Análise crítica do livro “Que Bobagem!” de Natália Pasternak e Carlos Orsi por Paulo Ghiraldelli

Segue o vídeo crítico do filósofo Paulo Ghiraldelli ao livro “Que Bobagem!” de Natália Pasternak e Carlos Orsi. As críticas de Ghiraldelli às ilações do casal sobre a mente e o cérebro são de especial interesse ao tema deste blog. O livro também fala de Parapsicologia, o que Ghiraldelli não comenta, focando na abordagem dos autores à Psicanálise. Sobre a abordagem dos autores à Parapsicologia pretendo escrever a respeito, talvez nos comentários ou em um artigo à parte.

Aviso aos mais sensíveis que Ghiraldelli se expressa de uma forma que pode chocar quem não está acostumado a assistir os vídeos dele…

Por fim, Ghiraldelli diz que Pasternak seria professora de biologia. Creio que ele se confundiu ou não foi muito exato, no livro é dito que Natalia Pasternak é microbiologista, professora de Ciência e Políticas Públicas na Universidade de Colúmbia (EUA).

11 respostas a “Análise crítica do livro “Que Bobagem!” de Natália Pasternak e Carlos Orsi por Paulo Ghiraldelli”

  1. Fábio Lázaro Diz:

    Também tenho minhas reservas quanto à atuação da Pasternak no que diz respeito à parapsicologia (apesar de não ter lido essa obra específica), mas, por outro lado, o próprio Ghiraldelli parece falar alguns absurdos ele mesmo. Por exemplo, ao dizer que ninguém acha que um estado mental poderia ser localizado em um estado cerebral, ele simplesmente ignora os filósofos da mente da escola eliminativista, fundada pelo casal Churchland, que advoga não só que os estados mentais se reduzem a estados cerebrais, mas que os próprios estados mentais como conhecemos um dia poderão ser totalmente eliminados do nosso discurso cotidiano (a chamada “folk psychology”), isto é, que um dia poderemos conversar, com o auxílio de máquinas sofisticadas e implantes cerebrais, de cérebro a cérebro, sem recorrer a nossa linguagem cotidiana, que é muito pobre.

  2. Vitor Diz:

    Oi, Fábio
    grato pelo comentário! Não conheço o casal Churchland e a escola fundada, e bem provavelmente você está certo, mas creio que o Ghiraldelli tem uma visão oposta no tocante ao aprender o linguajar da máquina. Aprender por uma máquina, seja por meio de aplicativos no celular, ou outro esquema mais futurista, é complicado. Nosso linguajar é rico de sentimentos, cada tom querendo expressar algo diferente. Crianças muito apegadas ao celular, falando pouco com a mãe, acabam com um entendimento emocional da linguagem mais pobre. Ele até costuma citar o caso da neta dele que pensaram que era autista, não falava, e a solução foi tirar o celular. E ainda tiveram que fazer todo um esforço de recuperação para ela ficar uma criança normal, comunicativa. Ainda não li, mas ele escreveu um livro sobre o assunto chamado “subjetividade maquínica”. Um artigo é esse:
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    https://ghiraldelli.online/2021/10/07/o-que-e-subjetividade-maquinica/
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    Uma pergunta, um dos livros da escola do casal Churchland seria esse?
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    https://www.docdroid.net/ACUssIU/materia-e-consciencia-uma-int-paul-m-churchland-pdf#page=43
    .
    Uma última coisa, revi parte do vídeo e embora seja verdade que o Ghiraldelli diga que “ninguém acha que um estado mental poderia ser localizado em um estado cerebral”, na verdade ele abre uma exceção, ele cita a Suzana Herculano e os neurocientistas tipo ela.

  3. Hilton Diz:

    O que o livro fala sobre a Parapsicologia?

  4. Vitor Diz:

    Oi, Hilton

    Devo fazer um artigo a respeito. Mas acho que o maior problema é o que os autores não falam…

  5. Fábio Lázaro Diz:

    É ele mesmo, Vitor. E essa é uma das obras importantes dele.
    Um artigo da Patrícia Churchland pode ajudar a melhor entender a tradição de pesquisa capitaneada pelo casal:

    https://criticanarede.com/men_neurobiologia.html

    Abrir uma exceção, nesse caso, parece ser apresentar um retrato assaz distorcido da área, pois, ainda que não seja majoritária, os que consideram que os estados mentais podem ser localizados em estados cerebrais são um grupo considerável dentro da filosofia da mente e da neurociência. Veja o caso do neurocientista Anyl Seth, por exemplo.

    Ou veja qual o paradigma de pesquisa dominante para se entender a memória, por exemplo. As pesquisas vão no sentido de se encontrar os exatos correspondentes celulares ou macromoleculares onde as memórias estariam guardadas…

    Enfim, acho que é sempre bom ter cautela no lugar de fazer acusações muito graves, como Ghiraldelli fez, pois, no final das contas, ele parece estar fazendo o mesmo de que acusa a Pasternak de fazer.

    P.S.: Eu não sou um eliminativista e também não acho que um dia poderemos encontrar os lugares onde as memórias ficam guardadas. Nesse sentido, concordo bastante com o Ghiraldelli. Não se trata aqui de defender um ou o outro, ou as teses de um ou de outro, mas apenas uma crítica ao modo um tanto ad hominem que ele conduziu seu argumento.

  6. Gorducho Diz:

    Só acho que esta rubrica parece caída cá de paraquedas pra quem é especialista em Espiritismo — e o próprio nome da Casa implica em estudo do, claro…— e nunca ouviu falar nesse livro, Sr. Administrador.
    Então o Sr. deveria contextualizar.
    ・ Qual a conexão da obra c/a Casa/Espiritismo🤔
    ・ O livro é 1 aperçu sobre supostas pseudociências❓ É isso❓

  7. Vitor Diz:

    Oi, Gorducho
    boa observação, incluí um link no título do livro para quem quiser se inteirar mais a respeito. Mas sim, eles também abordam espiritismo, além da Parapsicologia. Um artigo bom deles sobre espiritismo e que é reproduzido no livro é esse:
    .
    https://www.diariodocentrodomundo.com.br/kardecismo-e-a-alma-da-pseudociencia-no-brasil-por-natalia-pasternak-e-carlos-orsi/

  8. Jonny Diz:

    Dois detalhes muito importantes que DEVEM ser mencionados. Tanto a Natália como o Carlos, comentem muitas imposturas intelectuais ao criticar maciçamente os preconceitos pessoais deles, e principalmente a Natália, tem uma inabilidade incrível em saber se comunicar com público leigo em geral. Toda vez que ela se pronuncia parece que não entendeu que saiu do ICB-USP e está falando com outro público. Esses dois fatores tiram muita credibilidade de ambos, pois por mais que tenham razão nas críticas contra homeopatia e outras porcarias, comprovadamente como pseudociencias, eles jorram as críticas deles nos preconceitos que eles têm para diversos outros assuntos onde ainda não há um consenso claro. E por fim, por favor, Natália não é cientista! Ela claramente tentou durante quase duas décadas ser cientista (doutorado e posdoc), porém falhou, simplesmente não conseguiu por seja lá qual for o motivo. Isso não é totalmente um demérito, pois parece que ela tenta escolher ser divulgadora de ciência, porém ela não pode vender a imagem dela como cientista, isso de jeito nenhum.

  9. Claudio Diz:

    Olá, Vitor.

    O livro é excelente e os autores estavam perfeitamente capacitados, em todos os níveis, para escrevê-lo. O autor do vídeo tenta desqualificar os autores, mas nem sequer pesquisou o Lattes, levanta questões que não foram aprofundadas pelos autores, as hiperdimensiona e as deforma, procurando desqualificar a obra no seu todo, muita bile e muita figuração. Se o sujeito espuma desse jeito por se sentir agredido por um texto lúcido, bem escrito e tão necessária para a saúde pública, fico pensando nas convulsões que teria ao ser radicalmente contrariado.

    Tanta a Natalia Pasternak quanto o Carlos Orsi prestam um grande serviço à saúde pública ao expor as pseudociências, muitas delas, infelizmente, reconhecidas oficialmente pelo Conselho Federal de Medicina, como a homeopatia e a acupuntura. “Que bobagem! Pseudociências e outros absurdos que não merecem ser levados a sério” é ótimo! Forte abraço, meu querido!

  10. Marcos Diz:

    assistir aos vídeos…

    MAM

  11. Vitor Diz:

    Oi, Claudio
    O livro deles possui pontos positivos sem dúvida! Eu mesmo disse num comentário acima que a parte sobre Espiritismo é boa. Em breve pretendo publicar uma análise bem mais ampla e mais justa para com o livro. Mas noto às vezes uma falta de maior cuidado nas informações passadas pelos autores. Por exemplo, os autores dizem:
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    “o esforço do psicanalista de convencer uma menina de 14 anos (Ida Bauer, que entrou para a história da psicanálise com o pseudônimo “Dora”) de que ela sentia atração sexual inconsciente, reprimida, por um adulto que havia tentado molestá-la.”
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    Mas sabe-se que nessa ocasião Dora tinha 18 anos, não 14. Ela se consultou com Freud uma única vez antes, aos 16 anos.
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    “Dora, ou Ida Bauer, chegou ao consultório de Sigmund Freud conduzida por seu pai, um ex-paciente do psicanalista vienense. Na primeira vez, ela falou sobre sintomas físicos que a atormentavam. Em particular, sofria de ataques de tosse muito incômodos. Tinha 16 anos na época, e logo após a primeira consulta, a tosse desapareceu. Assim, não retornou às suas sessões.”
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    https://amenteemaravilhosa.com.br/o-caso-dora-psicanalise/
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    Pode ter sido um mero erro tipográfico que escapou da revisão, embora quando eles dizem “menina de 14 anos” indica que não, que de fato acharam que ela tinha só 14. Felizmente, numa segunda edição do livro, esse e outros problemas podem ser facilmente sanados.

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