O Caso de Imad Elawar, Parte 3 (1994 – Críticas do Cético Leonard Angel)

O cético Leonard Angel fez um exame minucioso do caso de reencarnação do menino druso Imad Elawar estudado por Ian Stevenson, desqualificando-o, e publicou suas críticas em dois locais: em seu livro Enlightenment East & West (pg 273 –291), e na revista Skeptical Inquirer, ambos no ano de 1994. A Skeptical Inquirer publicou uma versão resumida das críticas de Angel. Aqui eu apresento a análise completa dele como foi publicada em seu livro.

Há Evidência Empírica para a Reencarnação? 

Provavelmente a mais importante fonte de informação referente ao fenômeno da reencarnação é um compêndio de estudos de casos feito por Ian Stevenson, originalmente publicado como o volume 26 do Proceedings of the American Society for Psychical Research, e então republicado sob o título mais conhecido Vinte Casos Sugestivos de Reencarnação (1974). Nas décadas de 50, 60 e 70, o Dr. Stevenson viajou pelo mundo investigando casos em que se alegou não somente que alguém tinha lembrado sua própria vida passada, mas também que as memórias tinham sido verificadas ou estavam esperando por verificação. O objetivo de Stevenson era reportar os dados que reuniu até então de uma maneira tão objetiva quanto possível, e verificá-los até onde fosse possível. A conclusão de Stevenson foi a de que os casos mais fortes não podiam ser explicados de uma forma plausível exceto por uma ou outra dessas três hipóteses: reencarnação, possessão espiritual, ou percepção extra-sensorial acrescida de personificação (p. 382-383).

O reencarnacionismo é a teoria de que a mente ao menos algumas vezes sobrevive à morte do corpo e continua a viver, talvez por algum tempo sem um corpo, ou talvez entrando diretamente em um feto para se tornar a mente desse feto, de forma que esse feto seja uma e a mesma pessoa que viveu antes. Os reencarnacionistas também alegam que em algumas ocasiões uma pessoa pode recordar ter vivido antes, assim como detalhes significativos sobre uma ou outra vida passada. A teoria da possessão espiritual é semelhante. Ela afirma que há uma alma e que essa alma sobrevive após a morte do corpo, mas também sustenta que em algumas ocasiões a alma de uma pessoa falecida pode assumir o controle total ou parcial sobre uma criança já nascida, de forma que o corpo da criança pareça estar se lembrando de alguma outra vida. O corpo da criança, entretanto, de acordo com a hipótese da possessão espiritual, agora abriga o outro espírito e a criança original. A PES somada à personificação responderia pelas aparentes memórias de uma vida passada do seguinte modo: as memórias da vida passada são produzidas pela combinação de dois eventos. A criança obtém informações sobre a vida passada através de meios pós-cognitivos, PES, e então por uma ou outra razão psicológica a criança se identifica com uma pessoa envolvida na informação colhida por percepção extra-sensorial. De acordo com a teoria PES acrescida de personificação, não é que a criança seja aquela outra pessoa, e sim que a criança adota a persona daquela outra pessoa cujas informações ela adquiriu por PES.

O que é importante para nós é que a conclusão de Stevenson, a de que somente essas hipóteses, isoladas ou combinadas podem servir como explicação para os casos mais ricos, é muito forte. Pois tanto a reencarnação, quanto a possessão espiritual e a PES acrescida de personificação carregam um ingrediente que é altamente desafiador do paradigma fisicalista corrente. Se a reencarnação, a possessão espiritual ou a PES ocorrem, então iriam, muito provavelmente, ocorrer por toda a preempção funcional. Seria esperado, em particular, que houvesse uma preempção ou uma violação das leis de conservação de massa e energia, pois os neurônios aparentemente passariam por alterações sem que elas fossem uma resposta a estímulos imediatos fisicalistas. Para ler um resumo das razões pelas quais o fisicalismo ou o organicismo é a hipótese dominante para os neuropsicologistas, veja “The Brain and the Consciousness” (1987), de Barry Beyerstein. Beyerstein resume a base fortemente convincente para essa visão de que os eventos físicos e mentais estão perfeitamente correlacionados, oferecida pelos experimentos de cérebro dividido em que pessoas nas quais os dois hemisférios do cérebro estão separados são pedidas para realizar diversas tarefas; pelos dados coletados de pacientes que sofreram danos cerebrais de outros tipos, incluindo o fato de que quando a função é restaurada os pacientes não se lembram de que eles tiveram uma competência de ‘livre flutuação ‘ a qual simplesmente não podiam controlar; pelos dados referentes à psicologia da percepção, incluindo a percepção alucinatória; e pela aparente ausência de qualquer mecanismo ou meio onde uma função não neuronalmente baseada poderia integrar, como aconteceria com a atividade neuronal. E assim, embora não seja impossível, é bem difícil conceber uma integração plausível para uma explicação reencarnacionista, possessionalista ou de PES com uma explicação organicista da mente. Daí o caráter extraordinário da declaração de Stevenson. Contrariando alguns mitos populares, muitos se não a maioria dos cientistas ficariam felizes em encontrar boa evidência de que alguma teoria sólida, como o organicismo, necessita de uma revisão drástica. Stevenson parece estar alegando que ele possui tal evidência.

Quanto a isso, alguns podem responder observando que o título de Stevenson é “Vinte Casos Sugestivos de Reencarnação”. O termo ‘sugestivo’ é certamente uma espécie de subterfúgio. Talvez Stevenson não esteja alegando que ele possui a evidência que desafiaria o paradigma científico corrente, somente que ele tem a evidência que sugere que o paradigma científico corrente pode ser mais fraco do que as pessoas pensam. O que exatamente Stevenson está alegando?

Uma leitura cuidadosa deixa claro que o termo ‘sugestivo’ de Stevenson é apenas um subterfúgio para ele em relação à teoria da reencarnação quando confrontada com as duas outras explicações paranormais, de possessão espiritual e PES acrescida de personificação. Ele alega ter encontrado evidência que desafia o paradigma científico corrente. No Prefácio da segunda edição, Stevenson afirma que nada tem a retratar da primeira edição, e que “considero estes casos sugestivos de reencarnação, e nada mais do que isso. Todos os casos têm falhas, assim como todos os relatórios. Nenhum deles separadamente nem todos eles reunidos oferecem qualquer coisa que possa ser tomada como prova de reencarnação.” (p. x) Ele realça a palavra ‘sugestivos’, mas toda a observação está restrita pela exigência de provar a reencarnação. Ele também afirma na Introdução: “sustento que alguns dos casos fazem muito mais do que sugerir a reencarnação; eles parecem fornecer uma considerável evidência da mesma.” Mesmo considerando que “considerável evidência para a reencarnação” não é o mesmo que tê-la provado, precisamos ver até que ponto quaisquer fraquezas da evidência, de acordo com Stevenson, são fraquezas em relação à reencarnação especificamente.

Em sua discussão geral dos vinte casos (Capítulo VIII) Stevenson afirma que a fraude não pode explicar os casos mais ricos. “A consideração de um grande número de testemunhas para muitos dos casos e a aparente falta de motivação e oportunidade de fraude, tornam a hipótese da mentira extremamente improvável para os casos aqui apresentados.” (p. 382) Ele também afirma ter eliminado a criptomnésia. Criptomnésia é a hipótese de que de algum modo a criança adquiriu as informações por meios normais, e subseqüentemente se esqueceu de tê-la adquirido. “…nos casos mais ricos, a criptomnésia não pode explicar a transmissão de informações extremamente pessoais sobre uma família a uma criança de outra família, sem supor-se que tenha havido um contato muito maio entre as famílias do que cada uma delas pode lembrar”. (p. 383) As únicas candidatas sérias que sobraram são as hipóteses paranormais de reencarnação, possessão espiritual e PES acrescida de personificação. Dessas três, Stevenson ainda sustenta que a probabilidade de PES acrescida de personificação acontecer é muito mais baixa do que a de reencarnação e a de possessão espiritual nos casos mais ricos. Finalmente, ele encontra motivos tênues que o levam a preferir a hipótese de reencarnação em vez da de possessão espiritual: a criança apresenta memórias fragmentadas, do tipo que é consistente com um progresso de encarnações, em vez de uma possessão espiritual. (Cap. 8, exp. 372-386). Nas palavras dele: “A teoria de PES acrescida de personificação não parece, em minha opinião, justificar todos os fatos dos casos mais ricos.” (p. 373) e “A percepção extra-sensorial acrescida de personificação… somente com grande esforço pode ser expandida para abarcar todos os fatos dos casos mais ricos” (p. 383) Sua conclusão final é de que “A maioria dos… aspectos dos casos não permite uma decisão segura entre as hipóteses de possessão e de reencarnação.” (p. 383) Entretanto, ele adiciona que “A concordância das lembranças aparentes de muitos dos casos com a “lei” psicológica de que o reconhecimento ultrapassa a recordação é mais favorável à hipótese da reencarnação do que à da possessão.” (p. 383) Isso seguramente estabelece que Stevenson assume ter apresentado um número de casos de memórias espontâneas de vidas passadas da parte de crianças que só podem ser plausivelmente explicados com o auxílio de uma hipótese paranormal, e a maior parte dos dados apóia a hipótese de reencarnação. Todos os atributos ao termo ‘sugestivo’ pertencem à reencarnação em oposição à possessão espiritual ou PES acrescida de personificação. E como todas as três hipóteses são paranormais e aparentemente inconsistentes com o organicismo, uma afirmação muito forte está de fato sendo feita. Como essa afirmação foi recebida?

Muitos pesquisadores têm endossado enfaticamente a avaliação dos dados de Stevenson. Na verdade, foram os meus alunos nas turmas de filosofia da religião citando estes endossos retumbantes aos dados de Stevenson que me levaram a reservar mais atenção ao material dele. Vamos ver alguns desses endossos:

Paul e Linda Badham (1987:269) afirmam que “Stevenson apresenta um forte argumento… para dizer que pelo menos algumas alegadas ‘memórias de uma vida anterior’ parecem ser probatórias e sugestivas de alguma teoria da reencarnação ou possessão”. Guy Lyon Playfair (1976:165) afirma que “um estudo do caso [de Imad Elawar] não parece levar a qualquer outra explicação provável além da reencarnação”. Robert Almeder (1990:50) conclui que “há bons motivos para se pensar que a hipótese de reencarnação é a melhor explicação dos casos documentados por Stevenson.” Sylvia Fraser (1992), assim como Playfair, cita especificamente o caso Imad Elawar, e endossa a conclusão de Playfair. Gunapala Dharmasiri (1989: 41) declara que “verificou objetivamente [as] alegações, e as considerou verdadeiras.”

Curiosamente, apesar do tempo decorrido desde a publicação do trabalho original de Stevenson, é difícil encontrar análises detalhadas do material. Aqueles que endossam o trabalho de Stevenson dizem que ficaram convencidos pela análise, citam 51 das 57 memórias verificadas em um caso como o de Imad Elawar, mas não dizem muito mais do que isso. E os céticos tendem a desqualificar o trabalho sem uma explicação detalhada. Por exemplo, o compêndio de Paul Kurtz intitulado Transcendental Temptation tem uma subseção chamada “Reencarnação: Vidas Passadas” (Kurtz, 1986: 411-414), mas há apenas uma breve menção aos dados, análises e conclusões de Stevenson. Kurtz não apresenta um único exame crítico da pesquisa de Stevenson. Ele apenas afirma que “as influências conscientes e inconscientes do ambiente sobre a criança parece ser a explicação mais provável para os relatos aos quais ele se refere.” (p. 411) Já que Stevenson tentou considerar tantas explicações alternativas quanto possível, e tendo tabulado os seus dados da melhor maneira que pôde para uma inspeção independente, e sabendo-se que muitos investigadores, após a revisão supostamente detalhada do material de Stevenson, concluíram que os melhores casos de Stevenson só podem ser explicados de uma forma plausível valendo-se da hipótese de reencarnação, ou de alguma outra hipótese paranormal, a desqualificação de Kurtz parece ser insatisfatória.

As declarações de Stevenson sobre as evidências para a reencarnação vindas de pessoas que foram testadas em sua competência lingüística na língua das vidas passadas foram criticamente analisadas e consideradas deficientes por Sarah Thomason em um artigo chamado “Vidas Passadas Lembradas” na Skeptical Inquirer (1987). Todavia, mais uma vez, são as memórias alegadamente verificadas de vidas passadas resumidas em Vinte Casos Sugestivos de Reencarnação que foram mais influentes na criação de uma impressão em vários círculos populares filosóficos e científicos de que a reencarnação tem sido mais ou menos estabelecida como a melhor hipótese para explicar uma gama de dados coletados com rigor.

Paul Edwards em um artigo de muitas partes chamado “O Caso Contra a Reencarnação” (1987) apresentou uma grande variedade de argumentos de ordem geral para sustentar a visão de que a hipótese da reencarnação deve ser considerada altamente improvável. Ele deixa claro que julga a conclusão de Stevenson deficiente. Mas isso parece contornar a questão do conteúdo específico da evidência. Vejamos um caso análogo no desenvolvimento da física: os resultados de Michelson-Morley. Eles pareciam extremamente improváveis à época, mas estavam corretos. Assim, não se pode simplesmente insistir que os resultados altamente anômalos estão incorretos simplesmente porque eles são inconsistentes com as crenças atuais ou com as conclusões de investigações aparentemente bem estabelecidas. Esta é, na verdade, a tréplica de Almeder (1990:48) para Edwards, que parece ser bem razoável: “O argumento de Edwards de que tudo isso é muito incrível para qualquer pessoa racional acreditar é simplesmente uma petição de princípio um tanto espalhafatosa.” John Beloff (1985: 48) faz uma observação semelhante. Ao invés de apontar inconsistências com as crenças atuais, como prova da inexatidão dos dados em que uma alegação paranormal se baseou, o cético deve mostrar que existe uma explicação plausível naturalista dos dados à mão. (pág. 361) O ponto de Beloff também parece ser válido. Na medida em que Edwards se baseou nos problemas de inconsistência, ele deve esperar que o investigador de mente aberta fique insatisfeito com a sua avaliação dos dados. O que dizer então das críticas específicas dos dados e análises dos melhores casos de Stevenson?

Ian Wilson (1981, 1987) acusa Stevenson de ser muito brando sobre a questão da fraude. Mas a maioria dos revisores do trabalho de Stevenson acredita que uma fraude completa e deliberada por parte de um número suficiente de participantes a ponto de justificar uma rejeição dos dados seja altamente improvável. Edwards cita o fato de Chari rejeitar muitos dos casos ao classificá-los como fabricações culturais. (Chari 1978) Contudo, e infelizmente, Chari não é a pessoa certa para se confiar na rejeição dos casos de Stevenson porque Chari concorda com Stevenson que uma combinação de fenômenos naturalistas e outros paranormais além da reencarnação é suficiente para explicar os dados. Chari discorda de Stevenson em alguns casos indianos específicos, e também discorda da tendência de Stevenson de favorecer a reencarnação em vez de outras explicações paranormais. Ele coloca dessa forma: “… não podemos descartar alguma combinação das contra-hipóteses de memórias escondidas e disfarçadas adquiridas de uma forma normal, extraindo e selecionando por meios extra-sensoriais as memórias dos outros, e uma PES psicométrica ou psicoscópica gerando uma forte identificação empática com pessoas falecidas e uma aparente “ressuscitação de memórias” que não pertencem aos sujeitos em suas vidas normais. Examinei as hipóteses, isoladamente e em conjunto e concluí que uma combinação das mesmas não só é viável, como na verdade é ilustrada por dados empíricos da investigação de sobrevivência”. (1978: 315) Se uma revisão detalhada do(s) melhor(es) caso(s) só pode ser explicada por uma combinação de hipóteses naturais e paranormais, então o argumento de Edward está incompleto. Quão difícil é explicar o conteúdo específico do melhor material de Vinte Casos em hipóteses puramente naturalistas? Apenas uma revisão detalhada do conteúdo e dos métodos específicos dos casos de Stevenson vai dizer se a comunidade científica deve ou não sentir o embaraço e a pressão dos recalcitrantes resultados.

Assim parece importante, embora tardio, realizar uma análise crítica profunda dos métodos e materiais de Vinte Casos. Eu proponho que se dê início a esta tarefa. Além disso, acredito que seja possível em um espaço relativamente curto demonstrar a presumível falibilidade geral do livro Vinte Casos de Stevenson, devido a erros grosseiros em seus métodos de investigação, relatório dos dados e análise das hipóteses.

Em particular, eu vou sugerir que Stevenson, Almeder e outros não consideraram o tipo mais importante da abordagem naturalista, que chamarei de ilusão subjetiva de significado.

O que os defensores e oponentes da hipótese da reencarnação concordam: é importante notar desde já que os defensores e oponentes da hipótese da reencarnação como estabelecida ou sugerida pelo material de Stevenson não parecem estar discutindo sem se entender sobre questões metodológicas. Pelo contrário, Stevenson e aqueles que concordam com a sua conclusão, por um lado, e, por outro lado, aqueles que são céticos em relação à hipótese de reencarnação ou de possessão espiritual, conforme estabelecida ou sugerida a partir deste material parecem concordar sobre os critérios para as explicações teóricas de sucesso das alegadas memórias de vidas passadas, a saber: (1), simplicidade (2) alcance do poder explicativo (3), profundidade ou abrangência do poder explicativo, (4) poder preditivo e extensão (5), consistência interna e coerência com outras crenças, e (6) capacidade para processar os dados inteligíveis. Quando esses critérios levam a direções diferentes, então algum método de pesagem deve ser utilizado. O ponto de discórdia entre defensores e opositores da hipótese de reencarnação é a aplicação desses critérios aos dados.

Qual caso devemos rever? Vamos observar o caso ou casos julgados por Stevenson e pelos revisores como sendo os mais convincentes. O próprio Stevenson destaca uma série de casos como os seus mais impressionantes (1974, p. 371, 377, 385), e entre eles está um que, pelo menos, três investigadores que se vêem como pesquisadores de mente aberta parecem considerar como o mais importante. A razão pela qual eles o consideram como sendo de importância singular é que este é o único caso entre os 20 em que o próprio Stevenson anotou as lembranças, antes da sua verificação, e esteve presente nos primeiros encontros entre o garoto que tinha as memórias de uma vida passada e os membros sobreviventes da família da aparente vida passada, e realizou as verificações das memórias.

“O mais impressionante neste aspecto é o caso de um menino libanês chamado Imad, pois neste caso Stevenson chegou antes que alguém tivesse tentado verificar quaisquer das suas alegadas memórias” (Badham e Badham, 1987: 261). Playfair também destaca o caso de Imad Elawar, enfatizando o fato de que este é um caso que o próprio Stevenson investigou. A leitura de Playfair do caso é resumida pelo comentário: “Imad produziu cinqüenta e sete pedaços de informação sobre a sua vida anterior como Ibrahim Bouhamzy, dos quais cinqüenta e um mostraram-se corretos ou prováveis…” (Playfair, 1976, p. 164) e a conclusão explícita de Playfair é a de que “um estudo deste caso não parece levar a uma outra explicação provável além da reencarnação.” (Ibid., p. 165) Fraser (1992) também seleciona o caso Imad Elawar para apresentação, e deixa claro que ela o considera particularmente convincente contra as objeções gerais do céticos de que relatos anedóticos não são confiáveis. (pág. 327) Assim, o caso de Imad Elawar é um caso excelente para ser investigado: ele revela os métodos de pesquisa de Stevenson, e é apontado por muitos, inclusive por Stevenson, como sendo um caso rico e importante.

Algumas características esperadas de um cuidadoso esforço para registrar, investigar e tentar verificar as memórias de vidas passadas: Nós agora vamos registrar alguns elementos do procedimento correto de coleta de dados e da sua apresentação em relação a um caso em que as famílias ainda não tinham se encontrado.

(1) Primeiro e antes de mais nada é preciso não somente determinar quais são as memórias da criança, mas também registrar e relatar as “memórias originais, antes da verificação” na mesma forma em que elas foram originalmente anotadas. (2) Em segundo lugar, quaisquer tentativas por parte do investigador para distinguir entre o que o menino afirmou e o que os parentes do menino interpretaram como ele tendo declarado devem ser feitas antes dos esforços de verificação, e, supondo que elas foram feitas antes da verificação, devem ser feitas de uma maneira realista. Obviamente, é algo muito ruim se há uma enorme lacuna inexplicável entre o modo como os informantes interpretaram as memórias da criança e como o pesquisador registra as memórias originais antes da verificação. (3) Terceiro, os dados não devem ser apresentados de forma a obscurecer as hipóteses alternativas, fazendo parecer que as memórias estão sendo confirmadas quando os dados em si não justificam tais conclusões. Novamente, é algo muito ruim se não se pode dizer pelo registro se o menino primeiro indicou um nome, ou se o nome foi fornecido por pessoas a partir do conhecimento próprio delas, e esse nome é tabulado como tendo sido confirmado subseqüentemente. (4) Quarto, a tabulação dos dados não deve esconder problemas nos comentários. Por exemplo, qualquer memória tabulada como verificada com êxito não pode ser considerada de confiança se o menino for capaz de se identificar de alguma forma com duas pessoas completamente diferentes e contemporâneas. Erros significativos não devem ser inseridos nos comentários e ficarem fora da tabulação. A memória não deve ser tabulada como verificada quando uma reinterpretação substancial do conteúdo for necessária antes que o exemplo possa ser considerado como verificado. E assim por diante. (5) Os métodos específicos de verificação devem ser devidamente documentados. (6) Por fim, a análise do material deveria considerar as hipóteses mais plausíveis além de reencarnação e possessão.

Quanto à análise dos dados e a interpretação de Stevenson, infelizmente, a conduta de Stevenson da investigação do caso de Imad Elawar falha em todos esses seis pontos. 

(1) Stevenson apresenta a informação original que recebeu sobre as memórias do menino, de acordo com os pais, como segue: “Achavam que ele afirmava ser um tal de Mahmoud Bouhamzy, de Khriby, que tinha uma esposa chamada Jamileh, e que tinha morrido atropelado por um caminhão depois de uma discussão com o motorista.” (p. 277) 

Stevenson depois tabula 57 itens como constituintes das memórias antes da verificação. Mas a forma em que eles foram originalmente registrados não foi dita. Uma inspeção dos itens da tabulação deixa clara a necessidade de um registro exato do que foi dito pelos pais, de como Stevenson registrou os seus dados antes da verificação, e de como eles foram ou não foram subseqüentemente reorganizados para a apresentação na forma de tabela. Surpreendentemente, as memórias do rapaz estão no extremo oposto do que poderia ser considerada uma boa evidência para a reencarnação, a despeito do fato de que o melhor candidato a uma vida passada que Stevenson encontrou não se chamava Mahmoud Bouhamzy, não tinha uma esposa chamada Jamilah, e não morreu em conseqüência de um acidente, muito menos um que aconteceu após uma discussão com o motorista. Além disso, Stevenson não fornece informações suficientes para que o leitor saiba exatamente o que os pais ou o próprio menino disse que autorizasse Stevenson a descontar as alegações originais tal como interpretadas pelos pais e apresentar as afirmações muito diferentes inseridas na tabulação.

2. Quando, exatamente, Stevenson organizou as memórias como encontradas na tabulação? Consideremos o registro de Stevenson do nome “Mahmoud” nos dados da tabulação: “2. Mahmoud (nome mencionado por Imad).” (p. 287) 

Nos “Comentários” de Stevenson lemos: “Mahmoud Bouhamzy era um tio de Ibrahim Bouhamzy.” (Ibid.) (Ibrahim Bouhamzy é a aparente vida passada do menino, de acordo com Stevenson).

Assim, é tido como verificado que um nome que o menino mencionou corresponde a uma pessoa real na família da vida passada, como se estivesse claro que o menino tinha estado mencionando um nome a fim de se referir a esse tio.

O que não é mencionado na tabulação dos dados é que a informação original dada pelos pais do menino foi a de que eles pensaram que o filho alegava ter sido Mahmoud Bouhamzy de Khriby. Presumivelmente, Stevenson não menciona isso na tabulação porque ele chegou à conclusão de que os pais tinham entendido mal o menino, ou que tiraram conclusões injustificadas sobre o que ele tinha dito. Mas quando ele chegou a essa conclusão, e baseando-se em que? Há várias passagens que poderiam nos ajudar com esta pergunta: Stevenson diz que antes de qualquer visita a Khriby ele estava preocupado “sobre a precisão dos detalhes” que ele havia anotado com os pais (uma observação ambígua, já que pode ser que ele estivesse preocupado quanto à precisão das suas anotações, ou preocupado quanto à precisão dos relatórios dos pais versus o que o menino tinha realmente dito) e que, portanto, ele revisou tudo com eles. “Quando partimos para Khriby” diz Stevenson “eu já tinha uma versão corrigida de tudo o que os pais puderam se lembrar das afirmações feitas por Imad a respeito da sua vida anterior.” (277, 278) Entretanto, como observado anteriormente, Stevenson não deixa explícito se ele continuou ou não a formular o texto exato que aparece na tabulação enquanto o esforço de verificação prosseguia, ou se, de fato, a formulação exata da tabulação é o que foi anotado, dessa forma, antes da primeira viagem. Na tabulação, supõem-se que “Mahmoud” é apenas um “nome mencionado por Imad”. Mesmo admitindo-se que a revisão de Stevenson da interpretação original dos pais ocorreu antes da tentativa de verificação, por meio de qual processo interpretativo Stevenson se dá ao direito de se referir a “Mahmoud” meramente como um nome mencionado pelo menino? Será que o menino não distinguia em suas observações entre o seu próprio nome anterior e o dos outros? Ou ele simplesmente citava nomes sem contexto? É provável que os pais confundissem um nome apenas mencionado pelo menino com uma auto-referência? Como é que os pais fizeram essa confusão? Foi feito algum esforço, antes da verificação, para perguntar ao menino qual tinha sido o nome da sua vida passada? Ou quem era Mahmoud? Em todos os fatos tabulados deste caso sobre Mahmoud, a denominação de tio somente aparece no item 2. Então como é que os pais erroneamente concluíram que o menino achava que era Mahmoud? O menino provavelmente falava o nome “Mahmoud” freqüentemente, mas não há nenhum registro na tabulação do que foi dito pelo menino sobre este Mahmoud. Como tamanha discrepância pode ocorrer? Finalmente, e mais revelador, Stevenson se refere à sua descoberta de que o Mahmoud Bouhamzy que tinha vivido em Khriby não havia morrido como resultado de um acidente com um caminhão como uma complicação para a interpretação dos dados e como “desconcertante” (p. 280). Mas se ele já houvesse esclarecido que Imad não tinha alegado ser Mahmoud antes da primeira viagem a Khriby, esta descoberta não teria sido uma complicação, nem teria sido desconcertante. Ela teria concordado com as alegações do menino, da maneira que já haviam sido registradas. Assim, é evidente que a formulação de Stevenson dos dados a serem verificados sucedeu o esforço para verificá-los e não foi corrigida antes da verificação! Sem um relatório mais claro sobre o processo exato pelo qual as afirmações iniciais foram reinterpretadas, toda a estrutura das alegadas correspondências precisa ser considerada como falha.

Além disso, são muitos os exemplos deste tipo de problema. Vejamos outro. No item 20 se lê: “Um caminhão atropelou um homem, fraturou as pernas e esmagou o tronco dele” (p. 291). A questão é: quando exatamente Stevenson formulou a frase “Um caminhão atropelou um homem” deixando em aberto se o homem atropelado era a vida passada ou não? Supõe-se que esta memória tenha sido verificada em virtude do fato de que um Said Bouhamzy, um parente de Ibrahim Bouhamzy, a aparente vida passada, foi morto como o resultado de um acidente envolvendo um caminhão. Ainda assim, no corpo do texto Stevenson observa que “Seus pais [os pais do menino], certamente, em suas mentes misturaram as cenas da morte de Said Bouhamzy com outras declarações de Imad e eles relacionaram a morte violenta de Said com a personalidade anterior de Imad. Uma fusão parecida pode ter ocorrido na mente do próprio Imad.” (p. 303, 304.) Uma vez que os pais certamente pensaram que Imad achava que a sua vida passada tinha morrido como resultado de um acidente, nós temos evidência de que ou (a)  Stevenson, antes da investigação, mudou a alegação apesar da aparente certeza dos pais de que a morte violenta foi, de acordo com o menino, a morte violenta de sua própria vida passada; ou (b) Em suas notas originais Stevenson registrou a alegação da maneira que foi fornecida pelos pais, e mudou-a somente após descobrir que o aparente melhor candidato para a vida passada não morreu como resultado de um acidente fatal de trânsito. Se (a), então Stevenson tem omitido a informação precisa na qual ele se baseou para fazer alterações tão grandes. Se (b), então o método usado para a tabulação está claramente errado. Pior ainda, em outra ocasião Stevenson diz: “Isto [a confusão de imagens] havia acontecido muito antes, principalmente na confusão [do menino] sobre a morte de Said Bouhamzy (em um acidente de caminhão) como se isto tivesse acontecido a Ibrahim.” (p. 319). Isso mostra que Stevenson entendeu bem no fim que o menino acreditava que a vida passada tinha morrido em conseqüência do acidente! Mas com que direito ele altera a alegação, e a tabula como uma memória sobre ‘um homem’, como se tivesse sido apresentada sobre um homem não especificado, qualquer homem, e sustenta que se trata de uma memória verificada?! Finalmente, o próprio fato de que não podemos dizer se é (a) ou (b), ou seja, o próprio fato de que não podemos dizer quando Stevenson formulou as alegadas memórias em forma de tabela, por exemplo, mudando de ‘Mahmoud Bouhamzy’ para ‘Bouhamzy’, e alterando de a vida passada ser morta como resultado de um acidente com um caminhão para uma memória mantida pela vida passada que sobreviveu na vida atual de um homem não especificado que foi morto como resultado de um acidente com um caminhão, mostra a inadequação da apresentação dos dados. Isto está muito longe de ser um registro rigoroso. De fato, isso é motivo para descartar o relatório inteiro, já que Stevenson ofuscou as alegações originais. 

(3) Com relação à terceira exigência, de que os dados não devem ser apresentados de forma a obscurecer as hipóteses naturais alternativas, considere a identificação da cidade de Khriby. Na tabulação descobrimos que o rapaz é apresentado como tendo lembrado: “Seu nome era Bouhamzy e ele morava no vilarejo de Khriby.” (p. 287) 

No relatório geral dos eventos consta que Imad “havia dito o nome do vilarejo (Khriby)” (p. 276). Stevenson, aparentemente, não fez nenhum esforço para esclarecer quando o garoto teria começado a se referir ao nome “Khriby”. Entretanto, somos levados à conclusão de que as alegações do menino foram levadas a sério apenas depois que “um morador do vilarejo de Khriby, onde Imad dizia ter vivido, foi a Kornayel e, ao vê-los na rua, Imad o reconheceu na presença de sua avó paterna. (Para ler os detalhes deste reconhecimento, veja a Tabulação 1 item 57). Este reconhecimento inesperado fez com que os pais de Imad passassem a acreditar mais em suas declarações sobre a vida anterior. (p. 276) Entretanto, Stevenson não esclarece para nós nem, aparentemente, ele tenta esclarecer para si mesmo se a identificação da cidade da vida anterior como Khriby feita por Imad foi após o “reconhecimento” do amigo perdido na rua ou antes. A parte da frase ‘onde Imad dizia ter vivido’ é ambígua  uma vez que não deixa claro se a declaração precedeu ou seguiu o encontro. A questão é, será que as pessoas pensaram, com base no reconhecimento na rua, que a vida passada de Imad teria sido na cidade da pessoa “reconhecida”, ou seja, Khriby, e foi isso que deu credibilidade à memória da vida passada? Ou será que Imad primeiro afirmou que sua vida passada foi em Khriby e depois reconheceu o visitante de Khriby como um vizinho de sua vida passada? Nada no item 57 esclarece esse ponto. Assim a impressão criada na tabulação dos dados de que havia uma memória original de que a residência da vida passada era em uma cidade chamada “Khriby” é posta em séria dúvida.

Uma pergunta similar pode ser levantada sobre o nome “Bouhamzy”. Stevenson aparentemente não fez qualquer esforço para descobrir quando o nome ‘Bouhamzy’ começou a ser usado pelo menino. Por exemplo, foi antes ou depois de o pai do menino ter ido a Khriby para comparecer ao funeral de um homem chamado Said Bouhamzy (um Said Bouhamzy diferente daquele Said Bouhamzy que morreu como resultado de um acidente de caminhão)? Aqui também há a mesmíssima questão quanto a se o menino usou o nome ‘Bouhamzy’ antes do que podemos presumir ser um conhecimento natural da família Bouhamzy em Khriby. A manipulação de Stevenson deste tipo de questão, na verdade, sua falha em mencionar estas questões, demonstra claramente uma lamentável insensibilidade a questões centrais como (i) a necessidade de determinar o processo pelo qual Khriby foi identificada como a localidade da vida passada de Imad, e (ii) a existência de explicações alternativas naturais para a impressão criada pela tabulação de Stevenson, de que o menino tinha, de fato, predito, ou alegado, que haveria uma família Bouhamzy em Khriby. 

(4) Com relação à quarta exigência, que os problemas não devem ser relegados de forma injusta aos comentários, a tabulação de Stevenson dos dados constantemente mascara os problemas nos comentários, deixando a impressão errônea de claras verificações na mente daqueles que não lêem com atenção. Por exemplo, de acordo com o item 35, o menino se refere a um poço cheio e um poço vazio na casa da vida passada. Isso é tomado como confirmado pelo fato de que havia dois tanques utilizados para armazenar suco de uva. “Durante a época de chuvas, um desses tanques ficava repleto de água, mas o outro, mais raso, não ficava, porque a água evaporava dali. Assim, um ficava vazio enquanto o outro cheio.” (p. 293). Um menino do vilarejo druso de cinco anos de idade não sabe a diferença entre um tanque e um poço? 

(5) O método que Stevenson usa para relatar seus padrões de verificação é claramente inadequado, e há fortes razões para crer que os próprios padrões de verificação também são inadequados. De qualquer modo, já que ele não reporta claramente acerca de seus métodos de verificação vemos quão insensível ele é em relação a questões vitais. Sabe-se bem, tanto pelo senso comum, quanto pela pesquisa cuidadosa, que ‘orientar um informante’ não é o melhor caminho para se conseguir um testemunho preciso. (Veja, novamente, Reich, Jr., 1993) Em um cenário como este, no qual a evidência tem que ser estabelecida em padrões muito elevados se o objetivo for desafiar uma imensa quantidade de trabalho científico sobre a íntima relação mente-corpo, é inadequado omitir as referências aos métodos de buscar comprovação das memórias originais dos informantes. Stevenson, entretanto, não entra em detalhes sobre os métodos que ele usou para extrair comprovações ou negações dos informantes no que se refere às memórias da vida passada postas em evidência por Imad ou narradas por seus pais. Mas quando nos voltamos ao material circundante, vemos que Stevenson, pelo menos em algumas ocasiões, coletou informações fazendo perguntas orientadoras, e ainda notamos quão fraca tal informação pode ser. Stevenson estava em um momento tentando entender por que Imad tinha expressado alegria em ser capaz de andar. Seus pais pensaram que ele estava se referindo ao fato de ele ter tido as suas pernas quebradas em um acidente na vida passada. Porém Ibrahim Bouhamzy não tinha sofrido tal acidente. “Ibrahim Bouhamzy… na verdade, havia falecido em decorrência de uma tuberculose ainda jovem, aos 25 anos, depois de passar um ano em um sanatório. Foi dito algo acerca de uma doença nas costas de Ibrahim, por isso perguntei, no dia seguinte, se Ibrahim tivera tuberculose da coluna vertebral. O Sr. Haffez Bouhamzy disse, então, que Ibrahim tivera tuberculose da coluna e que tivera muita dificuldade para andar enquanto esteve doente. Disse que Ibrahim ficou incapacitado de caminhar nos últimos dois meses de vida. Nesse estado ruim, Ibrahim se lamentava por estar doente, parecendo demonstrar que achava injusto o fato de alguém tão jovem e até então tão forte, estar naquelas condições… O Sr. Fuad Bouhamzy, irmão de Ibrahim, quando foi entrevistado posteriormente, não confirmou a declaração de Haffez de que Ibrahim sofrera de tuberculose da coluna ou estivesse incapacitado de andar, antes de falecer. A tuberculose afetara apenas os pulmões e o pericárdio, de acordo com o que ele disse. Ibrahim tinha conseguido caminhar até um pouco antes de sua morte, ele afirmou.” (p. 281; ênfase adicionada) Com base nesta informação vemos que Stevenson pelo menos nesta ocasião fraseou sua pergunta de uma forma tal que sugerisse uma resposta ‘útil-para-a-hipótese-de-memória-genuína’. E assim, Haffez Bouhamzy parece ter se mostrado disposto a responder afirmativamente à pergunta feita. Dada a discrepância entre o primo Haffez de Ibrahim, e Fuad, o irmão de Ibrahim, vemos que o testemunho de Haffez depõe não ser confiável. De acordo com a tabulação, entretanto, a verificação dos dados depende em grande parte de Haffez. Haffez Bouhamzy verificou 28 itens. No mais, a falha de Stevenson em documentar seus métodos de extrair as verificações deve ser vista como um grave, até mesmo fatal, erro no seu trabalho. 

(6) Finalmente, e de gravidade ainda maior é o fato de que a hipótese rival mais desafiadora dos dados para a hipótese de reencarnação não foi sequer citada, muito menos avaliada. Existem muitas hipóteses naturais consideradas no final do livro, a saber criptomnésia e fraude (e a não confirmada memória genética), mas essas não são tão ameaçadoras quanto a explicação rival mais importante, uma explicação rival que não foi considerada em nenhum momento. A razão pela qual Stevenson não considera a explicação rival apropriada é que seus métodos são inadequados para a tarefa. A hipótese rival tem a ver com as estatísticas do nexo de informação em torno de qualquer material “psiquicamente” entregue.

Considere os nomes, por exemplo. Era provável que tivesse havido referências ao nome “Bouhamzy” que Imad teria ouvido antes de usá-lo? (Sim.) Os primeiros nomes “Mahmoud”, “Amin”, “Said”, e assim por diante, são nomes comuns? (São). Era comum a existência de poços naqueles vilarejos? (Sim.) Quão comuns eram garagens, armazéns, jardins e outros itens de destaque na tabulação das supostas verificações? (Muito comuns). Em geral, então, quão difícil seria encontrar alguém em qualquer grande vilarejo e nas vizinhanças que combinasse mais ou menos as muitas características que foram alegadas para Ibrahim Bouhamzy, dada uma quantidade igual de permissividade para reinterpretações pós-fato e extensões?

Stevenson não chega sequer a cogitar a hipótese alternativa principal à de reencarnação ou possessão, a saber a hipótese de que a correspondência entre as memórias originais e o supostamente melhor candidato é tão ampla que estaria presente em muitos candidatos possíveis, permitindo extensão idêntica à interpretação e reformulação dos dados. Sob a hipótese de que a identificação da vila como Khriby ocorreu após o encontro com o visitante de Khriby, seria tão plausível procurar por qualquer pessoa em qualquer vila por quaisquer correspondências para testar o significado das correspondências encontradas em Khriby. E mesmo que o nome Khriby (o qual, descobre-se, quando lemos os pormenores desvinculados do texto principal,* que foi originalmente pronunciado ‘Tliby’) tivesse sido mencionado por Imad antes do encontro com o visitante de Khriby, isso poderia ser relevado. Tantas outras falhas já foram relevadas. Por exemplo, Imad não foi capaz de reconhecer sua própria mãe da vida passada, ainda assim ele ‘reconheceu’ uma pessoa que viveu a uma distância não especificada da residência da família da vida passada por algum período de tempo não citado, possivelmente curto. Se um melhor candidato à vida passada tivesse sido encontrado em outro vilarejo, Stevenson poderia facilmente ter especulado que a reencarnação produziu distorções estranhas no campo informacional, e que o reconhecimento do homem de Khriby deve ter sido em virtude de alguma semelhança entre um homem no vilarejo e o melhor candidato.

As correspondências entre as memórias de Imad Elawar e Ibrahim Bouhamzy de Khriby são pouco impressionantes quando nos lembramos da informação originalmente aceita por Stevenson e outros pontos encobertos nos comentários: os pais do menino pareciam pensar que o menino alegava ser Mahmoud Bouhamzy, mas nenhum Mahmoud Bouhamzy que se encaixasse nas outras características pôde ser encontrado. O melhor candidato de acordo com Stevenson e com os membros da família era Ibrahim Bouhamzy. Mas Ibrahim Bouhamzy não tinha uma esposa chamada Jamilah, não tinha uma filha chamada Mehibeh, não tinha um irmão que era um juiz em Trípoli, não tinha um filho chamado “Adil”, não tinha um filho chamado “Talil ou Talal”, não tinha um filho chamado “Salim”, não tinha um filho chamado “Kemal”, não sofreu um acidente em que fraturou as pernas, não foi ao consultório médico onde teria passado por uma cirurgia como conseqüência do acidente, nem houve qualquer acidente relacionado ao Ibrahim que tenha sido o resultado de uma briga com o motorista de um caminhão, nem pessoas foram mortas nesse acidente, nem Ibrahim morreu em conseqüência de um acidente, nem era o motorista do caminhão de Ibrahim, ou de qualquer caminhão envolvido com Ibrahim, um cristão, nem Ibrahim tinha um cão de caça, nem dois poços em sua casa, nem usava o caminhão para transportar pedras para o seu jardim (o caminhão sequer estava cheio de pedras no momento do acidente), nem estava certo que Ibrahim tinha dinheiro e terras suficientes que o permitissem não ter um emprego fixo (Ibrahim usava um caminhão comercialmente e era um motorista de ônibus), nem estava correta a memória de que não era ele quem dirigia o caminhão (já que Ibrahim era um motorista de caminhão), nem havia duas vagas de garagens na casa de Ibrahim, nem era verdade que Ibrahim tinha tido uma cabra (em vez disso, a família de Ibrahim teve um rebanho de cabras quando ele era mais novo), nem é verdade que Ibrahim tinha um carneiro (a família dele teve um rebanho de carneiros quando ele era mais novo), nem é verdade que Ibrahim tinha cinco filhos (Ibrahim nunca se casou, e morreu aos 25 anos de idade, depois de passar o último ano em um sanatório para tuberculosos), nem Ibrahim sabia falar inglês.

Com base em quais alegações originais Stevenson permitiu que ele próprio e que a família voltassem sua atenção para Ibrahim Bouhamzy? Havia três informantes que disseram que Ibrahim tinha uma amante chamada Jamilah, e três que deram “testemunhos discrepantes”. Jamilah era bonita, e Imad disse que Jamilah era bonita. Jamilah usava roupas vermelhas e se vestia bem; Ibrahim era um “amigo” do famoso político druso Kemal Joumblatt; ele tinha uma fazenda; havia uma entrada com um tipo de entrada arredondada, Ibrahim gostava muito de caçar; Ibrahim havia escondido sua arma; Ibrahim havia, certa vez, batido num cão; havia uma ladeira perto da casa dele; Ibrahim estava construindo um novo jardim; Ibrahim tinha um carro amarelo e pequeno, um ônibus e um caminhão (apesar de serem de propriedade da família e não, como Imad tinha sugerido, da vida passada enquanto indivíduo). Essa parece ser a soma total das correspondências restantes das memórias originais antes da verificação. (Que o jardim tinha cerejeiras e macieiras não pode constar como uma verificação para a memória de que “havia cerejeiras e macieiras no novo jardim” já que Stevenson não afirmou ter determinado quando essas árvores foram plantadas. Se elas fossem mais recentes do que a morte de Ibrahim, por exemplo, seria verificado que Imad não as tinha como uma memória de Ibrahim; e se elas fossem muito velhas isso iria refutar a memória de uma mudança no jardim. Então Stevenson alegou incorretamente uma verificação em seu registro.)

Todas essas correspondências são facilmente explicáveis em linhas naturalistas. Os testemunhos conflitantes sobre se Ibrahim tinha alguma relação especial com Jamilah explicam-se pela hipótese de que Jamilah era uma bela e jovem mulher conhecida desta pequena vila, e Ibrahim, assim como outros moradores locais, tinha algum tipo de atração por ela. O resto das correspondências não se mostrou particularmente marcante no contexto da vida da aldeia drusa. Talvez não fosse incomum para uma mulher ter um item vermelho entre suas roupas. O pequeno carro amarelo, como o ônibus e o caminhão, era de propriedade da família. Sem informações sobre quantos muitos outros veículos pertenciam de uma forma ou de outra, em um momento ou outro, à família ou aos membros da família, não há nenhuma maneira de avaliar o significado dessa suposta correspondência. Da mesma maneira que prova-se impossível avaliar a amizade com um famoso político sem uma exposição mais clara da base dessa amizade, isto é, no que essa amizade consistia. Ibrahim era realmente mais amigo do que a maioria dos outros? Alguns políticos famosos são pessoas muito amigáveis. Quanto à ladeira perto da casa, será que a maioria das casas em aldeias drusas tem uma ladeira em algum lugar perto delas? O que resta é o gosto pela caça, ter uma arma escondida, reformar o jardim, ter acesso a alguns veículos, uma entrada com um tipo de abertura circular. Dadas todas as falhas, as incertezas, as possibilidades contrárias inexploradas, e a evidente falta de confiabilidade das supostas verificações, o caso parece particularmente medíocre.

O mais importante é isso: o garoto parecia ter em mente que na sua vida passada ele era um homem de família importante, rico o suficiente para não ter que trabalhar, com uma linda mulher e cinco crianças, andando em círculos importantes, que se envolveu em um trágico acidente no qual quebrou as pernas, do qual ele morreu. Esse não parece ser Ibrahim Bouhamzy, um motorista de caminhão que dirigia os carros da sua família, e morreu solteiro, sem filhos, provavelmente aos 25 anos de tuberculose. É apenas a maneira pela qual as informações são tabuladas enganosamente que faz com que as pessoas não identifiquem os problemas. Uma vez que percebamos o que Persi Diaconis (1978) chama de problemas na confirmação de dados com “múltiplos pontos finais”, vemos quão fraco o caso de Imad Elawar é.

A grande maioria dos detalhes das declarações originais atribuídos pelos pais ao filho estava errada, mas sofreu um desconto por um ou outro motivo. Pergunto-me o que o menino teria feito se tivesse sido levado a algum outro vilarejo. Se for contestado que o menino não era tão sugestionável a ponto de seguir a orientação dos adultos, e que não teria meramente prosseguido com a identificação dos adultos do lugar, então só se precisa ler o seguinte para perceber o quão sugestionável e disposto a dar aquilo que os adultos pareciam querer dele, o menino de fato era: “O Sr. Abushdid [o tradutor] virou-se para Imad e prometeu que lhe daria uma garrafa grande de Coca-Cola se ele lhe dissesse que já havia estado antes no vilarejo de Khriby. Imad respondeu que tinha estado lá antes, uma vez, dentro de um carro com a mãe e o pai.” (p. 312) Quando tudo isso é levado em consideração, a hipótese rival à reencarnação que é verdadeiramente relevante é a de uma impressão distorcida do significado dos dados. Mas Stevenson sequer a considerou.

Conclusões: Em suma, Stevenson não registrou, apresentou ou analisou os seus próprios dados de forma apropriada. Se um caso considerado por Stevenson como sendo um dos mais fortes dos seus casos o único caso entre os 20 que teve as pretensas verificações conduzidas pelo próprio Stevenson desmorona completamente sob uma análise minuciosa como ocorre com o caso Imad Elawar, é razoável concluir que outros casos, cujos dados foram inicialmente recolhidos por observadores leigos, são ainda menos confiáveis ??do que este. Isso é, podemos assumir que a impressão de significância criada pela apresentação dos dados de Stevenson concernente às verificações das memórias de vidas passadas primeiro registradas por observadores inexperientes é ainda menos confiável do que a impressão de significância criada pela tabulação de Stevenson de sua própria pesquisa no caso Imad Elawar. Caso alguém deseje desafiar essa conclusão apontando para outro dos vinte casos, cuja apresentação seja metodologicamente sólida, eu ficaria feliz em analisá-lo.

Também vale a pena mencionar que o trabalho de Pasricha (1990) apresenta todos os sinais de que é similar ao trabalho de Stevenson não apenas em seu formato, mas também em sua insensibilidade em relação às questões metodológicas cruciais.

Referências

Almeder, Robert. 1990. “On Reincarnation.” In What Survives? ed. by Gary Doore, 34-50. Los Angeles: Tarcher.

Badham, Paul, and Linda Badham. 1987. Immortality or Extinction? Savage, Md.: Barnes & Noble. (As excerpted in Philosophical Thinking, ed. by Ralph Clark,  West Publ. Co., St. Paul, Minn., 1987. Page references are to the Clark anthology. No date is given for the original source in the Clark anthology.)

Beloff, John. 1985. “What Is Your Counter-Explanation? A Plea to Skeptics to Think Again.” In A Skeptic’s Handbook of Parapsychology, ed. by Paul Kurtz, 359-377. Buffalo, N.Y.: Prometheus Books.

Beyerstein, Barry. 1987-88. The brain and consciousness, SKEPTICAL INQUIRER, 12: 163-173, Winter. Reprinted in The Hundredth Monkey, ed. by Kendrick Frazier, Prometheus Books, Buffalo, N.Y., 1991.

Chari. 1978. “Reincarnation and Research: Method and Interpretation.” In The Signet Handbook of Parapsychology, ed. by Martin Ebon, 313-324. New York: Signet.

Dharmasiri, Gunapala. 1989. Buddhist Ethics. Antioch: Golden Leaves.

Diaconis, Persi. 1978. Statistical problems in ESP research. Science, 201: 131-136.

Edwards, Paul. 1986-1987. The case against reincarnation. Parts 1-3. Free Inquiry, 6(4): 24-34; 7(l):38-43, 46-48; 7(2): 38-43, 46-49.

Fraser, Sylvia. 1992. The Book of Strange. Toronto: Doubleday.

Kurtz, Paul. 1986. The Transcendental Temptation. Buffalo, N.Y.: Prometheus Books.

Pasricha, Satwant. Claims of Reincarnation: An Empirical Study of Cases in India, New Delhi: Harman Publishing House, 1990.

Playfair, Guy Lyon. 1976. The Indefinite Boundary. New York: St. Martin’s.

Reich, James R. Jr. 1993. “The Eyewitness: Imperfect Interface Between Stimuli and Story” Skeptic Inquirer Vol. 17. No. 4 (Summer 1993): 394-399.

Stevenson, Ian. 1974. Twenty Cases Suggestive of Reincarnation. Charlottesville: University of Virginia Press.

Thomason, Sarah. 1987. Past tongues remembered. SKEPTICAL INQUIRER, 11:367-375, Spring.

Wilson, Ian. 1981. Mind Out of Time. Cited by Paul Edwards, 1986-1987.

. 1987. The After-Death Experience. New York: William Morrow.

Leonard Angel is in the Arts & Humanities Department, Douglas College, P.O. Box 2503, New Westminster, B.C. V3L 5B2, Canada.

Referência original: Angel, Leonard. Enlightenment East & West, pgs. 273-­ 291.

_________________________ 

Este artigo foi traduzido para o português por Vitor Moura Visoni e revisado por Inwords.


* A informação da pronúncia errada consta apenas na tabela de Stevenson que está escrita em letras miúdas, mas não consta no texto principal dele. (N. T.)

11 respostas a “O Caso de Imad Elawar, Parte 3 (1994 – Críticas do Cético Leonard Angel)”

  1. Vitor Diz:

    A revisão desse artigo custou 130 reais. Agradeço ao Marcos Arduin e ao Anônimo que ajudaram a pagar o serviço.

  2. Biasetto Diz:

    Olá Vítor,
    Ando numa correria, uma doideira…
    Ainda não consegui nem ler na íntegra, o 1º artigo desta “série” aqui. Você já colocou três artigos. Neste feriado, vou tentar ler, pelo menos um deles.
    É um tema que me agrada muito, porque assim como você e o Juliano, também acredito na existência do espírito e na reencarnação. Mas longe de mim, afirmar que sei que isto é verdade, sei que é assim. Apenas acho! E procuro, através de artigos como estes, conferir evidências, possíveis provas. Por isso, sempre o parabenizo por tal iniciativa.
    .
    Estou falando isto também, porque é incrível certos emails que recebo, criticando minhas pesquisas, minhas considerações a respeito dos médiuns brasileiros, especialmente o Chico.
    .
    Hoje, recebi um email, até com passagens da bíblia, falando que quem crê está no encontro com Deus, e quem não crê, distancia-se dele.
    Um monte de bobagens, obviamente!
    Também recebi neste email, o comentário de que o Luciano dos Anjos calou os céticos aqui.
    .
    No próximo artigo, artigo que estou escrevendo, e você já sabe do que se trata (está caminhando bem), também quero fazer uso de uns comentários do Luciano dos Anjos, pra mostrar falhas nas considerações dele.
    .
    Respondo aqui, ao autor do email que recebi, o seguinte:
    1º) O Luciano dos Anjos merece o meu respeito e, acredito, de todos aqui, simplesmente, porque ele é uma pessoa educada, cordial, experiente, autor de livros, estudioso… Porém:
    2º) Isto não significa que ele, na minha análise, esteja certo nas coisas que disse, nas coisas que afirmou.
    3º) O que ele disse, em síntese, é:
    A-) Os estudos meus e os teus (você já tinha apontado A Vida Além do Véu como referência para plágios), estão coerentes. Ele concorda com os plágios (talvez preferisse mudar ester termo) – mas concorda com as semelhanças entre A Vida Além do Véu e Nosso Lar e Libertação.
    B-) Só que ele, diz que foi o espírito quem plagiou.
    4º) Considero algo, extremamente complicado esta tese, porque:
    A-) Como pode um espírito chamado André Luiz, médico brasileiro, desencarnado no Brasil, contar histórias da VIDA DELE, na condição de encarnado e desencarnado, e fazer uso de histórias de um outro livro, lá da Inglaterra, pra, repito, CONTAR A HISTÓRIA DA VIDA DELE. Não cabe na minha cabeça, não é lógico, não é coerente isto.
    B-) Será que André Luiz não tinha experiências realmente DELE, pra contar?
    C-) Se, fosse possível, acreditar nisto, aceitar esta tese, isto não invalidaria toda a farsa da série Nosso Lar. Sim, porque, inclusive neste caso, trata-se de uma farsa, já que a história não é verdadeira, porque o que o Luciano dos Anjos está dizendo, é que o André Luiz, quis passar uma mensagem do além, do plano espiritual, e aí usou de uma história já conhecida, adaptando-a, pra concretizar seu objetivo. Então, mas nesse caso, não deixa de ser grave, a falsidade da série Nosso Lar, apesar de que o Luciano dos Anjos e outros espíritas que se convenceram desta tese, parecem-me que estão convencidos da máxima maquiavélica, de que os fins justificam os meios.
    D-) Não deixa de ser grave, também, o espírito não ter mencionado a fonte. É preciso, é necessário, e obrigatório, mencionar fontes, quando se escvrevem livros, consultando-as.
    E-) OLha a gravidade disto também, no que se refere à abertura que isto causa: qualquer pessoa que se dizer médium, e escrever livros, alegando psicografar – então, esta pessoa, se alguém encontrar sinais de plágios nas obras ditas psicografadas, esta pessoa poderá alegar que quem plagiou foi o espírito. É grave demais isto!
    Por fim, o Luciano dos Anjos alegou que SOMENTE Nosso Lar e Libertação traziam os plágios referentes A Vida Além do Véu – mas eu já achei outro livro da série Nosso Lar, com plágios da obra de Owen. Então, como fica tudo isto?
    .
    Abraços.

  3. Carlos Diz:

    Vitor,
    .
    Parabéns pela qualidade dos textos para comentários no blog. A reencarnação é vista com naturalidade por milhares de pessoas, notadamente na Ásia. No ocidente o assunto é delicado, com várias objeções bem fundamentadas. A mais importante é que se ela vale para todo o mundo então o crescimento populacional não poderia ser exponencial, como está sendo nos tempos modernos. Enfim…
    .
    Sobre o Leonard Angel entendo que a crítica já começa com um pressuposto. Se as conclusões de um estudo não se enquadram no “paradigma fisicalista” então elas estão erradas. Pouco importa a validade das observações, sua independência, etc. Isso é tipicamente a crética pela crítica. Pessoalmente acho que o Stenvenson pode até não estar certo ao sugerir a reencarnação para explicar os casos, mas uma refutação séria só poderia vir de alguém que procurasse replicar o trabalho do Stevenson e mostrar onde está o erro. A crítica tipo a do Leonard pode até ser interessante, mas é só. Ele precisaria sair do conforto de seu escritório, cair em campo e estudar casos para fundamentar suas afirmações. Sem isso, o trabalho do Stenveson continua sendo uma referência para a hipótese da reencarnação.

  4. Antonio G. - POA Diz:

    É uma lástima que quem acredita em mediunidade e psicografia não constatará, ao fim, que estava errado… Os mortos não constatam coisa alguma.
    Sds.

  5. Biasetto Diz:

    Olá Antonio!
    Não sei se os mortos não constatam coisa alguma. O Vítor tem publicado bons artigos aqui, sobre estudos sérios e criteriosos, que indicam a continuidade da vida… Difícil é acreditar que um espírito (ou vários) pra passar livros pro médium, precise ficar copiando livros dos outros.

  6. Gilberto Diz:

    Bom artigo. Sou bem cético, mas só de feeling. É bom saber que tem gente bem embasada em seu ceticismo.

  7. Gilberto Diz:

    Biasetto, simplesmente esqueça a mitologia espírita brasileira. É uma coleção impressionante de lendas urbanas superticiosas, unidas a factóides, fraude e fé cega em bobagens fenomenais. Nada se mantém depois de uma análise superficial, mas com um mínimo de atenção. Mas ainda há bons bolinhos com café depois da sessão espírita…

  8. Biasetto Diz:

    Gil, é por aí mesmo, inclusive no que diz respeito aos bolinhos.
    Um abração, a gente não se “vê” mais.

  9. Gilberto Diz:

    Cara, vê se vem ao Rio, pelo menos na Copa do Mundo. Assim a gente se conhece (não no sentido bíblico). Tem muito tempo que não vou à São Paulo, e sabe como é, São Paulo não é um estado, mas um país, mas não descarto de nos conhecermos aí. Nos últimos 10 anos fui mais à Virginia, nos EUA, que em outras partes do Brasil. Tenho parentes lá. Já fui 2 vezes à Cherlottesville, onde fica a Universidade da Virgínia, onde o Stevenson trabalhava. Juro que na próxima vez vou lá só pra perguntar o que os neguinho pensam dele, se é que lembram do sujeito “Rei Vitormourístico da Cocada-Preta”.

  10. Gilberto Diz:

    Já estive no museu do Edgar Allan Poe, em Richmond, capital da Virgínia. Muito interessante. É uma viagem. Você sente que o Poe vai passar por você a qualquer momento. Isso é que é sobrevivência do espírito. Ó o link aí, gente:
    .
    http://www.poemuseum.org/index.php

  11. Biasetto Diz:

    Gil, com certeza!
    Olha eu passei duas vezes apenas, pela cidade maravilhosa.
    Uma foi em 1988, quando me casei (também fiz esta bobagem rs… bricadeirinha, amo minha mulher!) – então, nós fomos em lua de mel (que lindo né?) em Vitória, no ES, e o avião fez uma escala no Rio, foi muito legal.
    Depois, alguns anos depois, eu e minha mulher fomos em Cabo Frio, Búzius, numa excursão, desta vez em ônibus. E aí, passamos por aí. Na volta, o ônibus parou, acho que foi em Copacabana – e nós almoçamos num restaurante de um hotel. Foi muito, mas muito emocionante. Não há como negar que a cidade do Rio de Janeiro exerce um fascínio, com tantas histórias, as praias, as mulheres, a música, os filmes. Tenho um grande desejo de fazer um passeio novamente por aí, estes pacotes de viagens – pretendo ir sim. Também tem todos os anos aqui em minha cidade, excursões pro desfiles das campeãs, aí no carnaval. Uma hora dessas apareço por aí, quero te dar um abraço e no Vítor também.
    Eu, de Rio de Janeiro, o que faço, pelo menos a cada dois anos, é dar um chego em Parati, cidade que adoro.
    Mas vou aparecer por aí, com certeza.

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