“Palavras do Infinito” (1936), de Chico Xavier, e o Nobel da Paz

Imagine descobrir que uma das mais célebres psicografias de Chico Xavier, atribuída ao espírito Humberto de Campos, carrega um erro gritante: afirmar que Charles Richet ganhou o Prêmio Nobel da Paz em 1913. Na verdade, Richet foi laureado com o Nobel de Medicina por seus estudos sobre anafilaxia. Mas como esse equívoco foi parar nas páginas de um livro considerado “mensagem do além”?

O artigo, escrito por Míssel Crítico, mergulha em uma investigação fascinante: jornais da década de 1930, dependentes de telegramas truncados e traduções apressadas, espalharam a mesma informação errada. A expressão “mentir como um telegrama” não surgiu à toa — e Chico parece ter bebido dessa fonte. A comparação entre a psicografia e reportagens da época revela coincidências impressionantes, sugerindo que o “repórter astral” tinha, na verdade, os pés bem fincados na imprensa terrena.

Mas a história não para aí. O texto expõe outro ponto polêmico: as sessões de materialização que Richet teria validado, envolvendo a médium Marthe Béraud (Eva Carrière). Longe de “revolucionar a ciência”, essas experiências foram desmascaradas como fraudes grotescas — ectoplasmas feitos de recortes de revistas, rostos colados com fios, e até um cocheiro árabe interpretando um “fantasma hindu”. Mesmo assim, Richet e outros pesquisadores se recusaram a admitir o embuste, criando um campo chamado “metapsíquica”.

O artigo é uma viagem pela história da desinformação, mostrando como erros telegráficos, crenças espirituais e vaidades científicas se entrelaçam. No fim, resta a pergunta: quantas “verdades do além” nasceram de simples recortes de jornal?

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