Urânia (1889) de Flammarion x Cartas de Uma Morta (1935) de Chico Xavier – por Míssel Crítico
Correspondências já haviam sido encontradas por Moizés Montalvão entre o livro “Urânia” de Flammarion e o livro “Cartas de uma Morta”, de Chico Xavier (disponível aqui). Porém, o internauta Míssel Crítico achou mais, e ao menos uma é bem gritante. Seguem suas descobertas e comentários. Para ler o artigo, clique aqui.
agosto 13th, 2022 às 11:35 PM
Não duvido da capacidade de CX produzir plágios, todavia, suspeito de que ele tinha ajuda de mais gente, até para dar tempo de produzir mais livros
Agora se arriscaram bastante em plagiar Urânia, pois é livro espírita e um espírita atento poderia “pegar” isso.
Claro que na época desses livros não havia a abençoada ajuda da Internet, mas creio que deva ter tido leitores de ambas as obras.
Deve ter mais um monte de plágios, exceto naqueles livrinhos que ele comenta passagens bíblica.
agosto 13th, 2022 às 11:37 PM
A FEB queria algo nacional, tanto é que lançaram NOSSO LAR que é uma adaptação de Vida Além do Véu.
No livro Testemunhos de CX há fortes indícios de colaboração a quatro mãos.
agosto 14th, 2022 às 6:54 PM
A lista de plágios de Chico da obra de Flammarion vai além dos exemplos que dei no meu estudo e desses que o internauta apontou. De qualquer modo, o material disponível é mais do que suficiente para deixar bem claro que Chico se abeberava de material terreno, a fim de alimentar a lenda de que eram mentores espirituais quem lhes transmitiam as ingenuidades que propalava.
agosto 14th, 2022 às 7:02 PM
O Vitor diz que dos plágios apontados pelo “Míssil” um é gritante! Qual seria? Não enxerguei nenhum que não fosse gritante, nem algum que se destacasse nessa gritaria!
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Plágio que eu reputo escandaloso, escandalosamente errado, foi a referência às montanhas. Flammarion afirmou que “quase não havia montanhas), Chico dissera que não as vira, só visualizara planícies! Ocorre que as mais elevadas montanhas conhecidas no Sistema Solar estão em Marte, dificilmente algum espírito em “viagem” deixaria de vê-las!
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Isso sim, é escandaloso!
agosto 14th, 2022 às 7:06 PM
Outro escândalo, pequeno no evento em si, mas marcante pelo fato de que se denuncia a si mesmo, foi o uso da palavra “vitualhas” que, tanto Flammarion, quanto Chico, colocaram no discurso do espíritos. Um termo de uso pouco comum, que espíritos distantes no tempo e no espaço, repetiram, a mostrar que a criatividade, às vezes, falha fragorosamente!
agosto 15th, 2022 às 1:43 PM
Flammarion (a Urânia no caso falando pra ele) citando a estrela “verde” de γ Andrômeda:
[…] pois ele se compõe, na realidade, não desses dois sóis, mas de três, um azul, um verde, e um
amarelo-laranja. O sol azul, que é o menor, gira em torno do sol verde, e este gravita com seu companheiro em redor do grande sol alaranjado que vais avistar dentro em pouco.
agosto 15th, 2022 às 3:25 PM
Urânia é um espírito, digamos assim, que ditou ao Flammarion o que viu lá?
Não li esse livro. Aliás Flammarion depois de um tempo diz que não era médium e que tudo não passava de conteúdo de sua própria mente (por ex. Galileu em A Genese). Dizem que Kardec soube disso mas não modificou em nada sua obra A Genese ou inseriu nota de rodapé enfim.
agosto 15th, 2022 às 6:09 PM
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Vinicius disse:
Urânia é um espírito, digamos assim, que ditou ao Flammarion o que viu lá?
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👎
Ficção. Ao menos em nenhum momento ele dá a entender supor ter sido inspirado por seres ultramundanos. Claro que refletindo conhecimentos astronômicos dele, com especulações sobre a possível variedade de formas de vida que em tese podem existir.
Aos 17 quando suponho era ainda estagiário do Le Verrier no Observatório, este tinha na sala dele 1 estatueta representando a (musa) Urânia, e o Flammarion se encanta com ela. Tanto que o Le Verrier vê ele encantado e alfineta:
‒ O senhor está demorando para a observação de Júpiter.
‒ Dar-se-á o caso que seja poeta?
Aí ele imagina ou sonha 1 viagem cósmica onde ele é conduzido pela Urânia.
Especificamente sobre γ Andrômeda tenho entendido que às vezes há ilusão de ótica sendo que então 1 das estrelas, ou 2 delas (❓🤔) aparenta(m) coloração esverdeada.
O sistema se compõe de 4:
• a amarelo-laranja maior;
• 1 par;
• a azul.
Pela descrição dele aparentemente a “verde” é esse par que eles ainda não tinham resolução pra distinguir.
Obs: eu nunca olhei em telescópios exceto brevemente 1x na vida. Falo por ler na Internet, bien entendu !
agosto 15th, 2022 às 7:16 PM
Destaco trechos do artigo intitulado “CHICO XAVIER E OS SERES INTERPLANETÁRIOS”
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Kardec, alegadamente assessorado pela alta espiritualidade, garantia que todos os globos celestes seriam habitados. Seu amigo Flammarion, dedicado pesquisador dos astros e dado a visões mediúnicas, não se inibiu de asseverar coisa bastante diferente: o fenômeno vida ocorria em cerca de dez por cento dos corpos celestes. Hoje, sabe-se que ambos estavam equivocados… Este é um forte indício de que tais lucubrações, embora atribuídas à revelação espiritual, advêm, em verdade, das próprias cogitações de seus idealizadores.
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No tempo de Kardec a suposição generalizada de que Marte era habitado já tomara forma. Especulamos que, no entanto, ainda não ganhara força a idéia de que inteligências superiores ali vivessem. Talvez, por isso, Allan Kardec tenha optado por colocar naquele planêta seres primitivos. Gradativamente, porém, foi conquistando proeminência a concepção de que civilizações avançadas residiriam no orbe vizinho. Em conseqüência, o ensinamento do codificador perdeu terreno.
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Flammarion era um astrônomo respeitado na segunda metade do século XIX, era também um grande sonhador; por conta dessa qualidade, divagou o quanto quis a respeito das características de nossos imaginados irmãos do sistema solar. Façamos nova comparação entre o pensamento de Kardec e o de seu amigo.
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Entre Flammarion e Kardec havia divergências inconciliáveis em assuntos interplanetários. Kardec acreditava na existência de habitantes na lua, no subdesenvolvimento de Marte e na condição privilegiada de Júpiter. Flammarion supunha que os habitantes da lua houvessem perecido; que Marte era super-desenvolvido e Júpiter primitivo.
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Necessário destacar que o escrito de Kardec é tido como revelação dos espíritos. Desse modo, o que o codificador escreveu corresponderia ao saber privilegiado da espiritualidade, em muito superior ao da ciência terrena. A obra de Flammarion tem o aspecto de visão profética ou reveladora. Em ambos os casos, no entanto, o que cada um disse não ia além do conhecimento científico da época, acrescido das múltiplas fantasias que formularam. Em suma, nada de espiritualidade em comunicação, apenas férteis imaginações em atividade.
agosto 16th, 2022 às 11:11 AM
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montalvão disse:
Flammarion supunha que os habitantes da lua houvessem perecido;
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🤔
N’Astronomia Popular (1880)
Livro II – A Lua
Capítulo VI – A Lua é habitada? [pg. 186]
ele analisa o assunto. Veja e.g. esses 2 trechos:
[tradução minha]
Repitamos, nossos melhores telescópios não aproximam a Lua a menos de 40 léguas. Ora, a tal distância não só é impossível distinguir os habitantes dum mundo, mas mesmo as obras materiais desses habitantes permanecem invisíveis.
[pg. 200]
Aí a seguir em nota de rodapé ele diz que a questão poderia ser esclarecida construindo-se um telescópio suficientemente potente.
agosto 17th, 2022 às 10:37 AM
GORDUCHO,
Não consegui encontrar a fonte onde menciona que Flammarion reconhecer que não era médium, que suas ideias eram fruto de sua mente (por exemplo Uranografia Geral – espírito Galileu Galilei) Sobre Kardec ter tido conhecimento dessa “confissão” também não. Será que procede?
agosto 17th, 2022 às 3:50 PM
As Forças Naturais Desconhecidas
Lettre II – Mes premières expériences au groupe d’Allan Kardec et avec les médiums de cette époque
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Sobre Kardec ter tido conhecimento dessa “confissão” também não. Será que procede?
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Acho que não terá tido conhecimento. O Kardec sempre teve ele em alta conta, e note que Forças é de 1907.
agosto 17th, 2022 às 5:23 PM
“O Kardec sempre teve ele em alta conta”
Sim, mas me parece que depois ele foi voar meio que sozinho (publicando obras com seu nome e não como Kardec que praticamente ocultou seu nome na tal psicografia do Galileu – na minha edição CELD está como médium “C.F.” ).
Bom, realmente sobre as datas pode ser mesmo que não tenha tido conhecimento, porém pode ocorrer de tais suspeitas já terem ocorrido lá mesmo na sociedade de estudos “informalmente” e só depois Flamarion publicar também.
A FEB e editoras talvez poderia incluir nota explicativa no livro , assim como ocorre em notas explicativas na Contabilidade. Dependendo da materialidade temos inclusive de republicar e explicar o que houve.
agosto 17th, 2022 às 5:32 PM
Em ’84 n’As Terras do Céu ele já questiona a psicografia consciente que, obviamente, era o método preferido do Kardec. Mas já fazia 15 anos que este tinha falecido, então…
São notas de rodapé às pgs. 181-2. Cito os seguintes trechos:
agosto 17th, 2022 às 5:33 PM
Parece-me que a ficha dele caiu rapidamente (“não tardei”) e até questiona a veracidade daqueles desenhos de jupiter…
“Essas comunicações ficavam no escritório da sociedade,
e Allan Kardec publicou-as em 1867, sob o título Uranographie générale (Uranograjia Geral), em seu livro (Gênese) (do qual conservei um dos primeiros exempla- res, com a dedicatória do autor). Essas páginas sobre astronomia nada me ensinaram. Não tardei em concluir que elas eram apenas o eco daquilo que eu sabia e que Galileu nada tinha a ver com aquilo. Era como uma espécie de sonho acordado. Além disso minha mão
parava quando eu pensava em outros assuntos. ‘
agosto 17th, 2022 às 6:43 PM
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Vinicius disse:
Sim, mas me parece que depois ele foi voar meio que sozinho (publicando obras com seu nome
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Ele sempre publicou. Em ’62 vem a lume a 1ª obra dele, o Pluralidade.
É nessa época que ele começa a estudar o espiritismo, tendo conhecido o Kardec.
Mas note que ele sempre “voou sozinho”. Tenho entendido que foi essa publicação que irritou o Le Verrier, que demitiu ele do Observatório!
agosto 17th, 2022 às 7:29 PM
Durante ’61 ele escreve o Pluralidade ‒ que nada tem a ver c/Espiritismo ‒ e em novembro ele vê o LE numa livraria, compra e gosta da obra. Se apresenta pro Kardec e começa a frequentar a Société.
Mas note que ele já tinha uma obra em curso, acertada pra publicação, quando tomou conhecimento do kardecismo.
agosto 18th, 2022 às 1:06 PM
A crença na pluralidade dos mundos habitados é um ponto programático da nova astronomia ao menos desde a época de Galileu.
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Huygens, físico holandês, que mensurou a gravidade da Terra e concluiu que a extrusão não necessariamente ocorreria, publicou um livro sobre o tema, em 1600 e bolinha.
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Dá para ver na net, deve ter em inglês além do latim.
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No Sidereus Nuncius, Galileu sugere o tema várias vezes, e Kepler acreditava nisto.
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O problema para a “revelação” dos espíritos de Kardec e de outros é que este ponto não se confirmou até hoje, e não se confirmou tal como apresentado, com vida na Lua, em Marte etc.
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agosto 18th, 2022 às 10:32 PM
VINICIUS,
Há um verbete na wikipédia sobre Flammarion que traz informações a respeito das crenças do astrônomo na mediunidade.
Confira:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Camille_Flammarion
agosto 18th, 2022 às 11:33 PM
GORDUCHO DIZ, citando Flammarion:
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“Repitamos, nossos melhores telescópios não aproximam a Lua a menos de 40 léguas. Ora, a tal distância não só é impossível distinguir os habitantes dum mundo, mas mesmo as obras materiais desses habitantes permanecem invisíveis.”
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“Os habitantes da Lua são de origem mais antigos que nós, pois a Lua, embora filha da Terra, é relativamente mais antiga que ela. Os movimentos geológicos, físicos, químicos que o sacudiram tão duramente foram, sem dúvida, como em nosso mundo, contemporâneos da gênese primordial de seus organismos vivos, mas nenhuma observação prova que essa vida tenha de algum modo desaparecido.”
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COMENTÁRIO: entendo que ele não está afirmando haver vida na lua, tampouco negando. O que diz é que as ferramentas de observação são insuficientes para dirimir a dúvida.
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Flammarion não tinha certezas sobre a lua, mas tinha incertezas. Na viagem em que Urania o levou pelo espaço, ao passar pelo satélite não quis dar uma paradinha…
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No Livro de Urania se lê:
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“Passando vizinho da Lua, eu havia notado as paisagens montanhosas do nosso satélite, os cimos radiante de luz, os profundos vales cheios de sombras, e TERIA DESEJADO DETER-ME PARA ESTUDAR DE MAIS PERTO ESSA MORADA VIZINHA; MAS, SEM MESMO DIGNAR-SE LANÇAR PARA ELA UM SIMPLES OLHAR, URÂNIA ME ARRASTAVA EM RÁPIDO VÔO PARA AS REGIÕES SIDERAIS.”
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O que ora digo é especulação, mas considero válido como hipótese. Por que Flammarion não quis se deter na lua? Ele diz que foi Urânia quem menosprezou o satélite terrestre, porém, parece-me que se ele houvera parado para examiná-lo melhor teria que resolver se lá haviam habitantes ou não. Preferiu não assumir tal responsabilidade e passou batido.
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Ainda no livro de Urania consta:
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“Todos os mundos, acrescentou ele, não são atualmente habitados. Uns estão na aurora, outros no crepúsculo. Em nosso sistema solar, por exemplo, Marte, Vênus, Saturno e vários dos seus satélites parecem em plena atividade vital; Júpiter parece não ter ultrapassado o seu período primário; A LUA JÁ NÃO TEM, TALVEZ, HABITANTES. Nossa época não tem mais importância na história geral do Universo do que o nosso formigueiro no Infinito. Antes da existência da Terra, houve, em toda a Eternidade, mundos povoados de Humanidades; quando o nosso planeta houver exalado o último alento, e a derradeira família humana adormecer no definitivo sono, à borda da última lagoa do Oceano gelado, inúmeros sóis rutilarão sempre no Infinito, e haverá sempre manhãs e tardes, primaveras e flores, esperanças e alegrias. Outros sóis, outras Terras, outras Humanidades. O Espaço, sem limites, é povoado de túmulos e de berços. Mas a vida, o pensamento e o progresso eterno são a meta da Criação.”
agosto 19th, 2022 às 10:25 AM
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montalvão disse:
O que diz é que as ferramentas de observação são insuficientes para dirimir a dúvida.
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Aí (n’Astronomia de ’80) ele propõe que esta interessante questão dos habitantes da Lua poderia ser resolvida nos nossos dias, ao mesmo tempo que um grande número de outras, por um potente telescópio cuja construção certamente não ultrapassaria um milhão.
Ele calcula que no estado da ótica seria possível distinguir 30m de largura;
e ao nascer e por do Sol (pela sombra) alturas de 10m.
Em ’84 fica pronto o observatório dele mas acredito que a luneta não se enquadra nessa proposição dele, eis que custou basicamente
24.000 + o mecanismo de relojoaria;
e é (eis que ainda existe) baseada na existente na torre W do Observatório de Paris.
Veja
L’observatoire de Juvisy-sur-Orge, l’« univers d’un chercheur » à sauvegarder
parágrafos 12 – 13.
Então não sei se depois de ’80 ele obteve outros avanços em relação às observações da Lua ‒ seja por ele mesmo seja por outros astrônomos, claro 🤔
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porém, parece-me que se ele houvera parado para examiná-lo melhor teria que resolver se lá haviam habitantes ou não. Preferiu não assumir tal responsabilidade e passou batido.
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👍
agosto 19th, 2022 às 1:24 PM
errata minha tb: leia-se acima “Galileu insinuou”, e não afirmou; Kepler afirmou.
agosto 19th, 2022 às 7:28 PM
Aliás, Orígenes parece ter acreditado q os demais planetas eram habitados.
agosto 22nd, 2022 às 9:40 AM
mrh disse: “Aliás, Orígenes parece ter acreditado q os demais planetas eram habitados.”
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Comentário: qual seria declaração do dito que corroboraria essa crença?
agosto 23rd, 2022 às 3:12 PM
Olá Monta,
veja o dicionário de filosofia de Giovani Reale, sobre Origenes, e uma aula de Bart Ehrman sobre reencarnação no cristianismo, na net. Tirei daí. Não fui aos originais.
agosto 23rd, 2022 às 5:36 PM
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mrh
em 2022-08-19 19:28 disse:
Aliás, Orígenes parece ter acreditado q os demais planetas eram habitados.
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montalvão
em 2022-08-22 09:40 disse:
qual seria declaração do dito que corroboraria essa crença?
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mrh
em 2022-08-23 15:12 disse:
Não fui aos originais.
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Entendo que quando ele fala em mundos (mundus) seriam Criações sucessivas não simultâneas (“eras”). Não planetas simultaneamente existentes como são os globos do nosso Universo…
Claro: reencarnação é, mas não pluralidade de mundos habitados. A reencarnação até prova e contrário seria noutra “Terra” pertencente a outros Universos que já existiram ‒ e não existem mais ‒ e outros a serem Criados depois que este deixar de existir.
Veja e.g.
Περι Αρχων
Livro II, capítulo IV, bem no início do 5:
Verumtamen multorum sæculorum finis dicitur esse hic mundus, qui et ipse sæculum dicitur.
Não consegui achar no original grego pra comparar como ele escreveu “mundos” + “eras” (s&3x00E6;culum)
❓
Obs: faço esse comentário na condição de leigo, eis que, claro, não se trata de Espiritismo.
agosto 23rd, 2022 às 5:47 PM
ERRATA
“eras” (
s&3xooE6;culumsæculum)agosto 23rd, 2022 às 5:53 PM
Capítulo
IVIIIagosto 23rd, 2022 às 6:14 PM
A “apocatástase” seria realmente assim, eras sucessivas. Mas lembro-me tb do tema dos orbes habitados. Vou procurar.
agosto 25th, 2022 às 1:04 PM
ESPECULO que quiçá o Sr. tenha visto sobre os espíritos encarnados NOS orbes ‒ as almas “dos”, so to speak.
Como e.g. em
Livro I
VII – Incorpóreos e Corpóreos
§s 2 ~ 5
🤔
agosto 25th, 2022 às 1:14 PM
Só pra deixar claro: possibilidade explicitamente negada na Doutrina Espírita.
Cito A Gênese – VII § 7
agosto 25th, 2022 às 6:42 PM
MRH DISSE: Olá Monta,
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veja o dicionário de filosofia de Giovani Reale, sobre Origenes, e uma aula de Bart Ehrman sobre reencarnação no cristianismo, na net. Tirei daí. Não fui aos originais.
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COMENTÁRIO: se pudesse disponibilizar o link do texto de Bart Ehrman ajudaria na análise.
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Não achei o dicionário do Reale, mas encontrei no Nicola Abbagnano um verbete interessante:
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“APOCATASTASE (gr. ànoKaxáoTamç; lat. Restituticr, in. Apocatastasis; fr. Apocatastasis, ai. Apokatastasis; it. Apocatastasí).
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É a teoria própria dos Padres orientais: prevê a restituição final do mundo e de todos os seres nele contidos à condição perfeita e feliz que tinham na origem.
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Trata-se, portanto, de uma noção diferente da de movimento cíclico, própria dos antigos (pitagóricos, Anaximandro, estóicos, etc), que interpreta a vida do mundo como a recorrência de um ciclo sempre idêntico, que se repete infinitas vezes (v. CICLO DO MUNDO).
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Segundo Orígenes, o mundo sensível formou-se com a queda das substâncias intelectuais que habitavam no mundo inteligível, queda devida a um ato livre de rebelião a Deus, do qual participaram todos os seres supra-sensíveis, com a única exceção do Filho de Deus.
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Dessa queda e da degeneração que se lhe seguiu, os seres se reerguerão expiando, com uma série de vidas sucessivas, em vários mundos, seu pecado inicial e serão, por fim, restituídos à sua condição primitiva (Injohann., I, 16, 20).
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Orígenes admite, assim, pluralidade sucessiva de mundos, mas corrige o Estoicismo no sentido de que esses mundos não são repetição uns dos outros. A liberdade de que os homens são dotados impede essa repetição (Contra Cels., IV, 67-68).
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Conceito análogo é expresso por Gregório de Nissa, “Até mesmo o inventor do mal (isto é, o demônio) unirá sua voz ao hino de gratidão ao Salvador” (De hom. opif., 26).
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Na idade Moderna, doutrina análoga foi sustentada por Renouvier em Nova monadologia (1899): retoma-se aqui a tese de Orígenes da pluralidade dos mundos sucessivos e da passagem de um mundo ao outro, determinada pelo uso que o homem faz da liberdade em cada um deles; é corrigida só no sentido de que “o fim alcançado torna a reunir-se com o princípio, não na indistinção das almas, mas na humanidade perfeita, que é a sociedade humana perfeita”.
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A doutrina da A. distingue-se da concepção clássica dos ciclos do mundo em dois pontos principais: l – os mundos que se sucedem não são a repetição idêntica um do outro, porque através deles se realiza progressivamente a recuperação do estado perfeito original; 2 – a sucessão dos mundos não é sem princípio nem fim, já que começa com a queda das inteligências celestes e termina com a A.”
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Observe-se que, num exame superficial, é possível conceber que a doutrina espírita da pluralidade dos mundos habitados e da reencarnação fossem proposta por Orígenes, mas é só aparência.
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Sobre reencarnação no cristianismo, é conhecida a alegação espírita de que os primitivos cristãos a cultivavam, depois, por decreto de Justiniano, teria sido suprimida. Carece de base histórica essa conjetura, porém, os espíritas citam Orígenes como prova do reencarnacionismo cristão. O fato é que Orígenes não era adepto das multividas, ao contrário, a rechaçava, ele admitia, isso sim, a preexistência das almas, porém, sem reencarnação. A leitura apressada dos pronunciamentos desse pensador pode levar a vê-lo adepto das múltiplas encarnações.
agosto 25th, 2022 às 6:43 PM
O site Falhas do Espiritismo contém longo estudo a respeito desse tema e me parece que esgota o assunto. Desse material, destaco o trecho que segue:
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ORÍGENES
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“A Igreja Católica aceitava a reencarnação até o ano 553 da nossa era (…) Orígenes afirmava ser a doutrina do Carma e do renascimento uma doutrina cristã.”
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– Severino Celestino da Silva, “Analisando as traduções bíblicas”, cap. IX
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Com estas palavras, Severino Celestino da Silva abre o tópico “Os Cristãos” daquele capítulo. Note que é a “Igreja Católica” a que ele se refere, não se está fazendo nenhuma menção grupos gnósticos, seitas sincréticas, heresias, etc. Bem, se a “ortodoxia” que daria origem ao catolicismo moderno já defendera a reencarnação até aquela data, nada mais natural que encontrássemos referências simpáticas a ela nos escritos de seus primeiros teólogos. Mas será?
O teólogo cristão do século III Orígenes, citado acima, não desconhecia tal doutrina, nem a metempsicose professadas por seitas orientais, mas não as aprovava. Dou aqui algumas pinceladas em obras de Orígenes que rejeitam a transmigração das almas em moldes pitagóricos e até modernos. Orígenes terá um tratamento à parte posteriormente, pois poucos Padres da Igreja têm sido tão mal-citados como ele.
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“[As escrituras dizem] ‘Eles então lhe perguntaram: “Quem és, então? Elias?” e ele disse: “Não sou” (Jo, 1:21). Não se pode deixar de lembrar a conexão disto com o que Jesus disse a respeito de Elias: “Se quiserdes dar crédito, ele é o Elias que deve vir”. (Mt 11:14). Como então João replica aos que o perguntaram: “És tu Elias?” “Não sou”. (… ) Pode-se dizer que João não sabia que era Elias. Esta será a explicação para aqueles que encontraram nesta passagem sustentação para sua doutrina de transmigração, como se a alma fosse revestida em novo corpo e também não lembrasse das vidas anteriores (…) Entretanto, um membro da Igreja, que rejeita a doutrina da transmigração como falsa e não admite que a alma de João fosse a de Elias, pode se referir às palavras do anjo supra-citadas e assinalar que não é a alma de Elias que é dita ao nascimento de João, mas o espírito e poder de Elias. (…)”
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Comentário sobre o Evangelho de João, livro VI, cap VII
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“Quanto aos espíritos dos profetas, estes são dados por Deus e são considerados como sendo, de certo modo, propriedades deles, como “Os espíritos dos profetas estão submissos aos profetas” (I Cor 14:32) e o Espírito de Elias repousou sobre Eliseu (2 Reis 2:15). Assim, diz-se, não há nada de absurdo supor que João, “no espírito e poder de Elias”, voltou o coração dos pais para os filhos e foi por causa deste espírito que foi chamado de “o Elias que deve vir”.”
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Idem.
/.
“(…) Se a doutrina [da transmigração] fosse largamente corrente, não deveria João ter hesitado em se pronunciar sobre isto, com receio de sua alma ter realmente estado em Elias? E aqui nosso fiel apelará para a história e dirá a seus antagonistas para perguntarem aos mestres na doutrinas secretas dos hebreus se eles na verdade sustentam tal crença. Como parece que eles não sustentam, então o argumento baseado nesta suposição se mostra muito desprovido de fundamento.”
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Idem.
/.
“Alguém pode dizer, porém, que Herodes e parte da população mantinha o falso dogma da transmigração de almas para os corpos, com a conseqüência de que eles pensassem que o antigo João apareceu outra vez devido a um novo nascimento e tinha vindo da morte para a vida como [sendo] Jesus. Mas o tempo entre o nascimento de João e o de Jesus, que não foi mais que seis meses, não permite se dar crédito a esta falsa opinião. E talvez fosse melhor que outra idéia estivesse na mente de Herodes, que os poderes que operaram com João tivessem passado para Jesus, fazendo que ele fosse visto pelo povo como João Batista. E pode-se usar a seguinte linha de raciocínio: apenas por causa do espírito e poder de Elias, não pela alma dele, que se diz de João: “Este é o Elias que deve vir”.”
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Comentário sobre Mateus, livro X, cap XX
/.
“Neste ponto [a identificação de João Batista com Elias], não me parece que se falava da alma de Elias, COM RECEIO EU DE CAIR NA DOUTRINA DA TRANSMIGRAÇÃO, QUE É ESTRANHA À IGREJA DE DEUS, NÃO SENDO ENSINADA PELOS APÓSTOLOS, NEM ENCONTRADA NAS ESCRITURAS.”
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Comentário sobre Mateus Livro XI, cap VII
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“Mas (…)se os gregos, que introduziram a doutrina da transmigração, estabelecendo coisas em harmonia com ela, não reconhecem que o mundo está se corrompendo; sendo adequando, que quando eles encararem de frente a escritura, que claramente declaram que o mundo perecerá, devem ou desacreditá-las ou inventar uma série de argumentos a respeito da interpretação das coisas referentes à consumação; que mesmo que desejem, não serão capazes de fazer.”
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Comentário sobre Mateus, livro XIII, cap I
/.
“Celso, portanto, não viu de modo algum a intenção de nossas Escrituras. Se tivesse compreendido o destino da alma na vida eterna futura, e o que sua essência e origem implicam, não teria criticado dessa forma a vida do ser imortal num corpo moral, explicada não segundo a teoria platônica da metensomatose, mas numa perspectiva mais elevada. Teria visto, ao contrário, uma descida extraordinária devido a um excesso de amor aos homens, visando reconduzir, conforme a expressão misteriosa da divina Escritura, “as ovelhas perdidas da casa de Israel” (Mt 15:24), que desceram das montanhas, e para as quais o pastor de certas parábolas “desceu”, deixando nas montanhas as que não se tinham perdido (Mt 18:12-13, Lc 15:4s).”
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Contra Celsus, IV, 17
/.
“Entretanto, não admitimos, de modo algum, a metensomatose da alma nem sua queda em animais irracionais, e se por vezes nos abstemos de carne de animais, evidentemente não é pelo mesmo motivo de Pitágoras que nos privaremos dela. Pois sabemos honrar somente a alma racional e confiar com honra seu órgãos a uma sepultura honrada conforme os costumes estabelecidos.”
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Contra Celsus, VIII, 30
/.
“O assunto encerra uma profunda doutrina mística à qual se aplicam as palavras: “É bom manter o oculto o segredo do rei” (Tb 12, 7). Não devemos expor aos ouvidos profanos a doutrina sobre a entrada das almas no corpo que não se dá por metensomatose; não devemos dar aos cães as coisas sagradas, nem lançar as pérolas aos porcos (cf. Mt 7,6).”
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Contra Celsus, V,29 –
[Note que ele rejeita a mudança da alma de um corpo para outro (metensomatose), mas sugere admitir sua pré-existência (entrada no corpo).]
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O desconhecimento das citadas obras de Orígenes tem levado a uma série de equívocos facilmente evitáveis por parte de apologistas espiritualistas. Léon Denis expõe nas notas nº4 de seu “Cristianismo e Espiritismo” apenas a parte que lhe interessava de Orígenes, ele poderia ter dado o exemplo e não ter escondido fatos: Cita um resumo do abade Bérault-Bereastel sobre Orígenes que, de cara, erra ao afirmar que “as almas foram criadas simples, livres, ingênuas e inocentes por sua própria ignorância” , de estilo semelhante ao proposto pelos espíritas, em vez de racionais. Também não inclui as explanações do livro III de De Principiis, que privilegiam a pré-existência das almas em vez de reencarnação, nem faz menção a obras posteriores do teólogo alexandrino (Comentários sobre Mateus, João, Contra Celsus) que rejeitam a interpretação que ele quer. Já nos tempos modernos, certo autor dos tempos modernos faz uma curiosa citação:
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“Ele [Orígenes] chegou a tecer judiciosas ponderações sobre certos trechos da Escritura (…) que não teriam sentido sem admitir a preexistência da alma: “Se o nosso destino atual não era determinado pelas obras de nossas existências passadas, o que dizer de um Deus justo permitindo que o primogênito servisse ao mais jovem e fosse odiado, antes de haver cometido atos que merecessem a servidão e o ódio? Só as nossas vidas anteriores podem explicar a luta de Jacó e Esaú antes do seu nascimento, a eleição de Jeremias quando ainda estava no seio da mãe … e tantos outros fatos que atirarão o descrédito sobre a Justiça Divina, se não forem justificados ou praticados pelos atos bons ou maus cometidos em existências passadas” (“Contra Celso”, I, III, cit. por Mário C. Mello, em “Como os Teólogos Refutam”, pg. 153).”
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Andrade, Jayme; O Espiritismo e as Igreja Reformadas, editora EME, 4ª ed., cap. VII, parte 3
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Tal citação não existe em “Contra Celso”, livro I, cap. III. Uma menção à superioridade de Jacó em relação a Esaú ainda no útero é encontrada em “De Pricipiis”, livro II, cap. IX. O texto real de Contra Celsus é:
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“Depois disto, Celsus prosseguindo a falar dos cristãos ensinando e praticando suas doutrinas favoritas em segredo e dizendo que eles fazem isto para, com alguma intenção, ver se escapam de uma pena de morte que é iminente; ele compara seus perigos com aqueles encontrados por homens tais como Sócrates pelo amor à filosofia; e aqui ele poderia ter citado Pitágoras também e outros filósofos. Mas nossa resposta com relação a isto é que, no caso de Sócrates, os atenienses se arrependeram imediatamente depois e nenhum sentimento de amargor permaneceu em suas mentes com relação a ele, bem como ocorreu na história de Pitágoras. Os seguidores do último, de fato, estabeleceram por um tempo considerável suas escolas numa parte da Itália chamada Magna Grécia; mas no caso dos cristãos, o Senado Romano, e o príncipe do momento, e a soldadesca, e o povo, e os parentes dos que se tornaram conversos à fé fazem guerra contra sua doutrina e teriam impedido seu (progresso), sobrepujando-a com uma aliança de natureza tão poderosa que, não fosse pela ajuda de Deus, não teria escapado do perigo e se erguido acima dele, a fim de (finalmente) derrotar o mundo em sua conspiração contra ela.”
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Orígenes, Contra Celsus, I,III
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É um capítulo curto e não há nenhuma referência a Esaú e Jacó nele. A questão destes filhos de Rebeca é recorrente nas discussões entre ortodoxos e reencarnacionistas, porém a chave dela pode estar além de qualquer teologia. Numa visão laica, a diferença de tratamento entre estes dois gêmeos pode ser, na verdade, parte do mito nacional da criação de Israel e seus vizinhos, contidos na Gênese:
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“Deus diz a Rebeca, então grávida: “Duas nações estão em teu útero, e dos dois povos, nascidos de ti, serão divididos; um será mais forte que o outro, o mais velho deverá servir ao mais moço.” (Gen 25:23). Como os eventos se desenrolaram, aprendemos que Esaú é o mais velho e Jacó, o mais moço. Portanto a descrição dos dois irmãos fundadores de Edom e Israel, serve como legitimação para uma relação política entre duas nações nos tempos posteriores da monarquia. Jacó-Israel é sensível e educado, enquanto Esaú-Edom é bem primitivo, um caçador e um homem ao ar livre. Mas Edom não existe como entidade política até um período relativamente tardio.(…) A evidência arqueológica também é clara: a primeira onda de assentamento em larga escala em Edom, acompanhada pelo estabelecimento de grandes povoações e fortalezas, pode ter começado no final do século VIII a.C., mas alcançou o ápice apenas no século VII e no início do século VI a.C. Antes, portanto, a área era pouco povoada. (…) Assim, aqui também as histórias de Jacó e Esaú – filho delicado e poderoso caçador – são habilmente construídas como lendas arcaizantes, para refletir as rivalidades dos tempos monárquicos posteriores.”
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Finkelstein, Israel & Silberman, Neil Aser; A Bíblia não tinha razão, Ed. A Girafa, cap. I
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Este “erro de citação” é até uma falha “menor”, digamos assim. Porém demonstra claramente que nem Andrade, nem sua fonte (Mello) se deram ao trabalho de ler Orígenes diretamente.
agosto 25th, 2022 às 7:13 PM
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montalvão disse:
[…]
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Mas note que no caso não se está a falar sobre reencarnação, mas sim sobre “pluralidade de mundos habitados”.
“Mundos” no sentido dos orbes existentes neste nosso Universo, não no sentido que o Ωριγενης se refere ‒ nas traduções pro latim no caso, não consegui achar como ele se chamava no original…‒ de “eras”; es decir: de Criações sucessivas e não simultâneas.
Eu DESCONFIO 🤔 que ele estaria a confundir com os espíritos encarnados nos orbes; as “almas” dos orbes no caso. Não espíritos encarnados em habitantes desses orbes (corpos celestes).
agosto 25th, 2022 às 7:20 PM
ERRATA
como ele
sechamava no originalcomo ele chamava mundo (mundus) no original
agosto 25th, 2022 às 10:23 PM
[Livro II
Capítulo III – Sobre o começo do Mundo e suas causas
§6]
[…] Pois o que dizemos em latim mundus, chama-se em grego κοσμος […]
👍
κοσμος
pra nós dá ideia melhor de Universo sem se confundir com “mundo” no sentido de planeta.
agosto 26th, 2022 às 6:04 PM
Perfeito, Gorducho, concordo com sua reflexão.
agosto 29th, 2022 às 12:22 PM
Aqui a parte do Reale sobre Orígenes:
“Deus, para Orígenes (185-253), é uma realidade incorpórea, e sua natureza transcendente o torna incompreensível à mente humana. Jesus, unigênito filho de Deus, é “a sabedoria de Deus substancialmente subsistente”, na qual existem desde sempre as ideias de todos os entes existentes. Embora o Filho seja da mesma natureza do Pai, Orígenes, talvez influenciado pela estrutura hipostática do pensamento medio-plat6nico/neoplatônico, considera-o subordinado ao Pai: com efeito, enquanto o Pai e unidade absoluta, o Filho explica múltiplas atividades”.
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“A encarnação da alma humana depende do pecado, mas o corpo em si não é negativo, porque pode tornar-se instrumento de expiação e purificação. Todavia, Orígenes não considera que urna só vida seja suficiente para realizar plenamente a purificação e, portanto, admite a existência de mais mundos que se sucedem um ao outro e a doutrina da reencarnação das almas. No fim tudo será exatamente igual ao princípio (=apocatástase) e a pureza original da criação será restaurada”.
agosto 29th, 2022 às 12:23 PM
Não tenho a parte do Bart, pois foi em uma entrevista no youtube. Mas creio q o Fat tocou corretamente no ponto. A “vida” em outros planetas pode ser a vida do próprio planeta.
agosto 31st, 2022 às 10:30 AM
“Todavia, Orígenes não considera que uma só vida seja suficiente para realizar plenamente a purificação e, portanto, admite a existência de mais mundos que se sucedem um ao outro e a doutrina da reencarnação das almas. No fim tudo será exatamente igual ao princípio (=apocatástase) e a pureza original da criação será restaurada”.”
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COMENTÁRIO: Miguel Reale é autoridade inconteste no estudo do pensamento antigo. Porém, ao afirmar que a tese de Orígenes sobre a origem e destino do ente humano seja reencarnacionista parece-me que se equivocou. Apoio-me em dois pontos: 1) não achei, e não parece haver, em Orígenes, a concepção de que as vidas noutros mundos aconteçam pela assunção de corpos físicos distintos dos anteriores, ocupados pela mesma alma, o que constitui requisito para haver reencarnação. A mesma pessoa voltar à vida, neste ou noutro mundo, seria renascimento, não reencarnação.
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2) trechos dos escritos de Plotino selecionados do site Falhas do Espiritismo contêm repúdios explícitos ao reencarnacionismo. A não ser que o autor do site esteja falando do que não entende e pondo na boca do filósofo palavras que não pronunciou, há clara demonstração de que Orígenes não fosse adepto da reencarnação.
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Por fim, a doutrina da apocatástase não parece coadunar com a concepção reencarnacionista.
agosto 31st, 2022 às 12:47 PM
Olá Monta, não é o Miguel Reale, é o italiano Giovani Reale, o historiador da filosofia.
agosto 31st, 2022 às 1:12 PM
E Orígenes realmente criticava a reencarnação, como acima observado; mas tal como apresentada na metempsicose, pitagorismo etc., ou seja, dentro deste mundo.
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Já li comentaristas de Orígenes chamarem sua apocatástase tb de palingenesia, ou seja, neste caso, seria reencarnação mesmo, mas no mundo ou universo vindouro. Outro esquema.
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Valeria a pena ver se em algum momento Orígenes escreveu palingenesia (nascer de novo), pois isto seria a caracterização definitiva de seu ensino como um tipo de reencarnacionismo, embora diverso dos outros conhecidos.
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Mas entendi a objeção acima. Orígenes poderia defender uma ressurreição em outro mundo, com o mesmo corpo dantes. Mas não estou persuadido de que seja o caso, nem soa bem como uma possibilidade.
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Orígenes esperava que os danados se transformassem em bons através dessa nova experiência, e isto sugere um processo formativo completo, a aceitação do novo Cristo que apareceria no novo mundo etc.
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Outro ponto interessante. Discípulos de Orígenes foram mais explícitos do que ele, e defenderam francamente a reencarnação. Parece que era uma escola cristã nascente que foi abortada.
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Estas informações existem na história da filosofia.
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Convém ler tb os críticos, pois além dos livros que restaram de Orígenes é possível obter informações indiretamente.
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Quanto a um outro mundo ou universo, convém observar que só muito recentemente a ciência nos informou de seus bilhões de anos.
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James Usher, um arcebispo, calculou a idade da Terra em 6.000 anos mais ou menos com base na Bíblia.
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Ou seja, as concepções sobre o tempo eram muito mais modestas do que as de hoje, e a conjectura de que o mundo surgisse muitas vezes, como um eterno retorno, fazia parte das concepções correntes à época de Orígenes.
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Só que ele não as aceitou passivamente, não era o eterno retorno do MESMO, mas a liberdade para melhorar faria que o retorno pudesse ser diferente.
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Devo a Bart boa parte do acima exposto, tudo na base da orelhada. Recomendo suas entrevistas sobre reencarnação no cristianismo no youtube.
agosto 31st, 2022 às 4:53 PM
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montalvão disse:
1) não achei, e não parece haver, em Orígenes, a concepção de que as vidas noutros mundos aconteçam pela assunção de corpos físicos distintos dos anteriores, ocupados pela mesma alma
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Sendo Universos distintos, sucessivos, os corpos são distintos por decorrência. Mas é bem complicado a gente concluir de fato o que ele al fin y al cabo pensava, eis que a teríamos que ler cuidadosamente TODA obra dele que é imensa! Claro: só o que de fato tenha sido escrito por ele mesmo; então🤔
Mas PARECE-ME que sim…
Justifico com 2 passagens que preferi não tentar vernaculizar pra ficar exatamente como já está na tradução consultada, sem influências minhas, ok?Evidentemente, caso queira, podemos discutir como fica em vernáculo…
1° cito
Livro II capítulo 3 §1
Claro, ele está metodicamente listando possibilidades a serem analisadas, sem se definir por alguma:
E na continuação cito
Livro III capítulo 6
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A mesma pessoa voltar à vida, neste ou noutro mundo, seria renascimento, não reencarnação.
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Só se fosse o mesmo corpo, mas não é eis que é noutro κοσμος que só vai ser Criado depois que este acabar. A pessoa presumivelmente nascerá gestada como nós somos neste nosso Universo. Então, sim: literalmente reencarnação👍
agosto 31st, 2022 às 5:02 PM
ERRATA
Notar os erros de espaços entre algumas palavras.
Como sabem, é bem difícil a gente compor aqui sem preview e/ou poder corrigir depois de postado!
setembro 2nd, 2022 às 4:59 PM
“Olá Monta, não é o Miguel Reale, é o italiano Giovani Reale, o historiador da filosofia.”
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COMENTÁRIO: certo, certo, certo, pensava no Giovanni e falei Miguel. Reale e seu companheiro, Dario Antiseri, produziram fecundas obras sobre pensadores gregos, notadamente Platão e Aristóteles. Deles destaco a maçuda coleção “História da Filosofia”, que aborda desde os antigos até a contemporaneidade.
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Consequentemente, onde falei Miguel Reale, leia-se Giovanni…
setembro 2nd, 2022 às 5:21 PM
“Só se fosse o mesmo corpo, mas não é eis que é noutro ?????? que só vai ser Criado depois que este acabar. A pessoa presumivelmente nascerá gestada como nós somos neste nosso Universo. Então, sim: literalmente reencarnação”
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COMENTÁRIO: tentarei ampliar a pesquisa, com o fito de elucidar esse ponto. De imediato pondero que soaria incoerente que Orígenes repudiasse a reencarnação na esfera terrestre para transferi-la a outros orbes.
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O pensador, provavelmente, conhecia as Cartas de Paulo, e sabia da passagem que segue, a qual advoga a ressurreição e consequente purificação da carne, sepultada em pecado e ressurreta incorruptível. Essa passagem pode, com jeitinho, agasalhar a tese dos múltiplos mundos, no processo de de purificação postulado por Orígenes, mas dificilmente poderia ser harmonizada com a reencarnação. Confira:
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I Coríntios.
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39 Nem toda carne é uma mesma carne; mas uma é a carne dos homens, outra a carne dos animais, outra a das aves e outra a dos peixes.
40 Também há corpos celestes e corpos terrestres, mas uma é a glória dos celestes e outra a dos terrestres.
41 Uma é a glória do sol, outra a glória da lua e outra a glória das estrelas; porque uma estrela difere em glória de outra estrela.
42 Assim também é a ressurreição, é ressuscitado em incorrupção.
43 Semeia-se em ignomínia, é ressuscitado em glória. Semeia-se em fraqueza, é ressuscitado em poder.
44 Semeia-se corpo animal, é ressuscitado corpo espiritual. Se há corpo animal, há também corpo espiritual.
45 Assim também está escrito: O primeiro homem, Adão, tornou-se alma vivente; o último Adão, espírito vivificante.
46 Mas não é primeiro o espiritual, senão o animal; depois o espiritual.
47 O primeiro homem, sendo da terra, é terreno; o segundo homem é do céu.
48 Qual o terreno, tais também os terrenos; e, qual o celestial, tais também os celestiais.
49 E, assim como trouxemos a imagem do terreno, traremos também a imagem do celestial.
50 Mas digo isto, irmãos, que carne e sangue não podem herdar o reino de Deus; nem a corrupção herda a incorrupção.
51 Eis aqui vos digo um mistério: Nem todos dormiremos mas todos seremos transformados,
52 num momento, num abrir e fechar de olhos, ao som da última trombeta; porque a trombeta soará, e os mortos serão ressuscitados incorruptíveis, e nós seremos transformados.
53 Porque é necessário que isto que é corruptível se revista da incorruptibilidade e que isto que é mortal se revista da imortalidade.
54 Mas, quando isto que é corruptível se revestir da incorruptibilidade, e isto que é mortal se revestir da imortalidade, então se cumprirá a palavra que está escrito: Tragada foi a morte na vitória.
setembro 2nd, 2022 às 5:40 PM
“Valeria a pena ver se em algum momento Orígenes escreveu palingenesia (nascer de novo), pois isto seria a caracterização definitiva de seu ensino como um tipo de reencarnacionismo, embora diverso dos outros conhecidos.”
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COMENTÁRIO: Como a expressão “nascer de novo” (palingenesia) reportaria um tipo de reencarnacionismo?
setembro 2nd, 2022 às 7:31 PM
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montalvão disse:
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Pensei que tivesse ficado claro: não é “orbes” e sim mundi no sentido de κοσμος.
São UNIVERSOS sucessivos e NÃO CONCOMITANTES. Então claro que não é reencarnação
・ kardecista;
・ budista (nos seus diferentes modelos);
・ hindu. Mas almas racionais poderem em diversos Universos Criados animar seja humanos, seja (aí sim 👍) orbes, é reencarnação.
setembro 2nd, 2022 às 7:57 PM
Palingenesia, na Bíblia e no cristianismo primitivo, teria mais propriamente o sentido de renovação ou, melhor, regeneração. Novamente, busco socorro no citado site Falhas do Espiritismo, com o estudo que segue.
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PALINGENESIA: Colocando o carro na frente dos bois
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29 de novembro de 2011
Cyrix
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– Se o verbete é este, então vou escolher o sentido que mais me agrada.
– Acho que está fazendo isso errado…
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Uma tradução controvertida que SEVERINO DA SILVA faz de Tito 3:4-5 em seu Analisando as Traduções Bíblicas, cap. XVII:
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“Paulo, em sua epístola a Tito 3:4-5, interpreta bem esta citação do Cristo: ‘Mas quando apareceu a vontade de Deus, nosso salvador; e seu amor para com os homens, não por obras de justiça que tivéssemos feito, mas segundo sua misericórdia nos salvou PELO LAVATÓRIO DA REENCARNAÇÃO, e pelo renascimento de um espírito santo’.”
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“Aqui, Paulo deixa bem claro que Deus nos salvou não porque o tivéssemos merecido, mas por Sua misericórdia, servindo-se da reencarnação a qual é um ‘lavatório’ (de água) e um ‘renascimento do espírito’. A palavra grega do texto a que se refere Paulo é ????????????? ‘Palingenesia’ – isto é, ‘renascimento’, ‘Novo Nascimento’, REENCARNAÇÃO.” [grifos do autor]
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É um argumento até bem organizado, mas que, visto de perto, revela sérias rachaduras. Em primeiro lugar, se uma das máximas espíritas é “fora da caridade não há salvação”, então como essa passagem afirma que as obras têm pouco valor na misericórdia divina? E, segundo, o mais interessante ainda aparece nos versículos seguintes:
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“que ele derramou sobre nós ricamente, por meio de Jesus Cristo, nosso Salvador a fim de que, justificados por graça [misericórdia], nos tornemos seus herdeiros, segundo a esperança da vida eterna. Fiel é esta palavra, e quero que, no tocante a estas coisas, faças afirmação, confiadamente, para que os que têm crido em Deus sejam solícitos na prática de boas obras. Estas coisas são excelentes e proveitosas aos homens.”
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– Tito 3:6-8
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Ele até diz que devemos ser “solícitos na prática de boas obras”, mas o que salta aos olhos é “somos justificados por graça”. Severino Celestino da Silva forçou a barra da reencarnação em um texto salvacionista! Analisou uma palavra e desviou a atenção do leitor para fora do contexto (1).
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E QUANTO AO SENTIDO DE PALINGENESIA? De fato, há registros dela com o uso de “reencarnação” na filosofia grega(2), mas seria esse o único uso que lhe era dado? Quem define o significado de uma palavra é quem a usa, não os dicionários, que apenas registram suas diversas acepções. O panorama, seja do texto ou social, é o que nos dá noção do real significado, do contrário temos uma inversão de raciocínio: em vez de analisar o texto para determinar se a realidade dos primeiros leitores possibilitava a presença da reencarnação em seu credo e a partir daí traduzir conforme seus conceitos, arbitra-se a existência dela no credo e a tradução é feita conforme tal prejulgamento.
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Portanto, passemos à análise dos diversos valores que “palingenesia” pode assumir. Ela só aparece mais uma vez na Bíblia:
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“E Jesus disse-lhes: Em verdade vos digo que vós, que me seguistes, quando, na regeneração [?? ?? ????????????], o Filho do homem se assentar no trono da sua glória, também vos assentareis sobre doze tronos, para julgar as doze tribos de Israel.”
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– Mt 19:28
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O versículo se relaciona diretamente com o sentido escatológico do fim dos tempos. Este sentido escatológico aparece também na literatura pagã, em especial entre os filósofos estoicos. Fazia parte da doutrina dessa corrente, entre outras coisas, a crença em diversos ciclos nos quais o universo seria renovado. Assim escreveu o imperador romano Marco Aurélio em suas Meditações, livro XI, 1
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“E além disso, ela [a alma racional] percorre todo o universo e o vácuo circundante, e analisa sua forma, e se estende para o infinito de tempo, e abarca e compreende a periódica renovação [?????????? ?????????????] do universo, e entende que os que virão após nós não verão nada novo, nem os que vieram antes viram algo mais, mas de certo modo, o quarentão, ainda que não tenha discernimento, viu tudo o que foi e o que será, em virtude da similaridade das coisas.”
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Sentido escatológico similar é o que deve ser entendido em (Mt. 19:28). Em outras partes não bíblicas da literatura judaico-cristã é possível “palingenesia” significando “regeneração”, “restauração”:
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“Agora que Zorobadel obtivera estas concessões do rei, ele saiu do palácio e, olhando para o céu, começou a render graças a Deus pela sabedoria que lhe dera e a vitória que tivera com isso, mesmo na presença do próprio Dario; visto que, disse ele,”Eu não tinha me julgado merecedor destas vantagens, ó Senhor, a menos que tivesses sido favorável a mim“. Então, quando já agradecera a Deus pelas presentes circunstâncias em que se achava e orara para que ele lhe proporcionasse como um favor o tempo vindouro, voltou para Babilônia e trouxe as boas novas sobre as concessões que conseguira do rei a seus compatriotas; que, assim que ouviram o mesmo, também deram graças a Deus que mais uma vez restaurou a eles a terra de seus antepassados. Então puseram-se a beber e comer, e por sete dias continuaram festejando, e mantiveram uma celebração pela reconstrução e restauração de seu país [??? ????????????? ??? ???????? ???????????].”
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– Extraído de Flávio Josefo, Antiguidades Judaicas X, cap. III, parágrafo 9. Uma passagem que relata o fim do cativeiro de Babilônia e retorno dos judeus a sua terra, após a tomada deste reino pelos persas de Dario. Fontes grego-latinas disponíveis em Antiquitates Judaicae.
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Outro exemplo de uso “macro” da palingênese se encontra em um texto atribuído (talvez pseudonimamente) ao terceiro bispo de Roma, na virada do primeiro século d.C. para o segundo, e endereçado à Igreja de Corinto a fim de resolver uma desavença local. Em certa altura, seu autor aplica essa palavra para se referir uma das metas da missão de Noé.
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“Portanto, vamos render graças a Sua excelsa e gloriosa vontade; e implorando Sua misericórdia e bondade amorosa, enquanto deixamos todas as tarefas infrutíferas, e disputa, e inveja que leva a morte, vamos nos voltar a Sua compaixão e se valer dela. Vamos contemplar continuamente os que ministraram perfeitamente para Sua excelsa glória. Tomemos (por exemplo) Enoque, que, sendo reconhecido virtuoso em obediência, foi arrebatado e nunca foi sua morte registrada. Noé, sendo reconhecido fiel, pregou a regeneração (?????????????) do mundo através de seu ministério; e o Senhor salvou através dele os animais que, harmoniosamente, entraram na arca.”
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– I Carta de Clemente de Roma aos Coríntios, cap. IX
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Não só o universo, o mundo ou nações podem sofrer um processo de “palingenesia”. Pessoas também podem sofrê-lo e ainda em vida. Diz-nos isso o político e orador romano Cícero, em sua coletânea de cartas a seu amigo Ático, mais especificamente na carta 6 do livro VI:
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“Amicorum litterae me ad triumphum vocant, rem a nobis, ut ego arbitror, propter hanc palingenesian nostram non neglegendam. Qua re tu quoque, mi Attice, incipe id cupere quo nos minus inepti videamur.”
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“As cartas de meus amigos me convidam ao triunfo, uma coisa, em minha opinião, que não devo negligenciar em vista de minha restauração, Por isso, meu [caro] Ático, que tu também comeces a desejá-lo para que eu pareça menos tolo” (3).
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As circunstâncias da carta representam o fim do proconsulado de Cícero na província da Cilícia, ao sul da atual Turquia. Fora a contragosto devido a um sistema de sorteio entre os magistrados e governou de 51 a 50 a.C., tendo se preparado para possível invasão dos partas (que acabou ocorrendo na Síria, mas foram repelidos) e feito pequena campanha contra tribos ainda hostis [Ferrero]. Aparenta ter feito bom governo, ainda mais quando comparado com a rapinagem praticada pelos demais governadores romanos. Foi-lhe decretado um triunfo por suas vitórias na ocasião de seu retorno à Itália. Cícero considerou seu retorno triunfal uma nova fase de sua vida, adotando a palavra “palingenesia” para defini-la e traduzida por certo erudito inglês como “nova etapa da vida”. Essa “palingenesia” para encarnados é a que melhor define a ideia contida em Tito 3:5, especialmente pela mudança de comportamento apresentada nos versículos que antecedem:
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“Lembra-lhes que devem ser submissos aos magistrados e às autoridades, que devem ser obedientes e estar sempre prontos para qualquer trabalho honesto, que não devem difamar a ninguém, nem andar brigando, mas sejam cavalheiros e delicados para com todos. Porque também nós antigamente éramos insensatos, desobedientes, extraviados, escravos de toda sorte de paixões e de prazeres, vivendo em malícias e inveja, odiosos e odiando uns aos outros.”
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Confrontando 3:1-3 com 3:6-8, fica claro que, para o autor de Tito, a mudança foi operada externamente por meio da graça. Se a plateia é composta de um grupo de prosélitos (o mais comum num cristianismo nascente), pouco sentido faz falar em reencarnação, pois experimentaram a mudança em vida. Aqui, o sentido de “palingenesia” está mais para o de Cícero que o de Platão, e mais conforme com a pregação paulina.
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Por fim, passemos a um exemplo em que “lavagem” e “palingênese” caminham juntos para uma renovação em vida, desta vez por um texto do apologista cristão Teófilo de Antioquia (ca. 180 d.C.) em que ele rebate as acusações de um suposto pagão (4).
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“No quinto dia foram criados os animais que procedem das águas, pelas quais e nas quais se mostra a multiforme sabedoria de Deus. De fato, quem seria capaz de enumerar sua quantidade e a variedade de suas variadíssimas espécies? Além disso, o que foi criado das águas por Deus foi abençoado por ele, para que isso servisse de prova sobre o que os homens deveriam receber: penitência e remissão dos pecados através da água e banho de regeneração [??????? ?????????????], todos os que se aproximam da verdade, renascem e recebem a bênção de Deus.”
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– II Livro a Autólico, cap. XVI. Texto grego em Patrologia Graeca, Migne, Vol. VI, col. 1.078
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Ou seja, por meio do batismo.
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https://falhasespiritismo.org/tag/palingenese/
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OBS.: não citei notas nem referências para que o texto não ficasse mais longo. O link leva para o artigo completo.
setembro 3rd, 2022 às 12:35 PM
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montalvão disse:
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Entendo que essa ressurreição se dará no fim de todas as eras/”mundos”. Aí serão corpos espirituais; algo análogos aos perispíritos kardecistas. As reencarnações já terão se sucedido nas eras/”mundos”.
Quanto à παλιγγενεσια: 👍 é termo genérico.
setembro 3rd, 2022 às 12:36 PM
ERRATA
no processo de
depurificaçãosetembro 6th, 2022 às 9:58 PM
“Entendo que essa ressurreição se dará no fim de todas as eras/”mundos”. Aí serão corpos espirituais; algo análogos aos perispíritos kardecistas. As reencarnações já terão se sucedido nas eras/”mundos”.”
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COMENTÁRIO: Creio haver certa confusão. O texto que postei é de Paulo, que não advoga igual doutrina que Orígenes. Argumentei que Orígenes conheceria o escrito paulino e deve ter achado que não conflituava com sua tese de vidas que se purificariam em renascimentos em outros mundos. Para Paulo o processo de transformação de corpo espiritual se dava com a passagem da morte física (semeia-se corpo corruptível e ressuscita incorruptível), ele não concebe processo continuado de burilamento até atingir a pureza original, a que havia antes do pecado. Esse pensamento é de Orígenes, não de Paulo.
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Curioso é que tal ideia (sequência de reencarnações e no final do tempos a ressurreição/transformação definitiva) é defendida por José Reis Chaves, em seu livro “Reencarnação, segundo a Bíblia e a Ciência”. Diferentemente de Kardec, que simplesmente transformou ressurreição em reencarnação, Chaves achou um modo peculiar de conciliar as duas doutrinas.
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Outro ponto, os “corpos espirituais” não seriam equivalentes ao perispírito de Kardec, a equivalência estaria na idealização do “espírito puro”. O perispírito, à medida que a evolução espiritual ocorresse, iria “afinando” e sumiria quando e atingisse o pico da pureza.
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Em relação ao alegado de que as vidas noutros mundos, na concepção de Orígenes, só podia ser em termos reencarnatórios, visto que as pessoas teriam que ser concebidas nos moldes humanos (provir de uma gestação), não me parece que tenha sido esse o pensamento de Orígenes. Para que fosse desse modo, ele teria que admitir a existência de civilizações extraterrenas, em moldes similares às do kardecismo, com todas a implicações daí decorrentes: fauna, flora, necessidades biológicas, desenvolvimento técnico variado (uns mais desenvolvidos que os humanos, outros inferiores), etc. Não me parece que tal idealização seja encontrável no filósofo antigo.
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Meu conhecimento das concepções de Orígenes é insuficiente para fechar um parecer, mas isso precisaria ser aclarado, a fim de elucidar a dúvida se ele pensou reencarnativamente ao conceber a tese da purificação gradativa.
setembro 7th, 2022 às 10:54 AM
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montalvão disse:
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Confusão nenhuma: é isso👍 Argumentei que pro Ωριγενες essa ressurreição em σοματα πνευματικον (lembrando a nota [24] da publicação atual) se sucederá DEPOIS da sucessão de “mundos”. Não perca de vista: não “mundos” no (nosso) sentido = orbes❗
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Note que eu falei algo análogos.
A analogia feita por mim é no sentido de que as almas precisam de corpos revestindo-as mesmo no ultramundo. ==================================================
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👎
As civilizações são terrenas, as coisas se sucedem na TERRA; em diferentes, sucessivos, Universos Criados sequencialmente após findo o anterior.
setembro 7th, 2022 às 11:04 AM
ERRATA
σ
oωματα πνευματικον😳
setembro 7th, 2022 às 6:15 PM
Parece-me que achei uma resposta, favorável à tese do Gorducho. Estou terminando o exame para postar o que se oferece.
setembro 7th, 2022 às 9:56 PM
A respeito do pretenso reencarnacionismo de Orígenes, há um texto no site e-cristianismo que discorre sobre o tema com informes interessantes. Nele há comentários sobre o pensamento de pais da Igreja, incluindo Orígenes. Reproduzo trecho:
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CLEMENTE DE ALEXANDRIA (C. 155-220)
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Outro pai da igreja que alega-se frequentemente ter ensinado a reencarnação foi Clemente de Alexandria, com base em sua declaração no primeiro capítulo de sua Exortação aos Gentios que “antes da fundação do mundo éramos nós”. 19 No máximo esta declaração deveria ser construída (fora de seu contexto) para ensinar a pré-existência das almas. De fato, no entanto, a declaração de Clemente no contexto nem chega tão longe. Ao contrário, ele está simplesmente estabelecendo a pré-existência de Jesus Cristo como o Verbo (ou Logos) e o pré-conhecimento de Deus e propósito de nos criar e nos amar antes da criação:
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“Mas antes da fundação do mundo éramos nós, quem, por ser destinados a estar n’Ele, pré-existimos nos olhos de Deus antes, – nós, as criaturas racionais do Verbo de Deus, da parte de quem somos datados do princípio; pois “no princípio era o Verbo”.20
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Note que Clemente cuidadosamente qualifica sua declaração que nós existimos no princípio com as palavras “nos olhos de Deus”, significando, é claro, que nossa “pré-existência” era uma idéia na mente de Deus, não como entidades substanciais.
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ORÍGENES (c. 185-254)
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Orígenes foi admitidamente um dos mais brilhantes e inovadores teólogos da igreja primitiva. Ele foi também, contudo, infame por suas especulações teológicas. Ele é o pai da igreja mais frequentemente citado por reencarnacionistas como ensinando sua doutrina. Uma passagem frequentemente citada é a seguinte, de Contra Celso (I.32), exatamente como citado pelos reencarnacionistas Head e Cranston:
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“Ou não é mais em conformidade com a razão, que cada alma, por certas razões misteriosas (Eu falo agora de acordo com a opinião de Pitágoras, Platão e Empédocles, que Celso frequentemente cita), é introduzida em um corpo e introduzida de acordo com seus méritos e ações passadas? É provável, então, que esta alma também, que conferiu mais benefícios por sua [anterior] residência na carne que muitos homens (para evitar prejuízo, não não direi “todos”), ficou com a necessidade de um corpo não somente superior a outros, mas investido de todas as excelentes qualidades.”21
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Vários comentários a respeito desta passagem devem ser feitos. Primeiro, Orígenes qualifica esta declaração dizendo, “Eu falo agora de acordo com a opinião de Pitágoras, Platão e Empédocles, que Celso frequentemente cita”. Esta qualificação indica que Orígenes está argumentando com base nas crenças de Celso, não de suas próprias crenças. Um reencarnacionista, Anthony J. Fisichella, omitiu esta cláusula inteira quando cita a passagem.22
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Segundo, a inserção da palavra “anterior” em colchetes precedendo a frase “residência na carne” por Head e Cranston na citação como reproduzido acima muda completamente o significado. Orígenes não está falando sobre uma prévia reencarnação em distinção a uma subsequente reencarnação, mas sobre uma simples encarnação.
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Terceiro, o ponto que Orígenes está tentando fazer no contexto foi completamente perdido. Orígenes não está falando sobre o nascimento natural de um ser humano comum, mas sobre a concepção miraculosa de Jesus no ventre de uma virgem. Na primeira metade do capítulo Orígenes refuta a lendária explicação do nascimento virginal que estava circulando entre os Judeus (e foi tomada por Celso) que Maria cometeu adultério com um soldado Romano. Ele então propõe a seguinte questão:
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“É conforme até mesmo à razão, que aquele que ousou fazer tanto pela raça humana… não deveria ter um nascimento miraculoso, mas o mais vil e infame de todos [ex., um nascimento ilegítimo]? E eu vou perguntar deles como Gregos, particularmente de Celso, que ou mantém ou não os sentimentos de Platão e que a qualquer hora os cita, se Aquele que envia almas para os corpos dos homens, degrada Aquele que ousa fazer tais atos, ensinar tantos homens, reformar tantos da massa de pecadores no mundo, a nascer de forma mais infame que qualquer outro, ao invés de introduzí-lO no mundo através de um matrimônio dentro da lei?”23
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Então segue-se imediatamente a citação original reproduzida acima, apelando para os filósofos gregos tão respeitados por Celso, para provar que de acordo com seu ensino alguém tão nobre como Jesus obviamente era, não poderia ter um nascimento tão ignóbil quanto Celso estava clamando. Com este contexto em mente, é evidente que Orígenes não está aqui argumentando a favor da reencarnação, o argumento sequer o implica. Ele argumenta com base na pré-existência das almas, uma opinião que ele mesmo mantinha, apesar de que mesmo aqui ele dá como fonte daquela opinião a filosofia grega pagã, não a doutrina cristã.
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Mais tarde no mesmo tratado, Orígenes faz o seguinte comentário:
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“Mas sobre estes assuntos muito, de um tipo místico, pode-se dizer; em manter o seguinte: “é bom manter perto o segredo de um rei”, – para que a doutrina da entrada das almas nos corpos (não, contudo, da transmigração de um corpo para outro) não seja colocada antes do entendimento comum, nem o quê é sagrado seja dado aos cães, nem pérolas sejam jogadas aos porcos.”24
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Esta declaração deixa claro que Orígenes mantinha a doutrina herética que almas humanas pré-existiam seus corpos físicos, mas não mantinha reencarnações.25
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Cerca do mesmo tempo que ele escreveu Contra Celso, por volta do ano 247 (e então chegando ao fim de sua vida),26 Orígenes escreveu o comentário de Mateus no qual ele discute bastante se João Batista era a reencarnação de Elias. Sua resposta a esta questão era inequívoca:
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“Neste lugar [Mt. 17:10-13] não parece para mim que, por Elias, refere-se à alma, para que não caia no dogma da transmigração, que é estranha à igreja de Deus e não ensinada pelos Apóstolos, nem em qualquer lugar é estabelecido nas Escrituras”27…
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Orígenes então dá início a uma grande discussão da transmigração, argumentando que é contrária à doutrina bíblica de um julgamento no fim dos tempos, e que João não tinha a “alma” mas o “espírito e poder” de Elias (Lucas 1:17)28. Nenhuma declaração mais clara rejeitando a doutrina da reencarnação poderia ser imaginada.
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É verdade que Jerônimo, um importante pai da igreja no quinto século, argumentou que Orígenes defendia a reencarnação. Escrevendo uma carta a Avitus cerca de 409 ou 410, Jerônimo acusou Orígenes de defender a “transmigração das almas”, incluindo a idéia que espíritos tanto angélicos quanto humanos “podem em punição ou grande negligência ou loucura ser transformados em animais”, ou seja, ser reencarnados em animais.29 Contudo, nesta mesma carta Jerônimo admite que Orígenes qualificou suas declarações a respeito do assunto:
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Então, para que ele não seja culpado de manter com Pitágoras a transmigração das almas, ele resume a racionalização imoral com a qual ele feriu seu leitor, dizendo: “Eu não devo ser levado a fazer dogmas destas coisas; elas são apenas mencionadas como conjecturas para mostrar que elas não são completamente negligenciadas”30.
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Desde que a crítica de Jerônimo a Orígenes está baseada nos primeiros escritos de Orígenes (particularmente “Dos primeiros princípios”, escrito entre 212 e 215) e em seus escritos posteriores Orígenes rejeita explicitamente a transmigração das almas, e desde que mesmo Jerônimo admite que Orígenes queria parar rapidamente de manter aquela doutrina, nós podemos concluir com segurança que Orígenes não ensinou a reencarnação.
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http://www.e-cristianismo.com.br/teologia/apologetica/reencarnacao-a-igreja-a-suprimiu.html
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Se até Jerônimo considerou Orígenes reencarnacionista, não é de admirar que pósteros que o leem também pensassem de igual modo.
setembro 8th, 2022 às 11:01 AM
👍
E, sim, as citações que localizei são do Περι Aρχων.
E, pelo que consegui captar, eram especulações, possibilidades a estudar, não as pondo ele como certezas.
E, claro, há que ter em conta TODA obra dele e o que de fato tenha sido escrito por ele mesmo.
E, claro, a cronologia com possíveis mudanças de opinião ao longo da maturação do pensamento dele.
Pra mim como Estudioso do Espiritismo não me interessa a opinião de qualquer Religião. E portanto muito menos o que ele achasse ou deixasse de achar. O que me interessa, isso sim, é a insegurança de setores do Espiritismo, no caso de matriz kardecista❗ Doutrinariamente o Kardec disse — e com absoluta pertinência❗ na questão 222:
Então Doutrinariamente deveria ser 1 questão puramente EMPÍRICA; a ver… independente do que ACHE qualquer teólogo❗ Percebe a insegurança implícita ❓
Cá paro nesta publicação, eis que ela vai ficando pra trás no modelo da Casa. Qualquer outro comentário, façamos na publicação em tela do momento, certo ❓