinha mente peneirado no processo da menle de Deus e de que o conhecimento (e o controle) da natureza estava potencialmente ao alcance de qualquer ser humano”[28].

Foi assim que o empenho que a Igreja Católica pôs no estudo da geometria euclidiana, como chave para desvendar a mente de Deus e a base sobre a qual Ele ordenou o universo, trouxe frutos imensamente importantes tanto no campo arte como no da ciência. A atração católica pela geometria levou a um modo de retratar o mundo natural que ajudou a tornar possível a Revolução Cientifica e que seria copiado pelo resto do mundo nos anos posteriores.



[1] O maniqueísmo dividia o mundo em um reino de maldade, o de matéria, e um reino de bondade, o do espírito. Para os maquineus, a idéia de que as coisas materiais pudessem comunicar bens espirituais era um completo absurdo. Nos séculos XII e XIII, o catarismo, uma variante do maniqueísmo, seguiria a mesma linha de pensamento, sustentando que o sistema sacramental católico tinha que ser fraudulento, pois como poderia a matéria má – em forma de água, óleos, pão e vinho consagrados – comunicar graça puramente espiritual aos que a recebessem?

[2] São João Damasceno, Apologia conta os que atacam as imagens divinas, 2, 71: a tradução utilizada pelo autor foi a de Andrew Louth, publicada com o título Three Treatises on the Divine Images, St. Vladimir’s Seminary Press, Crestwood, New York, 2003.  

[3] Ibid., 1, 16.

[4] Ibid., 1, 15-17.

[5] “Ortodoxia” não designa aqui as Igrejas Ortodoxas, pois o grande cisma que dividiu católicos e ortodoxos só se deu dois séculos mais tarde, em 1054, mas a “reta doutrina”.

[6] Paul Johnsom, Art: A New History, Harper Collins, New York, 2003, pág. 153.

[7] John W. Baldwin, The Scholastic Culture of the Middle Ages, 1000-1300, D. C. Heath, Lexington, Massachussets, 1971, pág. 107; Robert A. Scott, The Gotic Enterprise, University of California Press, Berkeley, 2003, págs. 124-25.

[8] Robert A. Scott, The Gotic Enterprise, pág. 125.

[9] John W. Baldwin, The Scholastic Culture of the Middle Ages, 100-1300, pág. 107.

[10] Robert A. Scott, The Gotic Enterprise,  págs. 103-104.

[11] Christopher Wilson, The Gothic Cathedral: The Arquitecture of the great Church, 1130-1530, Londres, Thames and Hudson, 1990, págs. 65-66.

[12] Ibid., págs. 275-76.

[13] John W. Baldwin, The Scholastic Culture of the Middle Ages, 1000-1300, 107-08.

[14] Ibid., pág. 108.

[15] Robert A. Scott, The Gotic Enterprise, pág. 132.

[16] Stanley L. Jaki, “Medieval Criativity in Science and Technology, em Patterns or Principles and Other Essays, pág. 75.

[17] O livro em questão é o de Robert A. Scott, The Gotic Enterprise.

[18] Alexander Clarence Flick, The Rise of the Medieval Church, pág. 600.

[19] Erwin Panofsky, Gothic Architecture and Scholasticism, Meridian Books, New York, 1985 (1951), págs. 69-70.

[20] James Franklin, “The Renaissance Myth”, em Quadrant (26), nov 1982, págs. 53-54.

[21] Kenneth Clark, Civilisation, pág. 186; cit. em Joseph E. MacDonnell, Companions of Jesuits: A Tradition of Collaboration, Humanities Institute, Farfield, Connecticut. 1995.

[22] Louis Gillet, “Raphael”, em Catholic Enciclopedia.

[23] Klemens Löffler, “Pope Leo X”, em Catholic Enciclopedia.

[24] Will Durant, The Renaissance, MJF Books, New York, 1953, pág. 484.

[25] Fred S. Kleiner, Christian J. Mamya e Richard G. Tansey, Gardner’s Art Trhought the Ages, 11ª ed., vol. 1, Wadsworth, New York, 2001, págs. 526-7.

[26] Samuel Y. Edgerton Jr., The Heritage of Giotto’s Geometry: Art and Science on the Eye of Scientific Revolution, Cornell University Press, Ithaca, 1991, pág. 10.

[27] Ibid., pág. 4.

[28] Ibid., pág. 289

36 respostas a “ESPECIAL DE NATAL! Livro “Como a Igreja Católica Construiu a Civilização Ocidental” (2008) – capítulo 06”

  1. Biasetto Diz:

    Pois é, ficam achando graça em ridicularizar com o CX, mas o grande mal da humanidade está nas religiões. Aproveitando-se dos dois vídeos postados pelo André Ribeiro, no post anterior, é isto aí religião, é isto aí o cristianismo, catolicismo, protestantismo: pregação do ódio, da estupidez, da submissão da mulher, da aversão aos homossexuais …
    Quem quer saber sobre mundo medieval, deixei a dica: Hilário Franco Júnior. Ele, inclusive mostra muitos aspectos positivos das instituições, mas mostra os absurdos, as barbáries …
    A igreja sempre foi e continua sendo um lixão, uma merda, que difunde fantasias, realiza perseguições, discrimina, maltrata, física e emocionalmente as pessoas.
    O papa, este sujeito asqueroso, imbecil e nojento, está convidando todos os demais cristãos, a lançarem uma “nova cruzada”, contra a união gay. É ou não é um grande filho da puta, mau caráter, um sujeito ridículo e vagabundo desses?
    O verme, pilantra e cafajeste, teve a coragem de dizer, que a união gay ameaça a paz mundial. Vai se fuder, canalha, vagabundo, nojento …
    Então, Fabiano, a história que eu iria lhe contar é a seguinte:
    O Vítor Moura é um sujeito até interessante, bem instruído, metódico, corajoso, que resolveu questionar obras psicografadas, médiuns … Legal isto, porque tudo pode ser questionado. Ele até me convenceu que eu acreditava em fantasias, porque eu era chiquista. Tanto que fui pesquisar e descobrir vários plágios nas obras de CX, e ELES EXISTEM MESMO, É INDISCUTÍVEL ISTO. Então, CX acabou pra mim. Os artigos estão aqui no blog. Só que os senhores Vítor Moura Visoni e José Francisco Ferreira Fernandes, com toda suas sabedorias, conhecimentos, insistem em fazer propaganda da igreja católica. É brincadeira???
    Pois é, é isto aí: criticam aqueles que acreditam em gnomos, mas defendem aqueles que acreditam em duendes, vai se fazer o quê?
    Lamentável né?
    Vou curtir as minhas férias, deixando dois recados:
    – o papa e os puxa-sacos dele, que vão todos à merda!
    – aos amigos e inimigos do blog, um ótimo 2013.

  2. Biasetto Diz:

    * errei o nome do porta-voz do catolicismo, me desculpe:
    José Carlos Ferreira Fernandes = JCFF

  3. Carlos Diz:

    Vitor, como comentei o Thomas Woods é um católico tradicional, portanto comprometido com a ICAR (ver referências na wiki em inglês). Evidentemente ele tem todo interesse em realçar o que considera positivo, omitir o que não interessa e, nesse contexto, chegar a algumas conclusões esdrúxulas. Cito, por exemplo, a relação que ele faz entre igreja, geometria euclidiana e progresso da ciência, que muito mais a cara de uma “teoria da conspiração” do que um fato comprovado. Se alguém estiver realmente interessando em conhecer geometria euclidiana, seus desdobramentos e importância científica e filosófica sugiro o excelente livro de Mario Lívio “Deus é matemático?” Asseguro que é uma leitura muito mais comprometida com o conhecimento, portanto indicada para, nesse quesito, fazer um juízo de valor (adianto que a ICAR não é citada!).

  4. Contra o Chiquismo. Diz:

    Pérola natalina de CX:

    JESUS VEM A TERRA NO NATAL
    segundo Chico Xavier, Jesus vem a Terra, entre 23 h. do dia 24 e uma hora do dia 25 de dezembro, quando comemoramos o natalício Dele. Segundo Chico, muitos espíritos se preparam durante dez anos para acompanhar o Mestre nessa peregrinação, recolhendo criaturas anônimas na desencarnação, como a registrada pelo poeta Cornélio Pires, publicada no livro Antologia mediúnica do Natal.

    http://extra.globo.com/noticias/religiao-e-fe/gerson-monteiro/jesus-vem-terra-no-natal-3287675.html

    E aqui na rádio oficial do ‘espiritismo’/chiquismo:
    http://www.radioriodejaneiro.am.br/anx/imprensa/2005NovDezGMJesusDesceaTerranoNatalCorreioEspirita.pdf

  5. Gilberto Diz:

    Sobre o recente programa de televisão do SBT, os espíritas já criaram o seguinte factóide, por terem feito os cerca de 10 mil telefonemas à emissora paulista, que comprou o formato da BBC Two: “Em 2012, o caridosíssimo Chico Xavier foi merecidamente escolhido, dentre todas as figuras importantes da História do Brasil, como o “Maior Brasileiro de Todos os Tempos”. Esse inédito e honroso título foi conferido simplesmente, pela renomada emissora inglesa, a BBC de Londres.

  6. Gilberto Diz:

    Não tão mentindo, por assim dizer…

  7. Biasetto Diz:

    Faz-se necessário de minha parte, pedir desculpas, por ter chamado o papa de “filho da puta”, pois agindo assim, demonstrei preconceito e discriminei as prostitutas. Elas não merecem qualquer reprovação de minha parte, pois não me cabe julgá-las, então peço desculpas pela ofensa a elas dirigidas.
    Com tantas opções, fim de ano, clima de Natal, a histeria por parte de alguns, achando que o mundo iria acabar, o papa poderia ter sido inteligente, aproveitado tudo isso, deixando uma bela mensagem de fim de ano, pedindo a união dos povos e todos os crentes e descrentes, na construção de um mundo melhor, sem fome, sem miséria, sem exclusões … Mas ele preferiu soltar, mais uma vez, seu veneno, contra os gays. Fazer o quê, só temos a lamentar.
    E quanto aos espíritas, pelo menos eles demonstram compaixão, coisa que muitos católicos e evangélicos não possuem.

  8. Contra o Chiquismo. Diz:

    “Biasetto Diz:

    Faz-se necessário de minha parte, pedir desculpas, por ter chamado o papa de “filho da puta”, pois agindo assim, demonstrei preconceito e discriminei as prostitutas.”

    Quem? O Luiz de Mattos? Acho que vc se enganou e trocou de personagem, vc não queria xingar o padre Marcelo Rossi e xingou o papa Luiz de Mattos.

  9. Fabiano Diz:

    Querem limpar as páginas sujas de sangue da história, mas sem querer remodelar seus hábitos. Querem tentar justificar as mortes provocadas por envenenamentos, afogamentos, torturas, pessoas queimadas vivas em fogueiras, como se isso fosse algo aceitável para aquela época. O que nunca foi. Antes mesmo de iniciar a trágica inquisição, já existia no seio católico pessoas possuidoras de nobres valores tal qual foi São Bernardo de Claraval, que nasceu de família rica, mas decidiu viver uma vida sem luxo. Foi ele também o conselheiro de alguns papas. O papa Eugênio III foi um de seus melhores discípulos.

    Transcrevo parte de uma importantíssima carta de São Bernardo para o papa Eugênio III, alertando sobre os perigos que o esperava. Esta carta faz parte da Consideração IV (De Consideratione) de São Bernardo e faz denúncias muitas sérias sobre o que ocorre dentro do seio desta igreja. É de valor histórico imensurável, já que são relatos de pessoas de dentro da igreja, aconselhando não um padre qualquer, mais o santo padre dos católicos e a quem São Bernado ainda o tratava como um de seus alunos. Vejam a seguir como devem agir os seres de boa moral:

    “Chegamos, agora, ao ponto crítico e o problema torna-se mais melindroso. Por onde começar para exprimir o que penso? Testemunho-te que não cuides das riquezas, não mais que os teus predecessores. Aqui está o grande abuso: as riquezas são utilizadas de modo diverso. Poderias citar-me um único caso em que não te tenham aceite como Papa sem que interviessem ofertas de dinheiro ou a esperança dele? Agora, que foram declarados ao teu serviço, pretendem todo o poder. Declaram-se fiéis para mais facilmente fazer o mal a quem neles confia. A partir de agora não farás nenhum plano do qual se creiam excluídos; não terás segredo no qual não se intrometam. Não queria estar no lugar de um porteiro que faça esperar, à porta, um deses, durante um minuto.

    Podes verificar, portanto, por estes acenos, se não conheço um pouquinho o caráter dessa gente. São habilíssimos em fazer o mal mas incapazes de fazer o bem. Odeiam a terra e o céu e sobre ambos estendem as mãos; são incrédulos em relação a Deus e desavergonhados em relação às coisas santas; turbulentos entre eles, invejosos dos vizinhos, impiedosos para com os outros; ninguém consegue amá-los e, por sua vez, também não amam ninguém; enquanto se vangloriam de ser temidos por todos, jogam com o medo que eles mesmos têm. Não aceitam ser súditos, mas nunca aprenderam a mandar; são infiéis para com os superiores e insuportáveis para com os inferiores. Não tem moderação no perguntar e são altivos no responder. Insistem com petulância quando querem obter qualquer coisa e tornam-se impacientes até que a consigam. São os mais ingratos quando a obtêm. Aprenderam a encher a boca com grandes palavras, mas são mesquinhos nas ações. São grandiosos nas promessas, mas calculistas em manter-se fiéis; são acariciadores na adulação e cortantes na maledicência; dissimulam com a mais inocente candura e atraem com a mais experimentada perfídia.”

  10. Fabiano Diz:

    O Giordano Bruno, que não era considerado cientista pela seita negocista de roma, foi queimado vivo por não concordar totalmente com as ideias de Copérnico, pois para Giordano Bruno, o sol era apenas mais uma estrela e não o centro do universo. Bruno defendia o heliocentrismo, mas não como o centro do universo (http://www2.uol.com.br/sciam/artigos/abundancia_de_planetas_extrassolares.html). Ele também defendia a teoria da reencarnação, causando assim uma grande celeuma no meio dos católicos. Bruno chegou a dizer: “Uma vez que a alma não pode ser encontrada sem o corpo e todavia não é corpo, pode estar neste ou naquele corpo e passar de corpo em corpo.” E a doutrina da reencarnação afronta o mito da ressurreição criada pelo clero, que tem por fim a exploração financeira, com a venda do paraíso.

    Biasetto, Carlos, André Ribeiro, se sentem indignados com esta propaganda católica e não é por menos, qualquer pessoa com um pouco de estudo e sentimentos de compaixão para com o seu semelhante, estaria nesta mesma posição. Duvidar desta seita católica era pecado gravíssimo que se pagava com a pena capital, mesmo estando certo. Bruno estava certo e ainda sim foi queimado vivo, como tantos outros que ousaram pensar diferentemente.

    Continuarei a escrever, no meu próximo comentário, a carta de São Bernardo para o Papa Eugênio III, este discípulo daquele. Irei revelando mais coisas a medida que novos capítulos da seita católica for sendo publicado. Quem é de dentro desta seita negocista, sabe das artimanhas de poder, crimes e assassinatos que ocorrem lá dentro e como temos em nossa posse documentos valiosos para o público em geral, mas que a cúpula desta cúria romana tanto teme, iremos revelando aos poucos, boa parte da maracutaia romana, contada por gente dos altos escalões desta mesma instituição.

  11. Vitor Diz:

    Oi, fabiano
    comentando:
    01 – “O Giordano Bruno, que não era considerado cientista pela seita negocista de roma, foi queimado vivo por não concordar totalmente com as ideias de Copérnico,”
    .
    Isso é falso e você sabe disso. Já foi mais do que provado que Giordano foi queimado por motivos que nada tinham a ver com Copérnico. Aliás, do jeito que você escreveu parece que a Igreja estava defendendo as ideias de Copernico…
    .
    02 – “Bruno estava certo e ainda sim foi queimado vivo, como tantos outros que ousaram pensar diferentemente.”
    .
    Bruno estava “certo” mas foi queimado por motivos totalmente diferentes. Ele nem provou o que dizia no que estava “certo”. A própria Ciência muitas vezes age pior que a Igreja: nem com provas contrárias ao seu modo de pensar dá a mão a torcer, senão com um grande atraso… um exemplos foi o pobre Ignaz Semmelweis, um obstetra do século XIX que morreu num manicômio aos 47 anos após ter sido aviltado por afirmar que menos bebês morreriam durante o parto se os médicos lavassem as mãos antes de examinar as pacientes.
    .
    http://en.wikipedia.org/wiki/Ignaz_Semmelweis

  12. Antonio G. - POA Diz:

    O Papa pregar contra o homossexualismo é bastante contraditório, na medida em que a ICAR é uma instituição que abriga em suas fileiras um contingente de homossexuais bem acima da média de qualquer outro grupo social que não seja declaradamente gay. E isto ocorre por causa da mais absurda das regras sobre o sacerdócio na ICAR: O celibato. A proibição dos padres e freiras de terem vida sexual está na raiz de todo o tipo de desajuste e anomalias sexuais, desde a mera prática homossexual “clandestina”, até as mais horrendas perversões, como a pedofilia.
    Ou seja, o Papa “prega moral com a bunda de fora”.

  13. Antonio G. - POA Diz:

    Para ficar bem entendido: Quando eu classifico a homossexualidade como “desajuste”, não faço qualquer julgamento de mérito. Não sou nem um pouco homofóbico. Mas também não sou hipócrita. A homossexualidade é um fenômeno comum, mas acho que não dá para dizer que é exatamente normal.

  14. Marciano Diz:

    Tá certo, Antonio. É uma parafilia como qualquer outra. A diferença é que os gays fizeram um lobby muito bem feito. Uma questão de zeitgeist. Pesquise jornais e revistas de 50 anos atrás e verá que não há diferença. E a pedofilia era comum, antiga e aceita no tempo dos reis e rainhas, os livros de história registram isso.
    Também não sou homofóbico (palavrinha mal escolhida), sou completamente indiferente, desde que não se interessem sexualmente por mim.
    Se o homossexualismo passasse a ser o “normal”, ou seja, a regra, em cem anos a espécie estaria extinta.
    Existem ainda muitos (talvez a maioria) homossexuais não assumidos, enrustidos, como se diz, principalmente entre as religiões que classificam-na como pecado, não só a ICAR, mas as evangélicas, e outras mais.

  15. Jorge o guinorante Diz:

    Marciano: se voce, “rapidinho”, passar pro outro lado só porque a “regra agora é essa” , eu não sei. Mas se a homossexualidade fosse a regra, existiriam hordas e mais hordas de heteros enrustidos se encontrando as escondidas por aí….

  16. Jorge o guinorante Diz:

    Esqueci..
    E explixariam os bebes como obra do espirito santo…Taria cheio de jesuses no mundo…

  17. Contra o Chiquismo. Diz:

    “Marciano Diz:

    Também não sou homofóbico (palavrinha mal escolhida), sou completamente indiferente, desde que não se interessem sexualmente por mim.”

    Putaquepariu! Que definição perfeita! É isso cara! Vc sim é FILOSÓFO! Valeu.

  18. Contra o Chiquismo. Diz:

    Quem é mais tosco Joseph Ratzinger, Luiz de MAttos ou CX?

  19. Marciano Diz:

    Parada dura, contra.
    Acho que o RAtzinger é menos tosco que os outros, Luiz de Mattos e cx só no photochart.
    Pra quem não conhece corridas de cavalo:
    http://www.brasilturfe.com.br/novosite/index.php?option=com_content&task=view&id=4187&Itemid=89

  20. Contra o Chiquismo. Diz:

    CX ganha! Cx foi judeu (Elias e João Batista), druida (kardec), francês (rivail-kardec) e caipira.

    Luiz de Mattos? É tão ruim que nem foi nada, só ele mesmo…
    Luiz de Mattos é puro lixo:
    http://4.bp.blogspot.com/_6slsbvbULqo/TTz7A40C41I/AAAAAAAAAO8/Jztw-lNmtSo/s1600/collect-gabage-waste-track.jpg

    Luiz de Mattos o mais tosco.

  21. Contra o Chiquismo. Diz:

    Ah Marciano, e tem muito cavalo que é égua nesse ‘espiritismo’…

  22. Contra o Chiquismo. Diz:

    Ah Marciano, e tem muito cavalo que é égua nesse ‘espiritismo’… só com o sexchart

  23. Toffo Diz:

    Desculpe, Antonio e Marciano, não posso concordar com vocês. Não existe isso de a homossexualidade não ser “completamente normal” e estar atrelada à restrição imposta pelo celibato obrigatório da Igreja. A homossexualidade é uma via sexual tão normal quanto a hetero. Aliás o ser humano não tem rótulos, não existe isso de ser “isto” ou “aquilo”. Ninguém é 100% hetero ou 100% homo. Acontece que as pessoas têm dificuldade de aceitar a diversidade, tanto da natureza quanto das ideias, e isso tem um nome: intolerância. Sou advogado especializado em direito homoafetivo e posso dizer com toda a certeza que não há a menor diferença de caráter, personalidade, inteligência, aspirações, desempenhos, enfim, não há nada que diferencie homos de héteros a não ser o objeto da escolha do desejo. Existem muitos padres gays na Igreja? Sem dúvida. Mas tenho absoluta certeza de que os que preferem mulheres (e as assediam, inclusive as menores de idade) são em muito maior número. É a tal história: tomam a parte pelo todo, talvez pela visibilidade. É como achar que todo homem gay é efeminado ou cheio de trejeitos. Não é. Esses são a ponta do iceberg, justamente porque chamam a atenção. A grande maioria é tão masculina quanto os chamados héteros, são discretos e portanto não aparecem. Acho muito ruim para gente que apresenta tanta lucidez em tantos assuntos aqui neste blog se mostrar intolerante com outros.

  24. Antonio G. - POA Diz:

    Toffo, de minha parte, não existe nenhuma intolerância, discriminação ou preconceito com relação às pessoas homossexuais. Absolutamente. Talvez seja uma questão meramente conceitual, mas eu não entendo a homossexualidade como uma coisa “normal”, embora seja muitíssimo comum. Entendo quando você diz que ninguém é 100% hetero ou homo. Ok. Mas a normalidade da maioria dos animais (entre eles, os humanos) é a da heterossexualidade. Esta é a “regra da normalidade”. Tudo aquilo que foge do padrão, no meu entendimento, não é normal. Só isso. E quanto à regra do celibato ter influência na questão da grande incidência de homossexuais entre padres e freiras, admito que não disponho de nenhum dado concreto sobre o assunto, mas a relação entre uma coisa e outra me parece muito evidente e lógica. Mas não vejo isto como um “problema”. É uma simples constatação. Já a questão da pedofilia, por mais que tal comportamento possa ter explicações de cunho psicológico, eu acho que é um comportamento intolerável e quem o pratica deve ser afastado da convivência social. Bandido bom é bandido morto. E pedófilo, para mim, é bandido. Talvez porque eu tenha três filhos, inclusive uma menina de três anos…

  25. Contra o Chiquismo. Diz:

    Toffo…???

  26. Contra o Chiquismo. Diz:

    é isso mesmo?

  27. Marciano Diz:

    Antonio, você tirou as palavras do meu teclado.
    Foi isso mesmo que eu quis dizer, talvez o Toffo tenha entendido mal o que quisemos dizer com “normal”. Imagine “padrão”, então.

    Eu só gosto de mulher, embora não tenha nada contra quem tenha outras preferência.
    Também não fumo, acho que o padrão é não fumar, quem quiser, pode fumar à vontade, de preferência, longe de mim, por causa da fumaça.

  28. Marciano Diz:

    outras preferênciaS.
    Em tempo: não encho o saco de fumantes, geralmente nem notam que eu não gosto, só que não fumo de jeito nenhum, mas bebo.
    Por falar nisso, vou passar uns dias em Marte, não vou entrar no blog por uns dias, vai ser só lazer.
    Um abraço a todos.

  29. Toffo Diz:

    O que é normal para vocês? Talvez esteja na hora de rever conceitos, amigos. Não existem “regras” de comportamento, muito menos na natureza. Eu continuo a sustentar: pode não parecer, mas essa postura de vocês é intolerância, sim. Mas isso é problema vosso. Não vou bater nessa tecla mais.

  30. Antonio G. - POA Diz:

    Bom, se é intolerância, é inconsciente.
    .
    Minha irmã tem um gato portador de heterocromia ocular. O bichano tem um olho azul e outro verde. É estranho, curioso. Mas eu até acho bonito. O animal é perfeitamente saudável. Ativo, esperto e carinhoso. Tudo bem com ele. Mas eu não posso dizer que ele é um animal perfeitamente normal. Ou será que posso?

  31. Biasetto Diz:

    Homossexualismo é algo normal, mas “menos comum”, é isto.

  32. Antonio G. - POA Diz:

    Biasetto, acho que já me expliquei. A questão aqui é apenas semântica. Não tem a ver com intolerância. Aliás, essa discussão nada tem de original. Faz muito tempo que se discute se a homossexualidade é normal ou não. Eu acho que não é normal. Mas não é este aspecto o que determina se uma pessoa é boa ou ruim, certa ou errada, descente ou indescente. Estar fora da “normalidade” pode ser algo admirável e bom, como um indivíduo com QI acima de 140. Pode ser ruim, como ter compulsão para a pedofilia. Ou ser indiferente, como ser homossexual ou ser um gato com um olho azul e o outro verde.

  33. Toffo Diz:

    Antonio, pergunte a qualquer psicólogo ou psiquiatra o que é “normal” e ele vai dizer que não existe uma fronteira definida entre a normalidade e a anormalidade, em qualquer campo psíquico. De uma vez por todas: a homossexualidade (nunca “homossexualismo”) nada mais é do que uma variação do comportamento sexual dos seres vivos, inclusive o homem, um comportamento minoritário, mas perfeitamente coadunado com a natureza. Ninguém ainda conseguiu encontrar a “causa” da homossexualidade, mas é certo que ela ocorre em todos os seres vivos, inclusive a espécie humana. Pode até ser que ela ocorra por motivos biológicos, como um freio ao crescimento excessivo da espécie, já que os seres homossexuais geralmente não se reproduzem. Ça on ne sait pas, sacou? De qualquer maneira, no plano humano, não parece haver diferenças significativas no psiquismo de homens e mulheres homossexuais em relação aos congêneres héteros. Ou seja, os homens gays são psiquicamente homens e as mulheres lésbicas são psiquicamente mulheres. O que não ocorre com transexuais, que têm inversão de gênero. Cara, eu estudei isso, como lhe disse sou especializado em direito homoafetivo, e, surpreendentemente, na minha turma cerca de 80 ou 90% dos participantes e professores eram heterossexuais, pessoas casadas e com filhos. Uma das coisas que mais me maravilha na vida é observar a diversidade do universo (que acredito seja a coisa mais importante que existe) – saber que existem cisnes brancos e cisnes negros, goiabas vermelhas e goiabas brancas, planetas rochosos e planetas gasosos, estrelas brancas e estrelas amarelas, enfim, cada um é ou tenta ser feliz à sua maneira. Isso é o que me dá alegria de viver. Por isso é que tenho horror à tirania.

  34. Toffo Diz:

    Tirania, aliás, que se reflete no próprio espiritismo e seu “crivo da razão”, já que o seu criador sabidamente jogava no lixo todas as hipóteses que ele julgava divergentes do “consenso universal” (isto é, o consenso “dele”). Só que ele se deu mal, porque acreditava que não havia cisnes negros (porque não existiam na Europa), mas existiam cisnes negros na Austrália e ele não sabia. A própria gênese do espiritismo é tirânica, autoritária.

  35. Contra o Chiquismo. Diz:

    Toffo…???
    queima ou molha?

  36. Antonio G. - POA Diz:

    Toffo, não há nenhum ponto em que eu discorde de suas palavras. Só estamos (estávamos) mesmo discutindo uma questão semântica. Então, podemos trocar a palavra “normal” pela palavra “predominante” e já não estaremos discordando.
    Abraço.

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