O Caso de Imad Elawar, Parte 2 (1992 – Interpretando o caso de Imad Elawar, por James G. matlock)

O caso de reencarnação de Imad Elawar, estudado por Ian Stevenson, foi reinterpretado por W. G. Roll como representativo de um “renascimento misturado e dividido”. Embora esta interpretação tenha sido adotada por alguns outros autores, especialmente pelo D. Scott Rogo, um exame mais profundo do caso revela pouca evidência para tal, enquanto que a interpretação original de Stevenson do caso como envolvendo duas pessoas com memórias independentes possui uma base muito mais forte.

Prefácio

O artigo a seguir foi escrito em sua forma original há 5 anos, em resposta ao tratamento do caso de Imad Elawar pelo falecido D. Scott Rogo em seu livro sobre reencarnação (Rogo 1985). Eu finalmente vira o suficiente do que eu considerei como distorções significativas do caso, todas oriundas de um artigo curto escrito por W. G. Roll (1967) que tinha aparecido na revista Theta, que na época era editada por ele. Submeti este artigo à Theta, e ele foi aceito para publicação. Aliás, citei-o como “a ser impresso” na Theta em minha revisão (Matlock 1986) do livro de Rogo no Journal of the Society for Psychical Research e em uma resposta (Matlock 1988) a um artigo de Rogo (1986) que foi impresso no JRPR. Entretanto, o editorial de Theta trocou de mãos e de orientação, e em vista do grande intervalo desde a submissão original, eu cancelei sua publicação nessa revista.

Em 1988, atendendo ao seu pedido, eu enviei uma cópia deste artigo para Rogo, que se referiu a ele em uma carta ao editor do JRPR (Rogo 1988) em resposta ao meu artigo dirigido a ele. Ele escreveu que, “quando o Sr. Matlock gentilmente me enviou o seu artigo sobre o caso, eu concluí que ele simplesmente mostra os fatos do caso como coerentes com a interpretação de memória defeituosa de Stevenson. Entretanto, evidência coerente com uma teoria não é o mesmo que evidência para uma teoria. Eu poderia escrever facilmente um artigo mostrando que os fatos são igualmente consistentes com a minha interpretação e a de Roll” (Rogo 1988:174). Com a publicação do artigo aqui, os leitores serão capazes de decidir por si mesmos. É lamentável que o próprio Sr. Rogo não poderá responder outra vez.

Interpretando o caso de Imad Elawar

O caso do menino libanês Imad Elawar, da primeira coleção de casos de reencarnação de Ian Stevenson (1966, 1974), provou ser um dos seus mais problemáticos. L. E. Rhine (1966) considerou-o, dentre os 20 casos descritos no livro, “talvez o mais complicado e difícil de julgar entre todos” (p. 266). Gardner Murphy (1973) viu nele “uma teia de associações tão confusa quanto nuvens vagando pelo céu” (p. 122). Murphy destacou a dificuldade central encontrada neste caso. Imad Elawar se lembrou não só de um acidente não-fatal de ônibus em que sua personalidade prévia esteve envolvida, mas também de um acidente de caminhão em que o primo de sua personalidade prévia morreu. Além disso, ele parece até certo ponto ter confundido os dois acontecimentos.

Murphy (1973) achou a confusão “estranha”, mas observou que as memórias são “por hipótese filtradas pela mente de uma criança nova. Não é a Personalidade 1 que se comunica conosco; é o menininho Imad que está tentando organizar como pode as memórias de um homem” (p. 126). Murphy diz ainda que, para Imad, “o fato de que houve dois acidentes sérios pode ter sido muito mais importante do que os detalhes de como ambos aconteceram e de quais membros da família Bouhamzy estiveram envolvidos” (1973, p. 126). Do mesmo modo, Imad nunca mencionou o primeiro nome (Ibrahim) de sua personalidade passada. A falha foi devida, talvez, ao fato de que “para a criança, este nome era remoto e irrelevante” (1973, p. 126).

Isto está bem próximo da própria interpretação de Stevenson (1966, 1974) do caso. W. G. Roll (1977a), no entanto, adotou um ponto de vista diferente. Para ele, a memória de Imad de um acontecimento em que sua personalidade passada não esteve envolvida diretamente indicava um “renascimento misturado”. Além disso, o fato de que uma segunda criança foi encontrada com as memórias do primo que morreu no acidente de caminhão sugeriu para Roll (1982) que aqui “houve tanto uma divisão quanto uma fusão no renascimento” (p. 200).

Roll (1977a, 1977b, 1982, 1984a, 1984b) citou este caso repetidamente com a mesma interpretação, apesar de duas respostas de Stevenson (1984; Stevenson, Tart e Grosso, 1980). Em 1979, Michael Grosso citou Roll (1977a) e repetiu sua interpretação (Grosso, 1979, p. 377). Agora D. Scott Rogo (1985, 1986a, 1986b, 1987) levou a interpretação de Roll para a literatura popular. “O Dr. Stevenson descobriu que duas crianças, em diferentes momentos, lembraram a mesma vida passada,” Rogo nos diz. “Se isso não fosse suficiente, uma das crianças parecia lembrar sua vida passada moldando informação simultaneamente extraída das vidas de duas pessoas que tinham sido parentes” (Rogo, 1987, p. 191). Além disso, Rogo — ao retratar a interpretação de Roll como a versão aceita do caso — deu um passo adiante para estabelecer a interpretação de Roll como definitiva.

Vamos aceitar o caso de Imad Elawar como encerrado, com a interpretação de Roll como veredicto? Stevenson e Murphy foram rejeitados? Vamos revisar o caso.

Em 1959, quando tinha entre um e meio e dois anos de idade, Imad Elawar falou pela primeira vez o nome “Jamileh” (um pseudônimo designado por Stevenson, 1966, 1974). Depois ele freqüentemente falou este nome, e também vários outros, entre eles “Mahmoud”. Ele disse que seu sobrenome anterior era “Bouhamzy,” e que era natural de “Khriby”. Ele descreveu a casa em que tinha vivido e suas redondezas. Ele falou também de um acidente de caminhão em que alguém foi morto, de uma operação em um hospital, de um acidente de ônibus, e de uma discussão com um motorista de ônibus ou caminhão.

Imad proferiu estas coisas nos fragmentos típicos de uma criança de sua idade, mas a sua família, em um esforço para que fizessem sentido, alinhou essas declarações de uma certa maneira. Eles acreditaram que ele alegava ter sido Mahmoud Bouhamzy de Khriby, que morreu atropelado por um caminhão, após uma discussão com seu motorista. Pensaram também que ele tinha sido um sheikh bem sucedido com uma esposa chamada Jamileh, e supuseram que os outros nomes que Imad mencionara tinham sido os dos seus filhos.

Em 1964, quando Stevenson tomou conhecimento deste caso, Imad tinha cinco anos de idade. Ele ainda falava da vida passada, mas nenhum esforço havia sido feito para verificar suas declarações. Stevenson anotou o testemunho da família de Imad (que informou a ele suas interpretações das declarações do Imad como se o próprio Imad as tivesse expressado), assim como novas declarações feitas pelo próprio Imad. Seguindo para Khriby, ele impôs a si mesmo a tarefa de verificação.

Aos poucos ele descobriu os aparentes erros de interpretação. Havia várias famílias chamadas Bouhamzy em Khriby, e havia entre elas um Mahmoud. Mas este homem ainda vivia, e sua casa não se assemelhava à casa que Imad tinha descrito como sua anteriormente. A procura por um melhor candidato levou a um Ibrahim Bouhamzy. Ibrahim morreu solteiro, aos 26 anos, de tuberculose. Mas teve uma amante chamada Jamileh, e um primo: Said Bouhamzy, que morrera no hospital depois de ter sido atropelado por um caminhão — um acidente que marcou a vida de Ibrahim.

Desde o início da investigação em Khriby, Stevenson soube de um caso relacionado. Alguns meses depois da morte de Said Bouhamzy nasceu uma criança que nos anos subseqüentes alegou se lembrar das pessoas e incidentes da vida de Said, incluindo o acidente fatal de caminhão. Toda a família de Said e o povoado inteiro de Khriby aceitaram a alegação da criança. Stevenson encontrou e entrevistou esta pessoa, Sleimann Bouhamzy, agora entrando na adolescência, e vivendo na Síria. Stevenson aceitou as declarações como se referindo a Said, que tinha sido atropelado pelo caminhão. Ele concluiu que Imad estivera falando sobre Ibrahim, que se envolvera em um acidente de ônibus não-fatal, mas que tinha ouvido sobre o acidente de caminhão, ficando muito afetado por ele. Todas exceto quatro declarações (não verificadas) de Imad, quando livres das interpretações impostas pela sua família, se encaixavam perfeitamente na vida de Ibrahim.

Antes de continuar, talvez seja útil citar uma pergunta levantada pela primeira vez por L. E. Rhine. Ela alegou que Ibrahim fora identificado como a personalidade passada “somente quando foi feita a suposição de que algumas das impressões equivocadas foram criadas pelos pais da criança com base nas lembranças que ela dizia ter, sendo o equívoco oriundo de suas próprias inferências e não necessariamente de erros que a criança houvesse cometido” (1966, p. 266). Isto é, como Stevenson (1967) destacou na sua resposta, incorreto. Existem ao todo, e em forma de tabela, 73 declarações e identificações que Imad tinha feito em relação à vida passada. Quatro destas permanecem formalmente não verificadas. Seis outras, se descobriu, estavam erradas. Das 63 restantes, só 11 foram interpretadas erroneamente de alguma maneira pela família. Mesmo quando os dois itens referentes ao acidente de Said e suas conseqüências são excluídos, temos um total de 50 declarações e reconhecimentos que se referem inequivocamente à vida de Ibrahim Bouhamzy. Estes por si só são suficientemente detalhados e específicos para permitir a identificação.

Tanto Imad como Sleimann tinham fobias de automóveis, embora no caso de Sleimann a fobia fosse mais generalizada e mais intensa. Imad tinha medo de grandes caminhões e ônibus, embora este temor tenha desaparecido quando ele tinha 4 ou 5 anos. Sleimann tinha medo de automóveis de todos os tipos, e quando criança sequer chegava perto de um deles. Este temor persistiu durante a sua adolescência. Além disso, Sleimann tinha uma fobia ainda mais forte de sangue e compressas de algodão. Ele uma vez desmaiou quando visitou um amigo em um hospital e o viu enfaixado em compressas brancas. Destaca-se que estas diferentes fobias são coerentes com as diferentes experiências de Ibrahim e Said Bouhamzy. Ibrahim tinha sofrido um acidente não-fatal de ônibus e conhecia um primo que morrera em um acidente de caminhão. Said, por sua vez, tinha sido o primo que morreu, e que passara algum tempo no hospital enfaixado em compressas brancas de algodão antes de morrer (Stevenson, 1974, p. 307).

Roll (1982) declarou este caso como ilustrativo de que “acontecimentos das vidas dos dois primos foram lembrados pelo mesmo sujeito renascido com a carga emocional típica de memórias de renascimento. As memórias de um dos primos também emergiram em uma segunda criança, indicando tanto um renascimento dividido quanto um misturado” (p. 200). Como mencionamos, esta interpretação foi adotada também por Grosso (1979; Stevenson, Tart e Grosso, 1980) e por Rogo (1985, 1986a, 1986b, 1987).

Um renascimento misturado presumiria que as memórias de dois indivíduos de alguma forma se uniram após a morte e então emergiram em uma única mente. Um renascimento dividido presumiria que estas memórias unidas emergiram não só em uma, mas em duas mentes. Mas que evidência há de que estas coisas ocorreram?

Existe alguma indicação de que Imad se confundiu sobre quais das suas memórias se referiam a Ibrahim e quais a Said. Roll (1977a, p. 1) ressalta que Imad, quando perguntado quantos filhos ele tinha tido, levantou cinco dedos. Said tinha tido cinco filhos. Mas Said também tivera duas filhas, e Ibrahim tinha pelo menos um filho (ilegítimo) (Stevenson, 1974, p. 296). Ibrahim, Stevenson informa, tinha gostado dos filhos de Said (1974, p. 296), e na sua mente Imad poderia tê-los confundido com seus próprios. Ou Ibrahim poderia ter tido outras crianças cuja existência foi mantida em segredo dos seus amigos da região, que estavam escandalizados pelas suas relações extra-conjugais com Jamileh (Stevenson, 1974, p. 302).

Outra possível confusão na mente de Imad diz respeito aos acidentes de ônibus e caminhão e a discussão com um motorista de ônibus ou caminhoneiro. O acidente de caminhão, nós sabemos, ocorreu a Said, e o acidente de ônibus a Ibrahim. Imad falou freqüentemente de uma discussão com um motorista (mais freqüentemente, aliás, que dos acidentes em si) e a sua família concluiu que ele dizia que tinha sido atropelado por um caminhão depois de uma discussão com seu motorista. Algumas testemunhas do acidente de Said acreditavam que isto tinha ocorrido, embora Said no seu leito de morte tenha absolvido o motorista de qualquer culpa, e na corte o homem foi considerado culpado só de negligência (Stevenson, 1974, p. 304). A discussão talvez tenha sido associada ao acidente de ônibus em que Ibrahim esteve envolvido. Ibrahim tinha um temperamento forte, e tinha se envolvido em muitas brigas, sendo que em uma delas ele chegou até a atirar em um homem (Stevenson, 1974, p. 304). Talvez Imad, assim como sua família, tenha associado a discussão com o acidente errado. Ou talvez, como Stevenson sugere (1974, p. 304), o erro foi de Ibrahim. Ibrahim, baseado em suas próprias inclinações, pode ter se unido a outros em Khriby ao supor que uma discussão precedeu o acidente, e esta suposição pode ter sido aceita pela mente de Imad.

Por fim, quando criança Imad freqüentemente expressou surpresa e prazer em poder andar. Ele uma vez perguntou a sua mãe se passara por alguma operação que o permitiu andar outra vez. A sua família considerou estas indagações como confirmadoras de sua crença de que Imad tinha morrido depois de ter sido atropelado pelo caminhão. A parte de baixo da vítima tinha sido esmagada, e assim, pensaram, Imad expressava alegria em poder voltar a usar as pernas. Mas Imad passara os últimos seis meses de vida no hospital, acamado com tuberculose. Talvez fosse essa experiência que Imad lembrava.

Sendo assim, é estranho que ele tivesse feito perguntas à mãe sobre uma operação. Said, não Ibrahim, passara por operações. Neste ponto, mais claramente que em qualquer outro, pode-se ver uma possível mistura de memórias.

Imad também mencionou os nomes de duas pessoas que eram tidas como amigas de Said, mas que não puderam demonstrar serem conclusivamente familiarizadas com Ibrahim. No entanto, já que Ibrahim e Said eram amigos próximos, é certamente possível que Ibrahim as conhecesse também.

Estes são os pontos em que alguma confusão pode ter ocorrido na mente de Imad em relação à vida de quem as suas memórias se referiam. Contudo, é difícil ver como estas possíveis confusões podem ser citadas para apoiar a noção de renascimento misturado. Parece muito mais possível que as memórias de Imad fossem inteiramente as de Ibrahim, embora algumas destas memórias se referissem a alguns incidentes na vida de Said, e que Imad, com sua mente infantil, tenha confundido as memórias. Esta conclusão é sugerida pelo próprio Stevenson (1974, p. 303), conclusão esta que também é compartilhada por Murphy (1973).

Parece haver menos razão ainda para interpretar este caso como sendo um caso de renascimento dividido. Um renascimento dividido implicaria em um mesmo conjunto de memórias (e presumivelmente também em um comportamento associado) emergindo em duas pessoas. Mas isto não é, de maneira alguma, o que nós encontramos. Os nomes das sete crianças de Said foram quase as primeiras palavras que Sleimann falou. Imad, quando perguntado quantas crianças ele teve, levantou cinco dedos. Sleimann lembrou o acidente fatal de Said, e lembrou estar no hospital depois disso. Imad lembrou estes acontecimentos também, e a sua descrição do acidente de caminhão era certamente nítida o bastante para fazer a sua família acreditar que, de fato, havia acontecido. Mas embora Imad tivesse uma fobia de automóveis, esta não era tão generalizada nem tão intensa quanto a fobia de automóveis do Sleimann. E Imad não saiu do hospital com a fobia de sangue e compressas que Sleimann tinha.

As diferenças entre as memórias e comportamentos informados para Sleimann e para Imad foram mencionadas. Mas as diferenças nestes pontos de conexão não são as únicas. Imad lembrou incidentes e reconheceu pessoas e locais peculiares à experiência do Ibrahim. Ele compartilhava o gosto de Ibrahim pela caça (Stevenson, 1974, p. 304), e apresentava indícios da mesma beligerância que Ibrahim tinha mostrado (Stevenson, 1974, p. 305). Havia uma variedade de outros comportamentos apropriados também, e todos eles não correspondiam ao Said.

Por sua vez, Sleimann lembrou uma viagem a cavalo do Líbano à Síria para visitar sua irmã, um incidente que não exerce nenhum papel na memória de lmad. Quando ele visitou Khriby pela primeira vez quando criança, Sleimann não só achou o caminho que leva ao lar anterior de Said sem ajuda, como também reconheceu muitas pessoas e posses, e indicou outros. Ele mesmo “adotou uma atitude paterna em relação aos filhos de Said, que naquela época eram muito mais velhos do que ele” (Stevenson, 1974, p. 307).

Em vez de um renascimento misturado ou dividido, parece que somos confrontados aqui com as memórias de duas pessoas, estranhas entre si no presente, que, quando parentes, tinham se conhecido intimamente em suas vidas passadas. Naturalmente há pontos de interseção nestas memórias, já que os dois indivíduos lembram incidentes ou circunstâncias conhecidas a ambas as suas personalidades anteriores. Neste ponto o caso se assemelha ao de Ismail Altinkilic e Cevriye Bayri (Stevenson, 1980), que de forma independente lembraram as vidas em que eles tinham sido marido e mulher. O caso de Imad Elawar é complicado por uma evidente confusão da parte de Imad sobre quais dos incidentes que ele lembrava ocorreram a Ibrahim, e quais a Said, mas isto não precisa interferir em nossa clareza de pensamento. Não parece haver nenhuma boa razão para supor que a confusão surgiu em qualquer lugar além da mente da criança Imad.

Muitos destes pontos já foram citados por Stevenson no seu relatório original do caso (1966, 1974), e nas suas críticas da interpretação feita por Roll deste caso (1984; Stevenson, Tart, e Grosso, 1980). Apesar disso, é a interpretação de Roll que foi adotada por outros. Rogo (1987) a atribuiu erroneamente a Stevenson, e sequer discutiu alternativas no seu extenso livro de estudos de relatórios de reencarnação (Rogo, 1985, vide pp. 63-64). Em vista desta circunstância, não fará mal repetir a análise, e sua conclusão, aqui. Renascimento misturado e dividido pode ocorrer em tese. Mas uma leitura cuidadosa do relatório (Stevenson, 1966, 1974) não apóia a visão de que eles ocorreram no caso de Imad Elawar.

AGRADECIMENTOS

Agradeço ao Carlos S. Alvarado e Emily Williams Cook por lerem o manuscrito deste artigo e sugerir melhorias.

REFERÊNCIAS

Grosso, N. “The Survival of Personality in a Mind-dependent World.” Journal of the American Society for Psychical Research. 1979, 73, 367-380.

Matlock, J. G. Review of “The Search for Yesterday” by D. S. Rogo. Journal of the Society for Psychical Research. 1986. 53. 229-232.

Matlock, J. G. “Some Further Perspectives on Reincarnation Research: A rejoinder to D. Scott Rogo.” Journal of Religion and Psychical Research. 1988, 11, 63-70.

Murphy, G. “A Caringtonian approach to Ian Stevenson’s Twenty Cases Suggestive of Reincarnation.” Journal of the American Society for Psychical Research. 1973, 67, 117-129.

Rhine, L. E. Twenty Cases Suggestive of Reincarnation by Ian Stevenson. Journal of Parapsychology. 1967, 30, 263-272.

Rogo, D. S. The Search for Yesterday: A Critical Examination of The Evidence for Reincarnation. Englewood Cliffs, NJ: Prentice-Hall, 1985.

Rogo, D. S. Life After Death: The Case for Survival of Bodily Death. Wellingborough, Northamptonshire: Acquarian Press, 1986. (a)

Rogo, D. S. “Researching the reincarnation question: Some current perspectives.” Journal of Religion and Psychical Research. 1986, 9, 128-137. (b)

Rogo, D. S. Psychic Breakthroughs Today: Fascinating Encounters with Parapsychology’s Latest Discoveries. Wellingbouroogh. Northamptonshire: Acquarian Press, 1987.

Rogo, D. S. Letter to the Editor. Journal of Religion and Psychical Research. 1988, 11, 173-174.

Roll. W. G. “Where is Said Bouhamzy?” Theta, 1977, 5(3), 1-4. (a)

Roll, W. G. “Comments on Ian Stevenson’s paper: Some assumptions regarding research on survival.” Journal of Nervous and Mental Disease. 1977, 165, 176-180. (b)

Roll, W. G. “The chancing perspective on life after death.” In S. Krippner (Ed.), Advances In Parapsychological Research 3 (pp. 147-291). New York: PIMM Press.

Roll, W. G. “Rebirth memories and personal identity: The case of Imad Elawar.” Journal of the American Society for Psychical Research 1984, 78, 182-186.

Roll, W. G. “Survival after death: Alan Gauld’s examination of the evidence.” Journal of Parapsychology. 1984, 48, 127-148. (b)

Stevenson, I. Twenty Cases suggestive of reincarnation. Proceedings American Society for Psychical, 1966. 26, 1-362.

Stevenson, I. Twenty Cases suggestive of reincarnation. (2nd ed., revised and enlarged). Charlottesville, VA.: University Press of Virginia, 1974.

Stevenson, I. Reply to Louisa Rhine. Journal of the Parapsychology, 1967, 31, 149-154.

Stevenson. I. Cases of the Reincarnation Type, Volume III: Twelve Cases in Lebanon and Turkey. Charlottesville, VA.: University Press of Virginia, 197480.

Stevenson, I. Correspondence. Journal of the American Society for Psychical Research. 1984, 78, 186-189.

Stevenson, I., Tart, C.T. and Grosso, M. “The possible nature of post-mortem states: A discussion.” Journal of the American Society for Psychical Research. 1980, 74, 413-424.

O endereço de James G. Matlock é 20-17 37th Street, Astoria, NY 11105.

Referência original: Matlock, James G. Interpreting the Case of Imad Elawar. The Journal of Religion and Psychical Research. Volume 15, Number 2, April, 1992, pp. 91-98..

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Este artigo foi traduzido para o português por Vitor Moura Visoni e revisado por Inwords.

6 respostas a “O Caso de Imad Elawar, Parte 2 (1992 – Interpretando o caso de Imad Elawar, por James G. matlock)”

  1. Gilberto Diz:

    Este artigo é um grande “nada” na pesquisa pela sobrevivência do espírito. Não se sabe como essa criança foi arguida para que tais detalhes aflorassem. Não sei se já disse aqui, mas quando a minha filha tinha uns três anos, eu fiz várias perguntas a ela com natureza espírita. Perguntei quem ela foi em outra vida, se tinha filhos, como era a casa dela, o nome dos parentes e amigos. Ela me deu detalhes incríveis. Como eu sou totalmente cético, eu testava a capacidade dela de fantasiar e, em vez de insistir numa única história, eu passava adiante para outras histórias. Por exemplo, ela dizia que foi uma médica. Depois eu a induzia: “Mas você não disse que foi um rei?” E aí ela contava uma grande história sobre o tal rei. E fiz isso muitas vezes, e mostrava pra minha esposa, que ficava abismada. Eu sabia que era fantasia, mas uma pessoa “inviesada” pode mesmo acreditar nisso e, dependendo da linha de questionamentos, ouvir exatamente o que se quer ouvir. Os psicólogos infantis mudaram muito a forma de questionar crianças desde a década de 90, e tenho pra mim que Stevenson virou uma curiosidade de fim de noite por conta de seus métodos crentes e inviesados, com uma aura de cientificidade de coluna científica do Jornal “Meia-Hora”. Além do mais, nunca leio artigos da revista “Theta”. Prefiro a “Met-Art”, que além de theta, tem também bhunda e preshekah!

  2. Vitor Diz:

    Esse artigo custou 60 reais para pagar a revisão da tradução. Muito agradeço ao Juliano Kerne Pedroso e ao Marcos Arduin cujas doações ajudaram a pagar o serviço.

  3. Vitor Diz:

    Oi, Gilberto
    mas você em algum momento tentou averiguar se o que a sua filha disse aos 3 anos correspondia com a realidade? Algumas crianças têm tendência a fantasia, outras não. Testes psicológicos mostraram que crianças que lembram vidas anteriores cujos casos foram resolvidos (ou seja, a pessoa de quem ela falava existiu na vida real) não possuem tendência a fantasia, enquanto crianças cujos casos não foram resolvidos possuem tal tendência.
    .
    Outra coisa, os pais de Imad não tinham a mínima ideia sobre quem ele estava falando. Leia o artigo anterior.

  4. Gilberto Diz:

    Ainda acho que achamos exatamente o que procuramos. O artigo é “Cara@#, a reencarnação existe!”, mas não sei o que foi filtrado dos contatos com o garoto para se achar o que foi publicado. O que foi guiado, o que foi aproveitado e o que foi eliminado. Ainda acho que o viés é grande. A minha filha, quando era pequena, tinha um pavor absurdo, quase de entrar em crise, ao ouvir o barulho de uma furadeira. Depois ela superou, mesmo porque faço trabalhos em casa em que uso muito a furadeira. Será que ela foi assassinada em outra vida por uma furadeira? Aí eu procuro e vejo que houve um caso assim. Pesquiso e pergunto pra minha filha sobre as informações que adquiri. Filtrando o que não interessa, e guiando (até mesmo inconscientemente) a arguição, quem sabe eu criaria um caso “Stevensoniano”? Quando tiver um filho, faça o teste, você vai se surpreender com o que as crianças absorvem em dois ou três anos de vida. Elas dizem e fazem cada coisa, que quem é “inviesado” pode interpretar como quiser.

  5. Transeunte Diz:

    Olá, permita-me um off-topic,

    esbarrei com esse artigo hoje:
    http://jusvi.com/artigos/45003

    Olha, que o advogado de defesa use a psicografia como recurso eu entendo… Mas realmente assusta ver um artigo assim, inclusive quando ele afirma coisas desse tipo: “Não é o caso da prova psicografada, baseada em vasta demonstração da cientificidade do fenômeno mediúnico”

    Nesses momentos que agente visualiza a importância de sites como o teu, para fazer frente a esse tipo de coisa.

  6. Juliano Diz:

    Vitor

    Claramente não é um caso de renascimento misturado ou dividido. Porém o mais interessante, no meu entender, nesta parte do debate, diz respeito as informações de Sleimann contidas no artigo. Ao que parece, as informações passadas por Sleimann são bastante conclusivas que ele seria a reencarnação de Said. E Stevenson, ao contrário do que foi colocado por Rogo, deixa claro a distinção entre os dois meninos, e as fortes evidências de que Imad é a reencarnação de Ibrahim. Por fim, o caso é mais um que evidência a real possibilidade de continuidade da consciência após a morte do corpo físico. Se fosse um caso isolado, praticamente único, até se poderia levar em consideração a hipótese de forte interferência da família na produção das “rememorações”. Mas não é o caso, já há vários casos, que não possuem uma ligação sequer. Por óbvio, a sobrevivência da consciência é um fato sim que a ciência em determinado momento vai ter que se debruçar com mais atenção sobre o tema, sem o enfoque religioso que é um atraso e que em verdade atrasa e muito tais pesquisas. É isto.

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