Mediunidade, Psicodinâmica e PES: O Caso de Cristina
O caso diz respeito a uma mulher que exibiu diversos fenômenos tidos como paranormais diante do autor sênior do artigo, André Percia. Percia gentilmente autorizou a publicação de seu estudo para este blog.
MEDIUNIDADE, PSICODINÂMICA E PES: O CASO DE CRISTINA
por ANDRE PERCIA DE CARVALHO e CLAUDIA ESCORIO G. DO AMARAL
RESUMO
Nós acreditamos que fatores psicológicos, sociais e culturais em uma médium chamada ‘Cristina’ poderiam esclarecer seus fenômenos psi. Um estudo de seu caso revelou a existência de conflitos não resolvidos da infância, os quais parecem ser relembrados quando ela se depara com um ambiente ameaçador. Esta situação pode ter provocado um rompimento da estrutura da personalidade de Cristina. Observou-se uso de diversos mecanismos de defesa para melhorar esta situação, alguns deles sendo apoiados por crenças culturais e religiosas. Estas defesas, no entanto, não eram fortes o suficiente para proteger Cristina desta situação ameaçadora. Nesse momento, psi parece emergir buscando fornecer informações paranormais de modo a sustentar sua crença cultural e religiosa e permitir que os seus mecanismos de defesa sustentassem um pseudo-equilíbrio que evitasse o rompimento completo de sua personalidade. Ao final ocorreu o desenvolvimento do que os autores denominaram um ‘Mecanismo de Defesa Paranormal’ concomitante à ‘Neurose Psi’. Nossos estudos parecem apoiar a hipótese PMIR de Stanford (Resposta Instrumental Mediada por Psi) de interações psi necessárias ou relevantes bem como reforçar resultados experimentais em psi sobre estados alterados de consciência e sobre a importância da crença para a sua ocorrência.
Em termos simples, a mediunidade pode ser definida como a alegada capacidade de uma pessoa viva de estabelecer uma comunicação com uma ou mais pessoas falecidas (isto é, ‘espíritos’). Há a crença entre os espiritualistas de que esta capacidade permite a um médium se tornar ciente de uma informação a qual ele ou ela não poderia saber por meios normais, assumindo que os espíritos envolvidos tinham acesso a essa informação.
O desenvolvimento da fisiologia, da psicologia e da parapsicologia colocou em xeque estas suposições espiritualistas ao fornecer explanações alternativas. Primeiramente, todos os processos ordinários, por exemplo, a percepção subliminal, a criptomnésia, devem ser eliminados, embora não seja fácil eliminá-los em se tratando de casos espontâneos. Segundo, mesmo que nós possamos eliminar todos os processos normais possíveis ainda existem diversas explanações alternativas a respeito de como a informação poderia ter sido obtida e espíritos é somente uma delas.
A médium a quem nós estamos chamando de ‘Cristina’ parecia apresentar ocorrências espontâneas ostensivas de psi, que foram observadas sob circunstâncias não controladas. Apesar disso, os vários fatores psicológicos, sociais e culturais que pareceram operar neste caso poderiam ser testados em situações experimentais futuras ou durante a investigação de casos espontâneos. O autor sênior (APC) descreveu a situação de vida de Cristina, bem como as suas aparentes ocorrências de psi. A autora júnior (CEA) conduziu as entrevistas clínicas e os testes psicológicos (depois dos quais ela não teve mais nenhum contato com Cristina). Ambos os autores desenvolveram as interpretações dos testes e as considerações teóricas.
CRISTINA
Na época em que eu (APC) escrevi originalmente este artigo (Carvalho, 1991) Cristina tinha 43 anos. Eu a conheço e à sua família desde a minha infância, e naquela época testemunhei diversos fenômenos ostensivos de PES em sua presença. Embora Cristina fosse tradicionalmente católica, tanto a sua mãe quanto a sua avó eram médiuns, embora nunca tenham pertencido a um grupo espiritualista. A mediunidade delas começou espontaneamente e, com o passar dos anos, relataram muitas experiências de PES espontâneas. Tanto Cristina quanto sua mãe me disseram que costumavam se comunicar com os espíritos quando havia alguns problemas na família, quando um amigo estava em dificuldades ou quando algum incidente da vida era de crucial importância para as três.
Quando os ‘espíritos’ estavam pretensamente se comunicando, as três médiuns alegavam entrar em um estado alterado de consciência, quando os seus corpos começavam a produzir movimentos involuntários tais como movimentos rápidos dos olhos. Era então que manifestavam algumas elocuções e maneirismos pessoais dos espíritos. Eu (APC) tive oportunidade de observar este processo diversas vezes. Cristina, quando possuída por um espírito, costumava agitar-se tão violentamente que caía freqüentemente no chão.
Desde que ela era muito jovem, atribuía-se a Cristina várias ocorrências de PES espontâneas, que a permitiam ter acesso a informações por meios não-ordinários. A maioria delas envolvia seus filhos, marido e membros da família com quem ela tinha um vínculo emocional.
Por volta dos 38 anos, Cristina se encontrou com diversas pessoas de grupos afro-brasileiros (Candomblé, Umbanda), que lhe disseram que podiam observar diversos espíritos em torno dela e que estes espíritos queriam se comunicar com ela e com sua família. Nós devemos lembrar que, quando o Brasil era uma colônia de Portugal, os portugueses trouxeram milhões de africanos para trabalhar como escravos. Estes escravos mantiveram suas crenças nos espíritos e disseminaram mais tarde estas idéias uma vez que a escravidão foi abolida. Assim, o Candomblé retém muito dos rituais e das crenças africanas; a Umbanda é um movimento dissidente.
Os médiuns de ambos os grupos alegam ser possuídos por uma variedade de espíritos e quando tal processo ocorre geralmente assumem as características e os comportamentos alegados daqueles espíritos. Uma vez que Cristina tinha identificado os seus próprios espíritos-guia, ela os invocava com freqüência para ajudá-la, e de acordo com seu sistema de crença eles podiam fornecer informações detalhadas sobre determinados incidentes de vida, alguns dos quais ela não tinham nenhum conhecimento precedente.
Agora descreverei diversas ocorrências que testemunhei pessoalmente.
Evento 1
Em uma tarde de 1987, Carlos, um amigo meu, convidou a mim e a Cristina para uma sessão espírita. Quando nós chegamos ao apartamento onde o evento deveria ocorrer, percebi que não conhecíamos nenhuma das outras pessoas presentes. Antes da sessão, Cristina, que estava sentada ao meu lado, disse-me que um de suas guias espirituais (uma cigana) estava tentando se comunicar, e ela começou a exibir um comportamento tal como tremores corporais e movimentos das pálpebras. De repente, Cristina se levantou, andou pela sala de estar e sentou-se ao lado de um homem, Renato, que tinha aproximadamente 50 anos de idade. Ele era um amigo da família que possuía o apartamento mas era um estranho para Cristina e para mim. Cristina começou a fornecer informações detalhadas sobre a vida dele as quais depois ele confirmou serem corretas, por exemplo:
1. Uma descrição detalhada da esposa de Renato, a quem Cristina descreveu como uma mulher atarracada, com uma maneira muito agressiva de lidar com as pessoas, e que freqüentemente caía doente na cama.
2. Que Renato tinha um filho de 13 anos de idade, a quem ela via como exibindo um comportamento problemático, incluindo o uso de maconha e cocaína. Estes detalhes foram confirmados por Renato.
3. Cristina ‘viu’ Renato se submeter a uma cirurgia do coração. Ela disse que isto tinha ocorrido uns 18 meses antes e, depois, ele nos mostrou as cicatrizes.
4. Cristina descreveu uma mulher de meia idade com cabelo preto e disse que ela era a amante de Renato. Ela viu esta mulher freqüentar os rituais da Umbanda destinados a causar dano à esposa de Renato. Outra vez, Renato confirmou a exatidão do relato.
É importante enfatizar que Renato nada sabia sobre a mediunidade de Cristina. Desde o momento em que chegamos, ele estava sentado isolado de todos os demais e não disse nada além de “Olá, fico feliz em conhecê-los” quando nos foi apresentado. Durante as declarações de Cristina sobre a sua vida, ele manteve-se em silêncio, olhando fixamente para ela, e parecia intrigado. Alguns dias mais tarde, Renato me ligou. Ele estava impressionado com a detalhada descrição de Cristina de sua vida particular e me perguntou se eu poderia pô-lo em contato com ela. Ele queria remunerar-lhe os serviços com dólares americanos, esperando que mais detalhes surgissem. Eu agiria como intermediário, mas antes de dar-lhe o número de Cristina liguei para ela. Ela recusou, dizendo que não queria se transformar em uma “psíquica profissional”.
A informação fornecida por Cristina e confirmada por Renato obteve confirmação adicional por Carlos, que visitou o lar de Renato diversas vezes após a sessão em que Cristina e Renato se encontraram pela primeira vez. Durante uma entrevista, Cristina me disse que antes que ela começasse a falar nesse dia, ela sentiu que Renato necessitava de ajuda.
Evento 2
Em junho de 1991 eu passei um mês na Europa. Durante o assim chamado ‘Dia de Portugal’ (um feriado nacional), meu grupo decidiu visitar vários locais perto de Lisboa. Havia quatro de nós: dois amigos portugueses, o filho de Cristina (que também compareceu à conferência) e eu mesmo. Não seguimos nenhuma rota específica, mas visitamos primeiramente um bonito parque verde no distrito de Sintra. Lá observamos algumas crianças brincando em um grande jardim e passamos diversos minutos falando sobre uma planta que se assemelhava a uma galinha ou a um pássaro. Logo após isso fomos ao Cabo da Roca (o ponto mais a ocidente da Europa Continental), onde decidimos comprar alguns presentes para as nossas famílias. Naquela noite, o filho de Cristina e eu decidimos ligar para casa como era nosso costume pelo menos uma vez por semana.
Minha mãe me disse que Cristina visitou-a nesse dia. Subitamente, um dos guias espirituais de Cristina, uma menininha chamada ‘Mariazinha da Praia’ emergiu e disse que seus filhos estavam em um lindo jardim com alguns amigos olhando para um pássaro bonito e que falavam sobre ele. De acordo com a minha mãe, Cristina permaneceu nesse estado por mais de uma hora e meia falando sobre outras coisas e então, de repente, ela disse: “Seu filho está agora em algum outro lugar. Há água . . . um grande mar . . . oh, ele está comprando alguns presentes para você!” É importante dizer que as nossas famílias nunca tinham visitado Portugal, e elas não sabiam sobre o feriado nacional ou os nossos planos para o feriado, planos estes que sequer haviam sido mencionados quando saímos de Lisboa. Nós quatro tínhamos permanecido juntos.
Evento 3
Em um domingo de maio de 1988, eu estava em casa com os meus pais quando Cristina veio para uma visita. Cerca de uma hora e meia após a sua chegada, Cristina inesperadamente interrompeu a agradável conversa que vínhamos tendo e se levantou. Ela começou a apresentar uma tremulação intensa das pálpebras, seus batimentos cardíacos se aceleraram e seu corpo tremia. Então ela voltou-se para mim e disse: “André, eu sinto que alguém está muito nervoso e que está pensando muito em você. Essa pessoa necessita de sua ajuda.” Cristina aos poucos se acalmou e voltamos ao tema da conversa de antes. Uns vinte minutos mais tarde, uma amiga minha ligou. Ela estava muito chateada porque o seu jovem filho tinha acabado de sofrer um acidente e estava prestes a se submeter a uma operação cirúrgica complicada. Como o pai do menino estava em uma viagem de negócios, ela achou que a minha família poderia lhe dar algum apoio. Preciso dizer que Cristina jamais tinha se encontrado esta minha amiga.
Evento 4
Em um sábado de junho de 1988, eu estava na casa de Cristina tendo uma conversa com o seu filho. Ela estava dormindo em sua poltrona na sala de estar. Subitamente ouvimos o ritmo de sua respiração mudar e, quando nos aproximamos dela para observar, vimos que ela estava com os olhos fechados e pressionava as mãos de encontro ao peito, como se sentisse uma forte dor no coração. O marido de Cristina chegou e pensou que Cristina tinha tido um ataque cardíaco. Uns trinta minutos mais tarde, o telefone tocou e fomos informados que o tio de Cristina havia acabado de morrer de um ataque do coração. Ela era muito chegada a ele, embora este tio vivesse em outra cidade. Como um amigo da família de Cristina, fui com eles na viagem até o funeral. Assim que nos encontramos com a tia de Cristina, ela explicou como o seu marido tinha morrido. Primeiro ele havia começado a respirar de uma forma irregular, e então sentiu uma forte dor no coração.
ESTUDO PSICOLÓGICO DO CASO
Uma vez que decidimos explorar como os possíveis processos de psi podiam formar a uma parte dos eventos da vida de Cristina, suspeitamos que uma única série de psicodinâmicas poderia estar operando. Assim resolvemos:
1. Entrevistar a mãe de Cristina.
2. Administrar o teste dos Borrões de Rorschach e o teste CAP (Casa-Árvore-Pessoa).
3. Realizar observações no lar de Cristina.
4. Formular um diagnóstico psicológico.
5. Formular uma hipótese psicodinâmica quanto às pretensas ocorrências de psi.
6. Dar a Cristina o feedback relevante.
Todas as entrevistas psicológicas foram conduzidas em nosso Instituto de Parapsicologia e Clínica Psicológica, ‘Com Ciência’. Os testes de Rorschach e CAP foram devidamente corrigidos de acordo com os padrões internacionais.
Um de nós (CEA) escreveu um relatório formal em que se afirma que a pessoa examinada era uma mulher de 44 anos pertencente à classe média alta brasileira. Ela era casada com um homem de 48 anos e tinham um apartamento, um carro e duas crianças: um filho de 22 anos e uma filha de 20. Ela trabalhava meio expediente como uma professora de aeróbica em uma popular estação de saúde na cidade.
Anamnese (História Passada)
De acordo com a mãe, Cristina nasceu de parto normal sem complicações; ela foi a segunda de seis crianças, tendo elas a seguinte idade na época do estudo: um irmão mais velho de 47 anos, a própria Cristina com 44, um irmão com 40, outro irmão com 37, uma irmã de 34 e a irmã caçula com 32. A lactação veio devidamente após o nascimento de Cristina. Ela aceitava o peito facilmente e foi amamentada até os 3 meses, quando sua mãe decidiu que ela já era velha o bastante para ser desmamada. Ela nunca foi relutante em tentar novas variedades de alimento.
O desenvolvimento das habilidades motoras de Cristina pode ser considerado normal. Embora ela exibisse micção noturna até os 12 anos, os seus pais não prestaram muita atenção nisso porque nunca acharam que fosse um comportamento anormal. Durante a infância Cristina contraiu rubéola, tendo ficado míope embora raramente usasse óculos.
A mãe de Cristina disse que ela se dava bem com seus irmãos e irmãs. Quando criança ela era bem atrevida porque vivia cercada principalmente pelos irmãos.
Cristina teve um relacionamento muito próximo com o pai. Ele era um tanto autoritário e usava de força física para impor os seus desejos. Cristina chorava muito quando era punida por ele, mas chorava também se fosse punida por sua mãe. Seu pai a protegia mesmo depois de ela ter-se casado. Cristina tem um bom relacionamento com a mãe, a quem ela considera uma pessoa calma e paciente.
Com 20 anos, Cristina casou-se com um homem de 24. Ela ficou grávida quatro vezes, sendo duas mal sucedidas. Ela sofreu um aborto depois que a primeira criança nasceu e estava com rubéola durante a quarta gravidez, sofrendo um aborto.
Ao longo dos anos, Cristina submeteu-se diversas vezes a cirurgias, por exemplo, de apendicite, laqueadura, cirurgia no peito para a remoção de cistos e cirurgia plástica em seus peitos, rosto e nariz.
Os pais de Cristina estavam sempre por perto durante a sua vida de casada. O pai interferia às vezes nas discordâncias do casal, ficando freqüentemente do lado de Cristina. Os pais também se empenhavam em satisfazer todos os desejos dos seus netos. Quando ela contava 38 anos, seu pai morreu e esta foi uma grande perda para ela, já que eles eram muito próximos. Foi então que ela começou a exibir um comportamento depressivo e sintomas psicossomáticos, incluindo os cistos em seus peitos, apatia e febres. Ela sonhou com ele freqüentemente por quase um ano. Em um de seus sonhos, seu pai lhe disse que queria levá-la para o seu mundo, mas no sonho ela respondeu que precisava viver a sua própria vida. Depois ela começou a superar sua depressão, embora mesmo agora ela ache difícil viver sem o seu auxílio.
Ainda que Cristina descrevesse o seu relacionamento com o marido como “bom”, uma certa dificuldade em mostrar afeição mútua foi observada em sua vida diária.
Como mãe, Cristina disse que superprotegia os seus filhos como se eles fossem ainda muito jovens, tentando manipulá-los de modo que fizessem o que quer que ela acreditasse que fosse o melhor. Este comportamento é especialmente visível em seu relacionamento com o seu filho, embora Cristina seja ciente sobre a independência deles.
Na época em que este estudo foi conduzido, Cristina fumava muito e fazia uso de pílulas para dormir e para emagrecer regularmente.
A maioria dos amigos de Cristina se compõe dos assim chamados psíquicos profissionais ou de pessoas que acreditam no espiritualismo. Embora às vezes se comporte como uma médium, Cristina diz que não pertence a nenhuma religião e que simplesmente acredita em Deus. Apesar disso, Cristina comparece a diversos rituais religiosos, por exemplo missas católico-romanas e rituais afro-brasileiros. Ela freqüenta psíquicos profissionais regularmente, embora expresse uma forte preferência pelas religiões afro-brasileiras. Ela se sente motivada a se engajar em práticas religiosas quando acredita que os filhos ou o seu marido estão passando por problemas. Ela geralmente começa investigando o que parece estar acontecendo em suas vidas, ou por si própria ou com a ajuda de psíquicos profissionais. Ela desenvolveu o seu próprio código para a interpretação das cartas de um baralho comum, o qual ela usa para fins de adivinhação. Ela também aprendeu a interpretar as ‘cartas ciganas’, usando-as para obter informações sobre as pessoas que lhe são próximas e sobre situações importantes.
Quanto mais Cristina acredita que pode obter informações precisas desta forma, mais calma e mais auto-confiante ela se torna. Todas estas práticas ajudam a diminuir sua ansiedade e a aumentar a sua crença de que pode controlar e manipular o seu ambiente. Parece que seu status como uma médium excepcional é um modo pelo qual Cristina interage positivamente com a sua família e com o seu ambiente social, já que os seus conselhos são muito respeitados. Nós (APC e CEA) observamos freqüentemente as situações em que uma pessoa cética questionou as suas habilidades. Quando Cristina acha necessário responder, ela tenta fornecer informações detalhadas sobre a vida e o futuro dessa pessoa. Cristina acredita também que pode curar as pessoas usando suas ‘energias psíquicas’.
As práticas afro-brasileiras de Cristina estão muito distantes de sua formação católica. Entretanto, quando ela acredita que as suas habilidades psíquicas não são suficientes para resolver os seus próprios problemas, ela vai a rituais católicos. Este padrão de comportamento onde se busca conforto na Igreja Católica é algo que foi passado de geração a geração desde a sua bisavó.
Resultados do teste de Rorschach (por CEA)
[abreviado – Editor]
Cristina apresenta uma personalidade introspectiva, rica em fantasias que são vivenciadas estando ela desligada do mundo exterior. Ela demonstra uma tendência para voltar-se ao pensamento abstrato sob pressão e a ser concisa em suas afirmações. Ela também possui uma tendência a fazer generalizações, focando mais no contexto geral do que em detalhes. Seu potencial criativo é maior do que ela foi capaz de efetuar com realizações concretas. Falta-lhe concentração, o que resulta em um torpor associativo. Ela usa suas fantasias como um mecanismo de defesa que funciona como um contrapeso. Pode-se observar também alguns traços de histeria. Ela é sensível à autoridade e a figuras protetoras.
Resultados do Teste Casa, Árvore, Pessoa (por CEA)
[abreviado – Editor]
Ela tem dificuldade em lidar com a realidade externa e pode se comunicar socialmente somente de uma forma superficial. Ela é intencionalmente instável. Observou-se uma vida instintiva forte, bem como uma dificuldade em manter e equilibrar estes impulsos. Os impulsos são transferidos para o interior de fantasias intensas e por vezes dominarão o seu comportamento. A energia é voltada para manter os seus mecanismos de defesa operando. Alguns potenciais problemas psicossomáticos, tais como aqueles que resultam de forte ansiedade, foram observados, embora não afetassem a estrutura de seu ego ou de sua adaptatividade. Ela se identifica com o papel da mulher convencional. Há alguns impulsos sexuais e corporais fortes e um desejo de mostrar o seu próprio corpo. Ela demonstra certa dificuldade em lidar com a figura masculina e emprega mecanismos de defesa como a manipulação e a sedução.
Hipótese Psicodinâmica
[abreviado – Editor]
Os resultados dos testes confirmaram um padrão comportamental que nós já havíamos observado: Cristina tem pouca habilidade para lidar com frustrações; e isto foi reforçado pelo comportamento permissivo de seu pai, fazendo que cada desejo dela virasse realidade e protegendo-a de todas as formas possíveis de situações difíceis, tais como mortes e acidentes. Nós observamos que Cristina tende a reagir fortemente sempre que os eventos não se sucedem como ela tinha planejado ou desejado.
Nossa hipótese de trabalho começou no momento em que começamos a considerar a sua forte necessidade de evitar situações em que a estrutura de sua personalidade poderia se fragmentar. Ela faz isto ao focar em fatores externos para protegê-la, mas isso acarreta uma estagnação que danifica o seu desenvolvimento psicológico, impedindo uma confrontação direta com os acontecimentos pertinentes.
Nós acreditamos que as acuradas informações adquiridas por suas habilidades mediúnicas e psíquicas desempenhem um papel essencial no processo, ao reforçar seus mecanismos de defesa e ao ajudar a manter um pseudo-equilíbrio que dá coerência às suas atividades. Sendo capaz de profetizar eventos, Cristina tende a controlar o curso de sua vida atual bem como as principais ações da vida de seus familiares.
DISCUSSÃO
Apenas o uso de mecanismos de defesa, alguns dos quais apoiados por fatores culturais e religiosos, não é suficiente para impedir o ocasional rompimento da personalidade. Um exemplo: Cristina acredita que os seus ‘guias espirituais’ possam ajudá-la a superar as suas limitações. Esta opinião é reforçada pela negação de sua incapacidade em assumir o controle total de seu ambiente. Como mencionamos antes, quando forçada a enfrentar situações desagradáveis ou frustrantes, Cristina fica chateada e depressiva e desenvolve ocasionalmente sintomas psicossomáticos.
Neste momento, acreditamos que poderiam emergir os presumidos fenômenos psíquicos, fornecendo feedback que reforça as suas crenças pessoais, culturais e religiosas, mantendo assim os seus mecanismos de defesa. Consideremos, por exemplo, o seu aparente conhecimento das atividades do seu filho em Portugal. Estar separada de seu filho e não ter nenhum controle sobre seu comportamento, controle este que ela tenta exercer quando ele está por perto, gera tensão e ansiedade.
Embora pareça provável que alguns fenômenos psi autênticos estejam ocorrendo, acreditamos que algumas das informações exatas fornecidas por Cristina poderiam ser explicadas com base em sugestões sensoriais, percepção subliminal ou, certamente, em processos cognitivos ordinários. Mas esta conclusão não dever ser nenhuma surpresa, pois uma pessoa com uma condição histérica pode agir como psíquica sem realmente apresentar nenhum fenômeno autêntico de psi. A dificuldade de Cristina em desenvolver relacionamentos interpessoais regulares pode ter contribuído para uma aparente tendência inconsciente em preferir interações psíquicas usando aquelas que são apoiadas pela crença cultural local.
A seguir estão aspectos de atividades mediúnicas no Brasil que podem bem ser condutivos para a emergência de psi genuína, já que são bem conhecidos serem condutivos de psi em experimentos controlados:
1 Antes de contatar os espíritos, alguns médiuns entram em um estado alterado de consciência e permanecem nesta condição enquanto recebem informações aparentemente dos espíritos. Do mesmo modo, há evidência experimental de que tais estados alterados de consciência podem intensificar as ocorrências de psi (Palmer, Honorton & Utts, 1989).
2 Há também uma significativa evidência experimental de que a crença em psi tende a intensificar suas ocorrências (Palmer, Honorton & Utts, 1989). Entre os grupos religiosos no Brasil o conceito de psi é ausente, mas há uma forte crença de que as informações paranormais podem ser obtidas dos espíritos, de Deus, etc., e de que elas podem ajudar as pessoas a resolverem os seus problemas pessoais. Na recente revisão de sua teoria da PMIR (Resposta Instrumental Mediada por Psi), Rex Stanford (1990) descreve algumas características da PMIR que são relevantes para o caso de Cristina. Assim, ele escreve: “Através de psi o organismo pode responder às circunstâncias em seu ambiente das quais não tem qualquer conhecimento sensorial. . . . As respostas mediadas por psi que o organismo faz tendem a servir às necessidades ou a refletir as inclinações desse organismo com respeito às circunstâncias acima mencionadas.” Ele continua: “. . . a força da tendência para produzir a resposta mediada por psi está relacionada direta e positivamente (a) à centralidade e à força da(s) necessidade(s) ou da(s) disposição(ões) que tenham relevância para as circunstâncias acessadas por psi, (b) ao grau de importância do objeto ou evento necessário/relevante, e (c) à escassez de tempo do potencial encontro com o objeto ou o evento necessário/relevante.” Aqui indicamos que Cristina parece usar psi para sustentar o seu comportamento defensivo durante situações que sejam necessárias/relevantes mas as quais ela não pode exercer o seu habitual controle.
Agora gostaríamos de sugerir a existência de um fenômeno que escolhemos chamar como ‘Mecanismo de Defesa Paranormal’ (MDP). Este MDP seria uma extensão do mecanismo de defesa comum em que se observa uma diminuição na ansiedade e estratégias para controlá-la são criadas. No caso estudado, o MDP parece diminuir a ansiedade de Cristina. Os MDPs são uma característica do que poderíamos chamar de uma ‘Neurose Psi’. Isso poderia ser considerado como uma extensão da neurose ordinária de alguém em que psi é um importante elemento que dispara o processo. Elementos culturais tais como crenças religiosas em formas anômalas de obter informação (por exemplo, através da comunicação com os espíritos ou santos) podem ser importantes elementos neste processo, dando uma coerência cultural aceitável ao comportamento neurótico.
O caso de Cristina não é de nenhuma forma original. Nós ouvimos de diversos colegas sobre outros médiuns e praticantes espiritualistas cujas aparentes experiências espontâneas de psi estavam intimamente ligadas à sua psicodinâmica de forma muito semelhante. Em publicações precedentes (Carvalho, 1992), o autor sênior chamou atenção para o modo com que a atividade poltergeist pode servir para proteger ao agente e à sua família de danos psicológicos e físicos.
Os autores reconhecem prontamente que este artigo está baseado em não mais do que uma ‘hipótese de trabalho’; trabalhos adicionais serão necessários para confirmar este nosso modelo atual.
‘Com Ciência’ — Instituto de Psicologia e Parapsicologia
Rua Mariz e Barros, 65/1101
24220 Niterói – R.J., BRASIL
REFERÊNCIAS
Carvalho, A. P. de (1991) As casas mal-assombradas [haunted houses]. In Poltergeists. SP, Brazil: Ibrasa.
Carvalho, A. P. de (1992) A study of thirteen Brazilian poltergeist cases and a model to explain them. JSPR 58, 302-313.
Palmer, J., Honorton, C. and Utts, J. (1989) Reply to the National Research Council study on parapsychology. JASPR 83, 31-49.
Stanford, R. G. (1990) An experimentally testable model for spontaneous psi events, etc. In Krippner, S. (ed.) Advances in Parapsychological Research 6. Jefferson, NC: McFarland.
Referência original: De Carvalho, A. P., & Do Amaral, C. E. G. (1994). Mediumship, psychodynamics and ESP: the case of Cristina. Journal of the Society for Psychical Research, 60, 29-37.
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Este artigo foi traduzido para o português por Vitor Moura Visoni.
março 21st, 2011 às 12:31 AM
Vítor,
Muito interessante a matéria.
O evento 1 é muito significativo, porque as informações dadas por Cristina, em seu transe, são detalhadas e específicas. Algo bem diferente daquelas superficiais ou genéricas, como as que aparecem naquela matéria do Fantástico, citada pelo Juliano.
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Os outros eventos também merecem atenção e reforçam a ideia de que Cristina realmente apresenta fenômenos paranormais. A questão é saber exatamente a natureza destes fenômenos.
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Muita bom o artigo. Parabéns!
março 21st, 2011 às 12:32 AM
corrigindo a última linha: Muito bom o artigo. Parabéns!
março 21st, 2011 às 1:25 AM
Vítor,
O evento 4, me fez lembrar de algo que aconteceu comigo. Várias vezes, já pensei em contar esta história aqui, mas fiquei um tanto intimidado.
Agora, que vocês já me conhecem bem, acho que desfruto de certa credibilidade, então vamos lá:
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Há uns 26 anos, quando eu tinha 19 anos, eu tinha um amigo (ainda é meu amigo, mas a gente quase não se vê), cujo apelido é “zaquinha”. Então, a gente se encontrava nos sábados à noite nuns barzinhos, aquelas coisas assim. Este amigo tinha moto. Por volta das dez horas da noite, ele com outros amigos me convidaram pra ir com eles até Amparo, uma cidade que fica a 40 km de Bragança, onde tinha, na época, uma discoteca badalada. Eles iriam todos de moto – e eu disse que agradecia o convite, mas não iria, em primeiro lugar porque meus pais não deixariam, exatamente pelo perigo de se viajar à noite com moto. Eu tinha também uma moto. Falei pra ele tomar cuidado!
Resumindo a história, é o seguinte: estávamos eu e meu irmão dormindo, tranquilamente, quando, por volta de umas quatro da madrugada, dei um salto na cama, pronunciando o apelido de meu amigo. Meu irmão se assustou com a minha ação e perguntou o que estava acontecendo, então eu lhe disse que o zaquinha estava mal, muito mal. Mas não soube lhe dizer detalhes. Tentamos dormir, novamente, mas eu fiquei impressionado com o “meu sonho” e não consegui mais pegar no sono.
Depois que o dia amanheceu, por volta de umas dez horas da manhã, fiquei sabendo que meus amigos estavam voltando da cidade vizinha, quando pararam na estrada, por volta das 4 da manhã pra fazer xixi!
Ninguém sabe até hoje, dizer direito o que aconteceu, mas zaquinha foi atropelado por um carro que, literalmente, passou por cima dele.
Bem, ele sobreviveu, ficou com várias sequelas, mas sobreviveu inclusive, depois de uns 25 dias em coma.
Até hoje, me pergunto o que aconteceu. Não sei dizer, mas de alguma forma eu “vi ele sofrer aquele acidente”.
Falo isto com a maior sinceridade e, até hoje, não tenho uma explicação pra minha visão ou o que eu senti naquela ocasião.
março 21st, 2011 às 2:06 AM
Biasetto,
interessante o seu relato. Recomendo que você leia o livro “Mentes Interligadas”, de Dean Radin, que poderá lhe dar alguma explicação para esses fenômenos.
março 21st, 2011 às 2:34 AM
Legal a dica, Vítor.
Dei uma olhada sobre Dean Radin, na Wikipédia, legal mesmo.
Primeiramente, como disse pro Carlos, vou ler “O Nome da Rosa”, porque só assisti ao filme e me interessei em ler o livro.
Depois, vou atrás desta indigação tua.
Um abraço!
março 21st, 2011 às 2:35 AM
* Depois, vou atrás desta INDICAÇÃO tua.
março 21st, 2011 às 3:13 AM
Biasetto
Caso você não tenha visto, dá uma olhada neste vídeo. É um caso semelhante a sua descrição. Há relatos do Dr. Ian Stevenson e da Sra. Eileen Garret de casos como o descrito por você e o do vídeo.
http://www.youtube.com/watch?v=NpJHJ7PvAcE
março 21st, 2011 às 5:08 PM
Uma dúvida que me surgiu após ler o belo artigo acima. É possível um médium deixar de o sê-lo? Suponhamos que o Waldo Vieira era um médium autêntico. Há uns quarenta anos que ele não psicografa nada. Estranho.
março 21st, 2011 às 9:55 PM
E aí Juliano, tudo bem contigo?
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Cheguei agora do serviço e fui ver o link que você sugeriu.
No começo não entendi nada, porque era um vídeo do BigBrother, mas depois entendi.
Se a Cida não sabia que a irmã dela tinha morrido, acredito que realmente, ela ouviu, sentiu algo.
Falo isto porque foi exatamente o que aconteceu comigo com relação ao acidente que meu amigo sofreu. Meu irmão é testemunha viva do que eu disse aqui.
Até hoje, não sei o que aconteceu, mas eu senti o acidente de meu amigo, foi muito forte, apesar de confuso, porque eu não tinha consciência do que tinha acontecido. Mas eu sabia que alguma coisa tinha acontecido com ele. Não consegui mais dormir e fiquei com uma enorme dor de cabeça! Este acidente foi muito confuso, porque nem eles – a turma que estava lá – sabe dizer direito o que aconteceu. Ele foi atropelado na pista, parece que estava meio que engatinhando no asfalto, ninguém sabe explicar. Bem, uma coisa é certa: eles tinham enchido o caneco né?
Mais incrível foi ele ter sobrevivido. Doamos sangue pra ele, estas coisas. Até hoje, quando nos encontramos, temos laços bem fortes.
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Quanto esta indagação que você fez, citando o Waldo como exemplo, veja que coisa doida: Olha Juliano, quem se interesse por espiritismo, quem acredita no espiritismo, tenho certeza, que em algum momento já pediu pra algum espírito se manifestar, já pediu ou desejou ser médium.
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Agora, vamos admitir que o Waldo fosse mesmo médium e, simplesmente, psicografasse o André Luiz – Você acha Juliano, que ele iria virar as costas pra este espírito, vamos dizer, um dos espíritos mais famosos e “desejados” no meio!
Qual médium não gostaria de psicografar, conversar com o André Luiz?
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O Waldo disse, que muito tempo antes de ele psicografar com o Chico, ele já tinha contato com o André Luiz, vamos dizer, um privilégio desses e o cara abandona!!!
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Pra mim, de duas uma:
– ou André Luiz não existe e tudo é invenção;
– ou foi o André Luiz que deu um chute na bunda do Waldo.
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Só mais uma coisa, mesmo que o André Luiz exista, tem muitos livros por aí, mensagens atribuídas a ele, que não se encaixam no perfil.
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Uma vez uma amiga me indicou um livro “fantástico” que ela estava lendo, ditado pelo André Luiz. Então, ela me contou umas coisas muito doidas, absolutamente exageradas. Fiquei pensando, este tipo de história não se encaixa no perfil do André Luiz. Fui pesquisar na net e encontrei o tal (não me lembro agora, nome da obra e autor), mas encontrei também vários comentários dizendo que aquilo não poderia ser do André Luiz, porque era fantasia demais.
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O suposto médium até já morreu. Vou tentar descobrir o nome do livro e do autor!
março 21st, 2011 às 10:18 PM
Juliano, Gilberto e Arduin,
Eu li os últimos comentários que vocês colocaram no tema anterior.
Então, Arduin, no contexto que você disse, o interesse das editoras é só vender. Sendo assim, tenho que concordar com o Juliano e o Gilberto, que a questão da grana fala mais alto. Coisa que eu já neguei sobre o espiritismo. Meus antigos argumentos estão todos indo pro esgoto.
Mas, caro professor Arduin, sendo assim, mais um motivo pra colocar em dúvida o espiritismo, pelo menos esta coisa chamada “editoras espíritas” – se tranformaram num negócio, só um negócio. Lamentável.
março 21st, 2011 às 10:42 PM
Biasetto
Sobre o vídeo, a irmã da Cida tinha morrido um pouco antes dela ter tido aquela atitude. Não tinha como ser uma armação. A Globo é complicada, mas aí a passar a mensagem que a irmã tinha morrido. E ela ir tomar sol e fazer de conta que ouvia a voz da irmã se despedindo é meio forçar a barra demais. Sou cético, mas (…) contra evidências concretas e o bom senso não há ceticismo que se segure. Eu só postei o vídeo, pois é na mesma linha da tua experiência. E há outros relatos de casos semalhantes. Então, no meu entender, há duas possibilidades apenas. Ou o espírito passou e deixou uma mensagem. Ou as pessoas que tiveram a sensação muito clara de morte de outro ou quase morte, no caso você e a Cida do vídeo. Vocês possuem alguma espécie de sensitividade com relação a pessoas próximas a vocês que a ciência ainda desconhece. Eu até vou dar uma olhada e ver o que a Parapsicologia diz sobre este fenômeno. Vítor ou alguém que se interesse e ter maiores conhecimento, se puderem ajudar, desde já agradeço. É isto.
março 21st, 2011 às 10:50 PM
A hiperestesia parece ser algo muito forte em pessoas psicologicamente alteradas ou quando passamos por fases de alteração ou profundo estresse. Nessas situações eu mesmo já tive premonições e outras coisas incríveis. Um aluno certa vez me perguntou: “Gilberto, adivinha pra onde eu vou me mudar?” “Respondi dizendo o bairro, a rua e o prédio. Ele não acreditou, pois não havia dito a ninguém que eu conhecesse. Acontece que era uma época muito estressante pra mim, e estava “com os nervos à flor da pele”, o que me afiou os sentidos e me deixou hiperestésico. Isso é muito comum, e muitos interpretam como PES ou outra coisa. Comigo já aconteceu bastante. Quando o meu pai teve complicações na cirurgia de ponte de safena, o médico veio me contar sobre a cirurgia e eu simplesmente disse: “Amputaram a perna dele, não foi?” E a resposta foi afirmativa. Como eu poderia saber? Li aquilo ao ver o médico. Minha mulher fica sempre abismada, mas eu respondo que foi um “cold reading” não intencional. A história de Biasetto (ainda bem que tudo correu bem!) e de tantos outros não parece diferente.
março 21st, 2011 às 10:52 PM
Biasetto
Sobre a mediunidade. Partindo das premissas que de fato uma pessoa é um médium. E também que a mediunidade existe. É possível alguém, quando bem entender deixar de ser médium? Se recusar a receber um espírito? A Sra. Eileen Garret não queria entrar em transe e mesmo assim, ao contrário do seu desejo ela entrava. Então, levando em consideração as premissas acima, o que teria acontecido com o Waldo Vieira. Se o André Luiz (suponhamos que ele tenha de fato existido) não queria mais conversa com ele tudo bem. Mas outros espíritos talvez quisessem. Provavelmente, pois ele mesmo diz que tem contato direto hoje com pelo menos dois espíritos evoluídos (Um chamado Transmentor e um outro que foi Chinês). Se ele é médium, será que estes espíritos não teriam algo a dizer diretamente? A passar uma mensagem vira e mexe?
Falo isto, pois se ele em verdade nunca foi médium, por óbvio o Chico também nunca foi. Pois ambos trabalhavam juntos, fizeram livros psicografados juntos. E daí? Como é que fica? Perguntas e perguntas.
março 21st, 2011 às 11:06 PM
Gilberto
Dei uma rápida olhada sobre este termo que desconhecia, a hiperestesia. A Parapsicologia, através das palavras do Padre Quevedo, não sei se este tem lá grande autoridade para falar sobre o tema, mas foi na rápida procura o que eu achei até agora. então vai por o que ele diz:
“Assim sendo, o famoso argumento que muitas pessoas dão dizendo que tal e qual adivinho ou médium acertou fatos de sua vida, ou nomes, etc; alegando que foi uma manifestação de espíritos, entidades, ou qualquer outro ser imaginário, não tem nada de sobrenatural, ou intervenção de espíritos ou o que quer que chamem. É uma manifestação do inconsciente, Hiperestesia direta do pensamento (HIP) desta pessoa que captou os pensamentos conscientes ou inconscientes da outra pessoa.Como todo fenômeno parapsicológico, a HIP é involuntária e inconsciente. Ninguém pode controlar o fenômeno. É só distanciar as duas pessoas envolvidas ou colocá-las em duas salas separadas que acaba a HIP…pois a pessoa que capta não pode mais ver ou ouvir a outra pessoa.”
Vou pesquisar mais, mas se a explicação ficar apenas nesta linha, então os fenômenos havidos pela Cida, pelo Eduardo, e tantos outros, não se enquadram no conceito acima. Já o teu caso se enquadra. Pois tanto o aluno, quanto o médico, mesmo sem dizerem nada diretamente estavam pertos de vocês, estavam na sua presença. Mas (…) o tema é interessante e vou pesquisar mais, por hora é isto.
março 21st, 2011 às 11:12 PM
Existe a hiperestesia indireta, que ocorre quando algo é passado a alguém, e uma outra pessoa “lê” tal ocorrencia, masmo quando a segunda pessoa nem prestou atenção ao fato. Não digo que todos os fenômenos sejam hiperestesia, mas muitos o são. Mães são hiperestésicas em relação aos seus filhos, e muitas vezes sabem que algo de ruim está acontecendo com seus filhos por “sinais” indeléveis; alguns dos quais ainda nem entendemos.
março 21st, 2011 às 11:18 PM
Gilberto,
Que bom que você está aí, porque você deu uma sumidinha e eu pensei que o Vítor tinha recusado um convite teu pra um outro cafezinho.
Você me deu a entender aí, que também é professor. Se isto for verdade, o blog do Vítor vai virar o blog dos professores – tem eu, o Carlos, o Arduin, acho que você. O Juliano vai ser psicólogo, mas de repente acaba dando umas aulas também.
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O bom é que neste blog, os professores são bem “avançadinhos” . Você como “garoto do Rio”, não conhece o jornal do CPP – precisa ver os colegas que aparecem lá. Bom deixa pra lá!
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Juliano,
O final de teu comentário é exatamente uma conclusão que já postei aqui – uma coisa é indiscutível: se o Waldo nunca foi médium, o Chico também não.
Não há como negar isto.
Agora, por outro lado, mesmo se o Waldo nunca foi médium, ele teria conhecimento e jeito pra continuar enganando, muito melhor do que os “paixões” que tem por aí. Mas, de qualquer forma, ele apostou na tal “conscienciologia” (é isto?) – Não sei se ele fez bom negócio, sei lá!
Mas você entendeu a minha lógica? Quem, dentro do meio espírita, viraria as costas pro André Luiz? (se ele de fato existir).
Bem, é verdade que o Waldo tem uma soberba fora do comum. Você não viu que naquele vídeo em que ele fala que o Emmanuel reencarnou na Itália, ele diz algo como: “estamos acompanhando ele, para ajudá-lo”, algo assim! É brincadeira ou não é?
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Completando, não acho que a Rede Globo iria forjar algo como este aí. Quanto a isto, não há dúvidas.
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Esta matéria que o Vítor colocou no blog, é muito boa, porque as evidências da mediunidade da Cristina são muito fortes, significativas, caso tudo que foi dito seja verdade. É o que eu penso.
março 21st, 2011 às 11:24 PM
Pena daqueles que viraram as costas pro blog do Vítor, eu pensei e tentei fazer isto várias vezes. Falo isto, porque aqui tem muita cultura, mas como eu estava incomodado com certas coisas que eram ditas, queria me distanciar.
Valeu à pena, pelo menos é o que penso hoje, ter enfrentado a dura realidade!
Parabéns Gilberto, Juliano e Vítor.
Estou aprendendo bastante aqui.
Aos demais também, apareçam…
março 22nd, 2011 às 12:04 AM
Vitor
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O trabalho fala que um dos espíritos-guias da Cristina era uma cigana. Você tem informação qual a natureza dos outros?
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Outra coisa: o que se entende como mediunidade espontânea? O relato do Biasetto poderia ser classificado com mediunidade espontânea?
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Um aspecto que chama a atenção são determinados “padrões” na mediunidade. Uma amiga de família também tinha uma mediunidade em muitos aspectos semelhantes a da Cristina. Curiosamente o espírito-guia era um cigano, porém havia também uma criança e um índio. Para cada situação particular, e bem definida, um ou outro espírito-guia podria “incorporar”e dar o seu recado. Talvez não seja exagero afirmar que casos semelhantes Brasil afora sejam mais comuns do que se pensa…
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Gilberto, parabéns pelo comentário final no caso Dale Owen.
março 22nd, 2011 às 12:30 AM
Saudações Carlos!
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Pessoal eu não quero “virar celebridade”, mas já que vocês deram certa atenção ao que eu disse, veja como são as coisas, fiquei muitas vezes tentado a fazer tal depoimento, mas não fiz por timidez.
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Então, como a coisa aqui caminha no sentido da pesquisa e das hipóteses e eu estou muito intressado na opinião de vocês, vou falar sobre outras duas experiências que me acompanham faz tempo:
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Quando eu era adolescente, tinha uns 15 anos, eu decidi que queria entrar pras forças armadas. Eu estudava em escola pública, era um aluno razoavelmente bom.
Então, prestei um concurso na EsPCEx, em Campinas e foi uma lástima. Percebi que eu não tinha conhecimento algum pra este tipo de exame. Só que aí, eu comecei a estudar sozinho, estudar pra valer mesmo. Coisas como 6 a 8 horas por dia. Tudo na raça, porque naquela época não tinha internet, nenhum cursinho em minha cidade.
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Bem, a questão, é que tinha dias que eu estudava muito, mas não conseguia resolver algumas questões de matemática ou física.
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Só que, várias vezes, me aconteceu, eu juro que é verdade, de eu estar dormindo e sonhar com a solução dos problemas – parecia que tinha alguém me mostrando como fazer!
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Quando eu levantava no dia seguinte, eu lembrava, ia correndo pros meus cadernos e bingo! Achava a solução.
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A outra história não vou contar, já andei falando pro Juliano de outros sonhos que me “perseguem”, mas este deixa quieto.
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Olha pessoal, estou falando estas coisas, porque me sinto à vontade com vocês, e o Juliano me conhece bem, sabe que sou muito sincero.
Minha procura sempre foi e será pela verdade.
Outra coisa, estou falando destas experiências, porque elas também me aproximaram de uma procura, que me levou ao espiritismo. Penso que pessoas como o Scur e o Carlos Magno, quando falam de “coisas íntimas” que os mantém na fé que escolheram, devem ter lá suas histórias, mas podem achar meio complicado mencioná-las.
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Desculpem-me se estou sendo meio “abusado”, só estou colocando estas ideias, porque me sinto à vontade com vocês, mas eu não tenho ideia concreta sobre nada disso.
Talvez nem seja nada de especial, sei lá!
março 22nd, 2011 às 12:52 AM
Agora, expliquem isso se forem capazes: todas as noites eu sonho que estou com as beldades russas da Met-Art e da Femjoy, mas quando acordo, estou com a minha mulher com bob na cabeça e a minha filha me catucando dizendo: “Papai, cocô, cocô!”. Estou sendo abusado? Imagina…
março 22nd, 2011 às 1:03 AM
Gilberto,
Este tipo de sonho eu também tenho. Muitas vezes, acordado mesmo.
Vítor,
Não vou mais falar de minhas “intimidades” espirituais.
O Gilbertão já transformou em chacota. Este era o meu medo.
Mas tudo bem, está valendo.
Um abraço Gilberto, você não perdoou nem a perna do rei e ainda sacaneou com a bela viúva do Sena!
Ainda vou te mandar a linguiça de Bragança!
março 22nd, 2011 às 1:05 AM
Olá Biasetto,
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De minha parte não posso ajudar muito… já li relatos semelhantes com outras pessoas. Há mesmo o caso de um químico famoso que sonhou com a resolução do problema que o atormentava, acho que relacionado com a estrutura molecular de um componente químico, ou algo assim.
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Bem, melhor seria sonhar com uma sequência de 6 números; então quem sabe você diria adeus à sala de aula para sempre.
março 22nd, 2011 às 1:09 AM
Carlos,
Este sonho eu ainda nunca tive.
Mas se um dia eu acertar os seis números, vou fazer uma promessa a todos vocês:
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Vou juntar toda esta turma numa bela pousada, pra gente se divertir e rir como nunca.
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O único problema é que eu nem jogo!
março 22nd, 2011 às 1:17 AM
Biasetto
Isso que você diz, é bem comum. Eu já tive vários! Já sonhei com a solução de problemas profissionais (eletrônica) e algumas harmonias para contrabaixo ( meu hobby).
Não vejo nada sobrenatural já que isso faz parte da minha vida. Ficaria surpreso se sonhasse com respostas para arquitetura ou piano…coisas que não tenho conhecimento.
Abraço
março 22nd, 2011 às 1:18 AM
Jajá eu volto, vou buscar meu filho na escola.
O Gilberto acabou com a minha carreira mediúnica!
Gilberto, cocô de monte pra você!
março 22nd, 2011 às 1:20 AM
Paulo,
São coisas que mexem com a gente, mas tudo bem, o Gilberto já me ferrou, vou continuar dando aulas – você falou da tua filha, tenho centenas de alunos cagando na minha cabeça!
março 22nd, 2011 às 1:22 AM
* “você falou da tua filha” – estou me referindo ao Gilberto.
Deixa eu buscar meu filhão lá.
março 22nd, 2011 às 1:30 AM
Biasetto
Sobre o teu questionamento. A neurociência hoje explica o processo.
É tudo uma intercomunicação (hipocampo/córtex cerebral, principalmente o córtex pré-frontal) regrada a muita dopamina e outros neurotransmissores que durante o sono, por mecanismos ainda não totalmente conhecidos pela ciência, dão margem as respostas surgidas no período de sono REM (quando se sonha) e que tornam-se conhecidas. Provavelmente o córtex pré-frontal, que é o local do cérebro do raciocínio lógico-racional, de alguma forma pela flexibilidade de raciocínio livre que ele é posto durante a noite pela abundância de dopamina trabalha mais solto e disto encontra algumas respostas. Só que por trabalhar mais solto, disto decorre que os sonhos também não são histórias lógico-racionais, pelo contrário. Enfim, ficando mais livre o córtex pré-frontal em face da dopamina abundante a noite, as respostas surgem, pois ele trabalha diferente do ritmo lógico-racional quando da vigília.
Fazendo uma analogia. É como o cidadão que durante o dia é todo correto e estudioso, que até tem algumas respostas, mas em face do pensamento lógico cartesiano, o que saí do “script” não é entendido. Aí de noite o mesmo toma umas, e a mente fica livre do raciocínio cartesiano e surge a criatividade, aparecendo algumas respostas inusitadas. Não sei se você entendeu, nem eu entendo direito ainda, mas é por aí a coisa.
março 22nd, 2011 às 2:05 AM
Juliano,
Valeu por tua explicação, acho que é bem por aí mesmo.
Um abraço!
março 22nd, 2011 às 5:02 AM
Carlos,
comentando:
01 – O trabalho fala que um dos espíritos-guias da Cristina era uma cigana. Você tem informação qual a natureza dos outros?
Um outro era uma menininha, a “Mariazinha da Praia”. Esse é um dos problemas que penso existir no artigo do Percia, ele aparentemente não procurou saber se os guias realmente existiam. Poderia tê-los entrevistado, perguntado “quando e onde você nasceu? quais eram os nomes de seus pais? como você morreu? onde posso confirmar tudo isso?” Pelos tipos – uma cigana e uma menininha – parecem fictícios, mas vai-se saber…
02 – Outra coisa: o que se entende como mediunidade espontânea?
Creio que seria algo como ver ou ouvir espíritos sem tê-los invocado, sem chamar por eles.
03 – O relato do Biasetto poderia ser classificado com mediunidade espontânea?
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Penso que não, ele não relatou ter se comunicado com espíritos. Seria um fenômeno psi espontâneo, se não tiver sido coincidência ou alguma outra explicação natural.
04 – Um aspecto que chama a atenção são determinados “padrões” na mediunidade. Uma amiga de família também tinha uma mediunidade em muitos aspectos semelhantes a da Cristina. Curiosamente o espírito-guia era um cigano, porém havia também uma criança e um índio. Para cada situação particular, e bem definida, um ou outro espírito-guia podria “incorporar”e dar o seu recado. Talvez não seja exagero afirmar que casos semelhantes Brasil afora sejam mais comuns do que se pensa…
Essa amiga da família ainda é viva? O que você sabe da história desses guias?
março 22nd, 2011 às 10:22 AM
Ciganos, Índios, Pretos-velhos. Arquétipos brasileiros constantes nas supostas comunicações com “espíritos”. Sou muito cético em relação a isso. Tais “entidades” fazem parte da mitologia de possessão e são vistas frequentemente em diversas religiões onde o transe induzido faz com que as pessoas “criem” tais figuras. Tem gente que acha que nas igrejas neopetencostais as pessoas “possuídas” recebem dinheiro pra representar. Não é isso. É exatamente o mesmo processo da Umbanda ou do Candomblé. Existe uma ligação cultural com “entidades”, seja por experiência na família ou por histórico religioso. Quando o estopim é aceso, a “entidade” se revela. Nesse estado alterado, as pessoas inclusive ficam altamente hiperestésicas e até “revelam” coisas através de cold reading. Bebem litros de cachaça e não ficam sequer com bafo. Comem comidas podres e não passam mal. E por aí vai. Um alemão não “recebe” um preto-velho ou um caboclo simplesmente porque ele não está inserido na nossa cultura e o estranhamento até mesmo dos ritos o coloca “imune” às entidades.
março 22nd, 2011 às 12:17 PM
Um aluno que tive, doutor em Psicologia, me contou excitado o que o levou à Umbanda. Ele disse que um Preto-Velho revelou num ritual de Umbanda coisas extremamente pessoais e que ele não havia contado a ninguém. Perguntei a ele se a pessoa que havia incorporado o preto-velho era uma pessoa chegada, ou que poderia ter “lido” por cold reading tais informações. Ele me disse: “Gilberto, fui eu quem incorporou a entidade!” E eu respondi: “Deixa ver se entendi: VOCÊ revelou coisas sobre VOCÊ MESMO que apenas VOCÊ sabia?” Ele, com um profundo histórico de espiritismo miscigenado na família, não conseguia ver o óbvio, pois tal episódio o levou a um nível de alteração que parece até ser sobrenatural. Ele saiu de si, e isso o impressionou enormemente. A sua identidade cultural, aliada a episódios extremos o levou à sua crença. Esse processo explica porque, ao contrário do que se pensa, a Umbanda, o Candomblé e as Igrejas neopetencostais atraem inclusive pessoas esclarecidas e de bom nível sócio-cultural.
março 22nd, 2011 às 12:26 PM
Gilberto,
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Concordo com teu comentário. O Umberto Eco, acho que no livro A ilha do dia seguinte (ou o Pêndulo de Foucault, não me lembro agora), aborda a relação cultural entre a incorporação de “guias” a o meio social. Há no livro o relato de um europeu no terreiro de umbanda que, embora cantasse e girasse todo o tempo, não conseguia incorporar!
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Vitor,
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Comentando:
1 – Provavelmente a entrevista com esses “guias” seria vã. Eles dirão na verdade que incorporam um personagem de uma das reencarnações passadas com o qual se identificam (e não necessariamente a última reencarnação). Tudo muito vago, como são as mensagens a partir do momento que se procura algo mais concreto para análise.
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2 – Não sei se o termo espontâneo está correto. Me parece que haveria sempre um “chamado” do médium para a incorporação
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4. Não, ela faleceu faz um bom tempo.
março 22nd, 2011 às 3:06 PM
Gilberto e Carlos,
Concordo em muito com o que vocês disseram, mas não vamos nos esquecer de um fato bastante significativo no caso Cristina, obviamente admitindo-se a verdade das informações:
–
Ela detalha aspectos e fatos muito interessantes.
Um simples transe, inserido ou não no contexto cultural, poderá proporcionar este resultado?
março 22nd, 2011 às 3:18 PM
Vitor,
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Comentando o ponto 3. De fato “tecnicamente” não seria um caso mediúnico visto que o cara sofreu o acidente e não morreu.
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Isso me fez lembrar um livro que li nessas férias. A autora é uma professora aposentada da Unesp (Piracicaba) que relata as “comunicações” que ela obteve de seu pai quando ele estava na UTI em coma (infarto). Ao ser questionada se era um livro espírita ela disse “não” – na verdade seu pai, embora em coma, ainda estava vivo quando a contactou.
março 22nd, 2011 às 3:23 PM
Carlos,
qual o nome do livro?
março 22nd, 2011 às 3:52 PM
Vitor,
O nome do livro é Ponte para o amor. Veja mais detalhes no link:
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http://www.tribunadonorte.com.br/noticia/ponte-para-o-amor-e-lancado-hoje-na-ed/162924
março 22nd, 2011 às 3:57 PM
Ver também:
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http://www.tribunadonorte.com.br/noticia/dialogos-de-pai-e-filha-as-vesperas-da-morte/162733
março 22nd, 2011 às 4:08 PM
Carlos,
e qual a sua opinião sobre o livro? Há incidentes que de fato parecem ser só explicados por algum meio paranormal?
março 22nd, 2011 às 6:50 PM
O trabalho em questão neste post não difere em nada dos trabalhos de relatos casuísticos. Viu quem viu e ouviu quem ouviu. A Ufologia se baseia 100% nisso. E olha que ela movimenta milhões de pessoas e causa enorme comoção mundial. Tanto que um número gigantesco de pessoas, mesmo sem estudarem ou sequer acompanharem a Ufologia, acreditam na existência de discos voadores e de visitas de ETs aqui na Terra.
março 22nd, 2011 às 8:13 PM
Carlos
Repito a pergunta do Vitor. Quais evidências atestam que há uma possibilidade real de ter ocorrido um contato telepático entre o pai em coma e a filha? Fora o fato que é dado destaque que a autora foi uma professora de Sociologia respeitada da USP? Pois, o que tem de Sociólogo maluco neste mundo, principalmente este povo de esquerda, falando bobagens por aí, e o pior, sendo aplaudido de pé, é incrível!
março 22nd, 2011 às 8:35 PM
Vitor e Juliano
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O livro é um relato simples do que ocorreu entre a Maria Ignês e o pai. Ela sugere algumas explicações para o fenómeno (telepatia, EQM), porém não há a preocupação (no livro) em apresentar evidências que atestem a origem paterna das mensagens. Me parece que ela seguiu, no livro, o conselho que recebeu do próprio pai: “não importa se você acredita, quero que você transmita o que estou lhe passando”.
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Provavelmente alguma coisa a convenceu definitivamente, e presumo que foi na conversa com Dom Nivaldo Monte (então bispo de Natal) onde ela deve ter passado alguma informação particular entre Dom Nivaldo e o pai. Estou supondo, apenas…
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Como ela mesmo diz, o objetivo foi fechar um ciclo. Aparentemente ela procurou fazer o que seria a última vontade do pai; tornar público o que aconteceu.
março 23rd, 2011 às 8:02 PM
Prezado Biasetto,
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Para variar, chego atrasado na conversa. Mesmo assim deixo meu comentário, sem a pretensão de explicar integralmente sua experiência, apenas como contributivo à reflexão.
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Acredito que casos quais o que relatou podem ser compreendidos sem necessidade de recorrer-se a explicações espiritualistas, ou paranormais.
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Todos nós, com maior ou menos frequência, temos “pressentimentos”, aliás esta é uma peculiaridade de nosso cérebro (ou de nossa mente, se preferir): a todo momento estamos prevendo acontecimentos por vir. Até mesmo quando vamos ao mercado fazer compras (claro, aqueles que o fazem) prevemos que a missão será cumprida com sucesso. Tão comum é esse processo que quase não nos damos conta dele.
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Quando situações peculiares e emocionais nos envolvem, aí sim, registramos intensamente o evento como algo singular em nossas experiências. É o caso, por exemplo, de pais que passam a noite insones e aflitos, pensando em desgraças mil, enquanto os filhos se esbaldam pelas quebradas. Se ocorre de suceder desgraça é comum ouvir-se o genitor dizer: “Eu sabia que isso ia acontecer, algo que me dizia!”. No entanto, são esquecidas as numerosas ocasiões em que a ansiedade felizmente não deu em nada.
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Agora, pensando no seu relato concernente ao Zaquinha. Conforme se depreende da narrativa, havia uma preocupação em seus íntimos receios relativos a passeios álcoolicos-noturnos de moto. Visto que sua pessoa estava habituada a sair com o zaquinha, pode ter captado certas fragilidades no moço, que ficaram gravadas em seu subconsciente. Algo que poderia ser chamado “registro para futura verificação”.
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A capacidade de receptar informações discretas, emanadas de outras pessoas, suponho seja comum a todos os humanos; alguns talvez tenham maior acuidade nesse quesito. O caso é que geralmente esses informes sutis passam batido por nossa consciência. Deles temos parcos vislumbres e tendemos a não elaborá-los conscientemente. No entanto, em nosso subconsciente variadas concatenações vão tomando forma.
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Há uns três ou quatro anos, voltava eu do trabalho, carregando duas sacolas de compras (sim, sou um dos que se dedicam ao nobre esporte de ir ao mercado). Já próximo de casa, casualmente olhei para a calçada do outro lado da rua, cerca de dez metros de distância, e contemplei duas pessoas telefonando dos orelhões que ali haviam. Sendo míope, astigmata e presbiópico, minha acuidade visual à noite não é coisa que mereça elogio, portanto só registrei os vultos. Com um deles, no entanto, anotei automaticamente que havia algo incomum. Foi apenas um “flash” tal sensação. Logo a descartei para a lixeira mental e continuei meu caminho.
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Não havia andado 50 metros e ouvi alguém me chamando, parecendo aflito: “moço, moço”. Virei-me e dei de cara com uma arma apontada para mim. Era o sujeitinho do orelhão que viu em minha pessoa vítima fácil.
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Passado o susto, fiquei a meditar a respeito do pressentimento. Muito pouco da movimentação do assaltante pude perceber. Tudo o que notei foi alguém telefonando de um aparelho público que, por qualquer razão, me transmitiu uma sensação incomum. No entanto, eu havia captado as “boas” intenções do bandoleiro, só que não deu tempo de processar o informe de modo que permitisse me safar.
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Então, eis minha suposição relativa ao sonho com o Zaquinha. Durante a conversa com os colegas, você deve ter notado qualquer coisa no seu amigo que lhe significou um alerta, pode ser que já viesse captando em ocasiões anteriores impressões alertativas. Talvez, naquela noite, percebera que ele não estaria nos melhores dias para pilotar uma moto noturnamente; qualquer coisa por aí. Seja como for, a preocupação com a sorte do companheiro foi internalizada. Durante o sono, seu subconsciente começou a trabalhar os dados recolhidos. Quando a conclusão nefasta tomou forma, a sensação assomou com força suficiente para despertá-lo, tal qual acontece em pesadelos, quando pulamos da cama assustados pelo sonho.
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No caso, os dados disponíveis em sua mente foram insuficientes para levá-lo a concluir qual seria a encrenca do Zaquinha, por isso a conclusão indefinida de que algo ruim acontecera foi a que se fez presente.
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É isso.
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Cordiais saudações.
março 23rd, 2011 às 10:18 PM
Montalvão,
Achei ótima tuas colocações.
De fato, eu sabia que meu amigo era chegado numa gelada e fazia “loucuras” com sua moto. Eu alhertei ele sobre os perigos de se viajar de moto à noite, ainda mais indo em baladas. Eu sabia que ele corria perigo.
Agora, será que eu já estava prevendo que algo ia acontecer? Não sei te responder.
Só sei que minha sensação foi muito forte, porque, literalmente, dei um pulo na cama. Tanto que meu irmão acordou assustado e eu sabia que alguma coisa tinha acontecido com o Zaca.
Mas sobre tudo que você disse aí, seria muito interessante se nós pudéssemos entender melhor os tais “flashs” que você mencionou.
Por outro lado, também achei interessante o que você disse sobre a preocupação dos pais. É bem por aí mesmo, porque os pais sempre ficam preocupados quando os filhos estão nas ruas. Então, às vezes, infelizmente, eles acertam!
Vejo o caso, por exemplo, das pessoas que aparecem dando depoimentos em igrejas evangélicas, de que receberam um milagre de cura ou de melhora profissional.
Excluindo os casos em que estes depoimentos são forjados – e há muitos, obviamente – alguns devem ser autênticos. Só que, diariamente, milhares de pessoas procuram estas igrejas, em busca da tal melhora, do tal milagre. A grande maioria não vê isto acontecer, e não volta na igreja pra dizer que, depois de vários cultos, nada mudou em sua vida. Porém, uma parcela destas pessoas realmente vivem uma melhora na vida e, achando que receberam um milagre, correm lá para dar seu depoimento. Acho que é mais ou menos por aí.
Entretanto, acredito que a fé também pode fazer “milagres” e que certas pessoas têm uma percepção melhor para estes “flashs”. A questão é saber como e por quê?
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Finalizando, não sei se te serve de consolo: eu também sou um dos que se dedicam ao nobre esporte de ir ao mercado.
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Até…
fevereiro 13th, 2024 às 6:28 PM
Vítor, você tem acesso ao material dessa fonte ou saberia indicar alguma plataforma em que posso encontrar: Carvalho, A. P. de (1992) A study of thirteen Brazilian poltergeist cases and a model to explain them. JSPR 58, 302-313?
fevereiro 13th, 2024 às 6:43 PM
Oi, Carlos
Use a base Lexscien:
https://www.spr.ac.uk/online-library
O registro é fácil, rápido e gratuito.