Seria João Evangelista a reencarnação de Daniel?

O Obras Psicografadas traz um texto do Professor Sebastião Pinheiro Martins, em que ele analisa uma ideia propagada no meio espírita de que João Evangelista seria a reencarnação de Daniel.

Seria João Evangelista a reencarnação de Daniel? *

Pelo Prof. Pinheiro Martins

 

De alguns anos para cá, tem sido divulgada no meio espírita uma bizarra teoria que pretende explicar certa semelhança formal existente entre as profecias do Livro de Daniel, no Velho Testamento, e as do Apocalipse, no Novo Testamento. Segundo conclusão apressada de alguns pretensos exegetas espíritas, o fato se deve, pura e simplesmente, ao fato de João Evangelista, redator do Apocalipse, ser a reencarnação de Daniel.[1]

Trata-se de teoria muito mal fundamentada. Muitas vezes, esses exegetas oferecem, precipitadamente, como prova de sua teoria, versículos isolados, cuja interpretação, fora de contexto, induz a erros crassos. Exemplo pertinente ao tema deste nosso ensaio é o seguinte versículo do Apocalipse, no qual João ouve um anjo dizer-lhe: “Urge que ainda profetizes de novo a numerosas nações, povos, línguas e reis” (Apocalipse 10,11). Pois bem: tais exegetas espíritas afirmam que, se João teria que profetizar de novo “a numerosas nações”, era porque ele o tinha feito antes, em uma encarnação anterior. Mas qual? Provavelmente quando ele era o profeta Daniel, pois o estilo de suas profecias era muito parecido com o de João.

Ora, essa argumentação não se sustenta, pois a leitura atenta do Apocalipse demonstra que, na verdade, o anjo estava se referindo às profecias que já haviam sido reveladas imediatamente antes a João, e que preenchem os nove primeiros capítulos do livro. De fato, naquela altura, discípulo amado de Jesus já havia tido muitas visões, referentes ao destino de “numerosas nações, povos, línguas e reis”. É só ler o livro com atenção.

As semelhanças formais entre as profecias de Daniel e João são mais facilmente explicáveis pelo fato de que João simplesmente seguira o estilo “apocalíptico” que era habitual aos profetas judeus, estilo esse ao qual os próprios cristãos já haviam se acostumado pela leitura dos antigos textos bíblicos. João descreveu suas visões utilizando a linguagem que se esperava que um profeta utilizasse.

E é importante ressaltar que o estilo “apocalíptico” não era característico apenas de Daniel. Também o profeta Ezequiel, seu contemporâneo, descreve visões similares. E, antes deles (em 740 a.C.), já o profeta Isaías teria praticado essa modalidade de profecia, tanto que alguns autores apontam uma certa parte do Livro de Isaías, que engloba seus capítulos 24 a 27, como uma espécie de precursor do gênero (o chamado “Apocalipse de Isaías”[2]). De maneira similar, também o Livro de Daniel configuraria uma forma de apocalipse.

 João descreveu suas visões utilizando a linguagem que se esperava que um profeta utilizasse. Isso provavelmente ficará mais claro ao leitor a partir do estudo que se segue, no qual se demonstra como foi escrito o Livro de Daniel.

Mas, quem foi Daniel?

Para começar, é bem provável que este personagem, Daniel, sequer tenha existido realmente! Ele teria sido uma figura lendária, cujas históricas circulavam amplamente no folclore hebreu, e que representava o protótipo do fiel israelita que conseguia sobreviver às intrigas de uma corte pagã, graças à ajuda de Deus. Seu nome, sugestivamente, significa “Deus julgou”, o que já o aponta como o personagem ideal para a divulgação de profecias apocalípticas. No Livro de Ezequiel, Daniel é citado como um homem muito sábio que conhece os segredos futuros e que seria um dos três sobreviventes, junto a Noé e Jó, da ira de Deus contra os pecados do homem (Ezequiel 14,4; 28,3).

Por duas vezes, Daniel é também chamado pelo nome babilônico de Baltazar ou Beltessazar (Daniel 4,15-16; 10,1). Há quem suspeite que esse nome seria, na verdade, o de um personagem do folclore mesopotâmico que talvez fosse o herói original de histórias posteriormente adaptadas para a cultura monoteísta judaica.[3]

Segundo a Bíblia, Daniel teria vivido desde o tempo de Nabucodonosor II (isto é, entre 605 e 562 a.C.) até, pelo menos, a queda de Babilônia nas mãos de Ciro, rei da Pérsia, em 539, ocasião em que Babilônia era governada por Nabonide (559-539 a.C.). O Livro de Daniel erra, contudo, ao chamar o príncipe Baltazar, filho de Nabonide, de “filho de Nabucodonosor”, e de “rei”, quando, no máximo, teria sido apenas príncipe regente (Daniel 5,1-2). O texto bíblico que leva seu nome, entretanto, só foi redigido e divulgado ao público séculos depois.

Historiadores verificaram que, em Daniel 3,5, a música tocada na corte de Nabucodonosor é executada por uma orquestra que se utiliza de instrumentos com nomes gregos, e não babilônicos ou hebraicos, como seria de se esperar. Chega mesmo a empregar a palavra grega symphonia, origem do termo “sinfonia” em nossas línguas modernas[4]. Isto seria impossível caso o texto tivesse sido realmente escrito na época de Daniel (século VI a.C.).

A presença de palavras gregas no Livro de Daniel comprovariam que os seis primeiros capítulos datam do século III a.C., época em que a influência cultural helenística consolidou-se no Oriente Próximo Isso apenas demonstra que tais narrativas foram escritas séculos depois daquela época, quando esses fatos históricos já haviam se diluído na memória coletiva e sofrido distorções oriundas da transmissão oral, que precedeu seu registro por escrito.

O contexto histórico do Livro de Daniel

O contexto histórico específico em que o Livro atribuído ao profeta Daniel foi redigido é o do reinado de Antíoco IV Epífanes (175-164 a.C.), soberano de uma dinastia grega herdeira do império de Alexandre, o Grande, e que governava então boa parte do território do Oriente Próximo, incluindo a Palestina. Desde 168/167, esse rei perseguira a religião judaica, ab-rogando a Torah por meio de decreto que proibia a observância do Sabbath e das festas, a prática da circuncisão e a posse de livros “bíblicos”, sob pena de morte. O Templo de Jerusalém foi profanado, transformado em santuário sincretista de Zeus Olímpico, identificado também com o Baal fenício: é essa a “Abominação da Desolação” (ou, ainda, a “Abominação do devastador”, conforme outras traduções) a que se refere Daniel 9, 27; 11, 31 e 12,11. Ergueram-se, em toda a Palestina, altares aos deuses dos gentios e os habitantes foram obrigados a lhes trazer sacrifícios. Jamais, até então, em toda a sua história, Israel tivera sua fé tão ameaçada.

(É interessante observar que as profecias de João também surgiriam, posteriormente, em um contexto de perseguições religiosas. Aliás, a expressão “abominação da desolação”, utilizada por “Daniel” para se referir à profanação do Templo de Jerusalém também seria utilizada posteriormente pelo próprio Jesus, ao profetizar a destruição do Templo pelos romanos no ano 70 d.C. [Mateus 24,15]. Na verdade, ela poderia ser aplicada novamente ao contexto da Segunda Revolta Judaica de 132-135, quando o imperador Adriano, após massacrar e expulsar completamente o que restara da nação judaica na Palestina, mandou construir um templo pagão no lugar do antigo templo do Deus único. Em ambas as ocasiões, judeus e cristãos imaginaram que o “fim do mundo” estava próximo. Aparentemente, como a história parece se repetir, as profecias tornam-se “recicláveis”.)

Um sacerdote levita, chamado Matatias, pertencente à família dos Hasmoneus, também chamados Macabeus, deu o sinal da revolta armada contra Antíoco Epífanes, a qual logo ganhou a adesão de muitos patriotas. Depois da morte de Matatias, um dos seus filhos, Judas Macabeu, tomou a direção da revolta, que conduziria os judeus à conquista de sua independência política desde 128 a.C., até a conquista romana em 63 a.C.[5] Enquanto a vitória não foi alcançada, porém, a Palestina viu-se imersa em rios de sangue.

O Livro de Daniel foi divulgado pouco depois de dezembro de 163 a.C.[6] como uma resposta “profética” àquela terrível situação em que os judeus haviam sido colocados, fazendo-lhes parecer que o fim de sua religião, de sua raça, de seu mundo enfim, se aproximava. De fato, dizia o pretenso “Daniel”, era o fim que se aproximava, porém não o da nação judaica e de sua fé, mas, pelo contrário, o fim do mundo dos gentios, dos pagãos, pois logo ele seria destruído por Deus, que enviaria um rei messiânico para governar Israel e colocá-lo no comando do mundo. A partir de então, toda uma série de textos apocalípticos judaicos (em sua maioria considerados apócrifos por autoridades religiosas judaicas e cristãs) seguirá seu exemplo, culminando depois com a versão cristã atribuída a João.

As profecias de “Daniel”

O Livro de Daniel foi composto a partir de contos sobre Daniel que circularam entre cerca de 280 a 180 a.C., aos quais foram acrescentadas novas profecias, correntes entre 168 e 164 a.C. O autor descreve acontecimentos recentes ou contemporâneos sob a forma de profecias supostamente pronunciadas vários séculos antes, no reinado de Nabucodonossor II. Esse procedimento, conhecido como vaticinia ex eventu, é característico das literaturas apocalípticas: aumenta a fé nas profecias e, por conseguinte, ajuda os fiéis a suportarem a as provações presentes[7]. Tratar-se-ia do mesmo método utilizado posteriormente por João evangelista ao compor seu Apocalipse cristão.

Os seis primeiros capítulos do Livro de Daniel tem caráter narrativo, com uma profecia enxertada no segundo. Esses seis relatos acabaram registrados em três línguas diferentes: o hebraico para o primeiro capítulo e o aramaico para os demais, com palavras gregas enxertadas[8] e até um bom pedaço do terceiro capítulo (versículos 24 a 90, nas traduções católicas) redigido em grego, o que denuncia o caráter compósito do texto. Na verdade, trata-se de seis dos vários contos que, como parte do folclore judaico, circulavam oralmente a respeito de Daniel e que foram reunidos habilidosamente em um único livro a fim de servir como “prefácio” introdutório às pretensas visões que o redator do Livro de Daniel procurava divulgar.

Em Daniel 2,31-45 encontramos célebre profecia do rei Nabucodonosor que teria sido interpretada pelo profeta israelita. O rei tivera a visão de uma estátua cuja a cabeça era de ouro; o peito e os braços, de prata; o ventre e as coxas, de bronze; as pernas de ferro e os pés de ferro misturado ao barro. Uma pedra, caída de uma montanha sem intervenção de mão humana, veio bater nos pés da estátua, quebrando-a.

Daniel, chamado pelo rei, interpretou a visão assim: as partes da estátua, feitas de diferentes metais, representam sucessivos reinos terrenos, de modo que o ouro representa o reinado de Nabucodonosor; a prata, seus sucessores no reino neobabilônico; o bronze, o império medo-persa; o ferro, o império de Alexandre, o Grande; e o ferro misturado à argila os reinos helenísticos dos Ptolomeus (Egito) e dos Selêucidas (Oriente Próximo), os quais tentaram unir-se por alianças matrimoniais na década de 240 a.C.[9]

A própria estátua, como um todo, representava o mundo terreno e o poderio humano, cujas bases são frágeis. A pedra que, misteriosamente, destruía a estátua, representava a intervenção divina, a qual, segundo a interpretação do redator do Livro de Daniel, se manifestaria no tempo daqueles últimos reis helenísticos (herdeiros de Alexandre), instalando, em seguida, um reino messiânico, eterno (Daniel 2,44-45). O Livro de Daniel proclama, portanto, a proximidade do reino messiânico, o qual deveria chegar em breve, na época em que ele era escrito (século II a.C.).

O tema dos quatro reinos ou épocas sucessivos, simbolizados pelos quatro metais, era comuníssimo na Antigüidade, e conhecido em várias versões entre povos tão diferentes quanto os hindus, os persas e os gregos[10]: falavam de uma “Idade de Ouro”, seguida por uma de prata, outra de bronze e, finalmente, a Idade do Ferro, a qual precederia a chegada de uma figura messiânica (como o Kalki Avatara dos hindus, o Saoshyant dos persas, o Maytreia dos budistas, etc.) que instalaria uma nova Idade de Ouro na Terra. Tão comum era essa forma de pensar entre os antigos, que se pode indagar por que teria sido necessário ao rei Nabucodonosor pedir a ajuda de Daniel para decifrá-la.

Não satisfeito com essa antiga “profecia”, agora adaptada aos interesses nacionais e sectários dos israelitas, o pseudo-Daniel acrescentou, por volta de 168-164 a.C. novas profecias, descrevendo as vicissitudes daqueles reinos, particularmente dos reinos helenísticos (isto é, gregos) e de seus soberanos. Representou-os então sob a forma de feras monstruosas[11], cheias de chifres (que representariam seus respectivos reis), inaugurando toda uma simbologia que seria apropriada, mais de dois séculos depois, por João de Patmos.

Assim, Daniel teria tido uma visão na qual lhe apareceram, emergindo do mar, primeiro um leão com asas de águia, representando o império neobabilônico; depois, um urso, representando o império medo; em seguida, uma pantera com quatro cabeças e quatro asas, representando o império persa; e, finalmente, uma fera espantosa com dentes de ferro e dez chifres, na qual nasceu ainda um chifre menor, no lugar de três que lhe haviam sido arrancados: era o império helenístico fundado por Alexandre (Daniel 7,3-8).

Reconhecemos nessas feras simbólicas do pseudo-Daniel o modelo utilizado posteriormente por João nos capítulos 12, 13 e17 do Apocalipse para representar os perseguidores dos cristãos. Como as criaturas descritas por Daniel, as de João também surgem do mar. O primeiro é um dragão escarlate com sete cabeças e dez chifres (Apocalipse 12,3; 17,3) que representaria o império romano[12]: as sete cabeças representam as sete colinas sobre as quais a cidade de Roma havia sido edificada (17,9) enquanto os chifres, eram, na Antigüidade, símbolo de poder e realeza. Depois, uma fera semelhante a uma pantera com pés de urso e fauces de leão (13,2) e em seguida uma criatura semelhante a um cordeiro com dois chifres, mas que “falava como um dragão” (13,11).

No Livro de Daniel, figura do cruel perseguidor do Judaísmo, Antíoco Epífanes, é constantemente enfocada como o último soberano helenístico, cujo reinado precederia o “fim do mundo” e a chegada da era messiânica. É ele o “pequeno chifre” nascido na testa da fera de dentes de ferro, cuja boca “proferia palavras arrogantes” (7,8). Seus atos sacrílegos são apresentados como “profecia”, quando na verdade se tratava de fatos que haviam sido testemunhados pessoalmente pelo pseudo-Daniel: “Proferirá insultos contra o Altíssimo, maltratará os santos do Altíssimo, e formará o projeto de mudar os tempos e a lei; e os santos serão entregues a seu poder durante um tempo, tempos e metade de um tempo” (Daniel 7,25). Sem dúvida, ele serviu de modelo ao anticristo do Apocalipse joanino, que perseguia os cristãos e que é descrito de forma quase idêntica: “Foi-lhe dada a faculdade de proferir arrogâncias e blasfêmias, e foi-lhe dado o poder de agir por quarenta e dois meses [isto é, três anos e meio]. (…) Foi-lhe dado, também, fazer guerra aos santos e vencê-los (Apocalipse 13,5.7).

A célebre expressão “um tempo, tempos e metade de um tempo”, copiada pelo Apocalipse joanino (12,14), foi interpretada pelos tradutores do Centro Bíblico Católico de São Paulo e outros exegetas como referência ao período de perseguição de Antíoco Epífanes ao Judaísmo: literalmente, três anos e meio[13]. No Apocalipse de João, esse é também o período previsto para a duração do domínio do dragão e das outras feras e da sua perseguição contra os cristãos (Apocalipse 11,2; 12,14; 13,5). É bem possível, contudo, que João tenha empregado esse simbolismo dos “três tempos e meio” de forma alegórica, para designar um período de longa (e indefinida) duração.

O pseudo-Daniel atribui a destruição do reinado do sacrílego perseguidor, e, por tabela, de todo o reinado humano na Terra, ao próprio Deus, a quem ele representa de forma antropomórfica como um ancião de roupas e cabelos brancos, assentado em um trono de chamas, cercado por um exército de milhares de anjos. Esse Ancião dos Dias passa a presidir o “Juízo Final” a partir do momento em que os livros nos quais estavam anotadas todas as ações humanas foram abertos (Daniel 7,9-10). Essa visão encontra, também, seu similar na descrição da corte celeste feita por João nos capítulos 4 e 5 do Apocalipse, obviamente também inspirada no relato do pseudo-Daniel.

Na mesma visão, surge a figura de “um ser semelhante ao filho do homem” (o quer quer dizer, simplesmente: um ser com forma humana), o qual, levado à presença do Ancião, recebeu deste “império, glória e realeza, e todos os povos, todas as nações e os povos e de todas as línguas serviram-no” (Daniel 7,13-14). Neste “Filho do Homem”, o pseudo-Daniel faz representar, simbolicamente, o próprio povo de Israel no momento supremo de seu triunfo escatológico[14], conforme expressão já utilizada em Oséias 11,1: “Eu chamei do Egito meu filho, que se referia inicialmente ao êxodo do povo hebreu do Egito, mas que depois foi aplicada também a Jesus em Mateus 2,15.

Anteriormente, é bom lembrar, o próprio profeta Ezequiel já havia sido chamado também, em suas visões, de “Filho do homem” (Ezequiel 2,1.8; 3,1.17 et passim), o que demonstra que originalmente tal expressão designava simplesmente um ser humano, ou que, no máximo, era uma espécie de título atribuído aos profetas. Mais tarde, a expressão “Filho do Homem” popularizou-se como maneira de designar um messias individualizado na forma de um rei, descendente de Davi, que comandaria Israel em sua tarefa messiânica coletiva[15]. Sabiamente, Jesus qualificou a si próprio dessa maneira, para fazer ver aos judeus que o messias esperado era ele mesmo (cf. Mateus 26,64). A tradição cristã consagrou esta interpretação (Atos 7,56; Apocalipse 1,13; 14,14).

Conclusão

O livro atribuído ao profeta Daniel é, portanto, uma obra tardia, redigida séculos após os fatos que descreve sobre a vida de seu protagonista. É até bastante provável que ele registre, nos seis primeiros capítulos, fatos verdadeiros, ocorridos na Babilônia do século VI a.C. Contudo, essas narrativas originais sofreram, no século II a.C., o acréscimo de novas profecias (contidas nos capítulos 7 a 12 da atual versão do Livro de Daniel, nas Bíblias atuais).  Sua composição atendia a objetivos de propaganda político-religiosa, em um contexto histórico de severas perseguições ao povo judeu e de ameaça à sobrevivência de sua fé e de sua identidade nacional. O texto anuncia o fim iminente de todas as ameaças ao povo eleito, a aniquilação de seus inimigos e a chegada de uma era messiânica.

Com o tempo, as imagens utilizadas pelo pseudo-Daniel (para não falar também dos proto-apocalipses contidos nos livros de Isaías e Ezequiel, que não abordei por falta de espaço) tornaram-se bastante populares, mesmo depois de superado o contexto histórico a que remetiam. A requintada simbologia do texto, embora pudesse ser facilmente decifrada na época em que ele foi escrito, deixava margem para outras interpretações, que não aquelas pretendidas originalmente pelo seu autor. Isso permitiu que o Livro de Daniel fosse posteriormente apropriado pelos discípulos de Jesus. Assim, além de as profecias atribuídas ao profeta israelita terem sido reinterpretadas pelos cristãos de acordo com sua própria doutrina, elas também acabaram por servir de modelo para a redação do Apocalipse atribuído ao “discípulo amado” do Cristo.

Era natural, portanto, que João se utilizasse da mesma linguagem do Livro de Daniel e de outros textos bíblicos para descrever suas visões proféticas, pois, afinal de contas, ele devia sua primeira formação religiosa a esses escritos. Mas, concluir, a partir dessa semelhança, que ele fosse a reencarnação de Daniel, já é um abuso e até mesmo uma irresponsabilidade para com a Bíblia e para com a doutrina espírita, que nada têm a ganhar com essas especulações temerárias.

Atualização em 01/01/2011: O Professor Sebastião pediu-me para colocar uma versão mais recente de seu artigo, que pode ser baixada neste link.


* Publicado, anteriormente, como artigo na Revista de Estudos Espíritas, Rio de Janeiro: Ano 3, n° 27, Nov/Dez. 1999, p. 9-10. O texto foi refundido e acrescido de notas e referências.

[1] O primeiro autor que vi defender essa idéia (pelo menos, até onde vai meu conhecimento), foi o médico Américo Domingos Nunes Filho, fundador e presidente (até 2009) da AME-RIO (Associação Médico-Espírita do Rio de Janeiro), fundador e vice-presidente (até 2009) da ADE-RJ (Associação de Divulgadores do Espiritismo do Rio de Janeiro).  E a primeira vez em que li a afirmação esdrúxula do doutor foi em um livrinho intitulado “Cartas a um sacerdote”, que Américo Domingos Nunes Filho então havia publicado em co-autoria com outro escritor, Luis Antonio Milleco, pela Editora “EME”, de Capivari, SP, no ano de 1992. Depois, o doutor Américo Domingos repetiu a dose em um livro publicado pela editora CELD, do Rio de Janeiro, “A queda dos véus”, de 1995, onde ele repetiu, em um dos capítulos a lenga-lenga de que o profeta Daniel teria reencarnado como João Evangelista.

[2] CROSS, Frank Moore. “A Luz das Cavernas do Mar Morto sobre a Bíblia”. In: SHANKS, Hershel. (org.) Para Compreender os Manuscritos do Mar Morto. 3ª ed. São Paulo: Imago, 1993, p.173-174.

[3] FOX, Robin Lane. Bíblia: verdade e ficção. São Paulo: Companhia das Letras, 1993, p. 306.

[4] Ibidem.

[5] ELIADE, Mircea. História das Crenças e das Idéias Religiosas. Rio de Janeiro: Zahar, 1979, tomo II, volume 2, p.28-29; e também: ALEGRO, John. O Povo Eleito. São Paulo: Três, 1976, p.71-72.

[6] FOX, Robin Lane. Op. cit., p. 310.

[7] ELIADE, Mircea. Op.cit., p. 30; e também FOX, Robin Lane. Op.cit., p. 183.

[8] FOX, Robin Lane. Op. cit., p.306.

[9] ELIADE, Mircea. Op. cit., p. 30-31; FOX, Robin Lane. Op. cit., p. 306-307.

[10] O poeta grego Hesíodo tratou desse tema em um poema célebre, Os trabalhos e os Dias, por volta de 730-700 a.C., bem antes, portanto, da época de Nabucodonosor e de Daniel.

[11] PAGELS, Elaine. As Origens de Satanás. Rio de Janeiro: Ediouro, 1996, p.85.

[12] MAZZARINO, Santo. O fim do mundo antigo. São Paulo: Martins Fontes, 1991, p. 38-39.

[13] BÍBLIA SAGRADA. Tradução dos originais mediante a versão dos Monges de Maredsous (Bélgica) pelo Centro Bíblico Católico. 58a ed. São Paulo: Editora “Ave Maria”, 1987, p. 1200, em nota de pé-de-página a Daniel 7,25, na qual os tradutores dizem, textualmente que “é preciso tomar tempos no sentido de ano. Trata-se portanto de uma perseguição de três anos e meio”.

[14] ELIADE, Mircea. Op. cit., p.33.

[15] Idem, ibidem, p. 36.

27 respostas a “Seria João Evangelista a reencarnação de Daniel?”

  1. lair amaro Diz:

    Acho que o texto, embora muito pouco aprofundado, no geral, está regular. No entanto, como ele se pretende uma análise histórica, derrapa em alguns pontos cruciais:

    1. Assim, Jesus não “profetizou” a destruição do Templo. Os historiadores concordamos que essa é uma passagem pós-pascal atribuída a Jesus pelas comunidades de judeus que se cristianizaram (você leu Pagels).

    2. Se se pretende histórico, o artigo não pode embarcar na visão eclesiástica, refutada pela historiografia, que os autores do evangelho de João e do Apocalipse são a mesma pessoa.

    3. Considero muito difícil escrever qualquer texto sobre a literatura apocalíptica sem fazer referência aos livros de J. J. Collins (por exemplo, “The Apocalyptic Imagination: an Introduction to Jewish Apocalyptic Literature”) que eu não sei se você conhece.

  2. Carlos Magno Diz:

    O que eu acho difícil mesmo é alguém em 2010 reatar possíveis verdades, restabelecer conteúdos históricos e corrigir enganos lingüísticos somente pelos exames de textos bíblicos do velho testamento, quando ainda se duvidam de seus verdadeiros autores. Ao que parece da parte de Moisés, o velho testamento foi escrito ou em hebreu ou grego (talvez em ático) ou aramaico. Mesmo em se comparando fatos com as pouquíssimas informações históricas existentes a veracidade é muito discutível.

    Sabe-se que os manuscritos do velho testamento passaram de mãos em mãos, sendo recopiados inúmeras vezes, até que Gutenberg inventasse a tipografia e imprimisse em 1454 d.C. a primeira bíblia. O que se perdeu da pureza original, o que se inseriu ou se conservou dos textos-padrão ninguém sabe. Até hoje evangélicos e católicos fazem reparos na bíblia! A bíblia levou 1500 anos para ser terminada e os massoretas corrigiram a escrita hebraica há somente 1000 anos quando foram introduzidas por eles as vogais até então não existentes naquele idioma.

    De outra forma a arqueologia vem a cada ano fornecendo novas provas que transferem alguns elementos citados na bíblia para pólos diversos que desmentem antigos pesquisadores, demonstrando que a própria história é outra.

    Enfim, para quem gosta de elucubrações e citações, que anseia descobrir o inusitado, o tema propicia ao exercício mental, nada mais que isso. Mas nada de novo se pode realmente provar nesse caso, pois nesse campo teórico é tudo por demais árido e hermético baseado muito mais em suposições do que em provas concretas.

  3. Marco Antonio Diz:

    Bom dia.

    Gostaria de obter informações caso seja possível ainda sobre reencarnação, como por exemplo as reencarnações se eventualmente ocorreram de João Batista.Alguns textos mencionam ser João Batista a reencarnação de Elias, e depois de Jão Batista, há estudos, informações?
    Li recentemente que uma das reencarnações de Alan Kardec, se não estou enganado, orinda do profeta Isaias.
    Favor retornar

    Atenciosamente

    Marco

  4. Vitor Diz:

    Marco Antonio,
    há diversos escritos espíritas sobre a questão João Batista/Elias, assim como réplicas. Acesse o site “Falhas do Espiritismo”, tem material e bibliografia lá:
    http://falhasespiritismo.6te.net/reencarnacao_biblica.html

  5. Marcos Arduin Diz:

    Também há um outro problema: O Apocalipse x o Evangelho de João. Sim, pois o evangelho de João é escrito num grego ERUDITO, ao passo que o Apocalipse é escrito num grego mais rude (seria como comparar um escrito do Mulla com o de Fernando Henrique O Garboso.
    .
    Assim é provável que o livro de Apocalipse não tenha sido escrito por João, mas por outro profeta que se fez passar por ele.

  6. Jair Diz:

    Por gentileza, acredito que todos os comentários estão infundados. Primeiramente o que nos é informado é que João é a reencarnação de Elias: “Os discípulos de Jesus lhe perguntaram: ‘O que querem dizer os doutores da Lei, quando falam que Elias deve vir antes?’ Jesus respondeu: ‘Elias vem para colocar tudo em ordem. Mas eu digo a vocês: Elias já veio, e eles não o reconheceram. Fizeram com ele tudo o que quiseram. E o Filho do Homem será maltratado por eles do mesmo modo’. Então os discípulos compreenderam que Jesus falava de João Batista” (Mt 17,1-13). Não a reencarnação de Daniel, segundo é preciso ler atentamente os textos sem preconceito e com real vontade de aprender não de impor suas idéias, tenhamos senso crítico.

  7. Prof. Pinheiro Martins Diz:

    Aos parceiros de “Obras Psicografadas” quero deixar meus profundos agradecimentos pela contribuição que todos vocês me deram visando a melhoria de meu texto. Já vi que terei de refundi-lo mais uma vez, acrescentando uma nova seção sobre o polêmico tema ” o João que escreveu o evangelho que leva o seu nome não é o mesmo que escreveu o Apocalipse” (e nem as cartas que lhe são atribuídas, acrescentaria eu). Na época em que escrevi o texto, fui tolhido por motivos de espaço, já que a revista em que sua primeira versão saiu enfatizava mais a abordagem jornalística do que a acadêmica. Naquele tempo,fui até mesmo obrigado a omitir quaisquer referências bibliográficas, com exceção das citações bíblicas, é claro. E também tive de omitir o nome do Américo Domingos Nunes Filho, para não ser acusado de estar fazendo “ataques pessoais” e “estimular polêmicas inúteis”… Eu já havia causado má impressão, na época, publicando artigos onde demonstrava que as cartas aos Hebreus, aos Efésios, a Tito e aos Tessalonissences não haviam sido escritas por Paulo. Pois não houve quem (em palestra no Centro Espírita Léon Denis) me rogasse uma praga bíblica, dizendo que era melhor que eu “amarrasse uma pedra de moinho ao pescoço e a atirasse no mar, por estar sendo motivo de escândalo”, que esse tipo de estudo é especulação inútil, pois enfraqueceria a fé das pessoas nas Escrituras? Agora, meus caros, imaginem se, além de confrontar o eminente Américo Domingos Nunes Filho eu ainda acrescentasse a informação de que o João do Apocalipse não é o mesmo que escreveu o evangelho homônimo? Eu também já tinha de aturar o Prof. José Jorge (outro figurão do movimento espírita, com contatos na FEB) me olhando de soslaio, me apontando o dedo em riste e me acusando de “pecar por orgulho intelectual”. Eu tinha de comer o mingau pelas beiradas, fazendo uma revelação de cada vez.
    Mas tudo bem. Este estudo será revisto, refundido e ampliado, seguindo suas sugestões, e depois incluído em uma antologia, que planejo publicar pe Clube de Autores.
    A todos, meu muito obrigado. 😉

  8. Prof. Pinheiro Martins Diz:

    Prezado Jair:
    Por favor me perdoe, mas, desta vez, foi você que cometeu um erro crasso de interpretação bíblica. Acontece que o João que Jesus apontou como sendo reencarnação de Elias é o João Batista. O João Evangelista, apóstolo e presumido autor do Apocalipse era outra pessoa, outro João. Era um homônimo.

  9. Diego Diz:

    Acho interessante como as pessoas interpretam a palavra de Deus e distorcem-a de uma maneira completamente errada, mas é claro que este é um direito do leitor, assim como seguir a Deus, ele nos deu a vida e deu a total liberdade de fazermos com ela o que bem julgarmos correto. Agora se uma pessoa que acha que escritores não existiram, ou são reencarnação um dos outros, não crê no que lê. Primeiro ponto: Em que parte da bíblia está escrito que haverá reencarnação? Ao ler um texto atente bem ao conteúdo do mesmo para não fazer falsas interpretações. Psicografia não é coisa de Deus, não é bíblico.

  10. Ulisses Diz:

    Para : Marcos Arduin Diz = acredito que espiritualmente falando , a mulla seria o que você chama de garboso, aquele que nunca teve nenhuma preocupação social com os desfavorecidos, e que Lula, sim, tomou as medidas necessárias para retirar da fome e da miséria milhares de compatriotas.

  11. Allan Kardec Diz:

    Infelismente o mundo que vivemos,cada um conta 1 historia diferente depois que le o livro mais lido do mundo e o mais mal interpretado tambem ,que e a biblia.Nota-se que a ma interpretaçao biblica e feita ate por doutores da lei e ipocrates, que estao em nosso meio dissiminando a palavra de Deus, o que mais preoculpa e que todo mundo que acompanha esses doutrinarios mal informados, leva sem duvidas conhecimento mirabolantes para os leigos que precisam acreditar em alguma coisa de qualquer jeito.A reencarnaçao existe e uma realidade e a biblia expoem, so nao entende quem nao quer entender,infelismente.

  12. Allan Kardec Diz:

    Falando de reencarnaçao, em Genese 15;15 Deus quando fala com a Braao, lhe prometendo 1 filho diz: Abraao tu iras para teus pais em paz e em ditosa velhice seras sepultado e na quarta geraçao voltaras para ca.Como uma pessoa poderia voltar para o mundo se ele estava morto?E entao para Abraao voltar na quarta geraçao ele logicamente teria que reencarnar, nascendo de novo em outro corpo, e uma questao de logica e de sabedoria plena de Deus. Quere aceitar e sabio,agora ignorar o que e certo ai meus irmaos nao e sabedoria.

  13. Allan Kardec Diz:

    Tem muita gente falando muitas besteira,com respeito a alguns esinamentos biblicos,que nao tem nada haver com nada.Os pastores , doutrinarios,presidentes,padres etc. Dizem que,quem escreveu o apocalipse foi Joao Batista e outros dizem que foi Joao evangelista.Ora! Joao evanjelista,ele era apenas pregador e discipulo de Jesus,e Joao Batista este era, quem andava nos lugares por onde Jesus passaria depois,Nao tem nada haver com apocalipse, que e um livro profetico e que foi profetizado pelo proprio Cristo antes dele vir ao mundo,passando para o profeta Joao que viveu antes de Crito o que viria acontecer nos finais dos tempos passados,e que nao e mais para os nossos belos dias de hoje, so lamento profundamente esse fato.

  14. Allan Kardec Diz:

    Qualquer duvida ,me escrevam pois estou a disposiçao,tenho o dom da leitura,que Deus me deu e isso ninguem pode tirar,abraços irmaos. UMA COISA E CERTA,QUEIRAM,OU,NAO A REENCARNAÇAO EXISTE,E,E TEM QUE TER A SABEDORIA DE DEUS PARA ENTENDER E EXPLICAR>

  15. Maria Heneyda Diz:

    Os melhores trabalhos no meio espírita sobre reencarnação na Torá e nos Evangelhos que li são os de Haroldo Dutra Dias. Suas argumentações partem do pressuposto de que os textos originais teriam sido escritos em Aramaico, depois passados para o Grego. É uma hipótese interessante. Quanto à historiografia acreditar em acréscimo posterior, sou historiadora e sobre isso não há consenso algum….

  16. Maria Heneyda Diz:

    No caso do Hebraico e do Aramaico, Haroldo argumenta nas duas linguas, e também no Grego. Inclusive, hoje, os espíritas tem a melhor tradução dos Evangelhos existente. Foi mesmo Haroldo quem a conduziu e ela é laica e remissiva a pés de página explicativos associados à historiografia sobre o tema. Me surpreende que a desconheçam aqui, porque ela, para dar aula de História Antiga na Graduação, é muito melhor do que a Bíblia de Jeruzalém. Confiram.

  17. Maria Heneyda Diz:

    Conheço muito trabalho bom sobre o Apocalipse, na Universidade de Tel Aviv, em Princeton que simplesmente desconsideram ou discordam abertamente de muitas interpretações de J. J. Collins. Então, ele não é essa referência necessária, apenas um autor dedicado ao tema. Citá-lo com privilégio é coisa de uspiano….

  18. Maria Heneyda Diz:

    Conheço muito trabalho bom sobre o Apocalipse, na Universidade de Tel Aviv, em Princeton que simplesmente desconsideram ou discordam abertamente de muitas interpretações de J. J. Collins. Então, ele não é essa referência necessária, apenas um autor dedicado ao tema. Citá-lo com privilégio é coisa de uspiano….

  19. Maria Heneyda Diz:

    Aliás, alguns judeus acreditavam que haveria reencarnação de profetas, algumas seitas acreditavam…outras não. Quanto a outras reencarnações que não as dos profetas, não há muitas leituras da Torá ou do Talmud que as confirmem. Agora, a reencarnação fazia parte de seu escopo de crenças…O Talmude não fecha a Torá, abre interpretações variadas. Buscar uma só verdade é coisa autoritária para o Talmud. Ele fala em “verdades,” ou em faces da verdade. Observem que em certos trechos, tanto no Hebraico quanto no Aramaico até a palavra “Eloin” vem no plural…

  20. Maria Heneyda Diz:

    Nesse Ponto a tradução de Jerônimo para o Latim popular é culturalmente distante e fechada em outra clausura interpretativa…infelizmente, muitos católicos partem dela, sem perceber os elementos de Aramaico presentes no escopo de metáforas presentes na tradução grega sobrevivente….Hoje, sob o ponto de vista do esforço de tradução, os espíritas estão na frente…Isso é uma coisa muito nova e inédita. Ha cinco anos atrás não haveria como imaginar uma coisa dessas…

  21. Luciana Diz:

    (O objetivo deste site é analisar cientificamente livros ou mensagens ditos “psicografados”, ou seja, escritos ou ditados por um suposto espírito através de um “médium”, apontando erros e acertos à luz da Ciência atual. Também busca analisar possíveis…)
    Vitor vou orar para que um dia seu objetivo seja a caridade, que é a essência verdadeira que prega o espiritismo. Leia o livro “O que é o espiritismo?” estude O Livro dos Espíritos, O Livro dos Médiuns e você conhecera qual a real busca do espiritismo (a evolução espiritual através da caridade).

    “O Cristo não pediu muita coisa, não exigiu que as pessoas escalassem o Everest ou fizessem grandes sacrifícios. Ele só pediu que nos amássemos uns aos outros.” Chico Xavier

  22. Seloe Diz:

    O mais importante em tudo isso, não é a analise feita por alguém sobre obras Espíritas………..Mas procurar a sua essência e seguir os passos de Jesus……Muita paz, amaor eluz no aminho do nosso Irmão.
    Abraços fraternos

  23. Marcos Arduin Diz:

    “aquele que nunca teve nenhuma preocupação social com os desfavorecidos, e que Lula, sim, tomou as medidas necessárias para retirar da fome e da miséria milhares de compatriotas.”
    – Ô Seu Ulisses, vamos separar as coisas, né? O Fernando Henrique o Garboso teve lá o seu jeito de fazer as coisas. Conseguiu, com o Plano Real, muito criticado pelo Mulla e sua cupinchada, dar um chega pra lá na inflação, coisa que os mirabolantes planos do Sarney nem chegaram perto de conseguir. O Garboso também fez alguns programas de natureza social, mas picados. O Mulla juntou todos eles num só, o Bolsa Família, e através dessa esmola, como você reconhece, tirou famílias da miséria. Eu diria que aquelas que saíram da miséria foram as que souberam administrar esse ganho.
    .
    Não vamos esquecer que o Garboso teve de enfrentar crises econômicas durante o seu governo, coisa que o Mulla não passou e por isso “deixou no piloto automático” o que o Garboso fez, já que cercado de medíocres puxassacos, nem saberia o que fazer numa situação de crise. Isso já podemos ver pela gerentona Dilma: se ela quiser saber a quantas andam as coisas num ministério, terá de perguntar ao pessoal de terceiro, quarto e quinto escalão, pois os ministros e o pessoal dos cargos de confiança não sabem de nada (igualzinho o Mulla).
    .
    No mais, o Mulla nada fez de diferente dos outros: viajou muito, gastou muito, nomeou muito e nada fez contra a corrupção. Pior, com o fracasso do plano do Mensalão, o jeito foi se aliar aos velhos carcomidos e nada famosos por sua honestidade e assim compor uma “base aliada”. Veja a que ponto chegamos: os candidatos com o apoio da Dilma e até da “oposição” à presidência da Câmara e do Senado são acusados de falcatruas…
    .
    É… Nesse particular o PT em nada mudou no Brasil. Mas ele nunca pensou em mudar. Seu projeto é ficar eternamente lá no Planalto…

  24. Marcos Arduin Diz:

    ôpa, por um erro o texto foi postado antes de eu concluir.
    .
    Como eu disse, em termos de moralidade, o Garboso e o Mulla não tem nada a dizer um do outro. Agora em termos de cultura, que é o que comparei na postagem mais acima, a diferença é bem grande. O Garboso foi professor de cultura inútil na USP (Sociologia), lê muito, fala várias línguas, etc e tal. Ou seja, pro bem ou pro mal, é uma pessoa culta. Já o Mulla parece fazer gala de sua ignorância, dizendo até que morreria de tédio se lesse mais de 10 páginas num livro… Ele já escreveu alguma coisa que não fosse algum planfleto de sindicado?

  25. Larissa Diz:

    Uma pergunta…este site é ateu?

  26. Wjunior Diz:

    Queridos, para que psicografia se num texto tão grande não foi verificado a historicidade de Daniel como o historiador contemporâneo Flávio Josefo, se Jesus mesmo admoestou a observar suas profecias, se Daniel deu com precisão a vinda de Jesus 440 anos de antecedência… ahhh Daniel é mítico.. parabéns!

  27. Phelippe Diz:

    Não há reencarnação nesse caso por uma questão muito simples: o João do apocalipse não é o João do Evangelho, o discípulo amado de Jesus. Só comparar os textos em grego. Eusébio de Cesaréia e outros padres da Igreja já apontaram isso nos primórdios do cristianismo. A não ser que João o discípulo tenha se valido de um escriba meio analfa no grego para escrever seu “apocalipse”, mas aí é demais.

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