AS FRAUDES EM NOME DO ESPIRITUALISMO – Parte 2
Parte final do artigo escrito pelo Dr. Albert Moll, que revela diversos truques de médiuns de efeitos físicos e mentais.
AS FRAUDES EM NOME DO ESPIRITUALISMO
Alguns curiosos exemplos de alegadas fotografias de espíritos e como elas são feitas.
A Figura 2 mostra um curioso exemplo da assim chamada fotografia espírita em que um grupo familiar é capturado.
Com isso é publicada a segunda e final parte da descrição do Dr. Albert Moll de sua detecção de fraudes no Espiritualismo. No artigo publicado pelo The Times no último domingo, Dr. Moll descreveu o charlatanismo dos médiuns. No artigo que segue, ele retrata entre outras coisas os truques que são realizados por meio de uma câmera.
Pelo DR. ALBERT MOLL
Enquanto no primeiro artigo nós vimos que a fotografia é útil para detectar fraudes espiritualistas, os próprios Espiritualistas, por outro lado, sustentam que a mesma fotografia assegura a realidade dos fenômenos. Eles afirmam, bem corretamente, que se o espírito que aparece fosse é um produto da imaginação dos presentes, não é possível afixar essa imagem em uma chapa fotográfica. Eles sustentam, entretanto, que em vários casos a fotografia de espíritos foi realizada com sucesso. Infelizmente, encontramos uma série de elos perdidos nessa cadeia de argumentos.
Uma das ilustrações (Fig. 1) mostra um médium que parece estar sentado em um sono profundo, enquanto acima dela tem uma figura enorme, alegada ser um tal de Bispo Robertus, que viveu há cerca de mil anos. Aqui é importante atentar para o fato que o médium e o espírito aparecem simultaneamente, consequentemente o médium não pode estar personificando o espírito. Bastante correto, mas de forma alguma uma evidência conclusiva de boa fé, já que tais espíritos são facilmente construídos com roupas ou panos e uma máscara. De fato, se analisarmos cuidadosamente a face do espírito, veremos rapidamente a expressão semelhante a uma máscara. Eu tenho visto fotografias de espíritos, entretanto, em que a face não lembra de forma alguma uma máscara, pelo contrário, se parece bastante com o indivíduo quando vivo, e assim tais fotografias são consideradas uma evidência de que o “espírito” não foi artificialmente construído.
A Figura 1 mostra um médium que parece estar sentado em um sono profundo, enquanto acima dela tem uma figura enorme, denominada Bispo Roberts.
A maior dificuldade em se chegar a uma estimativa correta da fotografia dos alegados espíritos é a impossibilidade de se seguir de perto o processo inteiro de sua preparação. A arte de fotografar está cheia de “truques” técnicos pelos quais resultados aparentemente misteriosos são conseguidos. Muitas fotografias podem ser sucessivamente tiradas na mesma chapa, e o inspetor de tais chapas é provável que fique bastante confuso. Eu me lembro de ter visto um exemplo disso, em que três cenários foram misturados. A fotografia em geral é de uma sala, à esquerda, sob uma palmeira, está a indistinta figura de um animal de rapina, e, além disso, parece haver duas grandes mãos humanas. Esse é um bom exemplo do uso de uma chapa para várias fotografias. Também provou-se que em vários momentos as alegadas fotografias espíritas estavam nas chapas antes de elas serem colocadas na câmera, na sessão.
Em um de tal caso, que criou grande sensação em Paris, a preparada “fotografia espírita” foi detectada assim que estava sendo colocada dentro da câmera. Ficou provado que a imagem já estava na chapa antes de a sessão começar.
Entre todos os acontecimentos, entre todas as alegadas fotografias espíritas que me foram mostradas, ou que tenha chamado a atenção publicamente, ou mostradas de forma privada, nunca houve uma única que tenha sido produzida por um processo tão cuidadoso, do início ao fim, que pudesse ser aceita como evidência convincente de uma manifestação verdadeiramente espiritual.
Em alguns casos foram produzidas, por causas externas e sem qualquer intenção de má fé, o que pareciam ser, sem sombra de dúvida, fotografias espíritas genuínas. Desta classe, a Fig. 2, pertencente ao Dr. R. Henning, de Berlin, é um espécime interessante. Essa fotografia – um grupo familiar – foi tirada por um dos filhos da família. Três pessoas são vistas ao redor de uma mesa, três outros estando atrás dela, e atrás desses três aparece uma cabeça enorme, bastante transparente, já que o plano atrás dela é perfeitamente visível.
Essa fotografia causou uma grande impressão sobre os crentes, entre os Espiritualistas, e, portanto, devemos ser gratos ao Dr. Henning por ser capaz de oferecer uma explicação para o fenômeno bastante terrena, embora curiosa. Para começar, ele chama atenção para o fato de a cabeça curiosa ser provida de um pince-nez – um artigo que nunca foi materializado antes fora do mundo dos espíritos. Ele também pede que notemos que a face tem exatamente a expressão de alguém que tivesse acabado de fazer o pedido: “Vamos, agora, abra um sorriso, por favor”.
A investigação do Dr. Henning descobriu que a cabeça tinha sido projetada na fotografia por uma curiosa reflexão projetada na chapa fotográfica pela porta de vidro da sacada em que a fotografia foi tirada. Ele foi ajudado nesta conclusão pela descoberta que sobre um dos quadros da parede dos fundos da sala, perto da cabeça fantasma, apareceu refletida a imagem da folhagem, que, durante a tomada da foto, estava atrás do fotógrafo e oposta ao painel da porta da sacada, a imagem dessa folhagem sendo projetada pelo mesmo reflexo que fez com que o rosto do fotógrafo aparecesse na chapa fotográfica.
Não há muito tempo, um homem mostrou-me uma foto que ele tinha tirado de sua esposa após a morte dela. Aparecia, na mesma fotografia, a claríssima similitude do que era evidentemente a cabeça de um velho. Uma semelhança foi logo vista entre esta foto e o pai da esposa há muito morto. Uma investigação completa mostrou, entretanto, que o fenômeno era o resultado de uma maneira peculiar de arrumar, ou dobrar, os travesseiros. Tal arranjo em que uma semelhança é obtida para a cabeça fotografada é bastante fácil de alcançar.
Mas como, será objetado, isso explica a semelhança com o pai? A resposta é que a semelhança está na imaginação do observador. A maioria das assim chamadas fotografia de espíritos é um tanto vaga, e assim, se alguém quiser, elas podem ser construídas de forma a se parecerem com milhares de pessoas. Muitas me foram mostradas em que eu esperava encontrar uma semelhança com certas pessoas. Eu não achei tal semelhança, mas ainda assim havia a convicção de certos Espiritualistas que tal semelhança existia.
Uma circunstância mais notável ligada a isso é que não é de forma alguma raro quando os espíritos estão presentes para os assistentes detectar uma semelhança com um parente falecido – uma circunstância que melhor mostra o forte efeito da sugestão, que é aqui posta em prática. Se em alguém, dessas quase sempre vagas fotografias, aparece a mais ínfima marca pela qual um conhecido possa ser reconhecido, a imaginação supre qualquer coisa a mais necessária para completar a identidade.
Entretanto, os Espiritualistas alegam ter à disposição muitas outras provas da identidade dos espíritos. Eu já fiz menção aos médiuns psicógrafos e falantes, pelos quais os espíritos supõem-se aconselhar a humanidade. Algumas vezes, fez-se a alegação que as escritas aparecem espontaneamente, sem qualquer mecanismo de auxílio. Há trinta anos o médium Slade – que não deve, entretanto, ser confundido com o Slade a quem o nome foi vendido para propósitos de publicidade – foi investigado por diversos acadêmicos. Os Espiritualistas alegaram que, em sua presença, pedaços de lápis, quando colocados sobre uma ardósia vazia, aparentemente colocavam-se em movimento, sozinhos, e escreviam sobre a ardósia. Desta maneira, respostas foram obtidas para todos os tipos de questões.
A Fig. 4 mostra diversas comunicações que foram preservadas sobre um bloco de papel original que Slade usava à época. As respostas, às vezes em inglês, às vezes em alemão, não possuem interesse especial em si mesmas, e as forneço aqui somente porque elas servem como exemplo das alegadas escritas espontâneas, que são inquestionavelmente acompanhadas por um truque de prestidigitador. O lápis não escreve absolutamente, a ardósia sendo segurada de forma que tanto a ardósia quanto o lápis possam ser vistos pelos presentes. Uma variedade de truques de prestidigitadores é usada pelos médiuns nessa conexão.
Algumas vezes, a ardósia com a escrita espírita é preparada antes de o médium mostrar a aparente superfície vazia, e nesse caso ou somente um lado da ardósia é mostrado, ou, num piscar de olhos, o que é suficiente para alguém habilidoso, a ardósia a ser examinada é trocada por outra. Ainda, em outros casos, os médium colocaram sob suas unhas lápis muito pequenos, com os quais escrevem sobre a ardósia vazia embaixo da mesa. Entretanto, a escrita espontânea de espíritos é rara. Na maioria dos casos, a mão do médium, segurando um lápis, é usada, e o que o médium escreve é aceito pelos Espiritualistas como uma manifestação ou revelação.
Alega-se que matérias além da compreensão do assistente são comunicadas dessa maneira; e o mesmo é obtido no caso de médiuns falantes.
Volumosas atas de sessões espiritualistas foram impressas contendo essas alegadas escritas e mensagens espíritas, trechos dos quais foram feitos públicos. Elas contêm, entretanto, trivialidades demais, que mesmo em face das reiteradas asserções dos Espiritualistas que de tal forma as mais extraordinárias manifestações ocorrem, deve ser dito que elas não falam nada de valor.
A Figura 4 mostra comunicações feitas no experimento da ardósia.
Eu mesmo nunca presenciei uma sessão em que qualquer coisa que estivesse minimamente além do horizonte do médium fosse revelada ou pela escrita ou pela fala. Existem, certamente, casos em que os médiuns comunicaram matérias em que no instante de tais comunicações eles não estavam cientes de forma consciente. Aqui, temos que lidar com o fato que coisas que foram uma vez experimentadas podem vir à tona outra vez em algum tempo futuro por sinais ou símbolos exteriores – como, por exemplo, a escrita – sem que o escritor esteja necessariamente ciente dela. De qualquer modo, essa fase particular de manifestação espiritualista sempre lida com experiências pelas quais o médium já passou.
Afirma-se também que, por vezes, as respostas dadas a certas questões somente poderiam vir de uma inteligência maior; mas, infelizmente, não existem registros confiáveis de sessões em que tais manifestações ocorreram.
As respostas escritas algumas vezes são tão confusas que elas podem significar quase qualquer coisa. A Figura 5 mostra a resposta dada por um médium em resposta à questão quanto ao tipo de comida que certa pessoa, que não estava presente à sessão, tinha comido no dia anterior. O espécime mostra quão fácil é ler a mensagem em vários sentidos. A palavra de cima foi dita pela primeira pessoa que a leu ser “sopa de carne”; pela segunda, “café”; e pela terceira; “goulash”.[1] Resumindo, as próprias mensagens são frequentemente ambíguas, e assim não suscetíveis de prova.
A Figura 5 mostra uma mensagem que admite várias leituras.
A Figura 6 mostra a resposta de um médium a quem Alfred Lehmann testou em Copenhagen. A questão deveria ser respondida somente com um “sim” ou “não”. Lehmann diz, bastante corretamente, que a resposta poderia ser lida tanto como “ja” (sim) como “nei” (o dinamarquês para não). Essa ambigüidade, como dito acima, é muito freqüente nas respostas dos médiuns psicógrafos.
A Figura 6 mostra um caso típico de ambigüidade numa mensagem espírita.
Dos experimentos feitos que são ditos provar comunicações muito precisas concernente a matérias dos quais nenhum dos presentes estava ou poderia estar ciente, os mais freqüentemente citados são aqueles conduzidos com a Sra. Piper e a Sra. Thompson. A Sra. Piper, em especial, tem sido o sujeito de investigações científicas afiadas, tanto na Inglaterra quanto na América, e todos concordam que ela tem, em muitas ocasiões, fornecido informação em resposta a questões que nenhum dos presentes estava ou poderia estar ciente. A sessão com o Prof. Lodge é mencionada ligada a isso. O Prof. Lodge deu a Sra. Piper um relógio o qual seu tio havia deixado com ele. Ela lhe disse de uma vez a quem o relógio tinha pertencido, dando o nome de um irmão gêmeo do tio em questão.
Depois que Lodge tinha aparentemente, dessa forma, estabelecido a comunicação com o espírito, ele pediu algumas lembranças dos dias de meninice dos dois tios. O espírito lembrou vários fatos, tal qual eles nadarem juntos num riacho perto da casa deles, a morte de um gato no campo dos Smith, a posse de uma pequena caixa e de uma longa e peculiar pele (uma pele de cobra) &c. Eu tirei essa declaração do trabalho de Alfred Lehmann chamado “Aberglauben und Zauberel” (Superstição e Mágica), publicada por Ferdinand Enke em Stuttgart. Todas essas declarações foram verificadas, e verificação adicional, para o propósito de outra discussão, não pôde ser demandada. Essas e outras características similares da Sra. Piper causaram grande sensação.
Mas nunca se é capaz de considerá-las à luz de provas inacessíveis. As fontes de erro as quais devemos considerar ligadas a isso são muitas. Uma das mais importantes referir-me-ei brevemente: os assistentes, frequentemente por meio de sinais não intencionais, feitos inconscientemente a eles próprios, colocam o médium na trilha da resposta certa. Esse é um fato bem conhecido a todo investigador. De ainda maior importância é o fato de a informação revelada pelo médium tem sido em muitos casos sistematicamente coletada. Muitos médiuns, em suas viagens por diferentes cidades, e suas ligações com vários clientes, compilaram livros de memorando. Antes de fixarem-se em um determinado local, eles próprios buscam informação referente aos Espiritualistas proeminentes, investigando tudo sistematicamente, como, por exemplo, datas de mortes na família, a aparência pessoal daqueles que morreram, &c.
Eles não poupam esforços quanto a isso, indo frequentemente a cemitérios para investigar eles próprios. É difícil conceber as minúcias de detalhes os quais os médiuns mantêm a si mesmos informados, e quando uma sessão com outro Espiritualista é realizada, prontamente se compreende que é possível dar detalhes de família, como datas de morte, &c.
Nós também temos que levar em consideração o fato que quando uma coincidência ocorre, a audiência fica possuída de tal excitamento que a crítica calma é perdida, e as respostas ambíguas do médium são interpretadas de forma favorável. Max Dessoir ainda notou que ao menos uma parte dos golpes de sorte feitos pela Sra. Piper são capazes de serem imaginados com a combinação correta. Quando, por exemplo, a médium, falando pelo espírito do pai de Hyslop, diz, “Você não é o mais forte”, Hyslop adiciona a isso, “Ele me avisou uma centena de vezes que eu não sou tão forte quanto outras pessoas”.
Isso é o que Max Dessoir tem em mente – que o aviso possa talvez ser explicado pelo fato que Hyslop tem a aparência de não ter uma saúde robusta. Também deve ser tido em mente que muitas das comunicações dos médiuns são incorretas, e este também é o caso da Sra. Piper. Tais erros são depois muito facilmente esquecidos, e, portanto, não são considerados no julgamento dos poderes do médium.
Uma importante fonte de erro a ser considerada é a memória conveniente, quando, por exemplo, alguém ilude a si mesmo numa lembrança fantasiosa de algo declarado ter ocorrido. Por exemplo: X é o participante de uma sessão. O médium lhe diz algo que se supõem tê-lo vivenciado muitos anos antes. X confirma isso, e diz que tinha esquecido tudo sobre a experiência, mas que agora se lembra dela. Vários casos desse tipo demonstraram-me, entretanto, que enquanto X se lembra muito bem de tal ocorrência na sessão, posteriormente ele acredita que sua memória lhe pregou uma peça. No caso de Madame Piper, essa fonte de erro também deve ser seriamente considerada. Se algum dos assistentes disser, em referência a alguma ocorrência passada, que o que a Sra. Piper disse ocorreu com ele, e que tinha totalmente esquecido tudo sobre o incidente, então tal recordação não pode ser aceita como prova.
Falhas de memória, bem como de percepção, exercem um papel especialmente importante. Como os modernos investigadores nesse campo da psicologia mostraram, em muitos casos as ocorrências se mostraram de outra ordem ao solícito assistente, ou como a memória se lembrava delas. Isso é de uma importância peculiar nos fenômenos espiritualistas. Por um longo tempo, os experimentos de Crookes foram vistos como uma evidência conclusiva da existência de um poder desconhecido, que fazia objetos inanimados se moverem sem um mecanismo auxiliar, e o qual poderia influenciar o peso de tais objetos. Crookes, o grande investigador inglês, fez os seus experimentos aparentemente de acordo com os requerimentos científicos mais rigorosos para o médium Home.
Um experimento envolvia uma harmônica, que foi colocada dentro de uma jaula, e uma música tocou sem aparentemente qualquer interferência externa, o médium incapaz de colocar sua mão dentro da jaula, para tocar no instrumento.
A Figura 3 mostra o início desse experimento, a jaula com o instrumento dentro dela sendo colocada embaixo da mesa. O segundo estágio do experimento consistia na mão do médium ser colocada em cima da mesa, esta mão estando fronteiriça a um lápis de registro, o qual, sem qualquer ajuda aparente de Home, anunciou uma mudança de peso.
Crookes sustentou que Home não poderia ter executado esse movimento do lápis por qualquer mecanismo conhecido. O experimento de Crookes, que aparentemente foi executado primorosamente, foi aceito por longo tempo como uma prova conclusiva ou da existência de uma força misteriosa, ou da manifestação de espíritos.
Mas nos últimos anos uma crítica destrutiva dessa aparentemente clássica série de experimentos apareceu na figura de Alfred Lehmann. Ele mostrou que os dois anúncios públicos dos experimentos os quais Crookes fez em tempos diferentes variaram tão materialmente que se tornou imediatamente aparente que Crookes omitiu os mais importantes pontos necessários para chegar a sua conclusão.
Enquanto o relatório em sua primeira publicação foi para o efeito de ele próprio ter conduzido os experimentos; que tudo tinha permanecido localizado próximo à mesa durante os experimentos, e que o médium tinha obedecido às suas ordens (de Crookes) implicitamente, a segunda declaração claramente denota o oposto. O médium movia-se praticamente ad libitum[2], os assistentes trocavam seus lugares, e, o que é característico desses experimentos, embora eles tenham sido a princípio declarados como tendo ocorrido em plena luz, agora se revelou que a maioria deles foi na escuridão. Então, também, o fato que Crookes tinha inteiramente ignorado na primeira publicação o importante ponto do controle do médium, mostra bem simplesmente o quanto não podemos confiar em tais registros de um ponto de vista científico. Em um momento há um erro de observação ou percepção, em outro é um engano ou a memória que influencia na descrição dos experimentos.
A Figura 3 mostra Home e o experimento da harmônica.
Eu me lembro de uma sessão em que a médium se sentou atrás de uma cortina, os espíritos aparecendo em frente a essa cortina. Como prova de que a médium permanecia em seu lugar e que ela própria não personificava os espíritos, ela tocava uma harmônica na boca durante parte do ato. O primeiro espírito apareceu, e logo em seguida juntou-se um outro. A alegação posteriormente feita por vários assistentes da médium é que ela tocou a harmônica durante o período inteiro da aparição dos dois espíritos diante da cortina.
Eu tenho observado especialmente esse ponto, e a verdade é que a médium tocou a harmônica somente durante o período em que o primeiro espírito apareceu, enquanto que quando do segundo espírito, ela não tocou. Os espíritos eram, sem dúvida, produzidos por meio de um lençol ao alcance das mãos da médium. Na pouca luz, a parte mais baixa da figura não era visível em seus contornos, enquanto a parte de cima apresentava o contorno de uma cabeça.
Questionando diversas pessoas que estiveram presentes numa sessão típica, ou pedindo para elas descreverem o que tinha acontecido, descobri discrepâncias tais em suas respostas e descrições que era praticamente impossível aplicá-las à mesma sessão.
Somente por métodos científicos e especialmente sujeitando os registros dos experimentos ao mais severo escrutínio para detectar as fontes de erro, pode-se obter sucesso em explorar o campo do Espiritualismo. E quando levamos em consideração o fato que os médiuns não estão dispostos a se submeter a condições em que a investigação científica se faz necessária, e que um médium que já adquiriu alguma reputação é tão espoliado quanto uma prima dona, a dificuldade de coletar material positivo se torna clara.
A grande maioria dos médiuns ganha suas vidas graças à sua alegada mediunidade, enquanto outros estão possuídos de uma irresistível vontade de enganar o público, mesmo quando nenhum usufruto vier disso. As exigências da investigação científica são severas demais e os perigos muito óbvios para ambas as classes de médiuns para fazê-los dispostos a se submeterem a elas. Assim, o próprio Espiritualismo sofre, como é sabido por seus seguidores, devido a esta inabilidade do investigador em seguir por linhas científicas.
Enquanto for esse o caso, não pode se esperar que a Ciência reconheça a realidade dos fenômenos espiritualistas. Além disso, não se deve provocar os que vêem o Espiritualismo na luz de um credo, mas os que alegam que alegam que é suscetível de investigação científica precisam responder que tal investigação deve ser conduzida em linhas definidas, sob condições em que a objeção possa ser levantada, e até aqui a aplicação de tal investigação ao fenômeno espiritualista, ou qualquer que seja o seu tipo ou natureza, nunca pôde provar sua realidade.
Puwblicado originalmente no The New York Times de 4 de julho de 1909.
dezembro 15th, 2009 às 3:04 PM
Como já disse. Existe fraudes sim, agora tomar tudo como fraude também não é científico.
Uma vez postei no ceticismo aberto a seguinte pergunta:
Se toda imagem que chega de UFO eles fazem a seguinte afirmação: Também se conseguiria esse efeito utilizando uma técnica X. Logo essa fotografia não é de um UFO.
O que temos aqui não é uma afirmação lógica de => conseguimos simular logo essa logo a foto foi simulado. E sim ganhamos um novo problema! Se eu consigo simular todas as fotos tiradas por UFO como vou conseguir distinguir de uma real e de uma simulada ?
Cada caso é um caso… existem fraudes sim, mas dizer que todas são fraudes é a mesma coisa que dizer que todas são reais.
É a minha opinião.
dezembro 29th, 2009 às 8:26 AM
Em 150 anos de kardecismo não temos sequer uma investigação que não tenha provado a fraude. Começando pelo Livro dos Espíritos onde encontra-se um monte de absurdos e até mesmo pelo pseudônimo adotado pelo Sr. Hippolyte (Allan Kardec).
Com toda a certeza a ciência reconhecerá a existência de espíritos quando (se) forem apresentadas evidências suficientes. Alegar que nem todos os médiun são fraude implica em apresentar aqueles que não são fraude para a devida investigação.
dezembro 29th, 2009 às 1:40 PM
Acho exatamente ao oposto. As fraudes de médiuns desonestos equivalem-se a de materialistas, céticos ateus e homens sem Deus ou fé. Botem todos no saco que são de mesma farinha.
Mas
dezembro 29th, 2009 às 1:52 PM
Acho exatamente ao oposto. As fraudes de médiuns desonestos equivalem-se às de materialistas, céticos-ateus e homens sem Deus ou fé. Botem todos num saco que são de mesma farinha. Ah! também grandes nomes da ciência, e muitos!
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Mas quem de fato provou alguma coisa fraudulenta e desonesta nas obras clássicas do espiritismo; que a mediunidade é uma farsa ou o espiritismo não existe? Ninguém, meras teorias, e porque céticos e ateus desejam que as coisas do espírito se mostrem como eles entendem. E não é assim que a banda toca.
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Odiar espíritas e o espiritismo à distância e teoricamente é uma coisa – aliás irracional – conviver com eles e aquilatar o que sejam verdades e mentiras é outra completamente diferente!
dezembro 29th, 2009 às 9:19 PM
Queria muito compilar uma datação comparativa entre romances [europeus] de ficção [“científica”] do meio do século XIX, e tentar vincula-los à suas respectivas inspirações, pois acredito que o que desencadeou muitas das crenças ocultistas atuais tenha originado-se na ficção literária.
dezembro 30th, 2009 às 12:29 AM
Prezado FPacheco:
Se esforço cético é louvável para o mundo cético. Com absoluta certeza que, para essa datação, você jamais conseguirá, nem para qualquer outra. Mas tente!
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Esclarecendo: crenças ocultistas são para pessoas de pouco conhecimento, embora a tradição oral seja respeitável e trate com acerto inúmeras situações emergentes do ocultismo. Sabedoria ocultista é outra coisa completamente diferente. E lamento informá-lo que ocultismo não é para qualquer um, muito menos para céticos da negação, claro.
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E infelizmente há também no mundo ocultista os pseudo, para deleite de céticos.
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Sds.
dezembro 30th, 2009 às 12:30 AM
Correção: Seu esforço…
janeiro 15th, 2010 às 1:28 PM
A fim de verificar a consistência de outras opiniões, li mais de 50 obras anti-espíritas, escritas por apologistas cristãos. Apenas para descobrir que seus argumentos se repetem, parodiam-se e até são plagiados uns autores pelos outros. Em nenhuma delas encontrei nada efetivamente consistente que eu pudesse considerar como relevante ou mesmo útil.
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Em 2000, descobri os tais céticos, que se apresentam como pessoas sábias, cultas, inteligentes, perspicases, argutas e outras gentilezas que trocam entre si. Acreditei que agora sim ia encontrar argumentos lógicos e consistentes, que mostrariam os erros do Espiritismo. Coisas válidas, muito diferentes das elucubrações teológicas que encontrei entre autores cristãos.
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Para minha profunda decepção, descobri que os tais céticos são movidos a fé. Uma fé ainda mais cega e burra do que a que encontrei entre os religiosos.
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Como se vê pelos argumentos acima, o tal “cético” joga para a platéia: “O médium poderia ter feito isso; o cientista deixou passar aquilo”. E daí está provada a falência do Espiritismo. Uma pena não ter visto o tal cético apresentar casos CONCRETOS de fraudes que ele próprio cuidou de desmascarar. Aliás, Charles Richet ao refutar um artigo do cético Achilles Delmas lembrou que os farsantes eram desmascarados pelos ESPÍRITAS E METAPSIQUISTAS. Cadê os céticos?
Para não alongar, vou lembrar o caso do filho do Hyslop. Abordado pelo pesquisador, este lhe pediu que lhe relatasse um caso familiar íntimo, que sabidamente não seria de conhecimento público. E o rapaz lembrou que o vizinho deles, o Sr Cooper, tinha um perdigueiros que um dia pularam a cerca da fazenda e mataram algumas ovelhas do pai dele, que ficou muito aborrecido com o incidente. O pesquisador então perguntou ao espírito incorporado em Piper o que ele achava do Sr Cooper.
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O espírito se debulhou em elogios. Disse que o Cooper era uma pessoa maravilhosa, que eles foram amigos por muitos anos, tiveram boas discussões filosóficas, trocaram várias cartas… E nada se falou do evento da matilha. Contatado novamente o filho, este negou tudo. Nunca eles tinham sido amigos. E aí ele próprio foi lá tirar satisfações com o espírito do pai. Levantando dúvidas sobre a suposta amizade, o espírito retrucou:
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_ Pensa que já não era meu amigo? Havia até as cartas.
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Foi então que o filho lembrou o caso da matilha. E o espírito, caindo em si como aconteceria a qualquer mortal, disse:
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_ Não pensei absolutamente nele, que nunca fora nosso parente, nem amigo. O Samuel.
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E aí então o espírito explicou que quando lhe perguntaram sobre o Cooper, ele pensara no seu velho amigo, o Joseph Cooper, e se quisesse confirmação, era só consultar a mãe e ver as cartas que ela ainda retinha. O filho foi falar com ela, e a mãe confirmou tudo.
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Queria ver o tal cético encaixar aí a sua hipótese se “sinais inconscientes” ou mesmo o Quevedo falar de “captações do inconsciente”. Por que o psiquismo da médium deixou de captar o Cooper da matilha, que o filho e o pesquisador esperavam, e foi captar um outro Cooper que nenhum dos dois sabia ter existido?
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Respondam os céticos.
janeiro 23rd, 2010 às 6:43 PM
Marcos Arduin
Pode dar mais detalhes sobre quem eram essas pessoas. Que data? que pais?.Da forma como colocou parece fruto da sua imaginação.
janeiro 23rd, 2010 às 6:44 PM
País, desculpe
janeiro 23rd, 2010 às 6:50 PM
A irmã da minha esposa se dizia medium, é fazia seções de mediunicas. Eu cansei de plantar baboseiras nela que eram repetidas pelos espiritos. Ela terminou entrando para a igreja universal e terminei perdendo minha diversão. Mais ia muita gente as seções dela. Atualmente ela esta pagando um terreno que comprou no ceu, com 10% do bruto, já que Deus não paga imposto.
janeiro 24th, 2010 às 11:34 AM
Bem, LinuxBR, a quais pessoas se refere?
Se é aos céticos, cito o grande Bam-bam-bam Massimo Polidoro, autor inclusive de alguns textos colocados no Skeptic Inquirer.
Ele descobriu a América quando desvendou o truque que os “espíritos” usavam para produzir aquelas “luvas de parafina”. Foi só olhar as crianças nos parques de diversões fazerem o mesmo com aquelas máquinas de parafina derretida, onde as crianças metiam a mão e depois de a parafina se solidificar um pouco, era só puxar e ela saía inteira. Como isso ele acabou com o argumento dos espíritas de que “seria impossível retirar o molde sem quebrá-lo”.
Dei umas boas risadas dessa conclusão…
Um outro artigo que ele escreveu, A mentalista que iludiu Crookes, foi bem pior, pois aí ele se viu obrigado a mentir e a servir-se de mentirosos para defender a fé cética. Talvez até valesse um artigo aqui neste site.
janeiro 29th, 2010 às 6:47 PM
Olá participantes e organizadores.
A evidência da existência de fraudes é inegável, visto que há pessoas que buscam benefício a qualquer custo.
Agora, quem aqui neste blog quer se expor e ir em determinado centro/casa espírita/espiritualista para verificar as fraudes?
Lembremos que a matéria acima foi publicada há mais de 100 anos. Por que não fazer algo recente, a luz da atual tecnologia? Mesmo que o resultado seja idêntico é importante. Até hoje provamos matematicamente teoremas que já foram provados há séculos, por que não fazer novas experiências com relação aos fenômenos espíritas?
Penso que uma casa espiritualista convicta da sua crença não iria interpor.
Devemos observar que há seitas espiritualistas que funcionam há décadas, algumas sobrevivem com recursos dos próprios mantenedores, sem que haja qualquer tipo de comércio ou cobrança dos participantes. Vamos pensar friamente, o que levaria uma pessoa a gastar os próprios recursos, tempo e dedicação em algo falso? Será que ela enlouqueceu? “Endoidou” a família toda e está rodeada por malucos?
Outro ponto a considerar é que não são casos isolados.
Tenho uma dúvida, no que foi descrito na matéria, caso não houvesse fraude, seria verdade?
Obs.: As interrogações são perguntas a serem respondidas, não afirmei nada implicitamente. Também afirmo não ter a menor intenção de ofender a qualquer pessoa, peço desculpas caso tenha passado tal impressão. Quando uso o termo “seita” não é no sentido pejorativo pois para o termo “religião” eu tenho uma definição que não cabe ao nosso assunto neste momento.
março 13th, 2011 às 9:44 PM
[…] ? As fraudes em nome do espiritualismo, Parte 1 e Parte 2. […]
janeiro 15th, 2012 às 12:32 AM
Vou lhe dar uma prova do espírito… feche os olhos e ouça a voz que lhe fala dentro de sua cabeça ou seja seus pensamentos… esta voz tem tonalidade pode ser diferente ao seu bel prazer… você pode imitar qualquer tipo de voz.. tudo isto dentro de sua cabeça só você está ouvindo esta voz, ninguem mais.. e você pode imaginar qualquer cena ou objeto que ela toma forma cor e movimento dentro do seu pensamento ou seja na sua cabeça… qual cientista é capaz de provar que isto que se passa dentro de você, quem é capaz de provar e observar as atividades de seu pensamento… Não existe seu pensamento… ele é uma glandula ou secreção de algum hormonio ou qualquer coisa que vão lhe dizer… ninguem consegue provar ou pegar ou medir seu pensamento… e eu lhe pergunto seu pensamento existe? ou é uma fraude… prove para mim tudo que se passa em sua mente é real e existe…