Chico Xavier: Especialista em Leitura Fria?
Este artigo, escrito por Moizés Montalvão e acrescido com notas do autor deste blog, analisa um estudo de membros da AME (Associação Médico Espírita) sobre a mediunidade de Chico Xavier. Montalvão encontrou diversas falhas no estudo, e fez mais: descobriu muitas evidências de que Chico usava de leitura fria para confeccionar suas mensagens.
(Recomenda-se a leitura do texto da equipe da AME para melhor entendimento do aqui exposto. O referido estudo pode ser baixado em www.4shared.com/file/88466362/3a58473e/Analise-Cientifica-Chico-Xavier.html)
Os pesquisadores afirmam ter examinado 40 mensagens de desencarnados, psicografadas por Chico Xavier, e delas extraído constatações significativas, das quais destacamos a seguinte declaração:
Num dos casos estudados, a mensagem foi psicografada em língua italiana, sem qualquer erro, e sabe-se que o médium Chico Xavier desconhece o idioma.
Conseguimos do informante deste caso correspondência da entidade comunicante para seus familiares, em italiano, antes do óbito. A comparação entre a mensagem psicografada e os originais da correspondência mostra similitude de caligrafia, estilo e assinatura.
(Maria Julia P. Peres e outros)
COMENTÁRIO: Possivelmente trata-se do mesmo caso analisado por Perandréa. Como não dispomos de maiores informações, tendo em vista o resumido do texto apresentado pelos pesquisadores , não poderemos emitir apreciações a este caso.
NOTA: É altamente duvidoso que Chico não conhecesse o italiano. Chico tinha pelo menos dois conhecidos que falavam essa língua: Clóvis Tavares e Pietro Ubaldi. Chico se correspondeu por décadas com Clóvis Tavares, que foi o tradutor para o português das obras de Ubaldi.
Dos 40 eventos que os autores afirmam haver analisado, explicitaram somente um, o de “J.P.”, morto por afogamento, 1974, e mesmo este sem maiores detalhes. Não sabemos porque optaram por citar apenas as iniciais do de cujus. Felizmente, pela data e a forma da morte, conseguimos identificá-lo como Jair Presente, ausente deste mundo depois de ter se afogado, aos 25 anos de idade,
A morte do jovem causou grande comoção à família. O pai foi o mais afetado. Sua tristeza ante o passamento precoce do filho era quase insuportável. Aconselhado por uma amiga, buscou o centro onde Chico Xavier atuava, na esperança de obter contato com o falecido.
O encontro com Chico se deu 42 dias após o desenlace fatal. Segundo se conta, os parentes do morto conversaram rapidamente com o médium, ocasião em que a irmã de Jair rogou a Chico que consolasse o pai, ainda bastante acabrunhado com a perda. Naquela mesma noite a família foi agraciada com um recado provindo do filho. Fato admirável, porque nem todos os que procuravam por notícias do outro mundo obtinham respostas rápidas. Alguns careciam de várias idas e vindas até surgir alguma coisa. Como não sabemos o que os familiares e o médium conversaram, não podemos levantar conjecturas firmes, mas é possível imaginar que durante a conversa Chico tenha memorizado informações sobre Jair, utilizadas na elaboração da mensagem. Foram, ao todo, 5 mensagens, e vamos comentá-las. Infelizmente, o reduzido estudo que Maria Júlia apresenta quase nada ajuda a compreender a apologia que escreveu, dita científica. Nem mesmo as cartas de Jair Presente foram mostradas. Vamos realizar os comentários possíveis, esperando que quem não conheça a história possa entender um pouco do que está sendo dito.
Repetimos, para melhor compreensão do que aqui for exposto, é recomendável a leitura do texto “ANÁLISE CIENTÍFICA DA MEDIUNIDADE DE CHICO XAVIER”.
Estudo de MARIA JÚLIA e Equipe |
Comentários de Moizés Montalvão |
Como não seria possível transcrevermos todos os casos analisados nesse trabalho, limitamo-nos a dar um exemplo bastante significativo. Trata-se do Caso 3, em que se analisaram as mensagens transmitidas por J.P., morto em 3 de fevereiro de 1974 por afogamento: |
Jair Presente e um grupo de amigos avisaram aos familiares que passariam a noite numa certa localidade, conhecida por Paulínea, e assim o fizeram. Isso foi no sábado. Domingo pela manhã rumaram para a Praia Azul, sem avisar a família, e ali aconteceu o triste episódio do afogamento. |
1ª Mensagem (42 dias após a morte): – refere-se ao avô Basso, desencarnado há 12 anos, aos 84 anos de idade; – conta como lhe faziam massagem cardíaca e respiração boca a boca, fato confirmado por Carlos Roberto Ramos Fonseca, um dos amigos que se encontravam no local do acidente; – menciona o nome de Elvira, madrinha e tia-avô de sua mãe, que não conhecera em vida; – pede aos familiares que não se lamentem nem chorem por ele, pois isso o prejudica; – esclarece que não estava drogado. |
Esta primeira mensagem pouco difere da maioria das cartas mediúnicas vertidas por Chico Xavier. Aliás, é um dado que salta à vista de quem examina o conjunto dos escritos da espécie, produzidos pelo médium: as missivas são muito semelhantes, tanto em estilo, quanto nas palavras utilizadas pelos pretensos mortos. Maria Júlia e equipe parecem não ter percebido este importante tópico. Se perceberam não deram a devida atenção. Entretanto, o fato das múltiplas cartas, relativas a múltiplas pessoas, serem muito parecidas mostra claramente que a gênese das missivas provém de uma única fonte, que foi a criativa mente de Chico Xavier. Outro ponto a destacar é a afirmação do espírito de que “não havia drogas”. A carta diz o seguinte: “Há quem pense em drogas, quando se deixa a vida física qual me sucedeu. Mas não havia drogas, nem abuso da véspera. Estávamos sóbrios e brincávamos à maneira de pássaros descuidados.” Provavelmente, alguém da família comentara para o médium ou para alguém de sua intimidade, a suspeita de que os jovens houvessem usados substâncias tóxicas e não estariam em bom juízo. No entanto, o “espírito” trata de desmentir a suspeita. Visto isoladamente, não haveria muito o que dizer, pois ninguém melhor que a alma do morto para explicar o que acontecera, supõe-se que o falecido não mentiria. O caso é que, quando se examina as cartas psicografadas, nas quais houve mortes em acidentes, sempre, o médium emitia a absolvição do responsável. Na mediunidade de Chico, não entravam bebedeiras, drogas, imprudência, má-intenção, nada. Sempre a “culpa” estava no veículo envolvido, ou nas circunstâncias sob as quais a tragédia ocorrera. Ora, essa vontade de que as almas houvessem partido puras e imaculadas demonstra que havia no médium motivação para tal: visto que o objetivo era consolar os enlutados, então a ninguém deveria ser imputada a autoria do infortúnio. Trata-se de uma nobre intenção, mas que afasta a hipótese de que as almas estivessem comunicando. |
2ª Mensagem (2 meses após a morte): – cita o nome de Carlos, amigo que estava junto dele quando ocorreu o acidente; – refere-se a Sérgio e Galgani, outros amigos seus; – fala novamente – menciona o nome de Elenice Santana, que fora sua aluna particular, filha do seu amigo Artemis Santana; – refere-se a Cida, colega de sua irmã na Unicamp. |
Infelizmente, os autores da pesquisa não citam um acontecimento relevante nesta 2ª missiva: a mudança no modo de escrever de Jair Presente. A primeira carta, conforme dissemos, fora vertida no padrão chicoxaveriano, por exemplo: “Meu pai, minha mãe, minha querida Sueli(…) As vozes da casa chegam ao meu coração(…) E meu pensamento não sai de onde prendem(…) Esqueçam o que sucedeu, ninguém me prejudicou, ninguém teve culpa… Estou saudoso de tudo, dos familiares queridos, dos companheiros, dos estudos e das aulas: entretanto, espero sarar e refazer-me(…)” Para Chico, a vida no além é, boa parte dela, constituída de lembranças e saudades. A idéia que tal concepção transmite é que do “outro lado” não há nada de interessante para se fazer, então os espíritos ficam a recordar os “bons momentos” de quando eram vivos. No segundo contato ? surpresa! ?, Jair Presente muda expressivamente seu modo de manifestar-se, conforme os exemplos: “Cumé quié, e o Sérgio?(…) Eu fico na curtição diferente(…) mas vou me incrementar(…) Vocês não me perguntem muita coisa ou mesmo nada (…) Se vocês puderem e se tiverem gosto com isso, orem por mim. Jóia. A prece é um fio que esbarra na estação de destino, e a estação agora sou eu. Se puderem, entrem na curtição de emissores. Nada de lágrimas. Legal!” É claro que Maria Júlia e equipe não consideraram a mudança motivo de avaliação. Entenderam que “fora a vontade do espírito” apresentar-se dessa maneira. No entanto, se especularmos um algum rigor, é possível inferir que houve manifestação contrária à primeira carta. Algum parente ou amigo deve ter contestado a autoria da remessa inicial, afirmando que Jair Presente não falava, ou escrevia, da maneira que se pronunciara: seu modo de expressar-se incluía muita gíria e palavras descopromissadas, teriam dito. Então, a objeção chegou aos ouvidos de Chico Xavier, que tratou de “consertar” o deslize. A partir daí, todas a mensagens, alegadamente vindas de Jair Presente, eram entremeadas de gíria. Infelizmente, a emenda sai pior que o soneto, pois os recados se tornam artificiais, soam como quem não está habituado a usar gíria mas quer mostrar que conhece o assunto. |
3ª Mensagem (3 meses após a morte): – em toda a comunicação utiliza sua gíria habitual; – volta a citar nomes de familiares e amigos. |
Com certeza, a “gíria habitual” é utilizada, vejamos: “Oi Gente! Vocês aí, vocês mesmo, entocados nos bancos (…) Não coloquem a imagem desta mensagem no gibi de ensinar; isso é conversa de casa, fora da prensa de imprensa. Se eu não garanto já o jamegão aqui deste modo, vocês estarão aí de olho comprido e de espírito jururu. É duro isto, mas não fiquem matutando, encucados na idéia de que vou continuar assim; gíria não dá para nós, os que varamos o rio da mudança. Pedi favor para escrever assim, só para mostrar prá vocês que estou vivo, vivinho mesmo.” Embora tenha afirmado que “gíria não é para espírito”, as mensagens seguintes também são vertidas dessa mesma maneira. À medida que a comunicação nesse estilo flui, Chico se torna mais eufórico com as gírias, ao ponto de, no último recado (o de nº 5) escancarar o procedimento. Ainda na mensagem 3ª, se lê: “Estou bem, estou melhorando, mas vou largar esse negócio de palavras giradas. Já sai da bananosa.” Para Chico Xavier, o espírito depois que sai do corpo entra num processo doentio e precisa ser tratado, a fim de se recuperar. Na visão do médium, hospitais no além são instituições comuns. O além se espelha no aquém… Aqui, também, deparamos uma promessa do espírito, que não foi cumprida: a de largar o uso de “palavras giradas”. |
4ª Mensagem (8 meses após o desencarne): – usa termos próprios e gíria, como fazia em vida; – confirma uma mensagem de outro centro espírita que levava a sua assinatura; – fala em Gema, sua irmã; – envia um recado de Aníbal, desencarnado, desconhecido da sua família, para a mãe, que o identifica e reconhece. Havia cometido suicídio. |
O destaque aqui é a mensagem que eclodiu em outro centro, sobre a qual pesava suspeitas de não ser autêntica. Provavelmente, estivesse diferente, no estilo e em palavras, das que surgiam pelo lápis de Chico. Pena não dispormos desse material, pois seria de grande interesse comparar os modos como o suposto espírito se manifestava, por meio de diferente médiuns. Certamente, algumas revelações surgiriam desse trabalho. Vejamos o que Jair afirmou: “Ninguém precisa assustar porque não faço caveira alguma. Penso em melhorar o coreto para não perdermos tempo. Fui eu mesmo quem escreveu a mensagem com o pessoal do Grameiro. Não me meti em frias porque não estava certo se conseguiria pôr o lápis ou a palavra prá jambrar fazendo o bem.” O espírito parece tentar explicar o motivo pelo qual o escrito criado no outro centro estivesse diferente dos elaborados por Chico Xavier. Caio Ramacciotti comenta a esse respeito: “(…) Temos em nossas mãos esta página psicografada no Movimento Assistencial Espírita Maria Rosa, no Bairro de Grameiro, em Campinas, assinada por Jair e endereçada à sua irmã que relutou em aceitar-lhe a originalidade. Tal mensagem foi recebida um mês antes (18 de outubo de 1974) da mensagem psicografada em Uberaba que neste capítulo consideramos [4ª mensagem]. O próprio Jair, como vemos, sem que Chico o soubesse, vem dar cunho de autenticidade a uma comunicação sua ditada a outro médium, em outra cidade, um mês antes…” “Sem que Chico soubesse” achamos muito discutível. Infelizmente, por falta de elementos para avaliar a veracidade da declaração, não podemos ir adiante nesta questão. |
5ª Mensagem: – faz referência a João Alves, falecido em desastre perto de Campinas; – cita 16 nomes de amigos, companheiros e parentes vivos e já desencarnados; – corrige um erro de colocação de placa no cemitério, fato comprovado depois. |
Novamente, ressaltamos a falta de maiores elementos para o estudo, situação em que o trabalho de Maria Julia pouco nos ajuda, ao contrário, contribui para dificultar uma ampla avaliação. Neste recado, destacamos o uso, agora exorbitante, das gírias. Parece que a intenção de Chico, de ratificar, por meio dessa prática, a identidade do morto, tenha suscitado a interpretação de que se trataria de um espírito obsessor se manifestando. A suspeita, óbvio, gerou um desmentido espiritual. “Estou melhorando. E escrever com algum traçado de gíria não quer dizer que eu seja espírito obsessor.” Vejamos como esta última carta foi transcrita: “Pedi vez para ter voz e papear qualquer coisa que possa dizer o que sinto, sem os meios de falar como desejo. Indaguei de minha tia e dos amigos se podia escrever sem botar banca, mas eu mesmo, passado a limpo segundo a nossa textologia(…) Sei que vocês vieram em reuniões passadas querendo palavras novas, e onde a onda em que pudesse entrar sem dificuldade? Nossos amigos novatos em mediunidade e serviço ao próximo desejavam que eu estivesse rente para identificar verdades, entregar o ouro (…) Digam, porém, aos nossos amizades para que não se fossem com as caretas de tantos caras ouriçados para guardar os hábitos em que se enquadraram há muito tempo. (…) Creiam na verdade se quiserem.” Ramacciotti assim comenta: “Logo no início, uma revelação importante. “Ao dizer ‘nossos amigos novatos em mediunidade (…) desejavam que eu estivesse rente para identificar verdades (…)’ Jair se refere a Nely Teixeira Vargas, sua conhecida, funcionária da Reitoria da Unicamp. Era preocupação de Nely que Jair viesse pela mão do Chico com um sem número de revelações comprobatórias da veracidade da mensagem. Com a observação de Jair, D. Nely se deu por satisfeita…” Não sabemos se a satisfação de D. Nely foi no sentido de aceitar que Jair estava comunicando, ou não… O fato é que o médium ante perguntas capciosas, as quais não podia responder, porque não sabia, deu a mambembe explicação de que “não se pode revelar tudo”. Vemos no estudo de Julia Peres declarações entusiasmadas de que Chico teria citado nomes de parentes que ele não conhecia, mostrando, assim, que só poderia ser o espírito comunicando. Sem adentrarmos na discussão de que a probabilidade do médium ter tido conhecimento dos nomes que cita é elevada, observa-se aqui a situação inversa: quando as perguntas estão além de sua capacidade “revelativa” Chico se sai com a explicação de que o espírito não pode dizer tudo… Obs.: os comentários de Caio Ramacciotti, aqui citados, constam do livro “Jovens no Além”, Grupo Espírita Emmanuel, 1975. |
Análise da Tabela
Os autores se esforçaram para produzir uma tabela com resultados. Ex:
l) informações contidas nas mensagens:
a) citação de nomes de familiares desencarnados:
Sim – 90%;
Não – 10%.
b) citação de nomes de familiares encarnados:
Sim – 93%;
Não – 7%.
c) descrição da morte:
Sim – 25%;
Não – 75%;
d) outras – 25%.
m) número de fatos comprovados na verificação:
10 fatos ou menos – 45%;
entre 11 e 30 fatos – 50%;
entre 31 e 50 fatos – 5%.
COMENTÁRIO: A citação de nomes, e de algumas intimidades, dos falecidos é mostrada como evidência inconteste da legitimidade das comunicações. E não só no caso presente do Jair, mas em diversos escritos esse “fenômeno” aparece. No caso do Jair, soubemos que Chico conversara com os familiares do morto ? e deve ter acontecido o mesmo nos outros. As alegadas conversas breves podem ter sido menos breves que imaginamos; as conversas existiram, isso está dito na narrativa do Ramacciotti. Para quem dialoga “tecnicamente” a memorização de informes variados, expressados numa conversa habitual, pode ser surpreendente. Dezesseis nomes, 36, 56, para quem tiver pendores mnemônicos (ou dominar técnicas adequadas) é fácil de guardar. Para quem acha que Chico nunca tinha ouvido aqueles nomes, afirmo: Chico certamente ouviu os nomes. Se fosse no primeiro encontro, eu concordaria da pouca probabilidade de que os identificativos houvessem sido citados, dois ou três ia lá, mas dezesseis, realmente seria demais… Acontece que no caso de Jair Presente, o episódio se deu na 5ª mensagem, quando muita conversa já havia rolado.
n) havia erros nas mensagens:
Não – 100%;
Sim – 0%.
COMENTÁRIO: Não havia erros nas mensagens? De que tipo de erros estaríamos falando? Ortográficos? De identificação? Ou outros tipos? A mudança de estilo entre a primeira carta e as demais, sob certo aspecto, pode ser considerado um baita erro. Chico trouxe Jair Presente, ausente do mundo dos vivos, com o modelo que costumava utilizar para todas: engalanada de frases doces e esperançosas. Contudo, diante da contestação de que aquele não era o modo do falecido, que utilizava gíria em profusão, o médium estrategicamente modificou a redação. E, assim, nas missivas seguintes deparamos um um Jair abarrotado de gírias.
Conclusão
Os autores dizem ter feito estudo científico sobre a mediunidade. Entretanto, não informam de que modo fizeram esse estudo, tampouco dão qualquer esclarecimento a quem queira conhecer o trabalho. Nem sequer o nome do espírito, no único caso sobre o qual mostraram parcas informações, se arriscaram noticiar, simplesmente o identificaram como “J.P.”. Sorte nossa, que lembrei ter lido algo sobre um Jair Presente e, mais sorte ainda, que era o dito. Mas, fui obrigado a me socorrer em outra publicação, a fim de produzir as poucas reflexões que trouxe à tona.
Com base no material que nos foi dado examinar, entendemos que é pretensiosa a afirmação constante do estudo de MARIA JÚLIA P. PERES, MARLENE R. S. NOBRE, SEVERINO ROSS e ANTÔNIO FERREIRA FILHO, de que se trata de análise “científica”. O trabalho, quando muito, pode ser considerado nada mais que singela apologia da mediunidade. Chico Xavier, por sua vez, parece ser mais um especialista em leitura fria.
fevereiro 22nd, 2009 às 2:50 AM
Montalvão e Vitor:
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Tento, mas não consigo entender essa violência contra o Chico Xavier.
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Absolutamente não acredito que vocês nada ambicionem quando dispensam horas em pesquisas no mister de unicamente informar os espíritas da outra face negra, enganadora e conspiradora do médium contra os princípios do próprio espiritismo que ele pregava e dos ensinamentos de Jesus sob os quais o espiritismo se apóia.
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Não é possível levar a sério esse esboço confessionário de sua exclusiva autoria, pois a linguagem por vocês utilizada molda-se, principalmente, no futuro do pretérito, sem afirmações taxativas, senão: ele teria, ele estaria, ele teria encontrado, ele teria ouvido, teria lido, teria aprendido, possivelmente teria conversado, etc.
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Somente isso dá a irrelevância dessa frustrada tentativa de mais uma vez descobrir no Chico uma outra pessoa falha, impressionável, ora crédula, ora cheia de truques e artimanhas. E sendo um lingüista e poliglota nato, somente por ter amigos italianos, aprenderia por osmose e com fantástica rapidez o idioma deles nascido da última flor do Lácio, para usá-lo contra os incautos que por infelicidade cruzassem seus caminhos.
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Os argumentos de vocês, novamente redundantes, são suficientemente frágeis para provar a desonestidade de um homem sem expressão alguma, quanto mais do Chico.
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Pelo contrário, mais ainda reforçam uma incompreensível animosidade ad hominem que pessoas de bom senso não levarão a sério.
Sinto muito, aliás não sinto.
fevereiro 22nd, 2009 às 2:42 PM
Vitor,
Alguns pontos que gostaria de comentar:
1) Tanto o texto da AME quanto este artigo do Montalvao sao muito ruins, um contraste com outros textos do seu blog;
2) Quanto voce acrescenta em nota que:”É altamente duvidoso que Chico não conhecesse o italiano (…)” voce usa uma frase de efeito sem um embasamento a altura. Tem um principio do direito que diz: ” Alegar e nao provar eh quase nao alegar”. O fato de alguem conhecer pessoas que falem outra lingua nao significa que ela fale essa lingua. Meus avos falavam italiano, cresci ouvindo expressoes em italiano, e nem por isso falo italiano. Essa falta de cuidado deixa a parcialidade tomar conta de algum dos seus textos quando o tema e Chico Xavier;
3) Segundo o espiritismo, o papel do medium eh o de um intermediario, com maior ou menor influencia no estilo do que esta escrito. Embora essa seja uma fraqueza ao se falar em “literatura espirita”, tambem serve como justificativa para explicar a semelhanca de estilo entre as cartas do Chico Xavier. Tambem explica porque houve uma mudanca na forma de escrever entre a primeira e as outras cartas, ja que na primeira, visto a precocidade do obito, a influencia do medium ou de algum controle do medium poderia ter sido maior sobre o material escrito. O autor deveria ter levado em conta essas possibilidades ao comentar esse texto;
4) Da mesma forma que eh pretenciosa a afirmacao de que o trabalho da AME eh uma analise cientifica, eh pretencioso o titulo (mesmo sob forma de interrogacao) de que Chico Xavier seria um especilista em leitura fria (ate porque a argumentacao que ele desenvolveu fala mais a favor de leitura quente do que leitura fria).
abracos,
fevereiro 22nd, 2009 às 3:26 PM
Prezado Magno.
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Não é necessário sentir muito ou pouco, a questão que tratamos está desatrelada de avaliações emocionais sobre Chico Xavier. Caso pretendêssemos expressar nossa apreciação ou desaprovação ao médium no aspecto sentimental, à semelhança de quem endeusa um time de futebol, aí sim, ficaríamos trocando acusações e louvações.
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O que estou expressando é o resultado de reflexões sobre a mediunidade em geral. Sendo Chico Xavier considerado o “médium por excelência”, ninguém melhor do que ele para servir como material de estudo.
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A hipótese que defendo é que a mediunidade seja reflexo de peculiaridades psíquicas, ou seja, não há razões para considerar que espíritos ou entidades externas ao médium estejam envolvidas nas alegadas comunicações. Desse modo, se se puder mostrar que nas psicografias Chicoxaverianas está patente que a produção é do próprio Chico, teremos razões fortes para concluir que toda mediunidade seja fenômeno psíquico.
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Por isso, a idéia não é a de ofender ninguém. Chico foi um homem bom, um exemplo de vida e será sempre assim, mesmo que se comprove que estava iludido quando se dizia assessorado por espíritos. Veja, por exemplo, o caso de Emmanuel, o guia-mór de Chico. Inexistem evidências históricas de que tal figura tenha existido. Chico Xavier não percebeu que ao descrever detalhes da personalidade de Emmanuel (que é o pseudônimo de Publius Lentulus) expôs o personagem ao exame histórico. E, até o momento, não só falta indício de um tribuno com esse nome, contemporâneo a Cristo, como diversos discursos atribuidos a Emmanuel não se sustentam historicamente. Em suma, Chico Xavier era assistido por uma fantasia elaborada por sua criativa mente.
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A conclusão inevitável e imediata ante essa constatação é a de que toda obra alegadamente provinda do espírito Emmanuel é fruto da mente de Chico Xavier…
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Quando aos ambicionamentos que sua dignissíma figura supõe haver por detrás dessa trabalheira toda, concordo: de fato existe uma grande ambição, que é a de buscar esclarecer o mais amplamente possível os assuntos em apreço. No caso da mediunidade, repilo o discurso fácil, que vê nos eventos ditos mediúnicos a comprovação de que mortos comuniquem, apesar de que, gostaria muito de encontrar demonstrações inequívocas dos imaginados contatos, o que, infelizmente, parece ser algo irrealizável.
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Por outro lado, se seu comentário se refere à ambição em termos financeiros, então, meu amigo, errou de endereço. O contrário é o que ocorre: acontece deixarmos de ganhar algum dim-dim com outras atividades por conta do almejo de levar adiante estudos como esse.
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Quanto ao linguajar futuro-pretérito que visualizou na explanação, não vejo como concordar. Você sequer se deu ao trabalho de exemplificar em que partes do escrito deparou tal fragilidade. É óbvio que em vários pontos não se pode fazer afirmações taxativas. Lembre que estamos trabalhando com material apologético da comunicação com espíritos e defendendo tese oposta. Portanto, em alguns ponto temos que ser moderados nas conclusões. Mesmo assim, creio que os pontos fracos mostrados nas alegações de mediunidade expressam com clareza que a comunicação intermundos não se sustenta.
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Não foi afirmado que Chico fosse um virtuose no italiano, contudo, existem indícios de que deveria conhecer ao menos um pouco dessa língua. E mesmo que não fosse isso verdade, o que tem motivado a discussão em torno do assunto foi uma ou duas cartas curtas psicografadas por Chico nesse idioma. No caso, não havia nem mesmo necessidade de que o médium falasse a língua, pois bastaria decorar poucas frases para que pudesse “psicografar italianamente”. O italiano, depois do espanhol, é falar mais próximo do nosso: com pouco estudo é possível aprender várias palavras.
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A expressão “última flor do lácio” foi criada por Olavo Bilac em inspirado poema. Ela se refere ao nosso idioma, o português. Portanto, o italiano não poderia ter “brotado da última flor do Lácio”. Veja o trabalho bilaquiano a seguir reproduzido:
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Última flor do Lácio, inculta e bela,
És, a um tempo, esplendor e sepultura:
Ouro nativo, que na ganga impura
A bruta mina entre os cascalhos vela…
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Amote assim, desconhecida e obscura,
Tuba de alto clangor, lira singela,
Que tens o trom e o silvo da procela
E o arrolo da saudade e da ternura!
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Amo o teu viço agreste e o teu aroma
De virgens selvas e de oceano largo!
Amo-te, ó rude e doloroso idioma,
–
Em que da voz materna ouvi: “meu filho!”
E em que Camões chorou, no exílio amargo,
O gênio sem ventura e o amor sem brilho!
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Lácio é o nome antigo da região onde foi Roma foi fundada. A língua dos romanos era o latim e deste brotaram várias “flores”: italiano, espanhol, francês, provençal, português.
Grande abraço,
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Moizés Montalvão.
fevereiro 22nd, 2009 às 4:15 PM
Me desculpem, mas ninguém tem que provar que os fenômenos ditos espíritas são reais ou não. Apenas os espíritas têm esse ônus. E eles NUNCA os explicam. A técnica de cold reading é conhecida nos estudos paranormais céticos há anos, e seu M.O. prá lá de manjado. Me lembro quendo o maior especialista em cold reading do mundo, que se diz”médium”, Keneth Von Praagh (dava um banho em Xavier) veio ao Brasil e aplicou sua técnica nos estúdios da Globosat. Ele deu tantos detalhes sobre o finado pai da jornalista (inclusive que ele gostava de usar chapéu, e tinha um cachorro, cujo nome ele até revelou) que todos ficaram boquiabertos. Mas eu gostei foi da reação da jornalista. Ela disse: Fiquei impressionada. Foi tudo uma técnica, mas é realmente uma técnica impressionante.”
fevereiro 22nd, 2009 às 5:20 PM
Oi Guilherme,
de fato, minha parcilialidade em relação a Chico Xavier vêm crescendo. Porém, isso é porque quanto mais estudo sua figura, mais me parece que ele não era um médium autêntico. É a conclusão a que estou chegando pelas pesquisas que eu e outros estão fazendo. Isso acaba interferindo nos meus escritos, mas não é algo que eu pretenda mudar, pelo menos não em um blog, pois um blog entendo ser algo mais pessoal, mais livre para o autor expressar suas opiniões. Se eu fosse escrever para uma revista científica, certamente eu mudaria o tom.
Sobre a questão do italiano, o que eu quis dizer é que a equipe da AME jamais poderia afirmar que Chico não conhecia o italiano. O embasamento que dei foi para mostrar que havia a possibilidade de ele saber italiano, assim a afirmação da equipe não se sustenta.
Por último, sobre a questão da leitura a quente, acho que vc está certo. Eu entendia leitura a quente como um trabalho de detetive, mas vi agora que ela também é adquirir informações do entrevistado sem que ele se dê conta. Vivendo e aprendendo…
O trabalho do Montalvão, embora tenha algumas falhas, creio que conseguiu elaborar um quadro coerente para explicar por meios naturais como Chico obtinha informações sobre o morto, e nisso o valor dele é inestimável.
Mais uma vez, grato pelas observações.
Um abraço.
fevereiro 22nd, 2009 às 9:01 PM
Prezado Guilherme,
Alguns comentários à sua boa argumentação, começando pelo item 2, pois o 1º é questão de opinião.
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2) Embora a ênfase com que o Vitor supôs o conhecimento do italiano por parte de Chico Xavier, os indícios apontam para isso. Apenas não podemos afirmar o quanto ele conhecia desse idioma. O exemplo que você deu, dos avós italianos que não sensibilizaram sua mente para aquela língua, está corretíssimo. Apenas foi esquecido o fator motivação. Eu conheço uma família de alemães que, em casa, só conversavam germanicamente e todos os familiares dominavam o idioma. É que havia motivação naquele ambiente para que tal se desse. No caso que o Vitor ilustrou, de Chico ter amigos italianos, com os quais mantinha contatos frequentes, a probabilidade de que os envolvidos se interessassem pela língua alheia é grande, pois o clima estimulante era indiscutível. De qualquer modo, repito, para psicografar pequenas mensagens em línguas afins com a nossa, basta modestos conhecimentos do idioma em questão.
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3) A participação do estilo de um médium nas psicografias, segundo a doutrina, ocorreria com os médiuns semimecânicos e, principalmente, com os intuitivos. Com os mecânicos tal não se daria, pois neste caso eles estariam inteiramente sob o comando do espírito comunicante. Chico Xavier é considerado médium mecânico, portanto nada ou muito pouco de seu estilo deveria aparecer nos escritos mediúnicos de sua lavra. Além disso, mesmo que admitíssemos que nas cartas Chico atuasse semimecanicamente, o certo é que existiria nelas muito do médium e pouco dos falecidos, destes restariam tão-somente as citações de nomes de parentes e amigos, pois o demais seria construção do médium. O que, convenhamos, é muito pouco para autenticar as comunicações.
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4) O título dado ao texto, como você bem observou, sendo indagativo e não taxativo, lança a questão para avaliação dos leitores. Embora, eu tenha que concordar com você que a exposição considere apenas superficialmente a questão da leitura fria ou quente. O trabalho, efetivamente, teve por fito avaliar as alegações da AME, de estar divulgando demonstração científica de mediunidade. Quanto a que tipo de leitura Chico teria utilizado, como não temos a transcrição do que foi conversado, não é possível afirmar com certeza se foi quente ou fria; apesar de quê, considerando que os diálogos não devem ter sido longos, o mais provável é que a opção “leitura quente” se adeque melhor ao caso.
Abraços
fevereiro 22nd, 2009 às 9:19 PM
Caro Montalvão:
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Primeiramente a Última Flor do Lácio: conheço o poema, tomei um chá dele nos tempos de estudante de tanto ouvir meu professor de Português analisá-lo.
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Não tenho como provar que na pressa engoli palavras, pois escrevi com sono diretamente na página dos comentários, sem pausa ou revisão. Na realidade deveria ter escrito algo assim: “o idioma deles, nascido do latim, como o Português, a Última Flor do Lácio… Achei que ficaria muito pedante, mutilei a frase e assim o erro ficou. Mas sem problemas, “errare humanum est” visto as origens de o próprio italiano ser ainda hoje em dia discutíveis, que, segundo consta, o Fiorentino Dante Alighieri tomaria um dialeto local para escrever a Divina Comédia, dando formas ao italiano que mais tarde assim seria oficializado. Também sei da região do Lácio e das demais línguas neolatinas, mas de todas as formas agradeço as citações.
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Também é discutível o Português como a última flor do Lácio, da maneira pretendida por Bilac. Os lingüistas não chegaram a um definitivo acordo, pois o trajeto da expansão romana entendido pelo poeta brasileiro a partir do Lácio se daria pelo Rio Pó, em direção ao Norte, chegando à Suíça pelos Alpes, Sul da França, Pirineus, Espanha e finalmente Portugal. Essa rota não era utilizada pelos exércitos romanos devido aos acidentes geográficos que dificultavam as marchas, além de encontrar os ferrenhos inimigos.
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O que os romanos fariam mais tarde seria se beneficiar das técnicas de engenharia de campo e estradas dos gauleses e da fabricação de seus carros para vencer obstáculos. Não é sem razão que o léxico do latim incorporou dos gauleses, por exemplo, carrus, benna, cartpentum, petorritum, plexenum, etc. Enfim, elementos de discussões de eruditos que me permito somente citar, e na verdade não vêm diretamente aos motivos e alvo dessa ação sobre o Chico e o cardecismo.
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O que não sai de minha mente é realmente “por quê?” Não vejo como vocês provarem que o fenômeno mediúnico é unicamente psíquico; isso seria admitir que todos os médiuns e pesquisadores do mundo estão errados, pois tomando o Chico como proveta, vocês automaticamente expandem essa afirmativa a todos os médiuns. Ou seja, passando pelo fio da navalha, não existe originalidade, não existem comunicações mediúnicas, não existem médiuns: tudo são condicionamentos da psique.
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Acho que estão é tecendo uma teia da qual não conseguirão sair, pois as contradições já são por demais evidentes. Claro que o psiquismo é elemento vital para as comunicações mediúnicas, para a telepatia, a cura espiritual, a psicografia, a magia etc. Os elementos condicionantes se tornam indeléveis na memória psíquica. Esse é o principal motivo de os indus tratá-los como vrits, que devem ser esgotados por um processo de auto-expurgo a fim de que a personalidade não dependa de nenhum outro elemento ou fatores a não ser de sua própria condição integrada e limpa com todas as potencialidades naturais. Mas espiritismo não é induismo, e nem o é o candoblecismo que prepara os médiuns através dos conhecimentos das tradições orais milenares e pela mecânica da incorporação, com auxílio de banhos, rituais e oferendas.
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Enfim, não vejo conteúdo e força nesse seu trabalho para sequer aproximar-se de uma plausibilidade ao confrontar as técnicas da mediunidade com o psiquismo pura e simplesmente, como se fossem duas entidades aleatórias. Acho mesmo que a intenção é provar que o processo mediúnico é uma ilusão, é inexistente, uma artimanha da mente. Por conseqüência, não somente o Emmanuel não existe, mas André Luiz ou outro qualquer espírito comunicante. Enfim, o edifício espírita estaria construído sobre areia movediça e por isso vocês se encarregam de fazê-lo ruir. Trabalho duro e sacrificante, mas cujos resultados compensarão o bem prestado à humanidade.
Abraços.
fevereiro 22nd, 2009 às 11:36 PM
Gilberto:
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“Me desculpem, mas ninguém tem que provar que os fenômenos ditos espíritas são reais ou não. Apenas os espíritas têm esse ônus.”
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Acho que os espíritas não têm que provar. O espiritismo não convence céticos, como nada demonstrado os convencerá. A grande mentira dos céticos é dizerem-se racionais quando em verdade encarnam simplesmente a negação. Repito: o espiritismo é para todos, mas não o seu entendimento. Isso é pessoal, é foro íntimo, é fé ou certeza, coisas que transcendem as análises fragmentadas dos intelectuais descrentes. O espírita, ao contrário, tem de se inserir num todo, sem arestas incômodas. Portanto, nada de provas para o mundo cético e intolerante e todas as provas possíveis para os sinceros e sensíveis seguidores.
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O papel do espiritismo é conduzir o espírita a se descobrir e a reafirmar suas certezas. O espiritismo é livre, não se submete a dogmas, a nenhum credo, por isso os especuladores o procuram para destoar suas mensagens e inserir interpretações materialistas e desagregantes. Amanhã esse movimento pode terminar tendo cumprido seu papel exatamente como cumpriu.
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As grandes religiões mundiais e as raciais, desde seus primórdios tiveram um contexto diferente do espiritismo, mas também tiveram e têm um tempo de vida. Alexandre da Macedônia queimou os originais do Zenda-Avesta e decretou extinta a religião do fogo, embora ela mais tarde obtivesse uma sobrevida e ainda respire na Índia como parsismo. Mas tirou-lhe a força que detinha porque já cumprira seu papel entre os homens.
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Todas as vezes que espíritas se arvoram em deuses e donos da verdade, como em materializações e demonstrações públicas de comunicações, caem do galho, pois os céticos e ateus estão lá justamente para negar, qualquer que sejam as evidências. Portanto, discordo de suas afirmações.
fevereiro 22nd, 2009 às 11:45 PM
correção: quaisquer que sejam…
fevereiro 22nd, 2009 às 11:54 PM
Montalvão:
Gostaria, se possível, que você abordasse como teriam surgido os desenhos de Emmanuel e André Luiz. Teriam sido pela mão do Chico ou pelas vidências e desenhos de outros médiuns? Mera curiosidade.
Abraços.
fevereiro 23rd, 2009 às 5:30 AM
Me desculpe de novo, Carlos Magno e amigos, o que eu friso sempre em relação ao Espiritismo não é a fé, nem o foro íntimo, mas sim as repetidas “pérolas” do Espiritismo. Não importa, repito, o tamanho da fé de alguém, mas Marte NUNCA terá uma civilização mais avançada do que a da Terra, não importando o quão confiável Xavier e seus mentores espirituais fossem para os espíritas, nem a fé dos mesmos. Não é ceticismo, é fato. Gnomos nunca habitarão as florestas, como afirmava Kardec, nunca importando a fé nem o foro íntimo do crente. É fato, os bosques europeus NÃO possuem duendes, gnomos ou fadas, como insistem os espíritas também confiáveis, como Divaldo Franco e companhia. O lado escuro da lua NÃO possui cidades, como dizia Xavier. Não é questão de fé. É questão de ir lá (como foram) e não ver nada. Os canais de Marte NÃO existem, é ilusão de ótica criada pela atmosfera marciana. Não importa o tamanho da fé de uma pessoa. Uma civilização superior NÃO construiu nada ali, como dizia Ramatis. A fé não tem nada a ver com esses ditos fatos. Se os espíritas insistem que esses fatos são verdadeiros, que provem. Mas é claro que é muito mais prático criar uma blindagem retórica (como a de Carlos Magno) do que provar algo. Quanto aos desenhos “advinhados” por médiums, o cold reading também é utilizado. Uri Geller, há alguns anos, foi ao programa do Jô e pediu que ele fizesse um desenho antes da gravação e o colocasse em um envelope. Durante a entrevista, Geller pegou um pedaço de papel e, utilizando o cold reading, desenhou exatamente o que havia no conteúdo do envelope (um triângulo com um relógio dentro marcando 11:30, o logo do programa do Jô de então). Geller, um charlatão de carteirinha, também dominava essa técnica. É bem superior ao que Xavier jamais foi. Xavier também nunca chegou aos pés do mágico Kronnus, brasileiro genial. Há dois anos, no programa da Adrianne Galisteu, ele “psicografou” uma mensagem de uma amiga falecida da apresentadora, e foi incrível. Ele inclusive “leu” o nome da finada, e escreveu a mensagem com uma letra parecida com a da moça. Galisteu ficou impressionada, pois ele não teria como saber o nome de sua amiga e de detalhes de sua personalidade. Se ele fosse espírita, e não mágico, ele desbancaria Xavier sem problemas, mas ele prefere ver a mágica como entretenimento. O que, convenhamos, é bem mais salutar à mente. Nisso eu tenho fé.
fevereiro 23rd, 2009 às 11:55 AM
Gilberto:
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Se o cara é mágico, como você afirma, obviamente existe a magia. Ponto para os ocultistas e esotéricos.
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E se ele for mágico e ainda possuir paranormalidades, ótimo para demonstrar aos céticos obtusos que essas coisas existem.
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Olhe, na Índia é muito comum iogues ou faquires de ruas, possuidores de siddhis, – que são poderes, – fazer truques, levitar, adivinhar pensamentos, fazer contatos com o além, e provocar inúmeras ilusões aos espectadores. No entanto, são discípulos de mestres que acreditam na reencarnação e muito do espíritismo e esoterismo que se propaga pelo mundo.
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Esse senhor que você fala, talvez um Sai Baba menorzinho, não poderia ter aprendido tudo isso na Índia, ou ser a reencarnação de um faquir citado? Conjeturas, claro.
Abs.
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P.S. Não faço blindagem de nada com retórica, comento aspectos do que de fato existe. Quem duvidar vá lá ver, mas uma vez cético retílineo e uniforme, ficará 99.00% mais cético ainda. Então, não tem saída, somente 1% de chance.
fevereiro 23rd, 2009 às 5:48 PM
Prezado Magno,
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Apreciei suas ponderações sobre a origem das línguas neolativas e a respeito das dúvidas atinentes à concepção de Bilac das “flores do Lácio”, notadamente a última. Creio que a frase do poeta deve ser entendida em sentido alegórico. Olavo Bilac não pretendia fazer uma exposição histórica. Mesmo porque, do Lácio não brotou outra flor lingüistica que não o latim. Os idiomas latinos surgiram da expansão romana, que influenciou o falar de povos dominados, e ocasionou variações dialetais, que se distanciaram gradativamente do idioma original, num processo contínuo e irreversível, até chegar ao surgimento dos novos linguajares.
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Voltando ao Chico Xavier, note uma coisa: nosso trabalho, o qual está sendo cotejado por sua nobre figura, não teve por objetivo demonstrar que a mediunidade seja exclusivamente psíquica, apesar desta ser minha suposição. No estudo, foram analisada alegações contidas no artigo da AME, intitulado “ANÁLISE CIENTÍFICA DA MEDIUNIDADE DE CHICO XAVIER”, portanto, esta foi a intenção do escrito. Questões paralelas surgiram nos comentários e todas são pertinentes, porém não podemos perder de vista o texto que inspirou nossa explanação e as objeções devem ser apresentadas com base no artigo da AME, senão daqui a pouco estaremos desviados muitos quilômetros do tema e aí fica fácil dizer que o trabalho é ruim porque não conseguiu comprovar que a mediunidade seja oriunda do psiquismo… em suma, o escrito almejou demonstrar que a alegação da AME de que estava publicando um estudo científico não estava bem fundamentada.
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Emmanuel, André Luiz, existiram sim: na mente de Chico Xavier, que projetou parcelas de sua personalidade nesses entes e lhes deu “vida” e o grupo do qual o médium fazia parte endossou a realidade desses personagens. Sendo Chico sujeito talentoso e hábil elaborador de textos criativos, as alegações de que as mensagem provêm da espiritualidade ganharam robustez, o que fortaleceu a crença de que efetivamente entidades alienígenas estivessem à roda daquele medianeiro.
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Magno diz: “O que não sai de minha mente é realmente “por quê?”
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RESPOSTA: Interessante, meu irmão, dedicado espírita kardecista, brindou-me com indagação semelhante. Disse-me ele: “por que não elaborar trabalho objetivando avaliar o lado “bom” da mediunidade, algo com um título mais ou menos assim: “E se Chico Xavier tivesse razão?”. Infelizmente, não me parece que seja algo fácil de se fazer. Nossa concepção a respeito da mediunidade, advém de reflexões calcadas nas produções dos médiuns, as quais não nos soam suficientemente convincentes como advindas da “espiritualidade”. Até aqui, parece-nos que a hipótese “psíquica” é mais viável.
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Entretanto, esta não é conclusão fechada, definitiva, quem sabe não surjam eventos que nos soem convincentes, ou argumentação sólida o suficente para nos levar a mudar de idéia ou fazer calar a boca? Tudo é possível. Grandes sábios do passado não se converteram após terem sido céticos ferrenhos? Não foi esse o caso de Aksakof? De Cesare Lombroso, Ernesto Bozzano, Willian Crookes, e tantos outros? Eu creio que esses nobres cientistas e pesquisadores do passado foram ludibriados por manhosos vigaristas, os quais, naqueles tempos de espetaculosa mediunidade, elaboravam sofisticados truques, capazes de convencer a muitos. Veja um exemplo próximo de nós, o caso de Mirabelli. Há nesse blog diversos artigos relatando como o médium fora desmascarado pelo jornal “Correio Paulistano”, apesar disso, o malandro seguiu em frente realizando múltiplas exibições mediúnicas e endeusado por multidão. Somente próximo do final da vida é que o prestígio de Mirabelli entrou em ocaso. Talvez devido a idade ele estivesse errando a mão e deixando-se surpreender em truques, ou outro motivo. Hoje, esses espetáculos espirituais não mais encantam cientistas, pouquíssimos se interessam pelo assunto ou a aderem às propostas espiritistas. Mas, é claro, ainda há os que se deixam levar, se quiser um exemplo atual, veja o livro “Transcomunicação, O Fenômeno Magenta”, autoria de Pierre Weil e outros, que ratifica os poderes mediúnicos de Amyr Amiden, uma espécie de Thomaz Green Morton, só que menos conhecido. De qualquer modo, os fenômenos grandiloquentes deixaram de acontecer com a generosidade do passado. Não vou nem falar do prêmio que James Randi oferece ao primeiro paranormal que for aprovado em testes científicos…
Magno diz: Não vejo como vocês provarem que o fenômeno mediúnico é unicamente psíquico; isso seria admitir que todos os médiuns e pesquisadores do mundo estão errados, pois tomando o Chico como proveta, vocês automaticamente expandem essa afirmativa a todos os médiuns. Ou seja, passando pelo fio da navalha, não existe originalidade, não existem comunicações mediúnicas, não existem médiuns: tudo são condicionamentos da psique.”
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RESPOSTA: bem, não direi que o fenômeno mediúnico seja unicamente psíquico, temos que considerar as numerosas fraudes que vicejam nesse meio. Não falei que basta “desmascarar” a Chico Xavier e toda a mediunidade estará comprometida. Isso não seria sensato. Minha afirmação foi que, se Chico puder ser demonstrado autor do que dizia provir da espiritualidade, teremos fortes argumentos para considerar que a mediunidade é psíquica, o que não significa descartar o exame de outros que surjam realizando “maravilhas”. Mediunidade e médiuns existem sim. Não nego isso, nego que suas produções sejam frutos de comunicações interdimensionais.
Magno diz: “Claro que o psiquismo é elemento vital para as comunicações mediúnicas, para a telepatia, a cura espiritual, a psicografia, a magia etc.”.
RESPOSTA: O psiquismo é vital para qualquer atividade de nossa existência. O que propõe-se discutir é outra coisa: a validação concedida aos supostos contatos com a espiritualidade. Curioso é que nas atividades que citou, a magia se contrapõe às demais, uma vez que nas lides mediúnicas o papel passivo é dos vivos; na magia, as potestades se submetem aos conjuros do mago, o qual se crê capaz de dominar as forças sobrenaturais e utilizá-las em seu proveito. Infantilidade pura (espero que nenhum mago, se ler minha declaração, resolva jogar-me um feitiço, pois sou alérgico a isso). A telepatia não seria propriamente atividade mediúnica, apesar de se advogar que os contatos entre as dimensões se dê telepaticamente, o que seria um dificultador medonho, visto que as postulações a respeito dessa suposta capacidade comunicativa a definem como algo de ocorrência esporádica e desalgemada do controle consciente dos envolvidos.
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A partir daqui, vou aproveitar e pegar algumas de suas ponderações ao Gilberto, que me soaram interessantes de ser comentadas.
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Magno disse: “Acho que os espíritas não têm que provar. O espiritismo não convence céticos, como nada demonstrado os convencerá.”
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RESPOSTA: não me parece que seja bem conforme declarou. Não me refiro tanto ao ceticismo dos céticos, sim à capacidade convincente do espiritismo. Observe que a proposta espírita, além de não convencer aos céticos, também não convence a católicos, protestantes, budistas, islâmicos… Portanto, a demonstrabilidade do espiritismo atende tão-somente aos simpatizantes.
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Magno disse: Todas as vezes que espíritas se arvoram em deuses e donos da verdade, como em materializações e demonstrações públicas de comunicações, caem do galho, pois os céticos e ateus estão lá justamente para negar, qualquer que sejam as evidências. Portanto, discordo de suas afirmações.
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RESPOSTA: não entendi cem porcento se quis dizer que as materializações e demonstrações públicas de comunicação são realizações espúrias, ou se defende que essas apresentações devam ficar circunstritas aos ambientes espiritistas. Considerarei que a segunda opção seja a correta. Sendo assim, isso faz com que os fenômenos espíritas se fechem em torno deles mesmos e dificultem as devidas avaliações. Tentei diversas vezes acompanhar reuniões mediúnicas, até pedi auxílio a espíritas, mas não deu certo. Ora, se a fenomenologia é autêntica, por que escondê-la? Neste ponto os carismáticos se abrem com mais generosidade. Se quisermos avaliar as alegações de descida do Espírito Santo ou de expulsão de demônios, basta adentrar num templo onde se pratica tal proceder e testemunhar os acontecimentos. Alguns até permitem filmagens. Mas a prática espírita é esotérica… só nos restam os escritos psicografados…
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Quanto à indagação sobre os desenhos de Emmanuel e André Luiz, ainda não examinei detidamente o assunto. Caso você disponha de informes adicionais e puder disponibilizar, tentarei apresentar consideração de maior amplitude.
Grande abraço.
fevereiro 24th, 2009 às 1:52 AM
Não vejo porque não se buscar a verdade. Não há na pesquisa nenhuma forma de violência contra o médium. Tal procedimento precisa ser aplicado também às mensagens do Divaldo. O grupo está realizando pelo Espiritismo um bem que jamais foi pensado. Nenhum Espírito superior teme a verdade, ao contrário, espera que ela seja alcançada a custo de esforços de pessoas sérias e corajosas. O mesmo temos realizado na comunidade Espiritismo Filosofico & Científico, no orkut.
Meu fraterno abraço a todos.
março 4th, 2009 às 3:48 AM
Digo que Chico Xavier devia ter uma memória digna de estudos, pois em uma só sessão ele guardar nomes, nome de amigos, de familiares, como morreram ( os desencarnados) datas, tipo da morte de 60 pessoas diferentes…..é de tirar o chapéu!
E falando em chapéu,a título de curiosidade a mediunidade de Chico Xavier já foi estudada, pesquisada e comprovada por cientistas sérios e não religiosos.
março 5th, 2009 às 4:44 PM
“a mediunidade de Chico Xavier já foi estudada, pesquisada e comprovada por cientistas sérios e não religiosos”
Quais os cientistas que comprovaram a mediunidade de Chico Xavier?
março 6th, 2009 às 12:33 AM
Oq vejo é um texto produzido por uma pessoa que viveu e fez um estudo sobre as cartas e a “análise” de vocês que a cada 2 frases tem um “achismo”.
Se oq vocês fazem é científico, publica um artigo!!
Pq sobre mediunidade e etc eu vejo aos montes.
[]’s
março 8th, 2009 às 3:17 AM
Fico bobo de ver o quanto tempo de pesquisa (?) se perde tentando achar charlatanismo em alguém que viveu toda uma vida para levar uma palavra de consolo para pessoas que perderam entes queridos a troco de nada. Ainda que o Chico fosse apenas o gênio que aprendia italiano por osmose, adepto de um “pendor mnemônicos” , ainda assim ele teria um grande valor, pois servir para levar paz às pessoas, e às vezes, isso é tudo que alguém precisa em algum momento. “Mentiras sinceras me interessam”, já ouviram esse trecho de uma letra de música? A ciência não vai instituir a ditadura da verdade e da racionalidade, e tirar o encanto de crer apenas crer. Que se exploda a lógica, as premissas, os silogismos idiotas que só contribuiram para atrasar a sociedade.
A prepotência da ciência chegou a um ponto tão lamentável que pensa estar acima de qualquer tipo de conhecimento, de forma que um dia pensa reinar sozinha. Tenho pena daqueles que acreditam nisso, pq não conseguem enxergar a limitação do próprio método científico nas coisas mais simples como explicar o que é a vida, qual a fórmula matemática do amor, ou de que é feito a consciência?
A ciência não tem resposta pra isso, e nunca terá.
março 10th, 2009 às 8:51 PM
Resta saber se as pessoas querem a verdade ou o pão e circo, não é mesmo?
PS: Se vamos mentir pra nós mesmos, pra nos sentirmos “consolados”… Eu prefiro beber! 🙂
abril 1st, 2009 às 2:35 PM
O papel dos psicológos materialistas é de anular qualquer compreensão além da acadêmica.Creio que nunca leram uma obra de Kardec.Por preconceito ou ignorância,fazem uso de seus dogmas materialistas para desenvolverem convicções.O Espiritismo diz que o lado moral nem sempre caminha com o da ciência.Foram eles talvez os velhos inquisidores,que hoje com nova roupagem tentam obstruir a marcha do progresso interior>Daí,quando desencarnam,é que verão o tempo que perderam,e retardaram seu avanço na escala espiritual.”Espíritas: não tentem convencer ninguém”.Eles aprenderão com as dores.
abril 1st, 2009 às 2:57 PM
“grupo está estudando” o que ? Esses céticos de ocasião,consideram assim entendo ,uma espécie de “sindicância” “CPI”,para contrapor a credibilidade.Sinceramente,creio que o precursor do Espiritismo,o grande Sócrates,deu aos homens a ironia como uma técnica de humor,e a maiêutica para desmoralizar o leigo.Querem eles provas incontestes das manifestações mediúnicas.Que merecimento possuem?apenas para satisfazerem seus pobres egos,como se a doutrina fosse um joguete.As cousas espitirituais,não são ainda de total conhecimento aos espíritas,imagine aos curiosos.
abril 15th, 2009 às 7:02 PM
Sempre caberá aos espíritas o argumento do misterioso quando todos os outros faltam. Chico se preocupou em provar a tese da materialização na década de 40, quando todos os recursos eram escassos, e hoje não precisam mais provar nada a ninguém (justamente quando as câmeras de infravermelho e outros acessórios estão disponíveis no mercado). Quando não se precisa provar, deixa-se de ser ciência para se habitar a dogmática, e acho que não foi isso que li em Kardec. Aliás, li muito Kardec e hoje não posso, simplesmente, prová-lo.
Inclusive, em um momento, precisei recorrer à espiritualidade em um caso clínico, e a receita obteve 0% de acerto, sendo tão somente uma palavra de consolo (tão pasteurizada e sem identificação quando um carro popular cinza).
Querem salvar o mundo, provem suas verdades. É essa a vontade de Kardec.
julho 26th, 2009 às 6:52 PM
Sendo o espiritismo uma religião (como ficou configurado aqui no Brasil, não na sua pátria de origem, a França), não deveria ter a pretensão pueril de desvelar conjecturas a respeito de objetos de estudo científico – e o inverso também deve se fazer presente. Não se pode comer rabada com sorvete de pistache por cima, não se pode fazer barba com navalha pulando na cama elástica, aliás, poder pode, só não é aconselhável. Gente, vamos parar com essa modinha de espírita-que-quer-provar-à-luz-da-ciência senão vai surgir a modalidade ateu-que-quer-negar-através-da-fé. Cada um no seu quadrado. Licença agora, que vou jogar uns búzios para um cliente que chegou…
novembro 23rd, 2009 às 8:13 PM
Muito interessante essa discussão. Só para localizar, nasci em família espírita de quatro costados, posso considerar que fui militante por muitos e muitos anos, muito embora, desde sempre, lá no fundo d’alma, sempre sentisse uma pontinha de constrangimento ao me indagarem o que eu era, a que eu respondia invariavelmente baixinho, ‘sou espírita’. Mesmo na adolescência e no período de faculdade eu tinha altas discussões comigo mesmo sobre o desencontro do que achava que eu “era” e no que eu “cria”, enfim… o peso de uma formação de berço. Mas agora, bem passado dos cinquenta e com razoável experiência da vida e dos truques deste mundo, posso dizer com segurança que sou cético, na medida em que a dúvida é o princípio da sabedoria, e espero deixar este mundo na dúvida, e não na certeza. Como não dá para pesquisar no google como é o lado de lá, fico com Lobato quando dizia que queria saber se a morte era vírgula, ponto-e-vírgula ou ponto final.
Muito bem. Dito isto, volto ao assunto de Xavier e o cold reading. Conheci Chico pessoalmente, mesmo quando não era famoso e inacessível – eu era criança – e posso confirmar plenamente que foi um sujeito de reputação ilibada, hoje uma expressão meio em desuso no Brasil. Seu maior trunfo foi nunca ter se apropriado de um centavo de suas milionárias produções, tendo pautado sua vida na frugalidade e no orçamento apertado de seu salário de funcionário público subalterno. Até aí tudo bem.
A questão é que, em meu entender, faltam estudos psicológicos mais aprofundados de quem era, de fato, o “médium” Francisco Cândido Xavier. Seria ele realmente um médium? Hoje não tenho tanta certeza. Se você lê com cuidado textos diversos de sua obra, atribuídos a vários autores, verifica que, em todos, há o mesmo estilo que se confunde com o Chico ele-mesmo, quando dá alguma entrevista ou escreve algo de si: prolixo, preciosista, abundante em metáforas e eufemismos, estribado numa estética que cheira a século 19, eivado de citações moralistas e termos que não são correntes no léxico de hoje. Surpreende-me bastante, por exemplo, o senso de “timing” que se encontra em diversos livros atribuídos a André Luiz, que seriam excelente ficção no melhor estilo Isaac Asimov, não fosse o propósito moralista. Por outro lado, os seus livros estão cheios de incorreções históricas e científicas, quando não francamente tendenciosos – leiam-se os livros atribuídos a Emmanuel escritos antes da II Guerra, em que ele fala dos judeus e de doenças como a tuberculose, que “jamais seriam tratadas com comprimidos”, e o livro-mor de propaganda em plena era Vargas, “Brasil, Coração do Mundo”. O que me espanta é que quase não há crítica sobre isso, principalmente vinda dos próprios espíritas – e quando vem, a crítica é refutada com veemência, como se ousássemos furar o sagrado Olimpo deles. O próprio chamado “pentateuco espírita” é tratado como se fosse a Bíblia, a ser lido e estudado sem se considerarem os absurdos científicos que ali há (o vitalismo, a geração espontânea, o eurocentrismo, a questão das raças etc etc). Para mim, isso é fundamentalismo, próprio de uma doutrina ou religião que se fechou em si mesma e não viu o tempo passar.
novembro 29th, 2009 às 1:02 AM
O problema toma dois vultos, que se dirigem ao ceticismo de quem verdadeiramente é e deseja ser cético.
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O primeiro é culpar o Chico de improváveis falcatruas e o segundo de condená-lo por ter sido honesto. Há espíritas que nunca são espíritas porque são objetivos em demasia e estão entre a cruz do espírito e a espada do academismo. Nesses vence sempre a espada e o brazão acadêmicos; a pressão é muito grande para pouca fé, entendamos.
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O espiritismo é falho? É sim, nalguns pontos, porque o tempo é flexível com as proposições, menos com as intemporais e indissolúveis. E principalmente porque utiliza-se do cérebro físico para manifestar-se, que é o elo entre o visível e o invisível.
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Há verdades absolutas e inquestionáveis nas auras dos ensinamentos sólidos do espiritismo, tanto pela fé estribada pela intuição quanto pelo conhecimento que voa muito acima do tangível material. Inalcansáveis por críticos vacilantes. Questão também de sensibilidade alcançá-las ou entendê-las. Mas as almas atendentes ao ceticismo em primeiro lugar, preferem analisar as dúvidas e a elas se apegar, em detrimento das verdades que merecem ser cultuadas.
*
E porque o espiritismo seria perfeito e inalienável se a matéria humana não o é? Tudo é passageiro, mesmo o espiritismo. O espiritismo no fundo é um método disciplinador para almas rebeldes ou confusas. O homem ao iluminar-se não precisará mais do espiritismo nem de qualquer outra religião ou métodos ocultos e esotéricos. E nem mesmo dessa ciência material que nos mente todos os santos dias e nesses mesmos dias se desmente.
novembro 30th, 2009 às 4:35 PM
É sempre a mesma defesa elitista: o espiritismo é imune aos críticos “vacilantes” (e o seria aos que não são vacilantes?), ou que não têm “sensibilidade”, já que paira “muito acima” do tangível material. Existem católicos notáveis que também têm “sensibilidade” e pairam muito acima do tangível material, assim como monges budistas, e assim por diante. Não é essa a questão.
Os céticos são céticos não porque se apegam à dúvida, mas porque percebem que as respostas às suas dúvidas nunca são uma nem duas, são múltiplas, como múltiplo e diverso é o universo em que vivemos, em que não se encontram uma ou duas verdades, mas uma profusão delas. Verdades eternas? já não o sei, porque nem as leis de Deus são eternas ou imutáveis, quem sabe nem o próprio Deus o seja!
Voltando ao Chico: ainda creio ser uma personalidade a ser estudada seriamente pela ciência, como nunca o foi em vida. Uma coisa é certa. A pessoa de Chico Xavier pode ser inatacável. A obra dele, não. É esse o ponto, pois, se a questão é de fé, vale para quem acredita e simpatiza com a doutrina espírita. Para quem não comunga com ela, a questão muda de figura.
Veja-se o fenômeno Fernando Pessoa, que conseguiu se expressar artisticamente em várias personalidades absolutamente diferentes entre si – Alberto Caeiro, Álvaro de Campos, Ricardo Reis e outros, talvez mais de dez. Talvez Chico pudesse ter sido um Fernando Pessoa à décima potência, um sujeito tão dotado que pudesse criar dezenas, centenas de heterônimos. Pessoa ainda fascina os psiquiatras e estudiosos da mente humana (aliás, ele mesmo se “analisou”, em manuscrito deixado por ele), e ainda não há respostas conclusivas sobre ele. Chico parece ir pelo mesmo caminho. O que há em favor disso é o seu tremendo talento para a literatura e para as línguas e a extrema facilidade que tinha para memorizar, e fazer uso de leitura dinâmica. Sabe-se que ele era capaz de ler um livro de 300 páginas em um só dia. Talvez por modéstia (e só pode ser por isso) ele dizia que tinha apenas o quarto ano primário. Mas a realidade era outra. Chico tinha, sim, uma cultura vastíssima, adquirida com a sua espantosa habilidade em aprender. Homem de natureza absolutamente gregária, ele se correspondia e se relacionava com muita gente, muitas pessoas de cultura, e isso facilitou muito os seus pendores para a escrita. Por isso penso ver em Chico Xavier um polígrafo, não um médium. Um homem de extremo poder mental, que para felicidade do mundo resolveu pender para o bem. É isso.
novembro 30th, 2009 às 7:33 PM
O problema do cético vacilante é mentir a si mesmo. O que ele deseja presenciar são fatos objetivos, fenomênicos e tangíveis que se materializem diante de seus olhos incrédulos.
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A espiritualidade deve a ele uma resposta decisiva, impermeável à dúvida. Seus ícones são os que também duvidam, e a intelectualidade dos descrentes cheias de proposições improváveis satisfazem ao cérebro saturado pelo academismo retílineo.
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Não, não há desculpas a admitir e nem palavras para fazê-lo recuar. Pois espiritualidade é profunda vivência íntima, intransferível mesmo de um amante do espírito para outro, e muito mais impossível a quem não a deseja quando foge de seus moldes do pensamento.
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Se não acredita, não acredita, paciência. Se duvida, duvida. Mas seria o espiritismo tão enganoso assim porque um brasileiro excepcional como o Chico, fosse ele um médium, tinha ainda assim a capacidade intelectiva, mneumônica e intuitiva de sozinho poder levantar e sustentar toda uma corrente de pensamento doutrinário espiritual? E por isso foi um criador genial de ilusões?
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Grandes expoentes de movimentos e religiões foram também a seus tempos e lugares excepcionais em mentes, visões e intelecto. Cito Moisés, Esdras, Buda, Jesus, Maomé, Santo Agostinho, Lutero, H.P. Blavatski, Max Heindel, afora grandes filósfos gregos, como Sócrates, Platão, ou Aristóteles ou mesmo Spinoza. Suas mentes foram excepcionais, suas visões mais extrordinárias ainda.
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A história é sempre a mesma; primeiro duvidam, zombam e crucificam e somente gerações após lhes dão o justo reconhecimento e rendem-lhes homenagens. Pobres céticos, ou homens de nenhuma fé. Que desejam afinal? Que homens excepcionais sempre sejam mentirosos e unilaterais, personificando-se em falsos líderes?
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Espírito é inteligência, visão clara. Doutrina é método, é treinamento, mas verdades são eternas. Os grandes não professaram por suas próprias recreações, foram sempre inspirados, instados a fazer, e concomitantes às idéias e ideais mais ousados mantiveram-se sempre fiéis à sabedoria do passado.
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E há seguidores fiéis porque são inteligentes e intuitivos, ou seriam todos os milhões de espíritas tão medíocres como as proposições céticas desejam fazê-los? Isso sim é visão rasteira, assoberbada pela intectualidade sem alma e sem parâmetros espirituais, desejosa de arrogante varredura. Orgulho tolo e insensato!
dezembro 3rd, 2009 às 9:56 PM
Tenho de concordar com o Carlos Magno:
“A história é sempre a mesma; primeiro duvidam, zombam e crucificam e somente gerações após lhes dão o justo reconhecimento e rendem-lhes homenagens”.
E exatamente o que penso que vai acontecer com Carl Sagan, Richard Dawkins, Bertrand Russel, cuja única pretensão foi a de “abrir os olhos da humanidade”.
dezembro 5th, 2009 às 3:28 PM
Aos vesgos e míopes as coisas sempre se apresentam nubladas ou ao oposto.
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Os espíritualistas e os racionalistas superiores, desenvolveram além do intelecto, elementos mentais importantes que os fazem avançar em relação ao materialismo chumbado. E esses elementos desconhecidos dos Carls Sagan da vida, dos “inventores” Dawkins, e dos pobres céticos de “marré de sí”, chamam-se a “visão interna clara” e a “visão intuitiva”.
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Esses dois elementos, co-responsáveis por tantas maravilhas nas vidas de espirtualistas, convivem com a clarividência extraordinária de planos e dimensões superiores e confirmam que através de atos simples de entendimento da ciência espiritual e pela negação ao “não-eu” em favor do “eu-real”, a escravidão das idéias materialistas para os despertos já não existe.
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Nós esotéricos, espíritas e certa categoria de místicos, sabemos como é difícl aos homens das três dimensões do intelecto concreto e ainda acanhado em relação a valores mentais reais e superiores, sequer imaginar que a mente possui esses dois elementos essenciais que marcam a evolução de muitos milhões sobre as insistentes conceituações céticas convencionais e retrógradas.
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Felizmente nos conscientizamos de que o problema cético é passageiro, e que o peso da visão míope somente assola uns poucos milhões de pessoas que representam minoria perante a população planetária bem desenvolvida mental e espiritualmente ( e devemos compreender a limitação deles na sua endogenia mental e não criticar em demasia), e porque sabemos também que dentro de talvez de um milhão de anos eles finalmente conseguirão ver o que hoje espíritas, esotéricos e místicos veem claramente através do aspecto inteligência ativa desperta.
dezembro 5th, 2009 às 7:17 PM
Carl Sagan, Richard Dawkins, Bertrand Russel, cuja única pretensão foi a de abrir os olhos da humanidade.
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Foram sim, “cegos guias de cegos!”
dezembro 8th, 2009 às 5:29 PM
Intolerância mil. Os caras não se conformam que existam céticos. Vêm sempre com a lengalenga paternalista Felizmente nos conscientizamos de que o problema cético é passageiro, e que o peso da visão míope somente assola uns poucos milhões de pessoas que representam minoria perante a população planetária bem desenvolvida mental e espiritualmente ( e devemos compreender a limitação deles na sua endogenia mental e não criticar em demasia), e porque sabemos também que dentro de talvez de um milhão de anos eles finalmente conseguirão ver o que hoje espíritas, esotéricos e místicos veem claramente através do aspecto inteligência ativa desperta. Deixem os “superiores” falar! rsrs
dezembro 9th, 2009 às 5:59 PM
É sempre bom repetir:
“Aos vesgos e míopes as coisas sempre se apresentam nubladas ou ao oposto”.
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Evidente que falo da mente e não do órgão da visão. Já vi que é necessário sempre esclarecer o óbvio para certos comentaristas.
janeiro 4th, 2010 às 10:24 PM
A mentira, ainda que seja para agradar, será sempre mentira! O que mente, ainda que o faça por caridade, será sempre mentiroso. A maneira mais digna de se tratar o ser humano, é com verdades, e não com mentirinhas adocicadas para tirar o azedume de nossa miserável existencia. È triste ver pessoas que perdem pessoas queridas sendo vítimas desses charlatões inescrupulosos!
janeiro 12th, 2010 às 2:02 AM
Cara, estou me sentindo meio burro… se o chico aprendeu Italiano por correspondência, por que será que eu não aprendi falar Apinajé (pois morei com um índio de uma daquelas aldeias por anos), nem Japonês (pois um dos meus grandes amigos, que eu sempre me correspondo, mora no Japão), nem Francês (tenho vários amigos no Canadá, com os quais vivo me comunicando)… puxa! como este Chico era inteligente!! eu, com tantos amigos correspondentes pelo mundo, não cheguei a 10% da eficiência dele…
E olha que ele também fala de Física, Biologia, Medicina, Astronomia, Artes, Música, Psicologia… tudo isso em vários idiomas! nossa! isso é que é ser inteligente!! rsrsrs
janeiro 19th, 2010 às 6:35 PM
Meu caro,
Você parece-me ser alguém com cultura, conhecimento e grandes contatos. Acredito que já tenha se comunicado com pessoas que falam outros idiomas ou até mesmo tenha amigos no exterior. Segundo seu próprio raciocínio posso acreditar que saiba escrever e falar fluentemente inglês, alemão, francês, italiano, espanhol… se assim for, sinto lhe informar que está perdendo tempo. Ao invés de passar horas se preocupando com a doutrina espírita e com Chico Xavier já poderia ter garantido o seu futuro e o da sua família trabalhando como tradutor, intérprete, etc…
janeiro 26th, 2010 às 3:01 PM
Interessante também que as obras ditas “mediúnicas” perdem desoladoramente em qualidade se comparadas com obras de autores vivos. Não conheço nenhum registro de obra mediúnica que trate de filosofia, de história, de sociologia. Nem de alguma que traga alguma contribuição às teorias da ciência, que faça especulação antropológica, que trate da crítica de arte, fale de literatura, música ou teatro, enfim – que tenha como escopo o estudo e a pesquisa. A esmagadora maioria delas ou são romances – a maior parte das vezes de qualidade duvidosa – ou são textos de ordem moralista, ou comunicações atribuídas a pessoas comuns que morreram e voltam para dar notícia aos entes queridos, sempre vazados num estilo que em nada lembra o modo de expressão dessas pessoas. Mas sempre de qualidade bastante inferior ao congênere dito “encarnado”. Será que os Espíritos emburrecem do lado de lá, ou preferem manter silêncio sobre aquilo que os apaixonava quando em vida? Está aí uma questão que ainda não obteve resposta satisfatória.
fevereiro 7th, 2010 às 4:15 AM
Carlos Magno , gosto das sua palavras,e gosto da doutrina espirita, independente de Chico Xavier e outros, embora eu esteja passando por cética, sem crença sem fé, eu gostei muito das sua palavras, mas eu estou triste com tudo que esta acontecendo , não é com minha vida, eu estou até que bem, digo até que sou protegida por alguma força invisivel, as coisas me vem quando eu mais preciso, mas estou triste com o que esta acontecendo no mundo ,agora com o Hayti, as crianças comendo barro! eu não almoço um dia sequer sem pensar nisso, eu não poso fazer nada, e que tem bilhões pouco faz ou não faz nada, ORAR! REZAR? porque eu tenho que pedir? Deus não esta vendo? Minha fé esta abalada,eu acredito em espirito porque tenho a convicção de que somos espiritos , e por já viver certas situações particulares nesse sentido , ninguem precisa me provar isso… mas o mundo esta sofrendo, as pessoas pequenas de conciencia e monetária estão sofrendo…, eu queria a ajuda dos céus , dos anjos, dos bons espiritos… para tanta gente… porque se Deus não pode ajudar quem sou eu para tanto, ou quem somos nós para tanto… não acredito mais na reza ou oração…pois com tantos crentes e tantas igrejas no mundo a orar onde esta a melhora para tanta desgraça no mundo??? Sera que alguem esta nos ouvindo lá em cima? não perca sua fé … doe muito. um abraço.
fevereiro 10th, 2010 às 11:52 PM
Rosangela, entendo perfeitamente que você sofra com as coisas ruins que acontecem no mundo. O terremoto no Haiti nos sensibiliza a todos. Mas, não é aos céus que devemos clamar. O mundo invisível ou espiritual não tem como se manifestar no mundo material. Nós é que precisamos fazer alguma coisa. Por isso, existem as religiões, para nos lembrar o tempo todo que habitamos a mesma Casa, que é o planeta Terra, e que devemos nos auxiliar mutuamente, principalmente, em momentos como esse pelo qual está passando o Haiti. O materialismo ou o ateísmo afasta as pessoas umas das outras, fazendo com que cada um se ocupe apenas consigo mesmo. É claro que não é todo ateu que é assim (nas prisões, por exemplo, é difícil encontrar-se um ateu!); assim como, há uma infinidade de religiosos que não têm um pingo de compaixão pelos semelhantes. Agora, tente imaginar estes últimos sem uma crença num poder maior. O objetivo principal das religiões é influenciar os seres humanos a SEREM pessoas melhores.
E desta forma, através da fraternidade, resolverem os problemas e juntos conquistarem uma vida melhor. Os bons espíritos, com grandes dificuldades, nos enviam “mensagens”, nos “empurrando” na direção do Bem de todos.
Abraços
fevereiro 11th, 2010 às 12:07 AM
Desculpe, só para completar…
Rosangela, realmente, se reza resolvesse alguma coisa, nosso planeta seria um modelo no sistema solar. O espírito Emmanuel, por exemplo, em seu livro “O Consolador”, diz textuamente que “… é preciso um novo gênero de preces, que se constitui de trabalho, fé, esforço e boa vontade”.
Outra coisa, Rosangela, Deus nos ouve sim, os bons espíritos também! Nós é que não “ouvimos” os seus conselhos. Não perca a sua fé, pois é ela que vai garantir sua fortaleza.
Abraços afetuosos
maio 5th, 2010 às 4:00 AM
[…] Chico Xavier: Especialista em Leitura Fria?: Esse artigo fala um pouco sobre uma pesquisa que tenta provar a mediunidade de Chico, porém as coisas não são tão precisas. Por que será? […]
maio 17th, 2010 às 10:43 PM
Bom, eu venho de família espírita, não pratico, não sigo e tenho sérias reservas, mas convenhamos que o Chico devia ser um gênio, até agora as afirmações mostram.
– Um ávido leitor capaz de decorar capítulos inteiros de livros em pouco tempo.
– Mestre em leitura fria
– Mestre em mnemônica
– Se entendi bem ele era mestre de italiano tb, parece que escreveu certo um texto (morei dois anos na italia, estudava italiano 3 horas por dia e nunca consegui decorar um texto e escrever sem erros)
– Pessoa de mente prodigiosa capaz de lembrar detalhes depois de longo tempo.
Até acredito que ele talvez fosse uma dessas coisas, ou mais de uma, mas ele era td isto o tempo todo? Sem querer polemizar, mas fica difícil acreditar, e olha que eu mesmo não acredito muito em psicografia, não os acho necessáriamente desonestos mas para mim são iludidos.
junho 17th, 2010 às 8:37 PM
Com certeza era um gênio. Um homem excepcional (não me referindo aqui ao sentido moral, mas aos seus indigitados poderes mentais e inteligência). E como todos os gênios, com uma respeitável dose de polêmica.
Com todo o respeito devido aos espíritas que aqui escrevem, mesmo os mais agressivos, é indiscutível que a produção literária de Chico Xavier deva ser, sim, objeto de crítica. À parte o ser moral que foi. Já disse isso outras vezes, mas repito: Chico Xavier vai ser, por muito tempo, um grande mistério. Igualmente incensado e louvado, como espinafrado e aviltado, é certo que, em vida, Xavier jamais permitiu que fosse analisado pela ciência. E talvez essa recusa tenha sua razão de ser, porque Chico teria seus motivos, certamente. Eu continuo achando que grande parte da sua produção é bastante fraca em conteúdo (principalmente a das últimas fases) e muitas de suas obras têm erros históricos e científicos que não abonam nenhum “espírito superior” que as tivesse escrito, ou falam de situações “espirituais” tão humanas ou tão inverossímeis que, francamente, não era nem necessário que os espíritos não tivessem mais corpo físico para as viver. Basta ler o best-seller “Nosso Lar”: o autor putativo do livro, o médico desencarnado André Luiz, após um período relativamente longo de purgação em regiões inferiores (que os espíritas chamam de “umbral”, palavra que nada mais é do que sinônima de “soleira” ou “entrada”, mas que na terminologia espírita ficou sendo o purgatório ou mesmo o inferno), é resgatado por equipes de socorro da cidade espiritual de Nosso Lar, é tratado por um médico (Henrique de Luna) que, arvorado em juiz de direito, sentencia que André Luiz chegou ao mundo dos espíritos por suicídio inconsciente – como se o ato de suicidar-se não fosse deliberado e voluntário! – peculiar lugar este em que os médicos tratam os doentes e ao mesmo tempo os julgam… Na sua lenta recuperação, André Luiz depara-se com uma cidade de funcionários públicos: todos trabalham para os ministérios da cidade e submetem-se a uma rotina de trabalho que inclui jornada de trabalho (8 horas) pagamento (bônus-hora), rígida hierarquia (assistentes, instrutores e ministros), transporte (aerobus), financiamento imobiliário, e um curioso sistema comunista em que todos recebem alimentação e vestuário do governo, mas têm de parar o trabalho para rezar às 6, na hora da ave-maria, quando a cidade para, preparando-se para a reza geral feita pelo governador. Estado e religião. Com o tempo, aprende a voar (ou volitar, como dizem os espíritas) e a expressar-se pelo pensamento; mais tarde, fará um curso que o tornará apto a ler pensamentos alheios e olhar dentro dos corpos opacos, e finalmente será aquinhoado com a luz própria, atributo máximo dos espíritos de ordem superior (como diz no seu livro “Os Mensageiros”). Francamente, se morrer significa tornar-se burocrata e ser pago em bônus-horas, prefiro não acreditar em nada.
setembro 14th, 2010 às 2:38 PM
Charlatão é alguém que engana com a intenção de obter vantagens, quase sempre financeiras. Independente de espíritos existirem ou não, dá para se dizer em uma análise realmente cética que Chico Xavier era charlatão?
http://textosparareflexao.blogspot.com/2009/02/chico-xavier-charlatao.html
Abs
raph
setembro 21st, 2010 às 3:04 PM
A dissonância cognitiva leva pessoas a inventarem todo tipo de argumentos para manterem suas opiniões. Nesse afã, para não admitir a mediunidade de Chico Xavier, muitos o transformam em um tipo de personagem de quadrinhos, um poderoso chefão estilizado, um superdotado esquizofrênico, etc. São tantas hipóteses e combinações que chega a ser paradoxal!
São conjecturas para encobrir seus recalques, medos e frustrações. Uma auto-afirmação, e no campo especulativo tudo é válido, pois não é necessário provar cabalmente coisa alguma, afinal, não passam de elucubrações. No universo das divagações tudo é possível.
O cúmulo é que sofismam descaradamente para justificar suas acusações baseadas tão somente em suas idiossincrasias. Levianamente, buscam respaldo na Ciência, como se esta avalizasse seus pontos de vista.
Contudo, não passam de hipóteses. Meras hipóteses para se manterem em um mundo todo seu, fechando os olhos ao que está ao derredor. Só vêem o que querem ver, só ouvem o que querem ouvir, só aceitam o que lhes for conveniente, só entendem o que querem, ou seja, refutam exasperadamente qualquer chance de verificar a possibilidade de estarem equivocados em algum ponto. Em virtude disso, vale tudo: Mentir, caluniar, difamar, tergiversar, etc.
E, assim, transformam Chico Xavier em um mito maior do que já é.
Mas são apenas hipóteses.
Meras hipóteses.
SÓ HIPÓTESES.
setembro 27th, 2010 às 7:09 PM
O pior tipo de debatedor é esse que busca desqualificar aqueles que não pensam como ele. Os dissidentes são “frustrados”, “recalcados”, “idiossincráticos”, enfim, não são pessoas normais, que têm senso crítico, que gostam de ler, que têm razoável bagagem cultural e que, eventualmente, não concordam com aqueles que professam a doutrina do Chico. Falam em sofismas, mas escondem-se num sofisma batidíssimo que diz assim, “o Chico não ficou com um centavo de suas obras, o que prova sua lisura e sua honestidade”. Tudo bem, isso é verdade, ele não se apropriou de nenhum royalty de sua produção. Mas aqui se pergunta: será que dinheiro é tudo? Aquele que escreve só pensa na pecúnia? Dinheiro é o de menos, amigos. Está claro que Chico Xavier não estava interessado em dinheiro nem em ter uma vida luxuosa, mesmo porque sabia que, sendo solteiro e não tendo família, não teria para quem deixar sua herança, e nem queria que os herdeiros colaterais se engalfinhassem por dinheiro após sua morte, manchando seu legado. Existem outras coisas muito mais importantes que dinheiro, que são justamente a reputação, o prestígio e a fama, que não são bens materiais e duram muito além da vida do escritor. E isso ninguém em sã consciência poderia negar que se passasse na cabeça dele. Como eu disse, ninguém sabe realmente quem foi a pessoa Chico Xavier. Conhecem-se suas personas: o ser frágil e delicado, de voz feminina e de pouco saber, cuja caridade o distinguia dos demais; seu alter-ego professoral, sapientíssimo e severo, oriundo das idades remotas da humanidade e abarcando com o seu saber toda a moralidade do mundo, e que dizia ser seu mentor Emmanuel; o médico que aprende e especula, sua vertente científica, que fala sobre o além-túmulo (André Luiz); e uma miríade de poetas antigos que davam vazão aos seus pendores poéticos e literários. E por aí vai. Um Fernando Pessoa amazônico, mas com um projeto definido: deixar sua marca na humanidade, aproveitando-se de uma doutrina espiritualista que ele transformou em religião. Para mim, Chico Xavier é o Grande Manipulador, um homem que via longíssimo, que tentou – e conseguiu – impor a sua marca no mundo, fazendo milhões de adeptos em vida e após sua morte. Um homem bom pode fazer isso? Claro que pode. Tanto é que fez. Mas, por favor, espíritas, deem aos dissidentes o direito de discordar que sejam espíritos que fizeram tudo isso, assim como nós dissidentes temos o dever de respeitar que assim pensem. Porque senão, como disse o articulista aí acima, serão só hipóteses.
fevereiro 19th, 2011 às 1:39 PM
Apesar de todas as pesquisas feitas por alguns institutos que estão perto de comemorarem um século como por exemplo o Rhine, é bem claro que não existem quaisquer fenômenos sobrenaturais. Alguns ditos pesquisadores oportunistas, abandonam toda a metodologia científica e tentam desesperadamente somente confirmar suas crenças. Ciência parte sempre da observação e deve-se diante das evidências abandonar qualquer idéia pré concebida, enquanto a religião e a fé, tentam sempre procurar confirmações de suas crenças. Da mesma forma que todos os médiuns que já apareceram no mundo, Chico Xavier usou de truques, mesmo que provavelmente muitas vezes de forma involuntária, Chico Xavier era um homem inteligente, apesar da alegada pouca educação formal, e não é difícil de entender que os alegados poderes não eram nada mais nada menos que a manifestação desta inteligência. Chico Xavier usou de leitura fria? A resposta a isto é evidente, pois se nenhum poder paranormal pode ser confirmado pela ciência séria, só nos resta entender que ele usou dos mesmos recursos já conhecidos para montar estórias, muitas vezes de conteúdo vago em que as pessoas desesperadas por respostas estavam suscetíveis a se enganarem e a procurarem nas palavras, alento para as suas dores. Talvez Chico Xavier só tenha sido uma das pessoas mais habilidosas a usar a leitura fria, pois não se confirma em absoluto dentro da razão a veracidade de qualquer das estórias por ele contadas.
março 28th, 2011 às 3:48 AM
Prezado autor, desculpe, mas assim como vc desconsidera esta pesquisa, eu desconsidero seus argumentos pra ser contra.
Todo esse tempo que vc perdeu com coisas improdutivas, sugiro que leia mais na fonte, com embasamento científico tbém.
Não sou espírita, mas Chico Xavier demonstrou muito em sua vida toda sobre caridade, sobre como seria um mundo ideal.
Acho que mereceria um pouco mais de respeito, se não acredita no espiritismo, pelo menos considere o que Chico fez em vida. Demonstrar que a caridade, a simplicidade, o amor ao próximo está acima de qualquer religião ou crença.
Imagine um mundo sem isso? O pouco que vemos hoje disso, já não te mostra que o mundo poderia ser melhor?
Graças à pessoas como Chico, Gandhi, Buda, M. L. King,entre outros que desejavam a paz, é possível. E o melhor, usar a inteligência pra buscar tais coisas é mais sensato que criticar.
Só pra finalizar, Chico falava que fora da caridade não há salvação, ele nunca falou isso em relação ao espiritismo.
agosto 17th, 2011 às 3:38 PM
Parabéns pelo blog. Embora ainda faltem alguns requisitos da pesquisa científica, ao comparados com os textos e provas de existência sobrenatural, parece um texto digno de publicação internacional.
Olhem qualquer religião ou efeito sobrenatual exclusivamente sob a ótica da ciência e tentem vocês, nos respeitar.
“Não podemos aceitar que o jardim é belo, sem ter que acreditar que existem fada debaixo dele?” – Richard Dawkins
novembro 8th, 2011 às 11:26 AM
Quanta besteira…que discussão idiota..
Prezados (as) Chico Xavier foi uma das melhores pessoas que vieram a este mundo ! Assim como outros…A ciencia é exata ? Prove? Nem de mais nem de menos, o justo…ninguém esta certo ou errado nesta discussão TOLA… as céticos e academicos “muito fraquinha” a contestação dá vontade de chorar..se pegar uma banca boa de defesa nem iria para uma qualificação de tão fraca que é….aos espiritas invetarados menos ai…nos sabemos que tem um bando de safado e tecnicas na jogada inclusive em centros espiritas etc…No meu ver acredito que Chico foi um homem de bem, pode ser que deu suas falhadas…mas quem não dá? Inclusive os senhores com este bando de baboseiras. Viva Chico, viva cristo, viva Einstein !!!
setembro 29th, 2012 às 7:22 PM
Caro senhor Vítor, achei seu site sem procurá-lo. Eu estava assistindo a um vídeo e resolvi procurar uma mensagem, quando me deparei com ele. A curiosidade me fez acessá-lo. Tenho respeito pela ciência e pela pesquisa. Allan Kardec, como um pesquisador sério, homem voltado ao estudo dos assuntos educacionais, discípulo de Pestallozzi, aconselha que não se acredite em tudo que se apresenta. Bem, sou médium psicógrafa e faz mais de 2 anos que estou psicografando um livro, na casa espírita. Sou por natureza desconfiada, não acredito em tudo que me aparece. No entanto, posso afirmar, sem pretensão de querer ser dona da verdade, que muitas vezes me espanto com fatos espirituais que vivencio. Só acredito porque as evidências não fortes para mim. Posso dizer que já psicografei coisas sobre as quais eu nunca havia cogitado, nunca havia nem sonhado. Fico imaginando como o Chico conseguiu psicografar tantos livros!! Não é fácil ser médium, principalmente quando entendemos a seriedade do trabalho, a responsabilidade de transmitir mensagens, como dizia o Chico, de “ser carteiro”. Não é o meu caso, não recebo mensagens de desencarnados para entregar aos pais. Se o senhor já leu sobre animismo, sabe que o fato de o médium ter conhecimento de uma língua ou de um fato ajuda mais. Vou me explicar: quando o médium conhece algo, facilita o trabalho da equipe espiritual, pois esses espíritos acessam nosso arquivo mental e utilizam o que já conhecemos. Lembro-me de uma vez em que estava em transe e comecei a ver cenas do filme O Piano. Tentei livrar-me das lembranças, mas elas voltavam. Após várias tentativas de me livrar das imagens, deixei fluir e então um espírito esclareceu-me que foi assim, como aquelas pessoas que chegaram para colonizar aquele lugar do filme (Nova Zelândia, se não me falha a memória) que também se deu a fundação de uma famosa escola no Rio de Janeiro, quando as pessoas vieram de outro país para construir uma escola. A intenção era me mostrar como foi o início da fundação da escola. O filme foi usado como comparação, o espírito utilizou algo que eu já conhecia. Isso não desmereceu o importante comunicado, e eu pude entender a mensagem. Não sou dona da verdade, questiono muito e procuro ser criteriosa ao repassar uma mensagem psicografada. Recentemente recebi uma psicografia sentada em um auditório, onde participava como simples ouvinte, e relutei muito em entregá-la aos organizadores do evento, pois eu não me lembrava de conhecer o autor, que foi um famoso jurista, segundo pesquisa de meu amigo na internet (no celular) na hora. Só então pudemos repassar para os colegas, que só leram para o público após análise do conteúdo. Pedi que meu nome não fosse divulgado. Posso afirmar que não é fácil ser médium! Admiro o trabalho do Chico e jamais quis ser médium psicofônica nem psicógrafa, mas surgiu em minha vida madura e procuro hoje merecer a responsabilidade que recebo. Admiro seu trabalho de analisar as mensagens que o Chico recebeu. O senhor deve considerar, ANTES DE TUDO, que essas mensagens ajudaram muitas mães e muitos pais, e Chico não ganhava absolutamente nada material com esse trabalho. Fazia-o com amor e desprendimento. Não era perfeito, mas era um ser maravilhoso, que só ajudou as pessoas, não fez mal a ninguém, o que não se acha fácil por aí. Quisera eu ser um décimo do que Chico foi ou fazer 1% do que ele fez enquanto esteve encarnado. Sabemos pouco sobre mediunidade e atualmente dedico um pouco do meu tempo para estudá-la. Um abraço.