Experimentos Adicionais com o Médium Islandês Hafsteinn Björnsson
Hafsteinn Björnsson (1915-1977) trabalhou muitos anos na Islândia como um “médium”, e adquiriu uma reputação muito conhecida e favorável. Em 1974 e 1975 três aspectos de seu trabalho foram publicados no Journal of the American Society for Psychical Research, todos eles fornecendo apoio à alegação de que ele era capaz de obter informações sobre pessoas falecidas por meios paranormais. Dois dos relatórios continham resultados de duas sessões mediúnicas passadas quando Hafsteinn estava em estado de transe. O terceiro relatório descrevia uma investigação experimental da alegação de que, em estado desperto, Hafsteinn também era capaz de fornecer informações corretas obtidas aparentemente através de sua comunicação com os mortos. Neste experimento 4 assistentes de um total de 10 escolheram corretamente as “leituras” dadas para eles quando cada assistente foi pedido para selecionar um registro do grupo em um processo de escolha “cega” (p = ,01). O presente artigo relata 11 experimentos adicionais e semelhantes feitos com Hafsteinn, mas os assistentes não escolheram as leituras pretendidas para eles mais do que seria esperado pelo acaso. Desse modo os pesquisadores não conseguiram confirmar os resultados positivos do experimento inicial.
ERLENDUR HARALDSSON, J. G. PRATT, E MAGNUS KRISTJANSSON
INTRODUÇÃO
Em uma recente pesquisa nacional sobre fenômenos psíquicos na Islândia (Haraldsson, Gudmundsdottir, Ragnarsson, Loftsson, e Jonsson, 1977), surpreendentemente 32% da população adulta alegou ter assistido a uma ou mais sessões mediúnicas. Destas, 56% estavam convencidas de que tinham se comunicado com uma pessoa falecida durante a sessão, e somente 23% disseram que definitivamente não tinham se comunicado. Desde o início deste século a Islândia teve numerosos médiuns que adquiriram fama internacional, mas relatórios sobre a investigação de apenas dois deles alcançaram a literatura internacional: Indridi Indridsson, um médium de efeitos físicos (Hannesson, 1924), e Hafsteinn Björnsson (Haraldsson e Stevenson, 1974, 1975a, 1975b). Àqueles familiarizados com o cenário islandês, parece que Hafsteinn, que trabalhou ativamente como médium de transe na Islândia por aproximadamente quatro décadas,[1] incentivou a crença na comunicação com espíritos na Islândia mais do que qualquer outro indivíduo. Sua reputação na Islândia pode ser julgada pelo fato de que vários livros populares foram escritos sobre ele e sua mediunidade (Larusdottir, 1946, 1952, 1965, 1970; Thorbergsson, 1962, 1964, 1968).
Hafsteinn tinha dois modos habituais de trabalhar na prática a sua mediunidade. Em suas típicas reuniões de sessões espíritas, geralmente de quatro a seis assistentes, ele entrava em um transe durante o qual vários “controles”, assim como outras personalidades comunicantes se manifestavam diretamente e forneciam informações de maneira bastante semelhante à de outros médiuns de transe, tais como a Sra. Piper e a Sra. Leonard. Mas Hafsteinn também conduzia sessões num estado desperto, às vezes para grandes audiências, durante as quais ele dava o que era chamado de leituras “clarividentes”. Assim como acontecia em suas sessões de transe, as informações dadas nestas sessões de estado desperto também eram postas no contexto da hipótese de sobrevivência. Em ambas as situações ele dava nomes de pessoas mortas, descrevendo cada uma delas e suas respectivas circunstâncias. Ao contrário das sessões espíritas de transe nas quais as “mensagens” eram transmitidas pelos seus “controles” ou por outras personalidades que se comunicavam diretamente, nas sessões “clarividentes” ele disse que descrevia o que ele via (ou ouvia ou sentia) diretamente. A mediunidade de Hafsteinn é descrita mais plenamente em outros artigos (Haraldsson e Stevenson, 1974, 1975a).
INVESTIGAÇÕES PASSADAS REPORTADAS COM HAFSTEINN
Em dois relatórios anteriores (Haraldsson e Stevenson, 1975a, 1975b) os investigadores lidaram extensamente com dois casos de comunicadores “inesperados” que apareceram nas sessões de transe de Hafsteinn na Islândia.
O estado desperto de Hafsteinn ou as sessões “clarividentes” pareceram corresponder melhor aos requisitos para uma investigação experimental do que as suas sessões de transe. Assim, Haraldsson e Stevenson (1974) conduziram uma experiência na A.S.P.R. no dia 15 de agosto de 1972, quando Hafsteinn visitava os Estados Unidos, em que 10 assistentes participaram. Eles eram todos nativos da Islândia que estavam em Nova Iorque na época por várias razões pessoais e tinham se oferecido para participar da experiência. A leitura de cada um dos assistentes aconteceu sob condições que garantiam a blindagem visual e acústica do Hafsteinn e dos assistentes entre si. O uso de tapa-orelhas e de música nos fones de ouvido tornava impossível para o assistente ouvir Hafsteinn enquanto ele dava sua leitura, e uma cortina opaca pesada entre ele e o assistente impedia o contato visual entre eles. Ian Stevenson (I.S.) trazia os assistentes um de cada vez ao local da experiência em ordem aleatória, enquanto Erlendur Haraldsson (E.H.) permanecia com Hafsteinn e registrava em fita as leituras. E.H. não foi informado a respeito da ordem em que os assistentes tinham sido trazidos ao local para receber suas leituras até depois de ter terminado de trabalhar com eles na análise e avaliação dos registros, e Hafsteinn nunca foi informado sobre os detalhes da experiência já que parecia satisfeito com as declarações gerais.
Depois que a série composta por 10 sessões foi completada e as gravações em fita transcritas, E.H. selecionou aleatoriamente os registros dos indivíduos a fim de não fornecer nenhum indício da ordem original em que as leituras tinham sido dadas por Hafsteinn. Cada assistente então recebeu cópias de todos os 10 registros. E.H. pediu que cada assistente estudasse todos os registros e, com base no grau de familiaridade com as pessoas nomeadas e/ou descritas neles, selecionasse o que mais se aplicava a eles.
E.H. então entrevistou os assistentes e registrou as escolhas de suas leituras. Por causa da tendência de Hafsteinn de descrever pessoas mortas de duas ou mais gerações passadas, E.H. também providenciou que os registros fossem verificados por parentes mais velhos dos assistentes quando isto foi possível. Uma assistente mudou sua escolha original da leitura mais aplicável a suas circunstâncias devido aos reconhecimentos feitos em outra leitura por seus parentes de uma geração mais velha.
Por fim, quando o julgamento do material foi completado e as escolhas finais feitas, os investigadores trocaram entre si as informações necessárias para avaliar os resultados. I.S. informou E.H. sobre a ordem em que os assistentes apareceram na experiência, e E.H. revelou a I.S. as escolhas dos assistentes dos registros que julgaram que se encaixava melhor em suas circunstâncias. Quatro dos 10 assistentes escolheram os registros pretendidos para eles, com uma escolha correta sendo o esperado pelo acaso. Este resultado é estatisticamente significativo (valor exato para binomial p = 0,01). (Para uma descrição detalhada dos procedimentos e resultados, veja o relatório original escrito por Haraldsson e Stevenson, 1974.)
EXPERIMENTOS ADICIONAIS COM HAFSTEINN
Desde que a primeira experiência, descrita acima, foi executada, várias tentativas foram feitas para confirmar seus resultados com pesquisas que seguem a mesma estrutura básica. Quando os primeiros esforços não foram bem-sucedidos, a estrutura foi mudada um pouco nas experiências posteriores na esperança de superar o que talvez tenham sido fraquezas no projeto. Nenhuma destas pesquisas adicionais gerou resultados estatisticamente relevantes à hipótese principal (um achado secundário em uma das experiências alcançou significância, mas não foi duplicado na série subseqüente). Já que a morte inesperada de Hafsteinn cancelou a possibilidade de conduzir mais investigações com ele, consideramos importante incluir um relato destas experiências malsucedidas em um registro publicado do seu desempenho como médium.
Por conveniência e maior facilidade de cruzar referências, as experiências serão apresentadas cronologicamente e numeradas consecutivamente, sendo que a investigação previamente publicada de Haraldsson e Stevenson (1974) será identificada como Experimento 1. Cada investigação subseqüente será descrita apenas até o ponto necessário para indicar aspectos inerentes ao procedimento adotado ou às suas diferenças em relação ao que foi usado na Experiência 1.
Experimento 2
Em janeiro de 1973, uma tentativa foi feita por E.H. em Reykjavik de duplicar os resultados positivos da Experiência 1, o estudo feito em Nova Iorque em 1972. Coerente com o propósito da investigação, o procedimento da experiência anterior foi seguido o mais cautelosamente possível. O co-experimentador era Simon Johann Agusson (S.J.A.), então professor de filosofia na Universidade da Islândia, que nesta experiência assumiu o papel que I.S. tinha executado na investigação de Nova Iorque. S. J. A. guiou os assistentes durante a experiência e selecionou aleatoriamente a ordem de suas sessões.
O papel de E.H. foi o mesmo do de
Hafsteinn tinha se queixado algumas vezes de que os comunicadores de um assistente nem sempre tinham se “dispersado” quando esse assistente deixou o local e o assistente seguinte entrou, e ele sentiu que este “efeito lotação” levou a uma confusão na identificação das relações entre assistentes e comunicadores. Uma base de sustentação para o “efeito lotação” pode ser o fato de que nesta experiência, embora o resultado total fosse não-significante, 59% das 74 pessoas mortas identificadas por nome em todos os 10 registros foram reconhecidas por vários dos assistentes ou membros de suas famílias (com um assistente reconhecendo mais da metade das pessoas mortas descritas em três registros diferentes). Esta proporção de comunicadores identificados no material como um todo é consideravelmente mais alta do que na experiência bem-sucedida de Nova Iorque. Assim este achado sugeriu que pode ter sido um “efeito lotação” nesta experiência que fez com que a informação para assistentes individuais se espalhasse em outros registros. Se este tiver sido o caso, isto poderia ter feito com que alguns assistentes fizessem escolhas incorretas quanto aos registros que eram pretendidos para eles. Ao levar em consideração esse aspecto E.H. decidiu que uma nova característica seria adicionada à avaliação dos resultados da próxima experiência como um esforço exploratório para detectar a relevância das declarações do Hafsteinn para os assistentes ainda que um “efeito lotação” estivesse presente.
Experimento 3
Esta experiência com Hafsteinn foi conduzida por E.H. em Reykjavik em julho de 1973. O mesmo procedimento básico de antes foi usado na experiência, mas durante a fase de julgamento 10 leituras controle da experiência anterior foram misturadas aleatoriamente entre as leituras reais. O co-experimentador foi Aevar Johannesson, técnico de laboratório. Ele guiou os 10 assistentes e os trouxe um de cada vez em ordem aleatória ao lugar do experimento. Como aconteceu anteriormente, E.H. entrevistou os acompanhantes sem saber que registros foram pretendidos para eles. Cada um dos assistentes recebeu 20 leituras, 10 da experiência anterior e 10 da experiência atual.
Assim cada escolha do assistente podia ser marcada com base em dois pontos de vista: (a) Era esse o registro que Hafsteinn tinha pretendido para essa pessoa? Cada assistente tinha que fazer a sua escolha dentre os 20 registros, então a probabilidade de êxito era de 1/20 para cada indivíduo ou menos que 1 escolha correta (0,5, para ser exato) entre as 10 pessoas que participaram da experiência, (b) sem levar em conta se a escolha do assistente era correta, o registro selecionado como o “melhor” obtido estava entre as 10 leituras da Experiência 3? Deste ponto de vista cada assistente tinha uma chance de 1 em 2 de escolher um registro da própria experiência. Assim a contagem esperada pelo acaso para os 10 assistentes seria de 5.
Na verdade, nenhum participante selecionou o registro pretendido para ele, mas todos os 10 escolheram registros da própria experiência em vez da anterior. Este resultado é estatisticamente significativo (valor exato para binomial p = ,001) e ao consideramos o seu valor este parece sustentar a hipótese de que um “efeito lotação” teria ocorrido. Esta é apenas uma das interpretações possíveis, uma interpretação paranormal, mas havia outras maneiras do resultado ter sido causado normalmente. E.H. sabia quais eram os registros de cada uma das duas experiências, e ele talvez tenha dado dicas sensoriais apesar dos seus esforços para não fazê-lo. Talvez houvesse alguma característica nos registros da Experiência 3 que induzisse os assistentes a escolhê-los em vez dos registros da experiência anterior. Como já foi mencionado, a experiência foi considerada como sendo somente exploratória na medida em que este aspecto da análise foi considerado, mas, apesar disso, os resultados pareciam indicar que valeria a pena continuar a examinar os dados das experiências posteriores com base nesses dois pontos de vista. Se estes primeiros resultados se sustentassem, poderiam ser feitos esforços para melhorar o projeto evitando explicações dos resultados ao longo de linhas normais, conhecidas.
Experimentos 4-7
Em outubro de 1973, E.H. conduziu quatro sessões experimentais na A.S.P.R., usando o mesmo projeto básico nas experiências anteriores e incluindo a modificação que levava em conta o “efeito lotação” introduzido na Experiência 3. Assim um número igual de leituras de controle foi intercalado entre as leituras experimentais aleatoriamente. Os co-experimentadores que acompanharam E.H. eram James Merewether, assistente de pesquisa na A.S.P.R., e Nancy Sandow, uma estudante universitária interessada em parapsicologia. Tal qual aconteceu na experiência anterior, E.H. desconhecia a ordem das aparências dos assistentes no local da experiência até ter entrevistado todos eles. A análise dos resultados dessa experiência levou mais de um ano para se completar por causa do longo período em que E. H. esteve longe de Nova Iorque. Durante este período registros duplicados da ordem real dos assistentes nas sessões foram mantidos na A.S.P.R.
Apenas assistentes islandeses participaram das Experiências 4 e 5, apenas assistentes americanos participaram das Experiências 6 e 7. Nas duas sessões islandesas dois de 22 assistentes (11 participantes em cada sessão) fizeram escolhas corretas dos próprios registros, um resultado esperado pelo acaso. Suas escolhas foram divididas igualmente entre registros experimentais e de controle, assim não havia nenhuma evidência do “efeito lotação” que foi sugerido pelos resultados da Experiência 3.
Nas duas sessões americanas apenas 14 dos 19 assistentes que tinham participado puderam ser encontrados para avaliar suas leituras. Nenhum deles reconheceu as leituras que Hafsteinn tinha dado para eles. Assim como no caso dos assistentes islandeses, suas escolhas não apresentaram diferenças significativas entre o registro experimental e o de controle. Em geral, as leituras americanas foram consideravelmente menos específicas do que as leituras islandesas, nas quais nomes completos foram dados com freqüência junto com descrições detalhadas. Contudo, esta possível diferença tem uma explicação psicológica normal, porque Hafsteinn sabia quando os assistentes eram islandeses e quando não eram.
Experimentos 8-11[2]
No outono de 1975, J. G. Pratt (J.G.P.) propôs mais uma série de experiências com Hafsteinn em que o procedimento básico descrito no relatório publicado (Haraldsson e Stevenson, 1974) seria seguido mais uma vez, mas com uma mudança processual que tinha sido recomendada nesse relatório (p. 201): cada assistente permaneceria no local da experiência por um período fixo (sete minutos) mesmo sabendo que Hafsteinn normalmente completava a sua leitura para a maioria dos assistentes em um tempo mais curto. Deste modo, durante o procedimento nenhum assistente poderia obter um indício de qual seria o próprio registro com base na duração de sua leitura em comparação com a de outros assistentes da série.
Apesar do fato de que E.H. já tinha tentado de forma malsucedida (nas Experiências 2-7) duplicar os resultados originais de Haraldsson-Stevenson (1974), tanto ele quanto J.G.P. concordaram que valeria a pena realizar este esforço adicional de confirmação. Durante o mês de maio de 1976, E.H, e J.G.P. fizeram duas experiências (8 e 9) na A.S.P.R., com 10 assistentes em cada sessão dividida igualmente entre americanos e islandeses. Os resultados foram analisados como antes, fazendo com que cada assistente lesse todos os registros e escolhesse o que melhor se encaixava às suas próprias circunstâncias. Um assistente fez uma escolha correta dentre os 10 registros em cada experiência, precisamente o número mais provável de ocorrer pelo acaso. (Já que as leituras de controle não foram significativamente diferençadas das leituras experimentais pelos assistentes nas Experiências 4-7, elas não foram usadas nas Experiências 8-11.) Em duas experiências adicionais (10 e 11) conduzidas por E.H. e J.G.P. em Reykjavik em junho de 1976, um dos 10 assistentes escolheu a própria leitura na primeira experiência, e dois dos 10 assistentes escolheram a própria leitura na segunda, um resultado que, mais uma vez, está dentro do alcance esperado pelo acaso. Vários parentes mais velhos também verificaram os registros quando isto foi possível, e isto sempre foi feito enquanto E.H. ainda estava “cego” sobre a ordem em que o os assistentes tinham participado. Em nenhum exemplo encontrou-se qualquer razão para o assistente mudar a sua escolha original. Assim, as quatro experiências conduzidas durante o período de maio-junho de 1976, não ofereceram quaisquer resultados estatisticamente significativos.
Experimento 12
No inverno de 1976-77, E.H., em colaboração com Magnus Kristjansson, professor de psicologia associado à Universidade da Islândia, conduziu a experiência final com Hafsteinn. O mesmo projeto básico das experiências anteriores foi usado na análise dos registros, mas outra mudança processual que tinha sido recomendada no relatório publicado (Haraldsson e Stevenson, 1974, pp. 201-202) foi introduzida na esperança de reduzir ou quem sabe até de eliminar o “efeito lotação” sobre o qual Hafsteinn tinha se queixado. Em vez de pedir que ele desse suas leituras a todos os assistentes (10 participaram nesta experiência) um após o outro na mesma sessão, ele deu apenas uma leitura por sessão, e assim vários dias (normalmente uma semana) se passavam antes do próximo participante vir para sua sessão. Também foi pedido ao Hafsteinn que tentasse dar leituras mais longas do que as da série anterior.
Depois das primeiras cinco sessões, as leituras foram transcritas, codificadas e selecionadas aleatoriamente, e dadas aos assistentes para que eles lessem todas e escolhessem uma. Somente um assistente identificou a sua própria leitura, o que corresponde ao resultado esperado pelo acaso quando uma seleção ocorre em um grupo de cinco registros. No segundo grupo de cinco assistentes, ninguém selecionou a leitura pretendida para si. Assim, apesar do esforço de evitar o “efeito lotação” espaçando as sessões mais do que no estudo anterior, esta experiência composta por 10 sessões foi malsucedida.
CONCLUSÕES FINAIS
Esta pesquisa não conseguiu encontrar evidências de que as leituras de Hafsteinn contivessem conhecimento paranormal de pessoas mortas ligadas aos assistentes que participaram desta série de experiências. A primeira experiência projetada e executada para testar esta hipótese (Haraldsson e Stevenson, 1974) foi significativa (quatro de 10 assistentes escolheram corretamente os registros pretendidos para eles). No entanto, mais de 100 assistentes que participaram em 11 experiências adicionais e cujos resultados podiam ser avaliados não escolheram o próprio registro num nível mais elevado do que o esperado pelo acaso.
Este fracasso em confirmar os resultados da Experiência 1 pode indicar que as quatro escolhas corretas (onde apenas uma era esperada) nesse estudo foram um desvio estatístico. É possível que o êxito informado na Experiência 1 fosse devido a processos paranormais que foram detectados lá mas não estiveram presente nas experiências subseqüentes. Supondo que esse tenha sido o caso, poder-se-ia especular demoradamente sobre o motivo deste padrão de um êxito inicial ter sido seguido por fracassos repetidos, mas julgamos que não seria útil fazê-lo. Acreditamos que tínhamos uma obrigação, em vista dos três artigos sobre o trabalho com Hafsteinn que foram publicados no Journal, de completar o registro informando o nosso fracasso em confirmar o êxito alcançado na Experiência 1 na pesquisa resumida aqui. Todavia, e em nossa opinião, este resultado não afeta a interpretação da evidência para material paranormal incomum nos dois casos de comunicadores “inesperados” anteriormente informados (Haraldsson e Stevenson, 1975a, 1975b).
Referências
HANNESSON, G. Remarkable phenomena in Iceland. Journal of the American Society for Psychical Research, 1924, 43, 233-272.
HARALDSSON, E., GUDMUNDSDOTTIR, A., RAGNARSSON, A., LOFTSSON, J., and JONSSON, S. National survey of psychical experiences and attitudes towards the paranormal in Iceland. In J. D. Morris, W. G. Roll, and R. L. Morris (Eds.), Research in Parapsychology 1976. Metuchen, N. J.: Scarecrow Press, 1977. Pp. 182-186.
HARALDSSON, E., and STEVENSON, I. An experiment with the Icelandic medium Hafsteinn Bjornsson. Journal of the American Society for Psychical Research, 1974, 68, 192-202.
HARALDSSON, E., and STEVENSON, I. A communicator of the “drop in” type in Iceland: The case of Runolfur Runolfsson. Journal of the American Society for Psychical Research, 1975, 69, 33-59. (a)
HARALDSSON, E., and STEVENSON, I. A communicator of the “drop in” type in Iceland: The case of Gudni Magnusson. Journal of the American Society for Psychical Research, 1975, 69, 245-261. (b)
LARUSDOTTIR, E. Midillinn Hafsteinn Bjornsson. (The Medium Hafsteinn Bjornsson.) Iceland: Nordri, 1946.
LARUSDOTTIR, E. Midillinn Hafsteinn Bjornsson. Onnur bok. (The Medium Hafsteinn Bjornsson. Second book.) Iceland: published by the author, 1952.
LARUSDOTTIR, E. Leitid og ther munid finna. (Seek and You Will Find.) Iceland: Skuggsja, 1965.
LARUSDOTTIR, E. Hvert liggur leidin? (Where Does the Road Lead?) Iceland: Skuggsja, 1970.
THORBERGSSON, J. Lifer ad loknu thessu. (There is Life After This Life.) Iceland: Skuggsja, 1962.
THORBERGSSON, J. Ljos yfir landamaerin. (Light Over the Borders.) Iceland: Skuggsja, 1964.
THORBERGSSON, J. Brottin er broddur daudans. (Broken Is the Thorn of Death.)
Department of Psychology Division of Parapsychology
Referência original: Haraldsson, E., Pratt, J.G. & Kristjansson, M. Further Experiments with the Icelandic Medium Hafsteinn Björnsson. The Journal of the American Society for Psychical Research Vol. 72, October 1978, 339-347.
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Este artigo foi traduzido para o português por Vitor Moura Visoni e revisado por Inwords.
[1] Hafsteinn morreu repentinamente devido a um ataque do coração, com 62 anos, alguns meses após completar o trabalho descrito neste relatório.
[2] Queremos agradecer os fundos de pesquisa da Parapsychology Foundation que tornou estas experiências possíveis. Nós também agradecemos o Dr. Ian Stevenson por suas sugestões úteis.
julho 20th, 2011 às 12:34 AM
Tá, então os mortos se comunicam sem muito esforço através de médiums confiáveis, como é o caso. Fim de papo. É só procurar um médium confiável (raros como diamantes) e pergunta-los o que quiser, pois o defunto vai falar através dele. Ponto final. Brilhante, científico, público e notório.
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Fico com a explicação da mágica de salão: o bom truque é aquele que ninguém descobre como foi feito, mesmo que aparentemente a mágica tenha ocorrido bem na frente das testemunhas. Isso não significa que ela aconteceu. Apenas que não conseguiram explicar.
julho 20th, 2011 às 12:53 AM
Olá pessoal,
Já tive uma conversa rápida com o Vítor.
Estou bem chateado hoje. Ocorreu a morte de um amigo de longa data. Uma morte “estúpida”, se é que existe isto. Foi fazer uma cirurgia de redução de estômago, totalmente desnecessária, na minha opinião. Ocorreu uma complicação e morreu, aos 44 anos, deixando 2 filhos novos e a esposa… Um cara super batalhador. Escrivão da polícia, fazia segurança em vários estabelecimentos aqui de Bragança, pra ganhar uns trocos a mais. Sobreviver né? Divertidíssimo. Uma das imitações perfeitas dele: o Paulo Francis…
Enfim, a vida é isto aí, né?
Sempre tive dificuldade pra lidar com a morte, especialmente em circunstâncias como esta. Penso que todo mundo deveria viver, pelo menos, uns 75 anos. Nascer, ser criança, viver a plenitude da adolescência, amadurecer, ter uma profissão, construir algo… aposentar, curtir um pouco mais da vida, passear, ver os netos, conhecer lugares, refletir sobre tudo que viveu. Aí, quando o corpo já estivesse dando os sinais de desgaste, ir embora… sabe-se lá pra onde???
Mas não é assim, infelizmente!
Apoio as buscas e pesquisas do Vítor, ainda que não concorde com tudo, apoio os verdadeiros espiritualistas… só lamento, esta pedição que existem nas religiões – na hora da dor, o que se deve fazer é OFERECER e não pedir. Tenho nojo de quem faz isto.
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Estive hoje em Jundiaí, pra quem não conhece é uma cidade com 350 mil habitantes. Bragança, tem 150 mil. Eu precisava ir numa agência do Citibank. Pensei em ir a São Paulo, estava até planejando convidar o Caio pra um almoço, mas acabei indo a Jundiaí. Eu, minha mulher, meus dois filhos e uma amiguinha deles. Só faltou o cachorro… hehê!
Depois, passeamos no shopping. Nada de grandioso. Comemos, andamos… minha esposa quis um shorts, meu filho mais velho, um boné; pro mais novo, comprei um livro – ele adora ler. Pra mim, tb comprei dois livros:
“O mundo assombrado pelos demônios” – Carl Sagan, indicação do Caio.
“Guia politicamente incorreto da História do Brasil” – Lenadro Narloch, indicação do Arduin.
E ainda, demos uma lembrancinha pra garota.
Não fosse a morte de meu amigo, estaria tudo perfeito.
Na vida, não precisamos de luxo, não precisamos de passeio caros… foi um belo dia…
Abraços a todos!
julho 20th, 2011 às 1:49 AM
Sinto muito pelo seu amigo, Biasa. Tive uma vizinha que também morreu nessa cirurgia. É realmente muito perigosa. O livro do Sagan é ótimo, e tenho ele no meu Kindle. De vez em quando eu o abro pra ler algo. Minha dica: Compre um Kindle, aprenda a baixar e converter livros e nunca mais gaste dinheiro com leitura. Parece sacanagem com as editoras, e é! Abraços fraternais.
julho 20th, 2011 às 5:33 AM
Vítor, estava indo dormir, minha esposa tem mania de se deitar e deixar a TV ligada. Então, tinha um cara no Jô, falando de cristianismo, achei interessante. Ele tb é da UFRJ, está lançando um livro.
Olha peguei este trecho do site da globo:
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André Leonardo Chevitarese é historiador da UFRJ e consultor das revistas Superinteressante e Galileu. Seu mais recente livro, “Cristianismos. Questões e Debates Metodológicos” comprova, do ponto de vista histórico, que não há como nenhuma denominação religiosa utilizar o Cristianismo como motivo para intolerâncias.
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Seria interessante, tentar um contato com ele tb. Quem sabe ele acrescenta algo nas tuas pesquisas.
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Um abraço!
julho 20th, 2011 às 5:35 AM
Ah! Gilberto, eu sou um analfabeto nestas coisas de internet – foi com vocês que aprendi a colar links (o blog do Vítor é instrutivo!!!) – então, uma hora você me explica este tal de “Kindle”.
Valeu.
Obs.: ainda não sei fazer as carinhas, me ensinem tb.
julho 21st, 2011 às 9:13 PM
Vitor alguma explicativa para essa completa falha do mediun islandês ?
Agora a situação ficou complicada, o primeiro experimento foi verdadeiro ou falso ?
julho 21st, 2011 às 11:59 PM
Eu especulo que ele já estava ficando velhinho, o que enfraqueceria seus poderes…mas é só especulação.
julho 22nd, 2011 às 4:09 PM
Xavier, velhinho, teve seus poderes enfraquecidos, e entao ele virou uma fraude. Talvez seus poderes tivessem enfraquecido na meia-idade. Ou ate mesmo na jovem vida adulta. O mesmo poderia ser dito de Otilia. Mas e so especulacao…
julho 22nd, 2011 às 4:19 PM
Este negócio de perder os poderes, eu não engulo! Deveria ocorrer, exatamente o inverso: quanto mais maduro o médium ficasse, mais capaz ele seria de discernir sobre todas as comunicações. A não ser, é claro, quando já tivesse pra lá de Bagdá.
Eu continuo na minha saga e eterna procura por provas concretas, mas as desculpas que encontro no meio espírita, estão me fazendo crente – crente de que não existe mediunidade, ou pelos menos, que a GRANDE MAIORIA dos médiuns é pura fantasia.
julho 22nd, 2011 às 4:21 PM
Biasetto,
imagina o Michael Jordan jogando basquete aos 60 anos. Você acha que ele teria o mesmo desempenho que aos 30?
julho 22nd, 2011 às 4:21 PM
Vítor,
Passei um recado lá no face: Souto Maior começou a ter suas obras publicadas em 1948. Então, esqueça o que conversamos.
julho 22nd, 2011 às 4:25 PM
E saiba que ele era ateu, mas aderiu ao espiritismo, fazendo elogios à doutrina.
julho 22nd, 2011 às 4:26 PM
Gilberto,
o Chico e a Otília fraudavam desde o início. Basta ver as cartas do Chico da década de 30 que seguem a mesma receita de bolo dos últimos anos de sua vida. Quanto a Otília, as fotos do Nedyr não deixam dúvidas. Nem o Chico, nem a Otília, aceitaram se submeter a condições devidamente controladas. O Hafsteinn nunca foi pego em fraude e aceitou se submeter a todas as condições impostas. A meu ver, ele merece algum crédito por isso.
julho 22nd, 2011 às 4:35 PM
Beleza Vítor, quem sabe alguém se salva, nesta marmelada toda! Aindo tenho esperanças, que não vou virar esterco, apenas.
Porém, como disse o Gilberto, e pelas recomendações de meu amigo Scur, acho que o umbral me espera.
Gilberto, vamos juntos pro tacho!
Falando nisso, vou ver as garotinhas…
julho 22nd, 2011 às 6:08 PM
Marcos Arduin,
Estou terminando de ler o “Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil”. Adorei! Valeu pela sugestão. Muitas coisas comentadas no livro, eu já tinha informações e conhecimentos, mas outras foram-me acrescentadas.
Muito interessante!
Provavelmente, se eu já tivesse lido o livro, teria mudado alguns comentários, naquela crítica que fiz sobre o “Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho”, mas isto não diminuiria o quanto este livro é tosco.
Porém, quem ler o livro do Leandro Narloch, talvez não critique mais o Chico, por ele ter defendido os militares.
Um abraço!
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Vou terminar de ler o livro do Sagan, sugestão do Caio, que também estou adorando.
julho 22nd, 2011 às 8:04 PM
Temos duas hipóteses principais para explicar o acerto acima da casualidade no primeiro teste e os fracassos seguintes:
a) Tendo em vista a grande quantidade de erros sucessivos que começaram no experimento 2, os acertos significativos no experimento 1 são perfeitamente aceitáveis como um “desvio estatístico”. Se eu, durante 5 anos consecutivos, jogar xadrez todos os domingos contra o Garry Kasparov é possível que, uma vez ou outra, eu acabe ganhando, mesmo eu não sendo grande coisa em xadrez;
b) Hafsteinn era realmente um médium, possuía poderes do arco da velha, vivia entrando em contato com os mortos, mas, misteriosamente, os espíritos se atrapalharam nos diversos testes seguintes ao primeiro, e, devido ao “efeito lotação”, as comunicações assertivas tornaram-se inviáveis. Espíritos zombeteiros também podem ser usados como desculpa, afinal eles podem ter atrapalhado o pobre Hafsteinn com o objetivo de “desacreditar” as correntes espiritualistas do bem em todo o mundo.
É só escolher… 🙂
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Com as evidências que temos hoje, é impossível não concluir que, quando a atividade cerebral desaparece, o nosso “eu” desaparece também. Nada mais que um merecido descanso, depois de décadas errando por aí… Querer mais do que isso, no meu entendimento, é egoísmo.
julho 23rd, 2011 às 5:20 PM
Amy Jade Winehouse morreu, provavelmente de overdose… ou consequência de tantos abusos de álcool e drogas.
Cantora maravilhosa, caiu nas garras da dependência química e foi se destruindo aos poucos, ou rapidamente.
Doente, morreu jovem.
Pela lógica espírita-xaveriana-católica, aprovada por meu amigo Scur, vai ganhar décadas de umbral.
Esta é a justiça divina!
julho 23rd, 2011 às 5:32 PM
Vamos rezar bastante, quem sabe o Clarêncio traz ela pra Nosso Lar!
Ou talvez, muitos católicos e evangélicos nem tenham vontade de rezar por ela, talvez achem que ela merece o inferno mesmo…
julho 23rd, 2011 às 7:54 PM
Esse caso ira permanecer na eterna duvida. Nao tem solucao, a melhor coisa a faze-lo e esquece-lo
Vitor eu achei um site onde se diz que estao realizando pesquisas atuais sobre vida pos morte, mas eles nao mostram os resultados delas.
Posto o site para vc dar uma olhada e se souber como adquirir os resultados da pesquisa eu agradeceria se me contasse. La eles mostram que ja fizeram inumeras pesquisas relacionadas ao assunto, algumas bastante interessantes
julho 23rd, 2011 às 9:55 PM
“Esse caso ira permanecer na eterna duvida”
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Irá permanecer na eterna dúvida pra quem quer.
julho 23rd, 2011 às 9:56 PM
Melhor: pra quem quiser**
Haha…
julho 24th, 2011 às 7:11 AM
Amy Winehouse: Um velho didato diz: “Uma chama que brilha com o dobro de intensidade se apaga na metade do tempo.” Acho que como ela brilhou com o triplo da intensidade, ela viveu um terço do tempo!!!! Este mundo não foi feito para pessoas talentosas como ela. Ela não se adequava a ele. E vivia fugindo dele. Talvez em outro mundo ela vivesse mais… Não temos tolerância suficiente para entender e acolher uma alma atormentada, doída, antiga, mesmo tendo apenas 27 anos, como a dela. Fica pra próxima vida. Ou prum próximo mundo.
julho 24th, 2011 às 3:47 PM
Gilberto,
Gostei de tudo que você disse.
Talvez, as pessoas não tenham entendido o que eu quis dizer (tb comentei no face). É óbvio que ela abuso de tudo, é óbvio que a tragédia estava escrita. Porém, o que me irrita, é que aparecem comentários dizendo que ela não seguiu os “ensinamentos religiosos”, que ela se deixou levar pelas “trevas”, coisas assim… Uns escreveram, que “cada um colhe o que planta”… Aqui próximo a Bragança, na rodovia D. Pedro, há dois dias, um caminhão atravessou o canteiro e foi tombar em cima de um ponto de ônibus, matando 4 pessoas, inclusive 2 crianças – o que será que elas tinham plantado?
Boa semana a todos, minhas férias já eram, é hora de trabalhar. Mas, valeu!
julho 24th, 2011 às 5:23 PM
Aqui esta o site:
http://www.windbridge.org/
Se alguem souber informações dessas pesquisas seria interessante em compartilhar conosco
julho 24th, 2011 às 9:10 PM
E aí Vitão!!! Gostei da brincadeira que tu fez lá no face. Gostei do comentário, tb.
Agora, sabe aquele cara lá, que por tua intervenção, fiquei amigo dele, o cara lá do pgdelanne, ele só fala de igreja, de Jesus e… putz grili!!! que cara chato…
julho 24th, 2011 às 9:12 PM
Gil, vou plagiar o teu comentário e colocar no face. Pelo menos, avisei que estou plagiando.
Um abraço!
julho 26th, 2011 às 4:54 PM
Vitor vc conhece essa medium debra martin
julho 26th, 2011 às 5:05 PM
Oi, Rafael
nunca ouvi falar.
julho 27th, 2011 às 6:22 PM
Depois de muito tempo, boa tarde a todos.
Li uma pesquisa de cientistas portugueses de renome. Pesquisa esta que não tem qualquer cunho místico, os mesmo tratam a questão sob um aspecto essencialmente normal, que diz respeito a possibilidade de alguns cegos durante o sono terem percepções visuais. Abaixo segue o site da pesquisa, e uma explicação resumida colhida num site português.
“Um grupo de investigadores portugueses do Laboratório do Sono, do Hospital de Santa Maria, em Lisboa, descobriu que, afinal, os cegos de nascença também sonham com imagens, de paisagens, pessoas ou casas. A descoberta põe causa um dado adquirido da comunidade cientifica, que punha de parte a hipótese de os sonhos dos cegos, que nunca tiveram acesso a imagens, terem uma componente visual.
A investigação começou em 1998, quando o investigador Heldér Bértolo propôs à neurologista Teresa Paiva, que dirige o Laboratório do Sono no Hospital de Santa Maria, estudar os sonhos dos cegos congénitos para descobrir se os cegos sonham com imagens. Até essa altura era um dado adquirido que os sonhos dos cegos congénitos, aqueles que nunca tiveram acesso a imagens, não incluíam uma componente visual, mas este investigador achou que era altura de aprofundar os poucos estudos existentes na matéria.
Durante quatro anos uma equipa exclusivamente portuguesa composta pelos investigadores Hélder Bértolo, Teresa Paiva, Lara Pessoa, Tiago Mestre, Raquel Marques e Rosa Santos estudaram os relatos oníricos dos cegos tentando compreender as diferenças e as semelhanças entre os sonhos dos cegos e dos visuais. Nesses relatos os cegos descreviam cenas, movimentos, paisagens e inclusivamente falavam de cor, contradizendo os outros estudos publicados sobre o assunto. Estes estudos afirmavam que os cegos apenas sonhavam com estados emocionais e com sensações tácteis e auditivas.
A equipa portuguesa decidiu então avançar com uma experiência inédita que comparasse os conteúdos dos sonhos com os sinais cerebrais, para obter garantias de que o discurso dos cegos sobre o sonho era produto da activação do córtex visual e não a reprodução de um discurso que tinham apreendido.
À descoberta das imagens
A experiência foi efectuada em dois grupos de dez pessoas, visuais e invisuais, que foram submetidas, durante duas noites, a estudos poligráficos, tendo-se verificado através de electroencefalogramas que durante o sonho o córtex visual é activado nos cegos congénitos. O processo é explicado por Hélder Bértolo, “o que nós verificamos é que quando o conteúdo onírico tinha um alto conteúdo visual o alfa desaparecia ( uma zona cerebral que é inibida pela visualização) e isto acontecia tanto nos cegos como nos visuais, isto é sinal de que o que eles estavam a fazer não era simplesmente reproduzir um discurso”. Acrescentou ainda, “o que nós estamos a verificar é que é possível eles terem uma percepção visual sem experiência visual”.
Esta descoberta provou em termos fisiológicos que os cegos sonham com imagens. E que imagens são essas? A equipa pediu aos dois grupos voluntários, objecto de estudo, para desenharem o conteúdo dos sonhos e o resultado foi semelhante : casas, barcos, pessoas, paisagens povoam o imaginário onírico dos cegos e dos visuais. A comparação dos desenhos permitiu, à equipa de investigação, ver que a realidade representada não só é a mesma, como os desenhos são muito semelhantes.
Neste momento a equipa portuguesa está a profundar o estudo, para descobrir uma explicação para essas imagens. Hélder Bértolo avança, para já, duas hipóteses : “ uma será a de eles(cegos) integrarem informação sensorial que recolhem através dos outros sentidos”, o que lhes permitiria construir conceitos visuais; “ outra hipótese é a de existir um banco virtual de imagens que é geneticamente transmitido”. Neste caso pressupõe-se que toda a gente teria acesso a um certo número de imagens básicas.
Nenhuma destas hipóteses está comprovada, mas a equipa está a diversificar a pesquisa e aprofundá-la também nesse campo, em busca de respostas que justifiquem as imagens que povoam os sonhos dos cegos.
O sucesso da investigação levou a equipa a desenvolver outros estudos, como um projecto inédito que vão iniciar em Fevereiro com surdos. O método é o mesmo que foi utilizado com os cegos e para isso vão ser constituídas duas equipas, uma de surdos e outra composta por aqueles que foram operados e dispõem de uma prótese auditiva . O objectivo é avaliar como é que sonham os surdos, para descobrir se eles têm sensações auditivas durante os sonhos. Este estudo vai ser feito pelo mesmo grupo e sobre a direcção de Teresa Paiva, directora do laboratório do Sono do Hospital de Santa Maria e em colaboração como Prof. Mário André, da Faculdade de Medicina.”
http://deficienciavisual.com.sapo.pt/txt-conteudo_visual_sonhos_de_cegos.htm
É isto, um abraço a todos.
julho 27th, 2011 às 9:02 PM
Grande Juliano!
Muito legal! Interessante.
Hoje, por coincidência, eu estava lendo uma revista IstoÉ, onde a principal matéria era sobre “premonições”.
Achei o artigo bastante interessante. Várias pessoas falaram de sonhos, que se concretizaram. Isto me fez lembrar de dois sonhos incríveis que eu tive, já mencionados aqui no blog.
O cientista que desenvolveu os estudos, acredita que as pessoas, nós todos, temos a capacidade pra prever acontecimentos futuros. Só que, na opinião deles, esta percepção passa despercebida pra muitas pessoas e, certas pessoas, têm mais facilidade pra realizar tais proezas.
Ainda há muito o que se investigar, sem dúvida alguma.
No caso dos cegos, citados na matéria acima, não se mencionou a hipótese, de vidas passadas. Talvez, seja uma possibilidade, também.
Abraços a todos.
julho 28th, 2011 às 3:13 PM
Percebam que o pesquisador teve o bom senso de, ao construir hipóteses que expliquem o que foi descoberto, não apelar para nada fantasioso. Não tenho conhecimentos técnicos, mas, como palpite, eu apostaria principalmente na alternativa 1. Acho que sobretudo pelo tato eles, os cegos congênitos, conseguem formar mentalmente algumas imagens… Se você mencionar esse estudo em algum centro espírita aqui no Brasil, os religiosos vão dizer que, durante o sono, a alma sai do corpo e, ao voltar, carrega as imagens, etc., blá, blá, blá…
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Valeu, Juliano. Bem interessante. Vou ler depois, com mais calma.
julho 29th, 2011 às 8:20 PM
Biasa, não se esqueça que os editores de Isto É são espíritas e sempre publicam de 2 a 3 capas anuais sobre esses assuntos, sempre dando um “ar” científico e de “jornalismo sério”. Estilo manjadíssimo, parte da propaganda pró-espirita.
julho 30th, 2011 às 1:11 AM
Valeu, Gilberto!
Tudo beleza?
julho 30th, 2011 às 2:30 AM
http://www.youtube.com/watch?v=6Afe8kg2Q6c
julho 31st, 2011 às 12:10 AM
Pessoal,
Que coisa incrível, como este mundo é pequeno. Há algum tempo atrás, eu contatei o mrh – chegamos a trocar emails, nos adicionamos no facebook… Como ele trabalha em uma cidade a mais de 100 km aqui de Bragança, achei que ele fosse desta cidade.
Ontem descobri que ele só trabalha nesta cidade – e o mais incrível: ele mora aqui em Bragança Paulista. Estivemos juntos esta tarde. Conheci a esposa dele, o filhão. Depois, fui buscar minha esposa e meu filho mais novo, na missa (são católicos), apresentei minha esposa e meu filho a eles. Trocamos ideais – algo inacreditável. Ele tem dois artigos publicados aqui no blog, eu não sabia que eram deles: um é a respeito da obra de Marilusa – Inconfidências de um inconfidente. O outro, não estou lembrando agora. Falamos sobre o Chico. O Márcio, não tem dúvida alguma, que ele foi um tremendo copiador. Obviamente, acabamos falando do Scur. Eu disse a ele que quando o Scur voltar à minha casa, vou chamá-lo. Ele ficou meio preocupado…
Scur, a turma pensa que você é bravo, encrenqueiro – esta é a imagem que você criou aqui. Eu digo que você é um cara finíssimo e divertido – teu problema, teu grande problema, continua sendo a crença de que o Chico psicografou.
Enfim, é isto aí meus amigos – O mrh (Márcio Rodrigues Horta) é meu “vizinho”. Que legal!
Abraços a todos.
julho 31st, 2011 às 4:11 AM
Artigos do Márcio, neste blog:
http://obraspsicografadas.haaan.com/2010/razo-f/
e
http://obraspsicografadas.haaan.com/2007/marilusa-moreira-de-vasconcellos-e-o-livro-confidncias-de-um-inconfidente/
novembro 12th, 2011 às 7:03 PM
Vitor sugiro vc dar uma olhada nessa medium debra martin da qual falei aqui. Ela é muita boa mesma. Ando estudando as informações que achei na internet sobre ela, e tudo que ela fez sempre tem algo de sobrenatural que é atestado pela imprensa ou pelos investigadores