Como William Crookes foi Enganado por Tudo Quanto é Médium – Parte 1
Nesta primeira parte G. T. Thompson oferece um meio de como a Sra. Fay, uma médium de efeitos físicos, poderia ter enganado o célebre cientista William Crookes. Há uma réplica pelos autores Medhurst e Goldney. Na segunda parte o autor Colin Brookes Smith responderá às críticas de Medhurst e Goldney, e explicará como a médium Florence Cook poderia ter enganado Crookes igualmente.
É essencial que para a compreensão dos textos a seguir os leitores estejam familiarizados com o histórico dos médiuns citados e com os testes aplicados. Para isso, selecionei 3 artigos para serem lidos em ordem cronológica:
a) William Crookes e os Fenômenos da Mediunidade Física, de Medhurst e Goldney (março de 1964), págs. 25-157. Disponível aqui.
b) Os Testes Elétricos de Cromwell Varley com Florence Cook, de C. D. Broad (março de 1964), págs. 158-172. Disponível aqui.
c) Comentários Estrangeiros sobre a Mediunidade de Florence Cook, de George Zorab (março de 1964), págs. 173-183. Disponível aqui.
A Mediunidade da Sra. Fay
SIR, — Eu gostaria de fazer um comentário relativo aos testes elétricos com a Sra. Fay nas sessões de 5, 6, 19 e 20 de fevereiro de 1875, como descritos por Crookes e citados e discutidos pelo Sr. Medhurst e pela Sra. Goldney em seu recente artigo nos Proceedings.[1]
A Sra. Fay teria uma ideia muito boa do que lhe estaria reservado nessas sessões. Ainda que naquela de 5 de fevereiro fosse a primeira ocasião em que o teste fosse aplicado à Sra. Fay, ela deve ter sabido ou adivinhado que algum teste elétrico havia sido concebido e que provavelmente seria similar àquele realizado com Florence Cook e relatado por Varley no ano anterior.
Se a Sra. Fay queria libertar-se da restrição imposta pelo teste do galvanômetro, por substituir outra resistência, o modo mais seguro seria perturbar as condições experimentais o mínimo possível. Suponhamos que ela tenha anteriormente preparado dois contatos, fixados, por exemplo, um em cada um dos seus braços, os contatos sendo conectados a dois pequenos clipes por ganchos ou rolos de fio soltos escondidos em suas mangas. Fingindo ‘agarrar os terminais’, ela poderia, em um quarto escuro, conectar os clipes aos terminais ou aos fios que levavam a eles. Ela estaria então relativamente livre para se mover pelo quarto, e o galvanômetro mostraria variações de corrente similares àquelas esperadas se ela tivesse permanecido segurando as manivelas (terminais), e as várias precauções de vedar o quarto e fixar as manivelas seriam irrelevantes. Possivelmente o método alegado descrito por Houdini (colocando um eletrodo sob o joelho) foi usado na sessão de 5 de fevereiro e isso levou a um método aperfeiçoado, como o sugerido acima, no momento da sessão de 19 de fevereiro,
G. T. THOMPSON.
SIR, — A sugestão do Sr. Thompson é uma variação interessante daquela de Podmore, e certamente parece mais plausível. Podmore postulou, lembrar-se-á, que, enquanto fingia agarrar as manivelas, a Sra. Fay colocou uma bobina de resistência entre elas. A proposição do Sr. Thompson elimina a bobina de resistência, o corpo de Eva Fay ainda constituindo a resistência, embora a mulher agora tenha se dado espaço para o artifício.
Alguma coisa deste tipo pode bem ter acontecido, embora as variações do galvanômetro observadas ainda nos pareçam apresentar características que são difíceis de explicar. A hipótese de Podmore sempre pareceu difícil de conciliar com qualquer variação do galvanômetro durante o curso da sessão. O procedimento do Sr. Thompson, por outro lado, pode talvez esperar levar a uma variação muito maior do que a observada.
A dificuldade prática, em ambas as variações dos testes elétricos de Crookes e Varley, é fazer um contato suficientemente bom com o corpo. Na versão de Crookes, como empregado com a Sra. Fay, as manivelas foram firmemente envoltas com linho embebido em salmoura, e a Sra. Fay também molhou suas mãos na salmoura. Isso garante um bom contato, e as pequenas variações resultantes da leitura do galvanômetro seriam bastante compatíveis com o que foi observado. Se essas precauções são omitidas, nós descobrimos que, com um arranjo similar àquele usado por Crookes, é virtualmente impossível conseguir um contato bom, constante, a aparente resistência do corpo variando grandemente com pequenas mudanças de pressão das mãos. Por esse motivo, incidentalmente, nós achamos difícil de tomar seriamente a história de Houdini da manivela deslizada para embaixo do joelho. Na forma do teste de Varley, o contato é feito não pelas mãos, mas por uma área da pele sobre o braço, papel mata-borrão embebido em uma solução condutora sendo interposta entre o eletrodo e a pele. Presumivelmente no esquema do Sr. Thompson um arranjo similar seria necessário. Mas parece pelas observações registradas durante o teste de Varley (Proceedings, março de 1964, pág. 165) que, com tal método de fraude, as variações do galvanômetro enquanto a médium vagava pelo quarto e movia os braços esperar-se-ia serem muito maiores do que as observadas durante as sessões de Eva Fay.
Esse parece ser o ponto crítico na muito interessante sugestão do Sr. Thompson. Como o Professor Broad observou em conexão com o teste de Varley, é da maior importância resolver a questão, tanto quanto possa ser, por um experimento direto, e tem-se muitas esperanças de que isso será feito.
Existe outro, embora menos crítico, ponto que requer alguma explicação. Parece certo que se Eva Fay usou contatos metálicos ligados aos seus braços, ou a outras partes do seu corpo, ela teria que contrapor algum material encharcado em eletrólito, até para começar a fazer o contato adequado. A questão é quando esse passo necessário poderia ter sido feito. Presumivelmente não muito tempo antes da sessão. Crookes registra que por uma hora antes da sessão a Sra. Fay estava na sala de visitas do andar de cima, ‘na presença de muitas testemunhas’, ela então sendo convidada a descer para a biblioteca para o teste. Assim, parece que ela só poderia ter introduzido o material encharcado em eletrólito quando ela esteve na biblioteca, e na presença dos investigadores (já que, de um modo ou de outro, o circuito foi fechado antes que eles deixassem a sala); isto certamente parece apresentar uma dificuldade. Talvez alguém possa postular que a Sra. Fay pediu ‘licença’ imediatamente antes da sessão e Crookes omitiu isso do registro, embora caso ela fizesse disso um hábito antes de cada sessão alguém acabaria por levantar suspeitas.
Nós não precisamos apresentar como uma dificuldade os requisitos óbvios para uma pessoa adequadamente habilitada treinar a Sra. Fay, uma vez que uma perícia elétrica não era algo raro naqueles tempos. No círculo imediato, tem-se apenas que apontar para Harrison. Mas ficamos impressionados (embora alguns investigadores experientes, tais como o Dr. Dingwall, não nos daria apoio aqui) pela falha dos observadores do calibre de Galton e Rayleigh em observar qualquer coisa suspeita. Uma impostura do tipo postulado deve ter envolvido imprudência da parte dos observadores. Deve-se sempre ter em mente que alguns eram suspeitos da mediunidade em geral, e um, ao menos, desta médium em particular e do próprio Crookes. E ainda assim temos de supor que todos eles falharam, no ponto crítico do experimento, ao verem-se satisfeitos de que a Sra. Fay tivesse de fato agarrado as manivelas. Nós achamos ainda mais difícil supor que um homem da profunda inteligência de Lord Rayleigh, com muitos anos subseqüentes para refletir sobre o experimento, nunca teria observado o furo, agora tão óbvio para nós, que teria sido deixado caso ele fosse culpado de uma má observação tão grosseira. Não obstante, não se pode exceto concordar que as implicações, caso a fraude não tenha sido praticada, são tão grandes que as dificuldades deste tipo possuem menos peso do que teriam em outras circunstâncias.
R. G. MEDHURST
K. M. GOLDNEY
Crookes e os Fenômenos Físicos da Mediunidade
SIR, — Em abril de 1875 (Spiritualist, 23 de abril de 1875) Serjeant Cox anunciou o Conselho para a sua recém-formada Psychological Society. Assistindo à primeira reunião do Conselho estavam Myers e Crookes. Na página 70 do atual Proceedings os autores mencionam o trabalho anterior com Florence Cook e a Sra. Fay. Se Myers continuou seus inquéritos na mediunidade física após janeiro de 1875 é possível, através de sua associação com Crookes e Cox, que ele tenha comparecido nas sessões posteriores de ‘Leila’. Embora Cox tenha tido uma breve ‘ruptura’ com Crookes sobre as sessões conjuntas de Florence Cook e Mary Showers, eles estavam ambos reconciliados na época dos inquéritos com Fay.
A ruptura com Crookes agora curada não parou Serjeant Cox de assistir uma recepção dada pela Sra. Guppy para a médium americana Sra. Hardy. Isso ocorreu em 6 de agosto de
Neste período a Srta. Showers continuava suas sessões ainda que a ‘exposição’ de Cox na casa dele um ano ou mais antes dificilmente pudesse ser esquecida. Aparentemente, a posição de Cox tinha agora mudado. Sua aprovação da Sra. Fay, sua associação com uma amiga da Sra. Cook (i.e. a Sra. Ross-Church), capacitou-o a voltar a ser um visitante bem-visto nos círculos espiritualistas. Em agosto de 1875 Florence Cook ainda estava ruim de saúde e passando férias no sul da França. Estas datas são de alguma importância bem como o comportamento de Crookes nessa época.
Perto do fim de
Assim não há certeza que a confissão da Srta. Showers fosse o que agora aparenta ser. Como no caso de Eva C. e Palladino, é evidente que a fraude e a confissão são acontecimentos comuns ainda que fenômenos não-fraudulentos sejam manifestados em outras vezes pelo mesmo médium.
Contrária à declaração de que em fevereiro de 1875 as sessões de ‘Leila’ estavam em um ‘rumo vigoroso’, não há evidência de que Leila tenha se manifestado antes do verão de 1875. Em fevereiro, após o recente retorno da Sra. Corner do Continente, ela retomou as sessões para Blackburn e Crookes. Em 16 de fevereiro, ela sentou com seus patrocinadores e produziu supostos fenômenos telecinéticos. Ironicamente, o Spiritualist (19 de fevereiro) relata uma sessão em que a Sra. Fay, Blackburn e a Sra. Corner estavam entre os assistentes. Ruim de saúde ou não, a correspondência da Sra. Corner sugere uma inveja natural dos poderes e do sucesso da Sra. Fay. As materializações de ‘Stella’ e de ‘Leila’ parecem ter se desenvolvido após a partida da Sra. Fay deste país (primavera de 1875); e a correspondência, enquanto revela e re-emergência de formas completas, reflete a natureza privada das sessões. A imprensa do período, entretanto, relata uma visita da médium a Blackburn com sua cunhada (Spiritualist, 4 de junho de 1875). Seguindo a publicação da carta de ‘Leila’ pela Sra. Crookes (escrita em 21 de junho, publicada em 25 de junho, Spiritualist), a Sra. Corner partiu mais uma vez para o Continente. Não há evidência de que ela tenha se engajado em atividade mediúnica novamente neste país antes de sua partida no final do ano para o Extremo Oriente.
Os autores erraram sobre as atividades de Crookes no fim da vida. Eles foram capazes de encontrar ‘somente uma certa e uma muito duvidosa alusão a sessões
Para voltar à Srta. Showers. O caso contra ela não é decisivo e uma presente linha de pesquisa é determinar sua associação, através do casamento, com os Sidgwicks. Em algum momento posterior eu espero publicar um relatório das últimas atividades desta médium cujo passado foi tanto não profissional quanto [financeiramente] próspero. Lt.-Col. C. B. Appleby do Museu do Exército Nacional, Sandhurst, permitiu-me ver as contribuições feitas pela família Showers à história britânica na Índia. Os Showers foram uma família de soldados e de construtores do Império. Quando da morte do seu pai, o General Charles Lionel Showers, houve um extenso obituário do Times de Londres (13 de setembro, 1895). O comportamento incomum de sua filha (mediunidade, exposições e escândalos) de modo algum parece ter inibido suas promoções ao longo dos anos. Em 11 de agosto de 1873, ele escreveu à Rainha Victoria e descreveu as maravilhas atribuídas à mediunidade de sua filha à qual a princípio ele tinha rejeitado. Ele sugeriu que Sua Majestade pudesse desejar assistir às manifestações permitindo que sua filha visitasse o castelo. Subsequentemente essa carta foi publicada no Examiner de 11 de novembro de 1876 e no The Medium and the Daybreak de 17 de novembro. Sua esposa liberou a carta em face da crítica hostil sobre a mediunidade da filha deles.
Através dos bons ofícios da Condessa de Longford eu fui informado de que não há registro da Srta. Showers visitando a Rainha em Windsor e se ela de fato viu a Rainha é incerto.
MOSTYN GILBERT
SIR, —
R. G. MEDHURST.
K. M. GOLDNEY.
Publicado originalmente
[1] Proc. S. P. R., 54, Parte 195, Mar. 1964, págs. 95-103.
março 26th, 2013 às 10:15 AM
“Suponhamos que ela tenha anteriormente preparado dois contatos(…)”
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Suponhamos que Crookes e seus colegas eram um bando de patetas que nem perceberam que ela não segurou os contatos…
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Suponhamos que Crookes era tão extremamente míope que precisaria de bengala branca para andar em sua própria casa…
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Vitor, dá para me fazer um favor?
A Ana Eva Fay, segundo o que você já me disse, foi EXPOSTA por um BANDO de gente. Sei lá quanto livros já foram escritos, antes da morte dela, descrevendo TODOS os seus truques. Mas o mais importante de tudo é que ela revelou TODOS os seus truques ao Houdini. Tudo o que você precisa fazer é ver onde está o registro dessa bombástica revelação e lá estará descrito TUDO o que ela fez naqueles experimentos para enganar aquele bando de trouxas metidos a sabidos cientistas. E assim precisaremos supor EXATAMENTE NADA, pois aí estaremos SABENDO o que ela fez, segundo suas supostas próprias palavras, ainda que contadas por um terceiro.
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Será que algum dia verei algo assim?
março 27th, 2013 às 7:11 AM
Oi, Arduin
o Houdini aparentemente só revelou um dos truques que ela usou constantemente durante as sessões. Agora, importa mesmo se ela revelou todos os truques a ele ou não? Você está fugindo do ponto aqui. O ponto é que diversas simulações do experimento provaram a fraude ser possível, com as manivelas mais juntas ou mais separadas. A nota do Houdini está correta, e há provas disso, como se verá no próximo post. Foram descobertos meios de fraudar em ambas as situações. O próximo artigo, de Colin Brookes Smith, responderá a todos os pontos que Medhurst e Goldney levantaram nestes comentários.
março 27th, 2013 às 2:07 PM
Vitor, se Houdini MENTIU quando falou que ela teve sorte porque houve uma queda de força no teatro e assim pôde fazer o seu truque, por que eu deveria levar a sério o resto? Você é muito gozado, sabe? Fala do seu rigor científico na análise das pesquisas do Crookes, querendo invalidá-las pelo simples fato de não ter nomeado testemunhas, mas aceita relatos comprovadamente mentirosos como verdadeiros… Falta coerência por aqui…
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Ué? Se ela não revelou TODOS os seus truques ao Houdini, então por que o pessoal cético diz que ela revelou? E como eu disse: se ela revelou TODOS os seus truques, então deve ter revelado como é que enganou o Crookes e daí essas SUPOSTAS simulações de fraude não teriam a menor necessidade: bastaria esses simuladores lerem suas confissões e simular o que ela de fato fez e comprovar a plena viabilidade do truque. Por que não fizeram isso em vez de ficar SUPONDO que tivesse feito isso ou aquilo?
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Vitor, veja se entende o meu ponto: tudo o que esse pessoal aí apresentou até agora foi que SUPOSTAMENTE fazendo isso ou aquilo, a médium poderia ter liberado uma mão ou supostamente poderia se afastar um pouco, mas NÃO EXPLICAM como é que ela percorreu a biblioteca, achou os livros certos para dá-los às pessoas certas, destravou uma tranca de alto segredo, trouxe uma peça de porcelana de um modelar junto ao teto de uma sala…
Eu chamo a isso de DESONESTIDADE CIENTÍFICA. Os caras sabem que nada do que apresentam explicam o que de fato ocorreu, pois é preciso varrer para baixo do tapete uma série de acontecimentos registrados e ficar só com um ou outro (uma mão e um braço fora da cortina, por exemplo), que poderiam ser explicados pela suposta fraude. Assim não dá.
março 27th, 2013 às 6:54 PM
Oi, Marcos
comentando:
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01 – “Vitor, se Houdini MENTIU quando falou que ela teve sorte porque houve uma queda de força no teatro e assim pôde fazer o seu truque, por que eu deveria levar a sério o resto?”
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Porque os experimentos provaram que a explicação era correta.
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02 – “Se ela não revelou TODOS os seus truques ao Houdini, então por que o pessoal cético diz que ela revelou?”
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Isso é o que dá basear-se em fontes de segunda mão…
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03 – ” bastaria esses simuladores lerem suas confissões e simular o que ela de fato fez e comprovar a plena viabilidade do truque.Por que não fizeram isso em vez de ficar SUPONDO que tivesse feito isso ou aquilo?”
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Provavelmente por que a máquina do Crookes/Varley nem estava mais disponível à época. Não tinha como replicar. Teria que fazer uma baita pesquisa em museus. Que foi o que os autores recentes fizeram.
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04 – “mas NÃO EXPLICAM como é que ela percorreu a biblioteca”
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Explicam SIM. Veja:
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“ela podia ter prendido ambos os eletrodos na parte de cima da meia-calça de ambas as pernas, deixando suas mãos completamente livres e então dar alguns passos além da abertura do gabinete até a extensão máxima dos fios de conexão, que se arrastariam no chão, longe da vista das testemunhas. “
[…]
“quando em 1875 a Sra. Fay viu-se diante de manivelas de metal ‘pregadas agora mais separadamente’, ela poderia ter empregado qualquer um de vários truques para conseguir libertar uma ou ambas as mãos e acenar em qualquer lado do gabinete ou pegar e em seguida entregar objetos para os assistentes (pág. 98). Ela poderia ter empregado a manobra do braço deslizante descrita acima ou não teria sido uma impossibilidade ginástica para ela puxar para baixo uma meia-calça e fazer sua perna nua ficar em cima de ambas as manivelas e enquanto se apoiava na outra perna, obter alcance adicional. Eu consegui fazer isto com sucesso, mas não é fácil.
Alternativamente, ela poderia ter escondido uma fita comprida em seu vestido, embebida em solução salina ao mesmo tempo em que ela molhava as suas mãos (pág. 97) e quando deixada só na escuridão, ela poderia ter amarrado a fita de uma manivela até a outra sem quebrar a continuidade do circuito, e então livrar ambas as mãos. Este truque pode ser fácil e convincentemente repetido, mas a fita deve ser larga ou dobrada e a solução salina forte. Mesmo com as manivelas separadas por 60 centímetros, não existe nenhuma grande dificuldade em fazer este truque sem grandes oscilações no galvanômetro.”
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05 – achou os livros certos para dá-los às pessoas certas
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Já disse que havia luz no aposento. Não estava breu total. Embora fraca, havia luz suficiente para tais operações. O próprio Crookes admite isso. Veja:
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Posteriormente, uma cortina foi suspensa acima desta mesma porta, para deixar a biblioteca em relativa escuridão e permitir a rápida e fácil passagem de um lado para outro.
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a Sra. Fay foi convidada a descer até a biblioteca; ela sentou em sua cadeira de frente para as manivelas de metal, e os bicos de gás da biblioteca foram apagados, exceto por um deles, que foi diminuído
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06 – destravou uma tranca de alto segredo>
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Quem disse? O que Crookes diz é: “Minha escrivaninha, que se fecha firmemente com uma fechadura Bramah, foi fechada cuidadosamente um pouco antes de a sessão começar e ainda assim foi encontrada aberta depois que a sessão terminou.”
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Mas a chave estava com Crookes? Ou Crookes entregou a chave para alguém dizendo: “Fulano, enquanto eu cuido de umas coisas aqui, fecha a minha escrivaninha lá!” Aí Crookes entrega a chave para fulano, que finge que fecha a escrivaninha ou até mesmo fecha mas depois volta e reabre a escrivaninha. Crookes não informa ter ficado o tempo todo com a chave – e mesmo se dissesse, isso seria duvidoso, dado o que sucedeu com a chapa referente ao William Hope, em que ele disse que havia ficado o tempo todo com ele, e depois disse que não havia ficado o tempo todo com ele… outra possibilidade ainda é a Fay ou um cúmplice ter pego a chave dos bolsos dele.
março 27th, 2013 às 7:52 PM
Ah, Arduin, se já tiver terminado a tradução do artigo do Harry Price sobre o William Hope me manda que eu coloco para revisar.
março 28th, 2013 às 4:52 PM
1 – Os “experimentos” NADA PROVARAM. No máximo o que eles poderiam dizer é que substituir uma mão pela junta do joelho é algo possível de ser feito. Mas não explica o que ela fez na biblioteca do Crookes, pois tal truque não a ajudaria a se afastar da parede. Mas o Massimo Polidoro conclui TODO UFANO: Não há mais dúvidas de que tal truque de fato ocorreu.
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2 – Mas uma das premissas básicas do verdadeiro ceticismo é que quando uma fonte de segunda mão avacalha com médiuns, então ela é verdadeira e confiável. Certo?
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3 – É dos autores recentes mesmo de quem estou falando. Se eles lessem os livros do Houdini, certamente achariam lá TODOS os truques da Ana Eva Fay descritos em suas minúcias. Inclusive os truques que ela usou para enganar o Crookes. Certo? Então bastava só ver a descrição dos truques usados em neste ou naquele dia, repeti-los em experimentos simulados e confirmar que são plenamente viáveis. É isso o que eu ainda não vi.
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4 – Ah! Vitor, NINGUÉM nunca supôs aí que poderia dar o baita azar desses fios se encostarem e fazer a agulha do galvanômetro pular? E esses fios não teriam alguma resistência que faria Crookes notar que a declinação estava maior do que nos experimentos anteriores?
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Ôh! Pela distância, ela até poderia por uma mãozinha fora da cortina do lado mais perto dela, mas como conseguiu fazer isso do lado mais distante? E como é que fazendo isso ela iria sair do lugar para percorrer a biblioteca? Em Ciência, caso você saiba algo de rigor científico, quando uma hipótese falha em explicar certos resultados ou evidências observadas, ela é DESCARTADA. Mas no verdadeiro ceticismo não: mesmo não provando coisa alguma, elas são ACEITAS de qualquer maneira.
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É gozação é? Se é TÃO FÁCIL fazer isso com uma fita molhada, por que é os colegas de Crookes não conseguiram fazer isso com o lenço? Eles tiveram de fazer várias tentativas até chegar ao valor próximo à resistência de um corpo humano, sempre perguntando ao Crookes qual o valor marcado. E TODAS AS VEZES que tentavam fazer os ajustes, o galvanômetro OSCILAVA VIOLENTAMENTE, denunciando o que estavam tentado fazer. Alguém está contando lorota por aqui.
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5 – Não havia: só um bico de gás aceso no mínimo não iluminaria muita coisa. O próprio Crookes diz: – Eu normalmente sei a localização aproximada dos livros em minha biblioteca, MAS AINDA ASSIM PRECISARIA DE LUZ PARA ENCONTRÁ-LOS. Ué? Se havia luz suficiente, por que essa ressalva? Além disso era a PRIMEIRA VEZ que ela via aquela biblioteca. Como ela sabia onde os livros estavam e como sabia qual o gosto das testemunhas?
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6 – Suponhamos, suponhamos, suponhamos… Vamos longe com essas suposições. Vou só supor que Crookes era honesto, já que ninguém nunca provou o contrário, e que ele trancou a escrivaninha e guardou a chave consigo, que seria a coisa mais lógica a ser feita.
março 28th, 2013 às 4:58 PM
Vejamos se consigo acabá-la neste feriado.