Um Experimento de Clarividência de Resposta Livre com uma Psíquica Talentosa (2011)
Este artigo, publicado em 2011, traz resultados fantásticos obtidos com uma psíquica chamada Lina R. Johansson sob condições laboratoriais rígidas de controle, em que foi utilizado o método duplo-cego. A revisão da tradução custou 156 reais. Agradeço ao Márcio Rodrigues Horta pelo patrocínio.
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© 2011 AIPR, Inc. ISSN: 1445-2308 |
Australian Journal of Parapsychology Volume 11, Number 1, pp. 41-59 |
Um Experimento de Clarividência de Resposta Livre com uma Psíquica Talentosa
KAARE CLAUDEWITZ, FINN WILLADSEN, E ADAM RYCZKOWSKI
Resumo: Através de cinco sessões experimentais, a capacidade psi de uma psíquica foi testada pedindo-lhe para descrever e identificar imagens escondidas em envelopes opacos. Em cada uma das cinco sessões, dez envelopes foram usados (testes totais = 50) e as descrições foram pareadas por juízes independentes. Para todos, exceto um juiz, as taxas de acerto foram significativas (p < 0,001), sugerindo que a psíquica tinha uma capacidade acima do acaso para transmitir informações sobre as imagens através de suas impressões. Aspectos fenomenológicos das atividades mentais são discutidos.
Palavras-chave: clarividência, PES, resposta livre, psi, psíquica
INTRODUÇÃO
Muitos parapsicólogos acreditam que a resposta livre tende a ser melhor assemelhando-se às condições de ocorrência de psi espontânea do que é o caso de tarefas de escolha forçada (Burdick & Kelly, 1977, pág. 109)[1] Apesar deste conhecimento, as tarefas de PES de escolha forçada dominaram a pesquisa em parapsicologia durante décadas a partir do momento em que J. B. Rhine introduziu os cartões de Zener (Rhine, 1934). No entanto, Tart (1966) caracterizou a adivinhação de cartões como “uma técnica para extinguir o funcionamento psíquico no laboratório”, devido à natureza repetitiva e muitas vezes tediosa da tarefa. Targ e Puthoff (1977, ver também Tart, Puthoff, & Targ, 1979) também perceberam que os testes com cartões de Zener têm limitações, e promoveram a resposta livre em seus experimentos de visão remota (VR) (VR é definida como a capacidade de alguns indivíduos de perceber, e de serem capazes de descrever, o que eles veriam caso estivessem localizados em algum local distante).
A técnica Ganzfeld também utiliza a adivinhação de resposta livre (Honorton & Harper, 1974; Palmer, 2003; Schlitz & Honorton, 1992; Storm, Tressoldi, & Di Risio, 2010). Ganzfeld usa a estimulação sensorial homogênea e não padronizada para produzir um efeito semelhante ao da privação sensorial. A privação de estímulos sensoriais padronizados é dita ser favorável às impressões de natureza paranormal geradas internamente.
A maioria das pesquisas sobre fenômenos paranormais no início do século XX concentrou-se especialmente em indivíduos talentosos (ou seja, médiuns). No entanto, J. B. Rhine acreditava que as habilidades de PES estariam igualmente distribuídas entre a população em geral e, portanto, os parapsicólogos começaram a realizar experimentos com sujeitos não selecionados (por exemplo, estudantes universitários). Apesar de a incidência das experiências relatadas de PES poderem estar distribuídas de forma equivalente por toda a população, isto não implica necessariamente que todo mundo possa demonstrá-las em um experimento controlado. Se outras habilidades não estão distribuídas uniformemente entre a população, por que as habilidades de PES deveriam estar? Nós acreditamos que é essencial trabalhar com indivíduos dotados de modo a obter resultados significativos consistentes em experiências parapsicológicas. Infelizmente, é muito difícil encontrar esses participantes. William James disse que “Se você deseja desmentir a alegação de que todos os corvos são pretos… é o suficiente provar que um único corvo é branco” (James, citado em Murphy & Ballou, 1960, p. 41). Consequentemente, nós não precisamos demonstrar que “todo mundo tem PES”, só precisamos encontrar um único indivíduo que pode demonstrar isso sob condições controladas.
Na história da pesquisa psíquica encontramos vários relatos de psíquicos que são capazes de descrever o conteúdo de caixas ou envelopes lacrados. Um dos psíquicos mais famosos do século passado foi Stefan Ossowiecki (1877-1944) da Polônia (Barrington, Stevenson & Weaver, 2005), que, aparentemente, podia identificar textos manuscritos e imagens (principalmente desenhos) escondidos. Um dos experimentos mais famosos com Ossowiecki foi feito durante o Congresso Internacional sobre Pesquisas Psíquicas em Varsóvia, em 1923. Ele descreveu corretamente um envelope vermelho e um verde escondido em um envelope lacrado e opaco. Ele pôde “ver” que o envelope vermelho continha um desenho de uma garrafa dentro de um quadrado com o ano de “1923”, escrito no canto do papel. Ele também disse que havia algo escrito em francês no verso do desenho. Estas descrições acabaram por se revelarem corretas. No entanto, não houve juízes independentes nem se utilizou de avaliações estatísticas em quaisquer das experiências com ele.
Fukurai (1931) descreveu algumas experiências com uma jovem mulher, que parecia ser capaz de identificar letras japonesas escondidas em envelopes ou caixas. Em 1910, Fukurai e seus colegas conduziram uma série de experimentos com esta mulher. Ela sentou sozinha em uma sala com o material alvo em sua mão. Os alvos eram escondidos em envelopes fechados ou em bules selados com papel. De uma sala adjacente, por meio de uma porta de correr, os pesquisadores observaram-na por trás. Em 10 de 13 testes ela identificou corretamente os nomes nos cartões que eram formados por quatro ou cinco letras japonesas. Uma vez que o alfabeto japonês possui cerca de 300 letras este resultado é altamente significativo, mas não foram feitas avaliações estatísticas. No entanto, deve considerar-se problemático o fato de os experimentadores observarem apenas a médium por trás e que, em alguns casos, chegaram ao ponto de não a observarem na sala experimental. Quando os pesquisadores colocaram o material alvo em uma caixa dupla selada e, em seguida, colocaram a caixa dentro de uma lata lacrada, a mulher não se dispôs a continuar as experiências.
Vários anos depois, Ryzl e Pratt (1963) publicaram algumas experiências bem sucedidas com o checo psíquico Pavel Stepanek, que aparentemente podia identificar as cartas escondidas em envelopes opacos, mas estes foram todos testes de escolha forçada (ou seja, pediam que o participante adivinhasse se o cartão dentro do envelope tinha o seu lado superior branco ou verde). Stepanek obteve 1133 acertos, de um total de 2000 tentativas, o que representa um desvio positivo de 133 (p < 10–8). No entanto, Hansel (1980) sugeriu que a deformação das cartas poderia ter gerado pistas que, por sua vez, teriam sido responsáveis ??por este resultado. Isto seria devido ao encolhimento do lado da carta que tinha sido colorido. Quando Beloff forneceu suas próprias cartas, Stepanek pontuou ao nível do acaso (Ryzl & Beloff, 1965).
Musso e Granero (1973) descreveram um experimento de PES com um sujeito altamente dotado. Uma condição era de clarividência e as outras duas foram de percepção extra-sensorial geral (GESP). Na condição de clarividência desenhos-alvo eram escondidos em envelopes opacos que eram embaralhados, e na condição GESP o agente olhava para o desenho e tentava transmiti-lo para o psíquico. O psíquico foi colocado em outra sala, onde ele tentava determinar, através da PES, qual era o desenho-alvo. Seus desenhos de resposta foram então combinados com as imagens-alvo por quatro juízes independentes. O resultado da experiência foi altamente significativo para cada uma das três condições e para a experiência como um todo (p < 10 –7). Não houve diferenças significativas entre as três condições.
Johnson (1973) testou vários estudantes universitários quanto à PES. Ele queria medir o grau em que a PES era usada quando os indivíduos estavam engajados em uma tarefa cognitiva tal como exame. Seu ‘exame’ foi um teste de psicologia de oito perguntas. As folhas de exame tinham espaços para as respostas e estavam anexadas à frente e às costas de um grande envelope opaco. Dentro do envelope havia respostas a algumas das perguntas (ou seja, em dois experimentos, os alvos ocultos continham respostas corretas para as questões do exame, enquanto que no terceiro experimento os alvos previam respostas incorretas às perguntas que lhes foram associadas, tendo assim uma função negativa). Os resultados mostraram que os estudantes pontuaram significativamente menos nas questões fornecidas com respostas incorretas (p < 0,001). Este resultado sugere que os participantes inconscientemente perceberam algumas das informações escondidas no envelope por clarividência. A vantagem deste tipo de experiência é que evita as atitudes dos participantes frente a PES já que eles não estão cientes de que estão sendo testados. Isso também elimina possíveis artefatos resultantes da interação participante/experimentador. A desvantagem é que o trabalho com os participantes não selecionados em experimentos de PES pode aumentar a chance de obter resultados não significativos.
Por alguma razão, há poucas experiências de clarividência publicadas onde os alvos estão escondidos em envelopes opacos que os participantes estão autorizados a segurar. O estudo que estamos apresentando aqui neste artigo mais se assemelha às experiências feitas por Geley (1927) e Richet (1928) com o psíquico polonês Stefan Ossowiecki em 1920. Como Geley e Richet, testamos uma psíquica altamente talentosa familiar aos processos paranormais, e nós também demos liberdade à nossa psíquica para segurar os materiais alvo escondidos. Desta forma, ela poderia usar suas habilidades paranormais ostensivas clarividentemente ou psicometricamente (pela leitura de objetos), ou talvez ambas. Em alguns experimentos Ossowiecki aparentemente era capaz de ler o texto escrito escondido em envelopes opacos, mas nós nunca antecipamos que a nossa psíquica poderia replicar tais desempenhos. Em vez disso, decidimos usar uma série de imagens escondidas em embrulhos postais que pedimos que a nossa psíquica descrevesse (usar embrulhos postais pode ser considerado como uma boa condição de controle, porque não há nenhuma chance de vazamento sensorial devido à espessura dos embrulhos). Os detalhes estão descritos a seguir.
MÉTODO
A Participante
O psíquico testado no presente experimento é Lina R. Johansson, uma mulher de 32 anos de idade, nascida na Lituânia, que agora vive na Dinamarca. Sua intuição aparentemente tem sido muito forte desde a infância, fase em que as diferentes experiências de natureza psíquica chegaram a ela através de sentimentos ou sonhos. Ela afirma ter sonhos premonitórios. Esse tipo de habilidade psíquica ficou ainda mais poderosa em torno de 2005. Além dessa habilidade incomum, uma capacidade visionária (clarividente) também teria se desenvolvido. Eventualmente, ela começou a dar leituras psíquicas para clientes individuais em regime parcial de tempo. Durante tais leituras ela fala às pessoas sobre si mesmas e as aconselha sobre os seus problemas.
O autor perguntou se ela podia “ver” o que havia acontecido às pessoas desaparecidas, olhando para as suas fotos. Cinco vezes seguidas ela foi capaz de dizer corretamente o que tinha acontecido a elas. Por exemplo, em uma visão, ela viu que um rapaz desaparecido havia se afogado depois de ter visitado uma casa pública em Copenhague com alguns amigos. Ele havia dito a seus amigos que ele ia a pé para casa porque não tinha dinheiro para um táxi, mas não havia pontes ou água que precisasse cruzar a caminho de casa, por isso a declaração da médium soou improvável. No entanto, dez dias depois, seu corpo foi encontrado no porto de Copenhague. Ela também disse que duas mulheres desaparecidas haviam sido assassinadas e, pouco depois, seus corpos maltratados foram encontrados.
É claro que esses resultados poderiam ser atribuídos à sorte ou adivinhação, mas nos incentivaram a iniciar os testes com ela. Em alguns testes preliminares realizados pelos autores, ela demonstrou a leitura de objetos com resultados surpreendentes. Por exemplo, ela recebeu uma foto do sogro de um dos autores, e corretamente disse que ele tinha sido morto por alguns homens. No entanto, nestes testes não podemos descartar a possibilidade de sinais não-verbais dos experimentadores.
Materiais
Os alvos não foram escolhidos aleatoriamente, mas especialmente escolhidos com base na intensidade emocional, cor, nitidez e simplicidade. Os alvos também tinham que ser suficientemente diferentes uns dos outros para minimizar a confusão possível e para tornar mais fácil o julgamento. Algumas imagens eram de locais ou eventos históricos.
As fotos alvo foram escolhidas principalmente da Internet e impressas em papel Xerox, mas algumas delas eram cartões postais. Cada imagem foi envolta em papel alumínio à prova de luz e, em seguida, colocada dentro de um envelope, que, em seguida, foi colocado dentro de um embrulho dos correios (isto é, um embrulho postal protetor com bolhas) que foi então selado. Os embrulhos foram examinados em relação a uma fonte de luz muito forte, mas não foi possível ver as imagens dentro. Para cada sessão, os conjuntos de alvos tinham 10 imagens diferentes:
Sessão 1: (1) Crianças sentadas em um banco, (2) dois papagaios coloridos, (3) um elefante em uma savana, (4) uma foto recente da entrada para Auschwitz na qual nenhuma pessoa aparecia; (5) jovens fugindo de uma cachoeira, (6) um raio em um parque; (7), uma mulher chorando com dois filhos nos braços; (8) a descida de Cristo da cruz; (9) um chefe indígena, e (10) uma mulher feliz amamentando seu bebê.
Sessão 2: (1) O cemitério de Arlington, (2) um corpo queimado, (3) barcos que navegam em um mar; (4) uma menina chorando, (5) uma árvore; (6) crianças felizes: (7) o assassinato do Presidente Kennedy; (8) a onda do tsunami na Tailândia; (9) uma luta de boxe, e (10) uma execução na cadeira elétrica.
Sessão 3: (1) Um índio em um cavalo, (2) uma cena de uma partida de futebol, (3) uma praia com palmeiras, (4) duas crianças se beijando, (5) um gatinho em um teclado; (6) um soldado morto; (7) um barco no mar; (8) um palestino atirando pedras em um tanque; (9) um homem caindo do World Trade Center (WTC), e (10) as duas torres em chamas de 11/9.
Sessão 4: (1) A catedral de Colônia; (2) uma cena egípcia; (3) uma dança folclórica; (4) o retrato de uma mulher, (5) a inundação de Nova Orleans com um barco na foto; (6) uma casa e uma torre de igreja; (7) um encontro de homens felizes; (8) faixas de transporte ferroviário; (9) os técnicos no centro espacial no momento em que ouviram sobre o desastre do Challenger; (10) uma tira de desenho animado.
Sessão 5: (1) o naufrágio de um petroleiro, (2) a Torre dos Ventos em Atenas, (3) um cientista em um laboratório; (4) mergulhadores; (5) o desastre do Hindenburg, (6) a Procissão da Virgem Maria; (7) uma manifestação de trabalhadores em um dia de verão; (8) uma cobra em uma árvore; (9) a esfinge do gelo, e (10) o desastre de Aberfan no País de Gales, em 1966.
Procedimento
Cinco sessões experimentais ocorreram na sede da Sociedade Dinamarquesa de Pesquisas Psíquicas (DSPR) durante um período de cerca de 10 meses em intervalos irregulares. Antes de cada sessão, dez imagens diferentes foram selecionadas como o material alvo.
Um colega de trabalho da DSPR misturou os embrulhos postais fechados, que foram, então, numerados de 1 a 10.
A psíquica entrou na sala experimental pouco iluminada. Ela se sentou em uma cadeira confortável, e um embrulho postal (selecionado aleatoriamente em um outro quarto) foi entregue a ela. Ela foi informada de que havia uma imagem dentro do embrulho e ela foi, então, requisitada a tentar obter uma impressão da imagem dentro do embrulho e descrevê-la. Ela foi autorizada a manusear o embrulho do modo que ela quisesse, mas é claro que ela não foi autorizada a abri-lo. Dois experimentadores estavam presentes com a psíquica ao longo da sessão. Depois que ela terminou de fazer sua descrição, ela recebeu o embrulho seguinte da pilha de nove embrulhos restantes que foi colocada em uma sala adjacente. Os embrulhos utilizados foram colocados em uma pilha separada na sala ao lado. Assim, nas três primeiras sessões, onde cada sessão consistia em 10 testes cada, um dos pesquisadores selecionou a imagem-alvo para cada teste, e ele estava presente na sala durante o experimento. No entanto, ele não estava presente na sala quando o outro experimentador misturou os embrulhos. Portanto, nenhum experimentador sabia qual alvo estava no embrulho segurado pela psíquica. Nas duas últimas sessões, os alvos foram selecionados por um membro da DSPR, mas, mais uma vez, cada sessão consistia em 10 testes cada.
Em cada teste, um embrulho ficou nas mãos da psíquica, ela fornecendo suas impressões sobre o conteúdo do embrulho alvo. As suas impressões foram gravadas em um gravador digital e depois transcritas. Depois de cada uma das cinco sessões, todos os dez embrulhos foram abertos e a psíquica foi autorizada a receber um feedback, vendo as imagens-alvo, embora ela não soubesse qual a imagem foi alvo de um dado teste. Os experimentadores permaneceram em silêncio durante todas as cinco sessões.
As transcrições das impressões para cada sessão foram enviadas de forma aleatória por e-mail a três juízes independentes. Foi difícil encontrar pessoas que quisessem atuar como juízes durante todo o experimento, pois o julgamento era um processo bastante demorado. Assim, com a exceção de um juiz, os juízes não foram sempre as mesmas pessoas durante todo o experimento — alguns juízes eram membros da DSPR, e outros não tinham conhecimento prévio dos processos parapsicológicos. Os juízes foram convidados a combinar cada uma das 10 descrições da participante de cada sessão com uma e apenas uma das 10 imagens alvo escolhidos para cada sessão. Assim, os três juízes fizeram um total de 30 combinações (ou seja, 3 × 10) por sessão, o que gera um total de 5 x 30 = 150 combinações para todas as cinco sessões.
Ao todo, foram realizadas cinco sessões experimentais com 10 testes em cada sessão. Por uma questão de conveniência e para poupar dinheiro reutilizamos os embrulhos postais, mas não os envelopes que continham os novos alvos em cada sessão.
O Modelo Matemático para Analisar os Dados
O procedimento estatístico é hierárquico; os dados podem ser analisados ??em duas etapas. Os resultados da Etapa 1 são usados ??em cálculos na Etapa 2 (que é a final). A Etapa 1 diz respeito a uma sessão com um juiz. Matematicamente é o problema de combinar 10 fotos a 10 envelopes (o que é feito em conjunto pela psíquica e um juiz). A Etapa 2 diz respeito ao problema de cinco repetições da Etapa 1.
Pierre-Simon de Laplace (2007) descreve a probabilidade básica assim:
A teoria da possibilidade consiste na redução de todos os eventos do mesmo tipo com um certo número de casos igualmente possíveis, isto é, assim podemos estar igualmente indecisos sobre a sua existência, e na determinação do número de casos favoráveis ao evento cuja probabilidade é procurada. A razão entre este número e o de todos os casos possíveis é a medida desta probabilidade, que é, portanto, apenas uma fração cujo numerador é o número de casos favoráveis ??e o denominador é o número de todos os casos possíveis. (Laplace, 2007, p. 6).
O conjunto de todos os eventos possíveis que são mutuamente exclusivos é chamado de espaço amostral, ou de o conjunto de acontecimentos elementares. Na formulação moderna da teoria da probabilidade, eventos elementares não têm que ter a mesma probabilidade. Eles podem ter qualquer probabilidade desde que nós a conheçamos com exatidão. Nesse caso, a probabilidade de um determinado acontecimento é a soma das probabilidades de todos os acontecimentos elementares favoráveis ??a esse evento.
Etapa 1 (um juiz, uma sessão). Nós supomos que todas as formas distinguíveis de estabelecer ligações (criando relações) entre os envelopes e as imagens, de tal forma que cada imagem e cada envelope seja ligado apenas uma vez, é igualmente provável. No contexto do presente documento o processo de mapeamento é chamado de sessão.
Para chegar ao conjunto de todos os mapeamentos possíveis, pode-se enumerá-los com a mão. É possível, mas (como demonstrarmos em breve, muito tedioso: será mostrado que pode ser feito em 10! diferentes formas). Para ajudar nesta enumeração vamos observar que este problema é equivalente ao problema do rearranjo de 10 alvos: se enumerarmos cada imagem (ou seja, a imagem n.1, n.2, … n.10), então podemos representar o mapeamento entre as fotos e os envelopes como uma forma específica de reordenar os quadros em novas posições.
O rearranjo (ou reordenação) é chamado de permutação, e o problema de encontrar o conjunto de todas as possíveis reordenações de 10 alvos é matematicamente descrito como o problema de encontrar todas as permutações possíveis de um conjunto de 10 alvos.
Permutações. A permutação de um conjunto finito S de n elementos é equivalente a uma escolha de uma ordenação (total) em S. Existem n! permutações distintas de S, que se traduz em 10! = 3.628.800 possíveis e, como já supomos, maneiras igualmente prováveis ??de combinar os envelopes com as imagens. Este conjunto constitui o nosso espaço amostral.
Como dito anteriormente, para calcular a probabilidade de um determinado evento, necessitamos apenas contar o número de eventos favoráveis ??elementares e dividir esse número pelo número total de eventos elementares.
Probabilidade do número de combinações possíveis. Nós estamos buscando a probabilidade de cada número possível de combinações corretas entre o juiz e a psíquica. Esta probabilidade é igual à probabilidade de um evento em que a permutação concorda com o modelo de permutação (correta) dada em n locais (alvos). Devido à simetria do problema, a escolha do modelo de permutação (correta) não é importante, pode ser qualquer permutação — por exemplo, a permutação de identidade — contanto que seja constante ao longo de toda a sessão.
Graças à capacidade dos computadores modernos, é possível contar o número de eventos favoráveis ??automaticamente para cada n. Cálculos foram feitos em Wolfram Mathematica 7 com o seguinte código:
ps = Permutations[Range[1, 10]];
Cnt[l_] := Plus @@ MapThread[If[#1 == #2, 1, 0] &, {l, Range[1, 10]}]
Cnt [n] retorna o número de eventos ??elementares favoráveis em que a permutação concorda com a permutação correta dada em n lugares (alvos). O número de eventos para o nosso problema (Etapa 1), é dado na Tabela 1 (para detalhes precisos sobre cálculos, veja o APÊNDICE).
Tabela 1
Probabilidades de Obter um Determinado Número de Respostas Corretas em uma Sessão do Experimento
Número de Combinações Corretas |
Número de Combinações |
Distribuição Cumulativa |
0 |
1.334.961 |
1.00 |
1 |
1.334.960 |
6,32 x 10 –1 |
2 |
667.485 |
2,64 x 10 –1 |
3 |
222.480 |
8,03 x 10 –2 |
4 |
55.650 |
1,90 x 10 –2 |
5 |
11.088 |
3,66 x 10 –3 |
6 |
1.890 |
6,00 x 10 –4 |
7 |
240 |
7,88 x 10 –5 |
8 |
45 |
1,27 x 10 –5 |
9 |
0 |
2,76 x 10 –7 |
10 |
1 |
2,76 x 10 –7 |
*Estes valores são a probabilidade p de, pelo menos, tantas combinações corretas (por exemplo, a probabilidade de pelo menos 0 combinações é de 1,0, e a probabilidade de, pelo menos, 2 combinações é de 2,64 × 10 –1, etc.).
Para cada sessão, podemos designar a probabilidade de um acordo de exatamente n combinações com a reordenação do modelo; P (n). Naturalmente, temos:
Posteriormente iremos tratar essa função como a distribuição de probabilidade que define a variável aleatória D1, o número de correspondências corretas em uma sessão. Tecnicamente, para esse cálculo é necessário traduzir o nosso problema para o novo espaço amostral. Isso é sempre possível, se o nosso espaço amostral novo abrange todos os resultados possíveis, e se o novo espaço amostral consiste em eventos mutuamente exclusivos (elementares). Deixe-nos definir o novo espaço amostral como um espaço que consiste em 11 eventos (incluindo zero combinações) descritos na Tabela 1 com as probabilidades dadas.
Etapa 2 (um juiz, cinco sessões). A distribuição da soma das variáveis ??é calculada assim: nós calculamos a soma do número de combinações de duas variáveis ??aleatórias independentes através das sessões usando um operador matemático conhecido como convolução (Grinstead & Snell, 1997).[2] A convolução da distribuição de probabilidade das variáveis aleatórias ??B e C fornece a probabilidade de distribuição D da soma de B e C. O operador de convolução discreto é indicado pelo símbolo ‘*’ e definido como:
Nós podemos continuar este processo para obter a soma de qualquer número de variáveis ??aleatórias de forma recursiva. No nosso caso, para se chegar a uma distribuição de probabilidade da soma dos resultados corretos para cinco sessões (isto é, D5), fizemos os cálculos da seguinte forma:
D1 = Probabilidade de distribuição para uma sessão
D5 = D1 * D1 * D1 * D1 * D1 = distribuição de probabilidade para a soma de combinações corretas para cinco sessões
A distribuição de probabilidade de D5 é mostrada na Figura 1.
RESULTADOS
A Tabela 2 apresenta os resultados de cada juiz. O Juiz #1 obteve um resultado significativo, sugerindo a presença de PES (N = 15, p = 2,26 × 10–4).
Probabilidade
Nº de combinações corretas |
Figura 1. Distribuição de probabilidade da soma de combinações corretas para 5 sessões e 1 juiz.
O Juiz #2 também obteve um resultado significativo (N = 10, p = 3,18 × 10–2). Para este resultado, no entanto, devemos reservar o nosso julgamento já que o assim chamado ‘juiz’ representa duas pessoas diferentes, porque o primeiro juiz foi embora e foi substituído por outro. Assim, o resultado é ambíguo, sem indicação clara de PES. Para o juiz #3, o resultado não foi significativamente melhor do que o acaso (N = 6, p = 0,384).
Tabela 2
Número Total de Combinações Corretas para cada Juiz
Número do Juiz |
Combinações Corretas nas 5 Sessões |
valor p (unicaudal) |
#1 |
5 + 2 + 4 + 2 + 2 = 15 |
2,26 x 10–4 |
#2 |
1 + 4 + 1 + 2 + 2 = 10 |
3,18 x 10–2 |
#3 |
1 + 2 + 1 + 1 + 1 = 6 |
3,84 x 10–1 |
Aspectos Fenomenológicos[3]
Na Sessão 1, um juiz conseguiu cinco combinações corretas, enquanto os outros só obtiveram uma correspondência correta cada. No entanto, todos os juízes combinaram o Alvo No. 4 (a entrada de Auschwitz) corretamente com a descrição da participante. A participante obteve as seguintes impressões: É algo material, algo que é construído por seres humanos… há algo quadrático sobre isso. É um mundo difícil e você vai ter que pensar lógico lá. Eu não acho que haja pessoas nesta foto.
A médium deu a seguinte descrição do Alvo No. 1 (crianças sentadas em um banco): Há várias pessoas na imagem… é como se estivessem sentadas em um banco olhando para as pessoas que passavam. Um dos juízes combinou este alvo com a descrição correta devido ao fato de que a participante mencionou alguém sentado em um banco. O mesmo juiz também combinou o Alvo No. 5 (jovens correndo) corretamente com esta descrição: Há uma boa energia neste. Trata-se de rapidez — rapidez mental. Tem algo a ver com os movimentos livres. Há uma energia humana na foto. Eu recebo uma foto de uma pessoa com essas qualidades. Há algo juvenil nela. Este juiz também conseguiu combinar dois outros alvos corretamente (i.e., No. 2 e No. 3), apesar de as descrições não serem tão surpreendentes como as mencionadas acima.
Observou-se que, durante os testes, a psíquica, por vezes, deu uma descrição muito boa de um alvo que veio logo após um que ela tinha de fato manejado. Assim, na Sessão 1, ela deu a seguinte descrição do Alvo No. 10 (uma mulher feliz amamentando seu bebê): “Eu tenho um sentimento triste. Tem algo a ver com uma mulher… Tem algo a ver com tristeza e preocupação. Pode haver mais pessoas na foto… Há algo sério sobre isso.” Esta descrição parecia corresponder melhor ao Alvo No. 7 (uma mulher chorando com dois filhos), já que os juízes pensaram que este seria o caso. Esta ambiguidade pode ser explicada como um efeito precognitivo, mas também pode ser que o médium tenha “visto” através da clarividência a imagem na pilha de embrulhos postais fechados com os alvos apesar de ela ter sido colocada a vários metros de distância dela. No entanto, com o método utilizado, esses ‘acertos’ só poderiam ser contados como erros.
Outro alvo na Sessão 1 foi um retrato da descida de Cristo da cruz. A participante deu a seguinte descrição: “Eu estou ficando nervosa com essa imagem. Tem algo a ver com um homem e é algo sério. Não há cores felizes aqui, parece morto. Meu coração está batendo mais forte com esta foto. Há algo na forma como o homem se veste – talvez ele esteja vestindo uma jaqueta preta”. A descrição é interessante porque essa foi a única vez durante a sessão que ela mencionou que algo que estava morto. Infelizmente, nenhum dos juízes combinou sua descrição com a imagem-alvo correta, provavelmente porque ela disse que o homem da foto usava uma jaqueta preta. No entanto, não é de forma alguma incomum que as impressões de PES sejam distorcidas e misturadas com as associações de outros pensamentos. Por exemplo, Ullman, Krippner, e Vaughan (1973) relataram como um participante descreveu uma imagem-alvo de uma luta de boxe por ter sonhado com um acidente de carro.
Na Sessão 2, a psíquica deu esta descrição do Alvo No. 1 (Cemitério de Arlington): “Há algo sério… Há algo obscuro nisso… Tem algo a ver com cores tristes ou escuras. Tem algo a ver com os homens. Há uma atmosfera negra e triste nessa imagem.” Um dos três juízes combinou esta descrição com o alvo correto. Também na Sessão 2 a psíquica obteve as seguintes impressões do Alvo No. 7 (o assassinato de Kennedy): “Parece-me que há vários homens nesta imagem. Há algo forte nisso. Aqui estão algumas pessoas que decidem sobre o país … Há algo com uma árvore. Há algo de errado nesta foto. É como se alguém estivesse em guarda. Eu quero ficar longe desta imagem porque algo foi feito aqui que a faz irradiar algo ruim.” A foto mostrava o momento em que o presidente era atingido pela bala do assassino. No fundo algumas árvores podem ser vistas. Todos os três juízes combinaram esta descrição com o alvo correto.
Outro alvo na Sessão 2 era uma imagem de uma luta de boxe. A participante deu a seguinte descrição: “Isso tem alguma coisa a ver com pessoas e amor — ou talvez seja sobre a falta de amor… Isto é sobre sentimentos em relação a outra pessoa — tem algo a ver com uma relação entre duas pessoas.” Mesmo que esta descrição à primeira vista pareça estar longe de descrever uma luta de boxe, dois juízes conseguiram combiná-la com a imagem-alvo correta.
Outra vez na Sessão 2, nós observamos novamente que a participante descreveu perfeitamente uma imagem-alvo pouco tempo antes de ela ter sido apresentada a ela. Enquanto sentada com o Alvo No. 5 (uma árvore) ela teve a seguinte impressão: “Tem alguma coisa a ver com uma criança ou com jovens. Há várias pessoas na imagem que tem a ver com crianças … crianças muito felizes. Eu me sinto feliz com isso. Há alguma natureza no fundo.” Exceto pelo fato de a participante mencionar natureza, não há muito nesta descrição que coincida com o alvo real, mas ela poderia ser mais adequada como uma descrição premonitória do Alvo seguinte, o No. 6, que era uma imagem de crianças felizes. No entanto, a descrição da participante do Alvo No. 6 ficou muito longe de algo que tivesse a ver com crianças.
Na Sessão 3, a participante descreveu o Alvo No. 2 (um jogo de futebol) assim: “Há movimento nessa imagem e ela tem algo a ver com pessoas… Há atividade e movimento… Parece que a natureza de alguma forma é parte dela.” Todos os juízes combinaram esta descrição com a imagem correta. A participante descreveu o Alvo No. 3 (uma praia com palmeiras) da seguinte forma: “Tenho a impressão de que há água … Tem algo a ver com uma paisagem ou com algum tipo de natureza, mas há também algo de frio nela.” Dois dos juízes combinaram esta descrição com a imagem-alvo correta. A participante deu esta descrição do Alvo No. 8 (de palestinos atirando pedras em um tanque): “Parece ser uma mistura de pessoas e coisas. Alguma coisa está em pé no centro … Há algo quadrático na foto … Não há alegria aqui. É algo sério. Eu tenho um sentimento triste, mas eu não consigo explicar o porquê. Tudo parece muito triste.” Um dos juízes combinou esta descrição corretamente.
A descrição da participante do Alvo No. 10 (o incêndio nas torres do WTC): “Isso parece pesado. Há alguns sentimentos fortes aqui, sentimentos tristes. Há algo quadrático nesta imagem. É uma foto muito grave. Há algo preto e branco aqui. Estou pensando em morte. A imagem tem algo a ver com a vida e a morte. A imagem tem a ver com algo histórico. Tem algo a ver com a vida das pessoas e a morte.” Um dos juízes combinou esta descrição corretamente.
Na Sessão 4, a participante descreveu o Alvo No. 5 (a inundação de Nova Orleans), desta forma: “Tenho a impressão de um iate no mar. Eu vejo um tecido branco, talvez uma vela. É algo com chuva e água, há um barco e um guarda-chuva.” Todos os juízes combinaram esta descrição com o alvo correto. A participante deu a seguinte descrição do Alvo No. 9 (o desastre da Challenger): “Isso parece algo sério … Algo com aviso e alarme. Existe algum equipamento para isso. É como um alto-falante, talvez para dar um aviso. A imagem irradia a mensagem de que algo grave aconteceu.” Dois juízes combinaram esta descrição com a imagem-alvo correta.
Na Sessão 5, a médium descreveu o Alvo No. 1 (uma manifestação de trabalhadores em um dia de verão), desta forma: “Deve haver pessoas nesta foto. Estou pensando em um dia de verão com pessoas e vida.” Todos os três juízes combinaram esta descrição com o alvo correto. A participante descreveu o Alvo No. 7 (um cientista em um laboratório) desta maneira: “Tenho a impressão de tubos … Isso é feito por seres humanos … há algo técnico sobre isso.” Um dos juízes combinou esta descrição corretamente. A participante deu a seguinte descrição do Alvo No. 5 (o desastre de Hindenburg): “Tenho a impressão de natureza com árvores. Há alguns animais rastejantes na natureza. Tenho a impressão de uma cobra.” Esta descrição foi muito longe da imagem-alvo real, de modo que nenhum dos juízes combinou-a corretamente, mas na verdade era uma representação precognitiva muito boa do Alvo No. 10 (uma cobra em uma árvore). Observou-se o mesmo fenômeno com o Alvo No.1 (o petroleiro), onde ela disse: “Parece como uma construção na natureza … Pode ser uma torre. Estou vendo também algumas árvores. É uma imagem muito tranquila.” O alvo seguinte foi a Torre dos Ventos em Atenas. Sua descrição do petroleiro ficou muito longe do alvo real.
DISCUSSÃO
O resultado destas experiências indica para dois juízes que a psíquica, de alguma forma paranormal, adquiriu as informações sobre o material alvo. É difícil ver como ela poderia ter obtido estas informações por meios normais sensoriais. A psíquica foi monitorada de perto em todos os momentos durante as sessões, e embora ela tenha sido autorizada a manejar os embrulhos postais, ela não tinha permissão para segurá-los contra a luz. Mas mesmo que os embrulhos fossem colocados em uma fonte de luz muito forte era impossível ver o conteúdo dentro. Além disso, a luz do quarto foi muito diminuída.
Se considerarmos a hipótese de que a psíquica, através de algum tipo de fraude, foi capaz de ver a imagem-alvo através de seus sentidos normais, ainda ficamos com as suas descrições um tanto vagas. Se ela realmente viu as imagens-alvo através de fraude, por que ela não disse diretamente quais eram os alvos? Ela poderia, por exemplo, já dizer claramente que “esta é uma imagem da entrada de Auschwitz” ou “esta é uma imagem do assassinato do presidente Kennedy” e, nesse caso, teria sido uma tarefa muito fácil para os juízes combinar os alvos com as descrições. Em vez disso, ela deu algumas descrições bastante turvas dos alvos, as quais muitas vezes têm algo a ver com sentimentos ou emoções. Por exemplo, ela não disse “esta é uma imagem do cemitério de Arlington”. Em vez disso, ela falou sobre tristeza e escuridão, e o alvo tinha algo a ver com os homens. Ambas as afirmações são consistentes com os fatos (já que a maioria das pessoas enterradas neste cemitério é formada por homens).
Mesmo que alguns dos alvos tenham sido impressos em cartão em vez de papel Xerox, e que ela então pudesse ter notado uma diferença de peso, esta informação não lhe teria fornecido nenhuma pista sobre a imagem real. Uma possível diferença na textura também teria sido quase impossível detectar através da espessura do embrulho postal e até mesmo se considerarmos isso possível, isso não teria dito a ela nada sobre o conteúdo da imagem. Alguns podem considerar problemático que um dos experimentadores tenha selecionado os alvos para as três primeiras sessões, e esteve então presente durante as sessões, mas como ele não sabia qual imagem-alvo a participante estava segurando, é difícil ver como ela poderia ter obtido qualquer informação sobre o alvo real através dele.
Ainda que o número de correspondências corretas dado pela psíquica e por qualquer um dos juízes não tenha sido 100% exato, há um juiz que junto com a psíquica deu um número significativamente maior de combinações do que o acaso explicaria. É verdade que ela raramente disse diretamente o que as imagens alvo representavam, mas neste experimento o nosso foco está voltado para o resultado de suas descrições e para o modo em que os juízes as compreendem. É importante ressaltar que esta configuração experimental não depende da comunicação entre a psíquica e os juízes.
Teoricamente os juízes também poderiam ter combinado as descrições corretamente com as imagens-alvo usando a sua própria PES. Também não podemos excluir completamente a possibilidade de telepatia de um dos experimentadores nas três primeiras sessões, mas parece improvável que ele poderia ter influenciado a psíquica a obter um resultado significativo, já que ele não sabia a ordem dos alvos. Se o experimentador estivesse pensando em uma imagem específica durante a sessão, então a telepatia poderia ser responsável por alguns dos incidentes em que a participante aparentemente descreveu outro alvo em vez do que ela realmente estava segurando. No entanto, o pesquisador estava ciente desta possibilidade e se esforçou para não pensar em quaisquer das imagens alvo durante o experimento. Mesmo assim, algumas informações telepáticas podem ter escapado à psíquica e isso pode talvez explicar algumas de suas descrições equivocadas. Mas, uma vez que a participante nunca descreveu uma imagem-alvo anterior, acreditamos que é mais provável atribuir as suas performances à clarividência ou, talvez até, em alguns casos, à precognição. No entanto, é importante notar que estas possíveis descrições precognitivas sempre foram consideradas como erros neste estudo.
Um dos juízes obteve mais acertos do que qualquer um dos outros dois juízes, mas é difícil explicar a razão para isso. Destaca-se, entretanto, que esse juiz tinha um diploma universitário (os outros não tinham ensino superior) e também um interesse contínuo em parapsicologia e, portanto, um conhecimento mais profundo dos processos paranormais. Em estudos futuros, sugerimos que a pilha de embrulhos com as imagens-alvo seja mantida o mais afastada possível da psíquica, a fim de evitar qualquer “vazamento” de informações do embrulho seguinte. No entanto, uma vez que não foi estabelecido que a PES é afetada adversamente pela distância, controlar o fator distância pode não garantir que o vazamento não irá ocorrer, mas isso impede a psicometria. Ainda que os resultados indiquem que a PES pode ser um fenômeno verificável, os resultados também sugerem que se trata de uma forma um tanto instável de comunicação.
Conclusão
Os resultados globais nos dão razões para acreditar que a psíquica pode ter adquirido informações sobre as imagens através de algum mecanismo desconhecido. Nossa concepção tem a vantagem de produzir uma avaliação estatística dos dados, enquanto que, ao mesmo tempo, proporciona ilustrações dos processos de clarividência. A desvantagem é que se trata de um processo trabalhoso e demorado.
AGRADECIMENTOS
Agradecemos a Erlendur Haraldsson, Ulrich Timm e Jessica Utts pelas úteis sugestões editoriais e melhorias a este artigo.
REFERÊNCIAS
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APÊNDICE
EXPLICAÇÃO DA TABELA 1
Este Apêndice explica como as probabilidades da Tabela 1 são encontradas, para que outros pesquisadores possam gerá-las caso eles tenham diferentes números de sessões. Para gerar a Tabela 1, caso haja n sessões, então para uma combinação de “blocos fechados”, o número de permutações que resulta em exatamente k combinações é dado como se segue:
Uma vez que existem n! permutações possíveis, a probabilidade de exatamente k combinações é dada por:
Por exemplo, suponha que n = 10 e k = 7. O número de permutações que resulta em exatamente 7 combinações é,
como mostrado na Tabela 1, e a probabilidade de exatamente k combinações é determinada dividindo 240 por 10!
Referência original: Claudewitz, K., Willadsen, F. & Ryczkowski, A. (2011). A free-response clairvoyance experiment with a gifted psychic. Australian Journal of Parapsychology, 11 (1), 41-59
Este artigo foi traduzido por Vitor Moura Visoni e revisado por Inwords.
[1] Resposta livre é um termo que “descreve qualquer teste de PES em que o leque de alvos possíveis é relativamente ilimitado e desconhecido para o percipiente [observador/receptor]” (Thalbourne, 2003, pág. 44). Escolha forçada refere-se a uma adivinhação de alvo que é “um de um número limitado de possibilidades que são conhecidas [ao participante] com antecedência” (Thalbourne, 2003, p. 44)
[2] Convolução é uma operação matemática sobre duas funções f e g, que produz uma terceira função, que é normalmente vista como uma versão modificada de uma das funções originais.
[3] Deve ser notado que as descrições são traduções do dinamarquês para o inglês, mas, ainda assim, o mais próximo possível das transcrições originais.
outubro 2nd, 2012 às 11:41 AM
Que bom! Podemos mudar de assunto!
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Interessante matéria, Vitor. Foram testes cheios de detalhes e cuidados. E muita subjetividade. Eu não sei o que resta provado deste tipo de experiência. Aparentemente existe algo de “incomum”, mas o exercício não é conclusivo. Porque a “médium” simplesmente não diz que é uma foto de uma mãe amamentando uma criança, por exemplo? É preciso “forçar a barra” para encontrar relação entre as imagens e as palavras da moça. Tudo muito evasivo. E apenas algumas vezes isso é conseguido. Em boa parte das vezes, não há relação entre as fotos e o que a moça diz.
Acho que não é suficiente para ganhar o Desafio de Um Milhão de Dólares do James Randi…
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Sds.
outubro 2nd, 2012 às 11:30 PM
Antonio, nada é suficiente para ganhar o Grande Prêmio de Randi. Você já leu as regras? Acho bem estúpido quando citam o desafio como prova de uma possível cientificidade da paranormalidade, pois ciência não funciona assim. Tanto pra refutação como para corroboração. Não se dão através de prêmios, mas de pesquisas que envolvem décadas, anos e, muitas vezes, milênios para ter uma coleta de dados sólida.
outubro 3rd, 2012 às 1:25 AM
Oi Antônio,
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a metodologia é mais ou menos a mesma que os céticos recomendam nos testes paranormais, basta fazer algumas adaptações no texto. Veja esse link:
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http://brazil.skepdic.com/forer.html
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“… um teste adequado deveria primeiramente obter leituras feitas para um grande número de clientes, e então remover os nomes dos perfis (codificando-os de forma que possam mais tarde ser associados a seus respectivos donos). Após cada um dos clientes ler todos os perfis de personalidade, seria solicitado a cada um que escolhesse aquele que melhor o descrevesse. Se o leitor tiver realmente incluído material unicamente pertinente o bastante, os membros do grupo, em média, devem ser capazes de exceder o esperado pelo acaso ao escolher, do conjunto de perfis, qual o seu.”
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A diferença é que em vez de clientes tentando descobrir qual o perfil de personalidade seria o seu, temos juízes tendo descobrir qual descrição corresponde à imagem-alvo, mas o processo é basicamente o mesmo.
outubro 3rd, 2012 às 1:52 AM
Oi, Marcos,
só achei que você exagerou quando disse que havia pesquisas que muitas vezes levava milênios para ter uma coleta de dados sólida. Bem, como a ciência enquanto método padronizado e organizado tem menos de mil anos, acho meio impossível que exista sequer uma pesquisa tal qual você descreve, quanto mais “muitas”… porém, a grosso modo, concordo que os testes de Randi não são exatamente científicos pois exigem que o psíquico tenha um resultado ultra-excepcional para garantir algo impossível de ser obtido pelo acaso. Há outros meios de se conseguir isso, muitos testes com resultados acima do esperado pelo acaso, embora não excepcionais. Por isso a pesquisa científica desse tipo leva anos para ser concluída, e o teste do Randi um ou dois dias apenas (são dois testes, o preliminar e o final).
outubro 3rd, 2012 às 9:13 AM
Vitor, eu já li muito sobre fenômenos deste tipo, e acho que isso tudo é pura embromação. Se a médium tivesse a capacidade de “ver” objetos, não com os olhos, mas através de recursos paranormais, bastaria que dissesse o que determinado pacote continha, sem utilizar artifícios linguísticos, sem alusões nebulosas, sem “abstratismos”. Bastaria que a médium dissesse: “- Dentro deste envelope, tem uma foto de um índio montado em um cavalo”. E a paranormalidade estaria comprovada. É assim, bem simples. Só que isso nunca foi demonstrado. Pelo menos nunca foi demonstrado sem truques. A coisa é simples. Os “pesquisadores” é que tornam estas questões complexas e inconclusivas.
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O que o Randi, que conhece como poucos a arte da prestidigitação exige, é que alguém faça uma demonstração inequívoca de capacidade paranormal. E isso ninguém ainda fez. Muitos tentaram e foram, um a um, desmascarados.
outubro 3rd, 2012 às 9:20 AM
… um teste adequado deveria primeiramente obter leituras feitas para um grande número de clientes, e então remover os nomes dos perfis (codificando-os de forma que possam mais tarde ser associados a seus respectivos donos)
? Nesse teste, o psichyc elaboraria um perfil dos entrevistados; como uma espécie de cartomante (sem prever o futuro, claro). É isso??
outubro 3rd, 2012 às 10:14 AM
É o que eu digo: Um teste poderia ser simples e objetivo. Mas torna-se complicado e obscuro.
outubro 3rd, 2012 às 10:30 AM
Oi, Antonio
a médium claramente não vê as imagens por meios paranormais da mesma forma que nós vemos com os olhos. Muitas vezes ela recebe apenas sensações: “essa imagem transmite uma energia muito ruim”, “sinto felicidade nessa foto”, “sinto tristeza nessa outra”. Essas descrições, embora vagas, foram suficientes para os juízes combinarem as imagens corretas com suas respectivas descrições, isso de forma cega.
O teste do Randi para atingir significância estatística exige que o psíquico se saia extraordinariamente bem. Em ciência pode-se atingir significância estatística numa série de testes sem significância estatística. Basta lembrar o exemplo de um dado comum: se você joga o dado 12 vezes e em 4 vezes o número 6 sai – quando o esperado seria que saísse apenas 2 vezes – você ainda não pode dizer se o dado é viciado, falta poder estatístico, um maior número de lançamentos. Agora, se você joga o dado 120 vezes e em 40 vezes sai o número 6, aí você já pode dizer que o dado é viciado! É preciso uma série de lançamentos para se ter significância estatística. E o que ocorre no teste de Randi? Ora, o teste de Randi tenta atingir essa significância estatística de outro modo: ele exige que em 12 lançamentos o dado dê o número 6 pelo menos onze vezes para poder dizer que é viciado! São duas formas de se atingir significância estatística, mas a forma do Randi não é a mais adequada para se testar um psíquico, já que o psíquico não tem controle absoluto dos seus poderes.
outubro 3rd, 2012 às 10:37 AM
Gorducho,
sim, é isso. O psíquico fornece descrições da personalidade de cada pessoa de um grupo, digamos 10 pessoas. Depois cada pessoa recebe as 10 descrições transcritas e tenta adivinhar qual a descrição que o psíquico fez para si. O esperado pelo acaso é que apenas uma pessoa pegue a descrição feita para si. Se 4 pegarem a descrição correta aí já se tem significância estatística (p< 0,05) . Foi mais ou menos isso que foi feito com o teste da psíquica, só que usaram imagens, e não descrições da personalidade.
outubro 3rd, 2012 às 10:44 AM
Olá Antônio,
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A prova definitiva como você pretende não irá ocorrer. Eventualmente um “médium” poderia fornecer uma resposta exatamente correta a um teste porém, via de regra, não será sempre assim; ele, o médium, vai errar e acertar parcialmente muitas vezes. E é para isso que a estatística foi introduzida nesse tipo de estudo.
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Uma pessoa “normal” terá uma chance de, ao acaso, fornecer a resposta correta e, nesses casos, há um índice de acertos que é típico para um indivíduo. A brincadeira ganha outro contorno quando um indivíduo acerta sistematicamente acima do índice típico. Aqui os mais apressados já chamam o cara de médium com o poder de comunicar com espíritos que, em tese, poderiam saber e informar ao médium a resposta do teste.
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Há ainda um longo caminho para saber se a hipótese “espírito” é válida, ou se o que ocorre é apenas uma “super”sensibilidade do indíviduo para perceber sinais e produzir um índice de acerto acima da média. Contudo, estudos como o do blog mostram que existem indivíduos que em testes controlados produzem tipicamente mais acertos do que outros indivíduos. A questão é qual o significado desses acertos…
outubro 3rd, 2012 às 1:07 PM
Eu entendo o que vocês (Vitor e Carlos) dizem. E não discordo. No meu primeiro comentário, admiti que “aparentemente existe algo de incomum, mas o exercício não é conclusivo”. Ou seja, como bem disse o Carlos ” – Aqui os mais apressados já chamam o cara de médium com o poder de comunicar com espíritos que, em tese, poderiam saber e informar ao médium a resposta do teste… Há ainda um longo caminho para saber se a hipótese “espírito” é válida, ou se o que ocorre é apenas uma “super”sensibilidade do indíviduo para perceber sinais e produzir um índice de acerto acima da média”. Perfeito.
Eu sei que existem pessoas com capacidades especiais. Capacidades que a ciência ainda não explicou de forma satisfatória. Tem um programa bem interessante na TV a cabo que mostra vários casos de “Super Humanos”. Eu acho que capacidade especial é uma coisa bem diferente de poderes paranormais, sendo o termo paranormal entendido como alguma forma de poder psíquico ou fenômeno espiritual. Foi neste sentido que eu comentei.
Eu sei, Vitor, que você postou a matéria, mas não disse que os experimentos provavam alguma coisa. Colocou que os participantes do blog conhecessem e opinassem. Eu apenas dei a minha opinião.
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Valeu!
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Abraço.
outubro 4th, 2012 às 12:35 PM
Eu acho ad hoc essa coisa de alegar precognição quando ela erra. Se errou errou oras.
outubro 4th, 2012 às 12:54 PM
Mas foi considerado erro, João. Agora, ciência envolve também buscar entender os resultados obtidos, o modus operandi. Acho perfeitamente válido – e mesmo essencial – tecer considerações que visem explicar os possíveis sucessos e fracassos.
outubro 4th, 2012 às 2:17 PM
Falando meio genericamente, sem entrar muito nos detalhes do texto: sim, eu creio que possa sim haver pessoas com capacidades excepcionais, cuja origem e alcance ainda são desconhecidos. Isso faz parte da diversidade que existe no universo. Ora, se existem pessoas infradotadas, por que não poderia haver as superdotadas? Eu cito aqui o exemplo de uma tia-avó minha, que faleceu há menos de 20 anos com mais de 90 anos no interior de Minas. Ela era surda-muda desde os 4 anos de idade, não aprendeu a ler e a escrever e tinha uma comunicação muito precária através de poucas palavras que ela tinha aprendido, como papai e mamãe. Tudo ela dizia por sinais e um pouco de leitura labial que ela aprendeu. No entanto, ela atuou por décadas como benzedeira ou médium passista, no jargão espírita. Nunca a ciência chegou a estudá-la, mas há relatos de que ela via as pessoas por dentro e dizia a doença que elas tinham. Outras se disseram curadas através das sessões de passes que ela dava. Ler nos livros ela não lia, nem podia aprender ouvindo. No final da vida, ela também perdeu a visão por conta de uma catarata inoperável e ficou cega, assim como Helen Keller: cega, surda e muda. Minha outra tia, irmã dela, é que se comunicava com ela pela mão. Mas foi por toda vida uma pessoa extremamente disciplinada, de moral inatacável, embora ninguém lhe tenha ensinado o que era certo e o que era errado. Mesmo cega, surda e muda, ela punha os chinelinhos dela no lugar certo para poder calçá-los quando fosse se levantar. Quando ainda enxergava, acompanhava as novelas da TV e sabia o enredo. Pode-se dizer que uma deficiência de um sentido é suprida pela supereficiência de outro, como se sabe que os cegos ouvem melhor que os sãos. Talvez isso explique o que ocorria com ela, embora todo mundo dissesse que ela era médium e via espíritos que ela não conhecia e os descrevia. Não sei. Eu também vi na TV aquele programa sobre super-humanos, inclusive um rapaz do Texas que era uma máquina de lembrar. Ele fez supermercado guardou todos os preços dos artigos que comprava, e no final competiu com a caixa, e as contas dos dois bateram quando ele foi pagar a despesa. Mas eu prefiro achar que é humano, e não sobrenatural.
outubro 4th, 2012 às 5:37 PM
Vitor, é que se um cético mais carrancudo ( como alguns que eu conheço) vê essas afirmações é capaz dele invalidar o estudo inteiro, mesmo os erros sendo contados como erros.
outubro 4th, 2012 às 7:48 PM
Vitor Diz:
outubro 3rd, 2012 às 10:30
“Muitas vezes ela recebe apenas sensações: “essa imagem transmite uma energia muito ruim”, “sinto felicidade nessa foto”, “sinto tristeza nessa outra”. Essas descrições, embora vagas, foram suficientes para os juízes combinarem as imagens corretas com suas respectivas descrições, isso de forma cega.”
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Esse tipo de afirmações parece-se com horóscopo. Já teve até quem fizesse experiências com características de pessoas nascidas sob determinado signo. Quase todo mundo se identifica com as descrições, justamente por isso, são muito vagas e imprecisas.
outubro 4th, 2012 às 7:54 PM
A mesma coisa é feita pelo mentalistas: “Sinto a presença de alguém muito ligado a um dos membros da plateia, falecido recentemente, usava uniforme, talvez um militar”.
Nesse momento, algum bobalhão na plateia morde a isca:
“Deve ser meu avô, ele era guarda municipal, faleceu há dois anos”.
Daí pra frente o mentalista vai fazendo leitura fria e provando seus poderes psíquicos.
Todo mundo tem alguém próximo que já faleceu.
O que significa “recentemente”? 5 minutos, duas horas, 3 semanas, oito meses, 1 ano?
Uniforme? Até alguém que gostasse de algum tipo de roupa extravagante, não necessariamente uniforme, serve. Todos querem acreditar, a plateia já é propícia mesmo.
outubro 4th, 2012 às 8:03 PM
No caso de Houdini e a bruxa loira, eu disse:
“Quando criança, na presença de uma entidade dessas, fiz uma experiência para ver o que ocorreria. Não me lembro mais qual foi a entidade, mas é crença generalizada entre umbandistas que eles sabem de tudo o que a gente faz, bla bla bla. Então, enquanto a entidade falava comigo, eu pensei algo bem ofensivo (não me lembro mais exatamente o que, mas algo assim como “vá tomar no cu, seu espírito de merda). Como eu esperava, a poderosa entidade nem desconfiou do meu abuso”.
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Essa mesma experiência pode ser feita com qualquer psychic, médium, espírito, clarividente, mentalista, o que for.
Você pensa intensamente algo sobre a mãe do cara, não diz nada, quero ver ele ter qualquer “sensação” reveladora.
São todos uns mistificadores. “Adivinham” que o envelope tem uma coisa triste, mas não adivinham mais nada, por mais que você colabore, a não ser por leitura fria.
outubro 4th, 2012 às 8:07 PM
Uma boa experiência seria colocar uma cartolina sem nada dentro de alguns envelopes, para ver ser a psychic iria ter alguma sensação. Será que diria que tem uma sensação de vazio?
Já pensaram se ela diz, diante de um envelope vazio, sem foto de nada, uma cartolina, coisas como mesma forma que nós vemos com os olhos. Muitas vezes ela recebe apenas sensações: “essa imagem transmite uma energia muito ruim”, “sinto felicidade nessa foto”?
Isto seria uma experiência científica fantástica.
outubro 4th, 2012 às 8:10 PM
Saiu errado o comentário anterior. O certo é:
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Uma boa experiência seria colocar uma cartolina sem nada dentro de alguns envelopes, para ver ser a psychic iria ter alguma sensação. Será que diria que tem uma sensação de vazio?
Já pensaram se ela diz, diante de um envelope vazio, sem foto de nada, uma cartolina, coisas como: “essa imagem transmite uma energia muito ruim”, “sinto felicidade nessa foto”?
Isto seria uma experiência científica fantástica.
outubro 4th, 2012 às 8:12 PM
Se o Merden vier contaminar este post, sumo daqui também.
outubro 5th, 2012 às 1:18 AM
Realmente Vitor, concordo com você. Exagerei quando disse milênios. Sou um novato na ciência, pra falar a verdade, estou na universidade, portanto é comum cometer equívocos. Mas tenho que dizer: este site é um enorme aprendizado! É uma dádiva ter um endereço na web brasileiro sobre parapsicologia, com a qualidade que encontro aqui.
outubro 5th, 2012 às 7:59 AM
Marciano: O que eu percebo nestes casos é que a experiência não é feita para testar se realmente o “médium” tem poderes paranormais. O teste é feito para provar que ele tem. E a enrolação é tamanha que, ao final, fica até parecendo que provou. Mas não provou.
outubro 5th, 2012 às 3:35 PM
O estudo não foi feito para provar que o sujeito é médium. Ele foi feito para confirmar se o dom alegado da clarividência pode ter uma sustentação experimental usando como ferramenta de análise a estatistica. No caso do estudo publicado no blog, não há como refutar a hipótese se você compara os resultados com um índice esperado de acertos/erros de um sujeito “normal”. É disso que o estudo trata.
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O estudo conclui ainda que “a psíquica pode ter adquirido informações sobre as imagens através de algum mecanismo desconhecido”. A questão é, que mecanismo é esse?
outubro 5th, 2012 às 4:14 PM
O objetivo do teste, embora não declarado, parece, sim, ser o de provar que existe paranormalidade na moça. O teste é todo elaborado, cheio de detalhes e variações. Parece algo bem sofisticado. Mas não é. É apenas complicado. A análise dos resultados do teste dependem de interpretação, e uma boa dose de subjetividade. Não são dados objetivos. Não acho que se possa afirmar, a partir deste teste e dos resultados, que foi demonstrada alguma capacidade paranormal.
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E, pensando bem, eu acho que estou exigindo demais… É que eu gostaria apenas de uma demonstração clara e inequívoca. Concreta. Sem embromation. Só que paranormalidade não é assunto que se possa tratar de forma objetiva. Não é uma coisa que se constate. É algo em que é preciso crer.
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Sds.
outubro 5th, 2012 às 5:13 PM
Antonio,
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o teste é objetivo sim. O resultado do teste depende um pouco de interpretação sim, mas no final conta-se apenas o número de combinações corretas e erradas. A interpretação fica mais para se explicar os motivos dos erros e, embora a combinação de cada juiz tenha variado enormemente também, há exemplos em que os 3 juízes combinaram corretamente as mesmas imagens. Inclusive, a metodologia do teste é a mesma que o James Randi usou para testar uma psíquica, Patricia Putt. Você pode verificar no link http://forums.randi.org/showthread.php?t=118952, uma página do Fórum do próprio James Randi. A Patricia alegava ser capaz de fazer leituras psíquicas dos assistentes. O teste preliminar – aquele que antecede o teste final de James Randi – dizia que 10 assistentes seriam escolhidos ao acaso e a Patricia faria uma leitura de cada um deles. A seguir, suas leituras seriam misturadas e cada assistente deveria escolher sua leitura. Seria considerado um sucesso se 5 dos 10 assistentes escolhessem corretamente a leitura feita para eles. No caso da Patricia, NINGUÉM escolheu a leitura correta e o teste foi considerado um fracasso. Se tivesse sido a Lina, ela teria passado com o 1º juiz na primeira sessão (veja a Tabela 2)
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Ou seja, Antonio, você está reclamando de uma metodologia que o próprio James Randi adota.
outubro 5th, 2012 às 7:25 PM
Vitor, você conseguiu livrar-se do espiritismo, só que parece que você não superou a sensação de vazio que essa experiência traz e, agora, aferra-se à parapsicologia, a qual diz ser uma ciência.
A parapsicologia não goza do status de ciência, como a química ou a física.
Veja o que a Barsa diz sobre ela (cito a Barsa porque todo mundo tem preconceito com a Wikipédia):
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(Em tempo: vou destacar com MAIÚSCULAS os trechos que entendo relevantes).
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“Parapsicologia é a disciplina que se propõe estudar fenômenos alheios à normalidade conhecida, ou paranormais. COMO SEU OBJETO NÃO PODE SER SUBMETIDO AOS MÉTODOS CIENTÍFICOS, a parapsicologia é ou tende a se constituir como um ramo da psicologia”.
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“No estudo dos fatos paranormais, a seleção de relatos, documentos e testemunhos relativos a estes é submetida a rigorosa crítica. QUANTO À EXPERIMENTAÇÃO PARAPSICOLÓGICA, FEITA SEGUNDO AS REGRAS DO MÉTODO EXPERIMENTAL COMUM A TODAS AS CIÊNCIAS, NÃO PÔDE AINDA IR ALÉM DA OBSERVAÇÃO DESTINADA A COMPROVAR UMA HIPÓTESE. NÃO FOI POSSÍVEL A EXPERIMENTAÇÃO ENTENDIDA COMO PRODUÇÃO ARTIFICIAL E VOLUNTÁRIA DO FENÔMENO, O QUE, SEGUNDO ALGUNS, É SUFICIENTE PARA QUE A PARAPSICOLOGIA NÃO POSSA SER CONSIDERADA COMO CIÊNCIA”.
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“O interesse pelos fenômenos paranormais é muito antigo, EMBORA SEU ESTUDO, que só foi sistematizado nos tempos modernos, TENHA ENFRENTADO O CETICISMO DOS MEIOS CIENTÍFICOS”.
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“AS TEORIAS INTERPRETATIVAS FORMULADAS PARA TENTAR EXPLICAR OS FENÔMENOS PARAPSÍQUICOS NÃO PUDERAM AINDA SER DEMONSTRADAS. A clarividência, a precognição e outros fenômenos parapsicológicos, embora comprovados com fatos, continuam a ser totalmente inexplicáveis, SEM QUE SE TORNE POSSÍVEL INCLUÍ-LOS NO QUADRO GERAL DE UMA TEORIA CIENTÍFICA”.
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Quanto à wikipedia, vejamos o que ela diz:
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“The Parapsychological Association regards the results of parapsychologists’ experiments as having demonstrated the existence of some forms of psychic abilities,[12] and proponents of parapsychology have seen it as an “embryo science”,[13] a “frontier science of the mind”,[14] and a “frontier discipline for advancing knowledge”.[15] HOWEVER, CRITICS STATE THAT METHODOLOGICAL FLAWS CAN EXPLAIN ANY APPARENT EXPERIMENTAL SUCCESSES[16] AND THE STATUS OF PARAPSYCHOLOGY AS A SCIENCE HAS BEEN VIGOROUSLY DISPUTED.[17] MANY SCIENTISTS REGARD THE DISCIPLINE AS PSEUDOSCIENCE, SAYING THAT PARAPSYCHOLOGISTS CONTINUE INVESTIGATION DESPITE NOT HAVING DEMONSTRATED CONCLUSIVE EVIDENCE OF PSYCHIC ABILITIES IN MORE THAN A CENTURY OF RESEARCH.[18][19][20]
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“Since the 1980s, contemporary parapsychological research has WANED considerably in the United States.[38]”.
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“EARLY RESEARCH WAS CONSIDERED INCONCLUSIVE, AND PARAPSYCHOLOGISTS WERE FACED WITH STRONG OPPOSITION FROM THEIR ACADEMIC COLLEAGUES.[2] SOME EFFECTS THOUGHT TO BE PARANORMAL, FOR EXAMPLE THE EFFECTS OF KIRLIAN PHOTOGRAPHY (THOUGHT BY SOME TO REPRESENT A HUMAN AURA), DISAPPEARED UNDER MORE STRINGENT CONTROLS, LEAVING THOSE AVENUES OF RESEARCH AT DEAD-ENDS.[2] MANY UNIVERSITY LABORATORIES IN THE UNITED STATES HAVE CLOSED, CITING A LACK OF ACCEPTANCE BY MAINSTREAM SCIENCE AS THE REASON;[38] THE BULK OF PARAPSYCHOLOGY RESEARCH IN THE US IS NOW CONFINED TO PRIVATE INSTITUTIONS FUNDED BY PRIVATE SOURCES.[2] AFTER 28 YEARS OF RESEARCH, PRINCETON ENGINEERING ANOMALIES RESEARCH LABORATORY (PEAR), WHICH STUDIED PSYCHOKINESIS, CLOSED IN 2007.[38]”
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Fraud
THERE HAVE BEEN INSTANCES OF FRAUD IN THE HISTORY OF PARAPSYCHOLOGY RESEARCH. The Soal–Goldney experiments of 1941–1943 (suggesting precognitive ability of a single participant) were long regarded as some of the best in the field because they relied upon independent checking and witnesses to prevent fraud. However, many years later, statistical evidence, uncovered and published by other parapsychologists in the field, suggested that Dr. Soal had cheated by altering some of the raw data.[99][104][105]
In 1974, a number of experiments by Walter J. Levy, J. B. Rhine’s successor as director of the Institute for Parapsychology, were exposed as fraud.[106] Levy had reported on a series of successful ESP experiments involving computer-controlled manipulation of non-human subjects, including eggs and rats. His experiments showed very high positive results. Because the subjects were non-human, and because the experimental environment was mostly automated, his successful experiments avoided criticism concerning experimenter effects, and removed the question of the subject’s belief as an influence on the outcome.[107] HOWEVER, LEVY’S FELLOW RESEARCHERS BECAME SUSPICIOUS ABOUT HIS METHODS. THEY FOUND THAT LEVY INTERFERED WITH DATA-RECORDING EQUIPMENT, MANUALLY CREATING FRAUDULENT STRINGS OF POSITIVE RESULTS. RHINE FIRED LEVY AND REPORTED THE FRAUD IN A NUMBER OF ARTICLES.[108][109]
SOME INSTANCES OF FRAUD AMONGST SPIRITUALIST MEDIUMS WERE EXPOSED BY EARLY PSYCHICAL RESEARCHERS SUCH AS RICHARD HODGSON[110] AND HARRY PRICE.[111] In the 1920s, magician and escapologist Harry Houdini said that researchers and observers had not created experimental procedures which absolutely preclude fraud.[112]
In 1979, magician and debunker James Randi engineered a hoax, now referred to as Project Alpha. Randi recruited two young magicians and sent them undercover to Washington University’s McDonnell Laboratory with the specific aim of exposing poor experimental methods and the credulity thought to be common in parapsychology. The McDonnell laboratory did not make any formal statements or publications suggesting that the effects demonstrated by the two magicians were genuine.[113] However, Randi has stated that both of his recruits deceived experimenters over a period of three years with demonstrations of supposedly psychic abilities: blowing electric fuses sealed in a box, causing a lightweight paper rotor perched atop a needle to turn inside a bell jar, bending metal spoons sealed in a glass bottle, etc.[114] The hoax by Randi raised ethical concerns in the scientific community, eliciting criticism even among skeptical communities such as the Committee for the Scientific Investigation of Claims of the Paranormal (CSICOP), which he helped found. Psychologist Ray Hyman, a CSICOP member, called the results “counterproductive”.[113]
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“Criticism of experimental results
CRITICAL ANALYSTS, INCLUDING SOME PARAPSYCHOLOGISTS, ARE NOT SATISFIED WITH EXPERIMENTAL PARAPSCHOLOGY STUDIES.[94][115] SOME REVIEWERS, SUCH AS PSYCHOLOGIST RAY HYMAN, CONTEND THAT APPARENTLY SUCCESSFUL EXPERIMENTAL RESULTS IN PSI RESEARCH ARE MORE LIKELY DUE TO SLOPPY PROCEDURES, POORLY TRAINED RESEARCHERS, OR METHODOLOGICAL FLAWS RATHER THAN TO GENUINE PSI EFFECTS.[116][117][118][119] WITHIN PARAPSYCHOLOGY THERE ARE DISAGREEMENTS OVER THE RESULTS AND METHODOLOGY AS WELL. FOR EXAMPLE, THE EXPERIMENTS AT THE PEAR LABORATORY WERE CRITICIZED IN A PAPER PUBLISHED BY THE JOURNAL OF PARAPSYCHOLOGY,[120] IN WHICH PARAPSYCHOLOGISTS INDEPENDENT FROM THE PEAR LABORATORY CONCLUDED THAT THESE EXPERIMENTS “DEPART[ED] FROM CRITERIA USUALLY EXPECTED IN FORMAL SCIENTIFIC EXPERIMENTATION” DUE TO “[P]ROBLEMS WITH REGARD TO RANDOMIZATION, STATISTICAL BASELINES, APPLICATION OF STATISTICAL MODELS, AGENT CODING OF DESCRIPTOR LISTS, FEEDBACK TO PERCIPIENTS, SENSORY CUES, AND PRECAUTIONS AGAINST CHEATING.” THEY FELT THAT THE ORIGINALLY STATED SIGNIFICANCE VALUES WERE “MEANINGLESS”.
A typical measure of psi phenomena is statistical deviation from chance expectation. However, critics point out that statistical deviation is, strictly speaking, only evidence of a statistical anomaly, and the cause of the deviation is not known. Hyman contends that even if psi experiments could be designed that would regularly reproduce similar deviations from chance, they would not necessarily prove psychic functioning.[121] CRITICS HAVE COINED THE TERM THE PSI ASSUMPTION TO DESCRIBE “THE ASSUMPTION THAT ANY SIGNIFICANT DEPARTURE FROM THE LAWS OF CHANCE IN A TEST OF PSYCHIC ABILITY IS EVIDENCE THAT SOMETHING ANOMALOUS OR PARANORMAL HAS OCCURRED…[IN OTHER WORDS] ASSUMING WHAT THEY SHOULD BE PROVING.” These critics hold that concluding the existence of psychic phenomena based on chance deviation in inadequately designed experiments is affirming the consequent or begging the question.[122]
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Selection bias and meta-analysis
SELECTIVE REPORTING HAS BEEN OFFERED BY CRITICS AS AN EXPLANATION FOR THE POSITIVE RESULTS REPORTED BY PARAPSYCHOLOGISTS. Selective reporting is sometimes referred to as a “file drawer” problem, which arises when only positive study results are made public, while studies with negative or null results are not made public.[64] Selective reporting has a compounded effect on meta-analysis, which is a statistical technique that aggregates the results of many studies in order to generate sufficient statistical power to demonstrate a result that the individual studies themselves could not demonstrate at a statistically significant level. For example, a recent meta-analysis combined 380 studies on psychokinesis,[63] including data from the PEAR lab. It concluded that, although there is a statistically significant overall effect, it is not consistent and relatively few negative studies would cancel it out. Consequently, biased publication of positive results could be the cause.[38]
THE POPULARITY OF META-ANALYSIS IN PARAPSYCHOLOGY HAS BEEN CRITICIZED BY NUMEROUS RESEARCHERS,[123] AND IS OFTEN SEEN AS TROUBLESOME EVEN WITHIN PARAPSYCHOLOGY ITSELF.[123] CRITICS HAVE SAID THAT PARAPSYCHOLOGISTS MISUSE META-ANALYSIS TO CREATE THE INCORRECT IMPRESSION THAT STATISTICALLY SIGNIFICANT RESULTS HAVE BEEN OBTAINED THAT INDICATE THE EXISTENCE OF PSI PHENOMENA.[124] PHYSICIST ROBERT PARK STATES THAT PARAPSYCHOLOGY’S REPORTED POSITIVE RESULTS ARE PROBLEMATIC BECAUSE MOST SUCH FINDINGS ARE INVARIABLY AT THE MARGIN OF STATISTICAL SIGNIFICANCE AND THAT MIGHT BE EXPLAINED BY A NUMBER OF CONFOUNDING EFFECTS; PARK STATES THAT SUCH MARGINAL RESULTS ARE A TYPICAL SYMPTOM OF PATHOLOGICAL SCIENCE AS DESCRIBED BY IRVING LANGMUIR.[25]
Researcher J. E. Kennedy has said that concerns over the use of meta-analysis in science and medicine apply as well to problems present in parapsychological meta-analysis. As a post-hoc analysis, critics emphasize the opportunity the method presents to produce biased outcomes via the selection of cases chosen for study, methods employed, and other key criteria. Critics say that analogous problems with meta-analysis have been documented in medicine, where it has been shown different investigators performing meta-analyses of the same set of studies have reached contradictory conclusions.[125]
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Em outras palavras (até mesmo em outra língua) isto é exatamento o que Antonio GPoa vem sustentando.
outubro 5th, 2012 às 8:01 PM
Oi, Marciano
comentando apenas a Barsa:
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01 – COMO SEU OBJETO NÃO PODE SER SUBMETIDO AOS MÉTODOS CIENTÍFICOS
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Tanto pode ser submetido aos métodos científicos que existe o desafio do James Randi testando as alegações paranormais.
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02 – NÃO FOI POSSÍVEL A EXPERIMENTAÇÃO ENTENDIDA COMO PRODUÇÃO ARTIFICIAL E VOLUNTÁRIA DO FENÔMENO, O QUE, SEGUNDO ALGUNS, É SUFICIENTE PARA QUE A PARAPSICOLOGIA NÃO POSSA SER CONSIDERADA COMO CIÊNCIA
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Quem adota esse critério de cientificidade, no meu entender, vai ter que considerar diversos ramos da Física, da Química e outras ciências inteiras como a História como pseudociência também, simplesmente porque há fenômenos que são estudados pelas ciências “normais” e que não podem ser reproduzidos de uma forma regular, em condições conhecidas. O processo de desintegração radioativa de um núcleo de urânio não pode ser submetido a controle por nenhum meio conhecido. É impossível predizer quando um átomo de urânio desintegrará. A passagem de um cometa não periódico é imprevisível e incontrolável. A criação do universo não pode ainda ser repetida em nenhum laboratório. Meus sonhos são irrepetíveis e incontroláveis, mas creio que sejam fenômenos psíquicos reais. Todos os eventos pessoais que vivemos e todos os que a História estuda são únicos, e, no entanto, cremos que são reais.
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03 – AS TEORIAS INTERPRETATIVAS FORMULADAS PARA TENTAR EXPLICAR OS FENÔMENOS PARAPSÍQUICOS NÃO PUDERAM AINDA SER DEMONSTRADAS
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Não em sua totalidade. Mas o mesmo pode ser dito sobre as teorias da criação do universo, ou da origem da vida. A diferença é apenas uma questão de grau.
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04 – “clarividência, a precognição e outros fenômenos parapsicológicos, embora comprovados com fatos, continuam a ser totalmente inexplicáveis, SEM QUE SE TORNE POSSÍVEL INCLUÍ-LOS NO QUADRO GERAL DE UMA TEORIA CIENTÍFICA”.
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E há muitas e muitas décadas os cientistas convivem com uma altamente desconfortável ausência de teoria física: não há uma teoria que concilie a Teoria da Relatividade com a Mecânica Quântica.
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Engraçado que a própria Barsa considerou os fenômenos parapsicológicos comprovados no trecho “embora comprovados com fatos”.
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outubro 5th, 2012 às 8:19 PM
Oi, Marciano
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sobre a Wikipedia, eu teria muito a dizer, mas basta você saber que ela é dominada pelos céticos que ADORAM esconder as evidências pró-paranormal. Sei disso porque eu mesmo tentei consertar o link sobre a Piper e minhas contribuições eram quase sempre vetadas, preferindo-se colocar no lugar informações erradas sobre a médium. Um exemplo do texto que você postou – de que os editores da wikipedia adoram esconder as evidências pró-paranormal – é esse:
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01 – “SOME INSTANCES OF FRAUD AMONGST SPIRITUALIST MEDIUMS WERE EXPOSED BY EARLY PSYCHICAL RESEARCHERS SUCH AS RICHARD HODGSON[110] AND HARRY PRICE.”
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Veja que a wikipedia esconde o fato de que ambos esses investigadores validaram médiuns e psíquicos. Hodgson validou Piper e Harry Price validou Rudi Schneider.
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Outro exemplo:
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02 – “SOME REVIEWERS, SUCH AS PSYCHOLOGIST RAY HYMAN, CONTEND THAT APPARENTLY SUCCESSFUL EXPERIMENTAL RESULTS IN PSI RESEARCH ARE MORE LIKELY DUE TO SLOPPY PROCEDURES, POORLY TRAINED RESEARCHERS, OR METHODOLOGICAL FLAWS RATHER THAN TO GENUINE PSI EFFECTS”
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O próprio Hyman ajudou a elaborar os protocolos dos testes ganzfeld, que obtiveram resultados significativos a favor da telepatia.
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03 – THERE HAVE BEEN INSTANCES OF FRAUD IN THE HISTORY OF PARAPSYCHOLOGY RESEARCH.
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Fraude há em qualquer ciência:
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http://www1.folha.uol.com.br/ciencia/1162314-fraude-em-pesquisas-despublicadas-aumenta-dez-vezes.shtml
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Infelizmente os artigos da wikipédia relativos ao paranormal são muito ruins.
outubro 5th, 2012 às 11:32 PM
Marciano, não sei qual o seu objeto aqui de tentar comprovar que a paranormalidade não pode existir de maneira alguma. A sua posição é negativa. Um cientista considera fenômenos e os estuda, portanto, sinto-lhe informar, mas (praticamente) QUALQUER COISA pode ser submetida à metologia científica experimental. A parapsicologia séria estuda ALEGAÇÕES de paranormalidade, bem como fenômenos APARENTEMENTE extrassensoriais. Você está querendo desmerecer um campo simplesmente por ir contra o seu desejo materialista de Verdade. Caso não saiba, o materialismo, como pressuposto filosófico, não pode ser falseável.
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Você não pode julgar o Vitor pelo fato de ele ser um estudioso da parapsicologia como alguém apegado ao desejo de vida após a morte. Então, peraí. O que você quer dizer é que é impossível estudar alegações de paranormalidade e encontrar significância estatística nos estudos realizados??? Se a resposta for sim, então você está preso em dogmas. E pra falar a verdade, a ciência não é uma posição – ela é um método. A ciência experimental, no entanto, não tem autoridade ALGUMA para falar “isso é ciência, aquilo não”.
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Você entendeu bem o que acabou de ler? Sinceramente, fiquei um pouco assustado quando li seus comentários, uma vez que discussões como essa já foram feitas e esclarecidas com apresentação de argumentos irrefutáveis e favoráveis à parapsicologia, mas você parece estar se comportando como um religioso fanático. Isso é preocupante.
outubro 6th, 2012 às 10:27 AM
Texto: “Apesar de a incidência das experiências relatadas de PES poderem estar distribuídas de forma equivalente por toda a população, isto não implica necessariamente que todo mundo possa demonstrá-las em um experimento controlado. Se outras habilidades não estão distribuídas uniformemente entre a população, por que as habilidades de PES deveriam estar?”
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A abordagem está correta, ainda que seja difícil determinar que haja essa distribuição, tudo leva a crer que exista uma distribuição, porem é mais fácil trabalhar com aqueles que acreditam possuírem tais habilidades psíquicas.
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Texto: “Infelizmente, é muito difícil encontrar esses participantes.”
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Tenho que concordar novamente. Primeiramente porque o fator preconceito é uma das maiores barreiras. Tomemos por exemplo um país que fosse constituído predominantemente de muçulmanos extremistas, qualquer indivíduo que ousasse querer demonstrar suas habilidades psíquicas correria grave risco de sofrer lapidação (morte por apedrejamento), a menos que suas manifestações se referissem a Alá ou ao profeta Maomé. Num pais predominantemente formado por ateus, correria o risco de perder o prestígio da família, perder o trabalho, ser ridicularizado publicamente, etc e tal. Ou seja, não haveria escapatória, caso manifestasse suas “visões” num pais composto apenas de ateístas.
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Texto: “Em 10 de 13 testes ela identificou corretamente os nomes nos cartões que eram formados por quatro ou cinco letras japonesas. Uma vez que o alfabeto japonês possui cerca de 300 letras este resultado é altamente significativo, mas não foram feitas avaliações estatísticas.”
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Aqui acredito que deve ter havido um erro de tradução ou uma má interpretação do autor do texto. O alfabeto japonês possui caracteres (scripts) e estão constituídos de 3 alfabetos: hiragana (51 caracteres), katakana (104 caracteres) e kanji (aproximadamente 10.000 caracteres). Se foi utilizado o conjunto todo, então podemos concluir que o resultado foi mais, muito mais, que altamente significativo, o que quer dizer que foi extremamente significante.[ A enfatização é minha, claro].
outubro 6th, 2012 às 10:28 AM
Particularmente não vejo esse caso como uma habilidade psíquica, portanto penso que não se trata de mediunidade. Como foi dito muito bem por Carlos: “Aqui os mais apressados já chamam o cara de médium com o poder de comunicar com espíritos que, em tese, poderiam saber e informar ao médium a resposta do teste.” Mas pode ser que realmente se trate de um caso psíquico.
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Pelo texto podemos concluir que eles não descartam a possibilidade de telepatia, mas que mesmo assim seria uma hipótese rara, já que o misturador não era a mesma pessoa quem entregava os alvos para a psíquica. Ainda que ela lesse a mente do misturador, este não tinha como saber qual a foto que iria ser entregue à psíquica.
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Já que a telepatia é um fato normal com evidências que o comprove (http://www.sheldrake.org/Research/telepathy/), podemos neste caso conjeturar novas hipóteses. Sabemos que a água é capaz de captar palavras ou sentimentos, ou seja, a palavra “amor” dita por um brasileiro ou “love” dita por um americano, causariam na água impressões parecidas, desde que o pensamento irradiado correspondesse de acordo com a palavra (veja: memória da água).
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Casos similares vêm sem analisados com as pessoas sinestésicas, que ao ouvirem certo tipo de música podem descrever, cores, formas, cheiro. Os sinestésicos afirmam que música clássica tem cheiro agradável ou formas de uma beleza indescritível. Parte dessa informação pode ser confirmada através de pesquisa mediúnica.
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Portanto, uma hipótese seria que ao imprimir as fotos, aqueles que visualizaram essas fotos antes de as camuflarem, puderam passar tais impressões. Seria interessante, portanto, saber se o que as pessoas que embalaram as fotografias, pensavam sobre cada fotografia. Talvez assim, fosse possível descobrir maiores coincidências entre o que a psíquica falou e o que pensavam os que embalaram as fotos, quais eram os seus sentimentos por cada foto.
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Quero esclarecer, principalmente aos céticos de plantão, que não há evidências desta hipótese que acabo de levantar, de que isso possa ter contribuído, de que as fotos ou um pedaço de papel, pudesse ter memorizado algo. Mas também, vale ressaltar, que não há tampouco testes que atestem o contrário, ou seja, não foi testado ainda a inviabilidade desta hipótese.
outubro 6th, 2012 às 10:29 AM
Toffo,
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Assim como você, tive uma bisavó no interior de minas, que também era chamada de benzedeira. Também era analfabeta, mas tinha seus cinco sentidos normais. Lembro-me que quando tinha a idade de aproximadamente 10 anos, adquiri uma alergia infecciosa que se alastrou por todas as minhas costas. Havia sido descartada a hipótese de catapora, porque já havia contraído e era considerado como uma alergia crônica, pelos médicos da época, mas era parecido. O fato é que depois de passar por muitos médicos e todo o tipo de medicamento da época, isso já durava meses e nada de cura. Lembro-me que ao deitar pela noite, era um sofrimento, já que não podia deitar de costas e nem me cobrir. Ao amanhecer, minhas costas ficava presa no lençol, pois colava com o pus. E minha mãe tinha que vir com algodão molhado em água, para ir descolando o lençol. Meu pai, ateu na época, resolveu abrir mão de suas convicções e foi até a casa da sua avó. Ela disse que o que eu tinha era cobreiro (crença popular que acredita que a causa seja devido à cobras, ou aranhas, ou lagartixas). Então ela saiu em seu quintal, pegou 3 ramos de plantas (um deles eu penso ser arruda pelo cheiro que tenho em minha memória), fechou as janelas da casa, pegou uma bacia com água, fez-se umas rezas, molhava esse maço de plantas na água e ia salpicando a água em minhas costas, seguida de outras rezas. Nessa mesma noite já pude dormir tranquilo e no outro dia, minha pele já estava seca e se descamava (talvez dai a crença).
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Agora o relato da sua avó supera os relatos da minha bisavó. Acredito que um fator decisivo nesse tipo de benzedeira seja a moral, que como você disse era inatacável. Como podemos extrair de seu texto, ela já trouxe consigo esse senso de moral. Eu acredito que sim. A disciplina foi outro ponto levantado por você. Eu também acredito que espíritos “superiores” (não confundir com espíritos melhores que outros), além de terem uma moral ilibada, inatacável em suas palavras, têm também um senso de disciplina extraordinário. Toffo, seria interessante se você pudesse colher mais dados a esse respeito, quem sabe uma gravação ou anotações, dos depoimentos de seus familiares que ainda se lembrem dos fatos ocorridos, para detalhar-nos com mais riqueza. Penso que o Vitor não se oporia a esse fato.
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Concluindo: mediunidade não é algo sobrenatural, é natural, ocorre com humanos e também com animais. É possível de ser estudado e faz parte da nossa história!
outubro 8th, 2012 às 8:42 AM
Vitor,
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Reitero a frase que postei no meu primeiro comentário: “Aparentemente existe algo de “incomum”, mas o exercício não é conclusivo.” E digo isto exatamente porque o resultados dependem de interpretação e têm um forte componente de subjetividade.
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Eu acho que mesmo você, que acredita na existência de capacidades paranormais (como uma forma de fenômeno espiritual, bem entendido) não afirma que o teste prova alguma coisa.
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Eu não afirmo que não existe paranormalidade. Mas digo que ainda não vi suficiente evidência de que exista.
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Sds.
outubro 8th, 2012 às 11:23 AM
Eu entendo que o poder de cura que algumas pessoas parecem ter é inerente a elas. Os índios têm os seus pajés, os gauleses tinham os seus druidas, nada parece ser obra do sobrenatural ou de espíritos. As chamadas benzedeiras são pessoas que têm esse dom. De maneira alguma elas devem ser desconsideradas como superstição. Apenas não acho que isso seja obra de espíritos.
maio 13th, 2014 às 12:51 PM
Marciano Diz: Depois de muito ponderar a respeito, estou decidido a suicidar-me em nome da ciência.
Logo depois do desencarne, farei de tudo o que puder para estabelecer contato com qualquer um de vocês, com ou sem mediuns.
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COMENTÁRIO: seu ato tresloucado causar-lhe-á arrependimento irreversível, visto que não terá como voltar para consertá-lo: a não ser que reencarna, mas antes precisaríamos provar que a reencarnação existe. E se existe, que existe só na espécie humana como, kardecistamente, Rivail ensinou. Se for reencarnação mete metempsicótica, você poderá vir na pele de uma libélula cor-de-rosa…
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Mas, voltando ao suicídio. Matando-se a si mesmo irá tolomaticamente para o Vale dos Suicidas: área específica do umbral, que congrega os que se antecipam à natureza e dão fim prematuro à existência. E de lá só pode sair depois de pagar muitas prendas, enquanto tal não se der, qualquer contato com urbes do orbe terrestre é vedado.
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Portanto, melhor deixar que a vida siga seu curso e quando for para lá legitimamente, aí sim, poderá reivindicar a comunicação e ouvir: “comunicação? Quem foi que lhe falou nisso?”.
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Por outro, se a ideia é morrer logo para resolver de vez a questão, sugiro: suba o morro do alemão bradando: “aqui não tem homem pra mim!”…
maio 13th, 2014 às 12:53 PM
Ih, foi mal, esta postagem era para outro tópico de discussão, considerem-na sem efeito.
agosto 20th, 2015 às 12:51 AM
“A psíquica Lina R. Johansson (http://obraspsicografadas.org/2012/um-experimento-de-clarividncia-de-resposta-livre-com-uma-psquica-talentosa-2011/) teve que parar os experimentos porque ficou grávida. Não sei se vai retomar.”
./
PONDERAÇÃO: tem gente (ainda) apostando nessa Lina Johansson: mais uma esperta que acha quem lhe dê guarida e (pasmo total!) consegue nela achar “poderes”.
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A não ser que ela, por obra e graça do divino espírito santo, tenha passado a demonstrar objetivos sinais de clarividência, tipo A,A, tudo o que se diga a respeito dela não passa de nada. Para que não sabe, clarividência A,A, seria a seguinte, exemplo: na caixa lacrada tem um papel com o nº 27 anotado, e a bela Lina diz: “27”; na outra caixa a foto de um gordo pelado, e ela não titubeia: “gordo pelado”; na seguinte um óculos (não o desenho, um óculos mesmo) e Lina, sem hesitar, “um óculos”, e arremata: “querem que eu diga o nome do fabricante que está gravado numa das pernas”? (tá, aqui tô de brinca…)
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Se passou a fazer isso, calo-me. Para quem não esteja entendendo, sugiro que confira as revelações da moça, citadas no artigo de 2010, e vai compreender…
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A respeito da dita, agora prenhe (deve dar a luz a um urigellerzinho, quem sabe?), declarei noutra discussão:
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MONTALVÃO COMENTA: a apresentação da matéria diz: “Este artigo, publicado em 2011, traz RESULTADOS FANTÁSTICOS obtidos com uma psíquica chamada Lina R. Johansson”.
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É mesmo muito otimismo! Quem depare a legenda tem a impressão de que Lina descrevera corretamente os alvos propostos em 100% ou próximo disso (para ser “fantástico” teria de ser excepcional): acontece que ela não descreveu coisa alguma. A “clarividência” dessa personagem é a mesma da “mediunidade” de Osborne e da de muitos videntes que ganham a vida falando da vida dos outros. É a velha técnica de leitura-fria que, dependendo do caso, se adapta para uso em situações um pouco fora da rotina, quais são as “sessões por procuração” e os “poderes” clarividentes. Nada há de objetivo nessas testagens. Os experimentadores, em vez de pugnarem por estabelecerem alvos com os quais os médiuns ou clarividentes fossem obrigados a ser objetivos, se sentem satisfeitos com adivinhas vagas, nebulosas, incertas. Se alguma parece se aproximar bastante do alvo fazem seis meses de festa. Talvez seja isso mesmo o que pretendem: manter as coisas nas névoas, assim podem prosseguir ad infinitum em suas “investigações” e desfrutar financiamentos provindos de fontes variadas.
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Nada de novo no front…
agosto 20th, 2015 às 8:54 AM
Montalvão,
comentando:
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01 – “mais uma esperta que acha quem lhe dê guarida e (pasmo total!) consegue nela achar “poderes”.”
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Você tem alguma prova de fraude da parte dela para não considerá-la genuína?
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02 – “A não ser que ela, por obra e graça do divino espírito santo, tenha passado a demonstrar objetivos sinais de clarividência, tipo A,A”
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Felizmente cientistas de verdade sabem reconhecer outros tipos de sinais de clarividência além do tipo A, A. Céticos de cultura científica rasa como um pires são incapazes de aceitar outro tipo de prova além daquela que exigiram de Galileu (que só aceitariam a existência dos satélites de Júpiter quando colocassem os próprios pés neles). Ou seja, até hoje tais céticos não teriam sua prova A,A e os satélites de Júpiter permaneceriam não confirmados!
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Ainda assim, a psíquica deu ótimos exemplos de clarividência do tipo A, A, como demonstrado pelos casos em que os 3 juízes combinaram as figuras com as descrições corretamente:
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Também na Sessão 2 a psíquica obteve as seguintes impressões do Alvo No. 7 (o assassinato de Kennedy): “Parece-me que há vários homens nesta imagem. Há algo forte nisso. Aqui estão algumas pessoas que decidem sobre o país … Há algo com uma árvore. Há algo de errado nesta foto. É como se alguém estivesse em guarda. Eu quero ficar longe desta imagem porque algo foi feito aqui que a faz irradiar algo ruim.” A foto mostrava o momento em que o presidente era atingido pela bala do assassino. No fundo algumas árvores podem ser vistas. Todos os três juízes combinaram esta descrição com o alvo correto.
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03 – “Nada há de objetivo nessas testagens. Os experimentadores, em vez de pugnarem por estabelecerem alvos com os quais os médiuns ou clarividentes fossem obrigados a ser objetivos, se sentem satisfeitos com adivinhas vagas, nebulosas, incertas.”
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Mais uma demonstração de sua cultura científica rasa. Se fossem meramente adivinhas vagas, nebulosas, incertas, ela não teria atingido resultados significativos. Duvido que você ou qualquer outra pessoa que não fosse paranormal conseguiria obter os mesmos resultados que ela.