Avaliação da Ocorrência da Recepção Anômala de Informações em Processos Alegadamente Mediúnicos (2023)

O estudo da mediunidade e o fenômeno da Recepção Anômala de Informações (RAI) tem o potencial de produzir novas evidências sobre a mente e sua relação com o cérebro. Este estudo investigou a ocorrência de RAI em um procedimento alegadamente mediúnico. Para controlar o vazamento de informações, o médium foi filmado e permaneceu sob supervisão durante todos os procedimentos. A taxa de acerto dos itens das informações geradas foi analisada bem como indícios de fraude (como leitura fria, dedução e uso de generalizações) e a informação divulgada para o médium. O médium produziu 57 itens de informação, dos quais 6 não foram reconhecidos, 4 foram divulgados, 6 poderiam ter sido deduzidos, 11 podem ser considerados genéricos e 30 estavam corretos, não tendo sido divulgados ou eram muito improváveis de terem sido deduzidos, obtidos por leitura fria ou considerados genéricos. O resultado é altamente indicativo da ocorrência de RAI, segundo os autores. Para ler o artigo, clique aqui. Pus nos comentários o que achei do artigo.

9 respostas a “Avaliação da Ocorrência da Recepção Anômala de Informações em Processos Alegadamente Mediúnicos (2023)”

  1. Vitor Diz:

    O artigo diz respeito à análise das comunicações de um médium em que se alega ter estado sob influência de um menino que morreu de leucemia em 2018, pouco antes do seu aniversário de 12 anos. O médium se saiu muitíssimo bem em termos de comunicações específicas, em dois momentos, num encontro de 19 minutos registrado com a família e na sessão de psicografia. Porém, eu não diria que o linguajar de uma criança de 11 anos tenha sido reproduzido. Por exemplo, a carta psicografada começa assim:
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    “Para desbloquear: VITO. Mas, desta vez, nós não precisamos mais de uma senha para amar uns aos outros, para conversar um com o outro.”
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    Isso foi reconhecido pelos consulentes como a senha para o wi-fi e computadores na casa. O nome do filho era usado como senha. Um acerto específico, mas que criança que fala assim?
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    Os autores parecem ter controlado bem o vazamento de informações no local. Porém, uma coisa me incomoda muitíssimo. Não parecem que controlaram a possibilidade de informações estarem chegando do ambiente externo. Explico: em nenhum momento mencionam a possibilidade de o médium possuir alguma escuta no ouvido e estar recebendo informações de algum cúmplice a pesquisar as informações da família nas redes sociais. A impressão que me deu é que muitas das informações que o médium passou poderiam estar lá. Os autores nem mencionam o uso de redes sociais por médiuns fraudulentos. Exemplo:
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    “Por que estou vendo eu mesmo na garupa de uma motocicleta?”
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    Os consulentes afirmam que o falecido adorava motocicletas e que seu pai o ensinou a montar pouco antes de ser admitido no hospital, onde faleceu. Eles apresentaram uma evidência fotográfica. Não parece que alguém viu uma foto do menino montado numa motocicleta em alguma rede social e repassou essa informação ao médium?
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    Estou viajando na maionese? Acho que não. Vejam esta matéria, de 21/10/2012:
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    https://www.youtube.com/watch?v=525r3FKAwPU
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    Não acho que a senha do wifi estaria disponibilizada na internet. Mas colocar como senha do wifi o nome do filho é algo comum.
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    Enfim, eu classifico a falta de informes no artigo do Alexander sobre essa possibilidade de fraude exibida até no Fantástico como uma falha grave. Poderiam ter dito se essas informações estariam disponibilizadas nas redes sociais da família.

  2. Hilton Diz:

    Na minha opinião o ponto mais dúbio foi a captação dos consulentes… “em reuniões de apoio para parentes enlutados”.
    Onde são realizadas essas reuniões? Em centro espiritas ou extensões desses? Que o médium poderia ter tido acesso direta ou indiretamente?

  3. Vitor Diz:

    Oi, Hilton
    É um ponto que merece mais informações sim, mas acho que os autores meio que respondem parcialmente seus questionamentos aqui:
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    “A possibilidade de, coincidentemente, o médium conhecer os consulentes anteriormente, é também muito improvável pelo fato de o médium morar mais de 2 mil km distante da cidade onde o estudo foi conduzido, que tem aproximadamente 600 mil habitantes, e os consulentes não tiveram contato prévio com o médium.”
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    Acho que um acesso direto está descartado.

  4. Luiz Manvi Diz:

    Ainda não li o artigo, e não sei se foi feito isso, mas uma coisa que deveria ser feita nessas pesquisas seria os próprios pesquisadores verificarem se as informações trazidas pelo médium estavam na Internet. Melhor ainda seria que todos os consulentes e familiares próximos fechassem totalmente suas redes sociais dias antes do experimento. Principalmente o Facebook e Instagram dos consulentes deveriam ser monitorados. Eu já tomei a iniciativa de pesquisar dados de cartas psicografadas por vários médiuns, que foram publicadas na Internet. A partir dos nomes que apareciam nas cartas, do desencarnado ou do próprio familiar, encontrava as redes sociais e buscava pelos detalhes das cartas. Em muitos casos, encontrei todas as informações, em outros, não (o que não quer dizer que outra pessoa não poderia encontrar). O mais impressionante é que naqueles que encontrei, muitas vezes a pessoa que havia recebido a carta jurava de pé junto que “não tinha como saber”, mas estava tudo lá, nas redes sociais. As análises em que NÃO encontrei nenhuma informação eram principalmente dos médiuns Nilton Sousa e Orlando Noronha. Porém, nestes casos, não tinha como saber se poderia ter havido leitura quente na reunião de psicografia, presencialmente, no encontro com os médiuns. Esse tipo de pesquisa tem que ter monitoramento das redes sociais e gravação do encontro com o médium. Se as informações contidas nas cartas não estiverem disponíveis nas redes sociais e se não foram faladas ao médium no encontro, vai-se eliminando mais as possibilidades de fraude. Vitor, tu poderia fazer uma SPR Brasil, cara…rs

  5. Hilton Diz:

    O suposto médium não precisa morar ou mesmo ter marcado presença nas reuniões. Outras pessoas, que participaram podem ter passado as informações para ele.
    O Waldo Vieira mesmo, disse que isso era uma pratica comum já naquele tempo sem os meios de comunicação que temos hoje.
    Segundo ele os espiritas levantavam as informações com as pessoas e enviam cartas para os médiuns como Chico Xavier…

  6. Luiz Manvi Diz:

    Li agora o artigo. Considerei uma boa pesquisa, embora realmente tenha brechas evidentes. Algumas falhas são apontadas pelos próprios pesquisadores, o que pode indicar uma melhora se novas pesquisas acontecerem. Mas tem muito o que melhorar: grupo de controle ou leitura de isca, verificação se as informações estão na internet, isolamento e controle das redes sociais dos consulentes, presença de um mentalista observando o experimento, etc. Além disso, acredito que o artigo poderia ser mais detalhado. Por exemplo: acho difícil não terem verificado a possibilidade de escuta nos médiuns, mas, a partir do momento que isso não é citado, como saber se isso fez parte do protocolo? Fica difícil. Mas gostei da pesquisa, espero que exista continuidade por parte dos pesquisadores, mas com melhoras.

  7. Vitor Diz:

    Oi, Hilton

    A resposta a sua pergunta onde eram essas reuniões está no artigo anterior:
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    “Os consulentes foram selecionados por meio de convites estendidos em reuniões planejadas para a ajuda de enlutados em centros espíritas locais. Esses encontros regulares são abertos ao público e geralmente envolvem dezenas de pessoas enlutadas. Após a apresentação do projeto nessas reuniões, os consulentes fizeram contato espontâneo, preenchendo um formulário de inscrição com dados pessoais e informações sobre o ente querido falecido. Os consulentes foram recrutados entre setembro e novembro de 2019.”
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    De fato, a chance de vazamento de informações aumentou muito agora.

  8. Luiz Manvi Diz:

    A escolha dos consulentes em centros espíritas é um tiro na credibilidade mesmo. Em uma próxima pesquisa, deveriam buscar em grupos de acolhimentos a enlutados sem vínculos religiosos, há muitos grupos assim, normalmente coordenados por psicólogos.

  9. Luiz Manvi Diz:

    A quem interessar, essa é uma live onde entrevistaram o Dr. Alexander e os 3 médiuns que participam da pesquisa. É antiga, anterior à publicação dos artigos mais recentes. Eu ainda não assisti, mas creio que a live possa ser bem proselitista.
    https://www.youtube.com/live/4hRQK9PDhQc?feature=share

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