O primeiro volume de O Telégrafo Celestial (1851) é um marco do espiritualismo experimental do século XIX. Cahagnet busca provar a sobrevivência da alma por meio de experiências magnéticas com sonâmbulos extáticos, registrando diálogos e descrições do mundo espiritual. Entre os oito clarividentes — Bruno Binet, Fanny Binet, Françoise, Madame F., Madame Reviere, Adèle Magnot, Émile Rey e outros — Adèle Magnot se destaca pela constância e profundidade das revelações. Para a época, o método parecia rigoroso, pois o autor buscava confirmação das informações junto a consulentes, mas sob critérios científicos atuais, como as confirmações são testemunhais, falta maior controle. Apesar disso, a obra é valiosa como documento histórico, revelando a tentativa de conciliar ciência e espiritualidade em um contexto dominado pelo magnetismo animal. Algumas passagens, contudo, revelam preconceito racial, como quando se afirma que “as almas dos negros são tão alvas quanto as nossas; é apenas na pele que diferem de nós; mas no céu todos são brancos”, associando pureza espiritual à brancura. Longe de ser um tratado científico, O Telégrafo Celestial é um testemunho cultural que ilumina tanto a busca sincera por respostas quanto os limites e preconceitos de seu tempo. Para ler em português, clique aqui. Para ler em inglês, clique aqui.
Ian Stevenson é conhecido por seus estudos com crianças pequenas que afirmam lembrar vidas passadas. Uma característica comum nos casos que ele investigou foi a presença de marcas de nascença nas crianças que pareciam corresponder a ferimentos (frequentemente fatais) sofridos nas vidas anteriores que elas diziam recordar. Neste trabalho, enumeram-se alguns mecanismos químicos que provavelmente estão envolvidos na formação dessas marcas de nascença anômalas, com base na compreensão contemporânea da micro-PK (a capacidade da consciência de influenciar o resultado de eventos probabilísticos da mecânica quântica) e em aspectos relevantes da biologia do desenvolvimento. Sugerem-se dois experimentos que podem ser realizados para compreender melhor como a consciência pode influenciar a formação de marcas de nascença pigmentadas. Para ler o artigo em português, clique aqui. Para ler o artigo em inglês, clique aqui. Confesso que devido ao palavreado do artigo altamente técnico, não entendi quase nada.
Excelente vídeo de Alexandre de Carvalho Borges revelando de onde saiu a suposta imagem de Katie King em uma ectoplasmia da médium escocesa Mary Ann Marshall (1880-1963)
Este artigo analisa um dos primeiros casos de reencarnação estudados por Ian Stevenson, em 1961, e relatado em Twenty Cases Suggestive of Reincarnation. O caso de Gnanathilaka Baddevithana já havia sido investigado por H. S. S. Nissanka, que documentou suas entrevistas por escrito ou em gravações, tornando este um dos menos de três dezenas de casos publicados com registros produzidos antes da verificação das memórias de vidas passadas. Infelizmente, como o livro que Nissanka escreveu sobre o caso foi publicado apenas no Sri Lanka e só traduzido em 2001, sua investigação permanece pouco conhecida. Como as investigações de Nissanka e Stevenson foram conduzidas de forma independente, a comparação entre seus relatos permite avaliar em que medida as práticas frequentemente criticadas de Stevenson — como passar apenas alguns dias em campo e trabalhar com intérpretes — influenciaram sua apresentação e conclusões. Demonstra-se que tais práticas levaram Stevenson a omitir diversos detalhes, mas não afetaram sua avaliação do caso de Gnanathilaka. Isso sugere que as críticas aos métodos de Stevenson são equivocadas e que, na verdade, alguns dos casos por ele relatados podem ser fenomenologicamente mais ricos e evidencialmente mais robustos do que ele os apresentou, e não o contrário. Para ler o artigo em português, clique aqui. Para ler o original em inglês, clique aqui.
Eis uma breve resenha do livro How Not to Test a Psychic, de Martin Gardner, juntamente com uma refutação de sua explicação para o experimento bem-sucedido que Pratt considerou como a melhor evidência de percepção extrassensorial (PES) nas pesquisas realizadas com Stepanek. Para ver o artigo em português, clique aqui. Para ver o original em inglês, clique aqui.
Dora Incontri está oferecendo um curso (pago) em que discutirá capítulo a capítulo a obra “Nosso Lar” de Chico Xavier. Alguns dos assuntos abordados podem ser vistos no vídeo abaixo. Os leitores mais antigos deste blog já sabem que o livro de Chico Xavier não passa de um plágio da obra “A Vida Além do Véu” de George Vale Owen. E gratuitamente.
A pesquisa sobre fenômenos parapsicológicos (psi) é altamente relevante para o debate sobre se os processos mentais podem ir além dos limites conhecidos das capacidades cerebrais. Ainda assim, a maioria das discussões científicas e filosóficas sobre as relações mente-cérebro sequer menciona esse tipo de pesquisa, apesar de ela apresentar uma robustez empírica semelhante à de estudos reconhecidos nas áreas da psicologia, medicina e neurociências. Este artigo resume de forma concisa o suporte experimental aos fenômenos psi, reconhecendo, ao mesmo tempo, que estamos muito longe de compreender sua natureza. Reconhecer a relevância da pesquisa psi para as relações mente-cérebro deveria ser muito mais comum do que é atualmente. Para ler o artigo em português, clique aqui.
A mediunidade é uma prática espiritual amplamente aceita no Brasil, relacionada ao processo de luto e às crenças na vida após a morte. Por isso, há grande interesse entre os brasileiros em determinar se médiuns podem obter informações além dos meios convencionais (Recepção de Informação Anômala – RIA). No entanto, há escassez de estudos qualitativos aprofundados sobre o tema. Este estudo teve como objetivo investigar relatos de RIA em transe mediúnico e o significado dessas informações para a família do falecido. Em um estudo observacional controlado, após 43 segundos de interação filmada com os pais, o médium escreveu uma carta atribuída ao filho falecido. Informações obtidas ou dedutíveis da interação médium–consulentes foram excluídas dos itens verificáveis da carta. O grau de precisão e especificidade dos demais itens foi investigado em três entrevistas com os pais e por meio de documentos e objetos do falecido. Um especialista realizou análise grafotécnica da assinatura da carta. O médium produziu 19 itens de informação, dos quais um não pôde ser avaliado, um foi não reconhecido, dois dedutíveis, nove genéricos e seis específicos. As informações descreviam hábitos presentes e passados do falecido, planos e características físicas marcantes, percebidas pelos pais como improváveis de serem obtidas por meios rotineiros ou por acaso. A comparação de assinaturas é comum na prática mediúnica; neste caso, a assinatura apresentou algumas semelhanças gerais com a do falecido, mas muitas diferenças em aspectos sutis. A produção de seis itens verificáveis que não haviam sido previamente comunicados ao médium por meios convencionais ilustra o que muitos brasileiros acreditam ser fenômenos de RIA. Estudos qualitativos sobre RIA podem lançar luz sobre a prática da mediunidade e suas implicações para a saúde mental, especialmente no contexto do luto e da perda no Brasil. Este artigo foi publicado na Transcultural Psychiatry, um jornal do mainstream. Para ler minha tradução em português, clique aqui. Para ler o original em inglês, clique aqui.
Segue a resposta de Ian Stevenson e Pratt às críticas feitas por Robertson, Fienberg e Hansel. Em sua conclusão, “muitas das objeções levantadas contra esta pesquisa já foram respondidas em publicações mais extensas ou mesmo por uma leitura cuidadosa de nossa breve comunicação”. E que Stepanek “chegou mais perto do que qualquer outro sujeito anterior de fornecer uma demonstração previsível de percepção extrassensorial sob condições experimentais controladas.” Para ler a resposta completa em português, clique aqui. Para ler o original em inglês, clique aqui.