O Caso Imad Elawar, Parte 6 (2004 – Final)

Apresento aqui a análise do biólogo brasileiro Julio Siqueira sobre o caso do menino Imad Elawar. Julio levou em consideração, além da documentação original do caso, as críticas de Angel bem como a resposta de Stevenson e outras referências. Achou problemas na argumentação de ambos os debatedores. Será que o caso do menino Imad ainda pode ser salvo? Saiba a resposta a seguir.

 

http://www.criticandokardec.com.br/ 

Um Outro Olhar no Caso Imad Elawar – Uma Revisão da Crítica de Leonard Angel sobre este “Estudo de Caso de Memória de Vida Passada” 

Autor Julio César de Siqueira Barros – Biólogo

Data: 10 de janeiro de 2004

Email: juliocbsiqueira@terra.com.br 

Copyright © Julio César de Siqueira Barros. 

Nota: Alguns comentários especiais no texto aparecem nesta cor 

Agradecimentos: Eu gostaria de agradecer ao Sr. Leonard Angel por sua generosa atenção ao me fornecer a sua crítica completa do Caso Imad Elawar como apresentado em seu livro Enlightenment East & West (1994). Eu gostaria de agradecer igualmente ao Sr. Ian Stevenson, a Srta. Martha Mercier, e a todas as pessoas do Departamento de Estudos de Personalidades, Universidade de Virgínia, por me fornecerem a Réplica Completa de Stevenson para Leonard Angel (1994) que infelizmente foi publicada apenas parcialmente na Skeptical Inquirer (maio/junho de 1995) 

Sumário: O objetivo deste artigo é avaliar as forças e as fraquezas de um estudo de caso de reencarnação relatado pelo investigador Ian Stevenson (dos assim chamados “Casos do Tipo Reencarnação” – CORT –, algumas vezes também conhecidos como “Estudos de Casos de Memória de Vidas Passadas”). O caso é do menino Libanês-Druso de 5 anos de idade Imad Elawar, pesquisado por Stevenson em 1964 e incluído em seu livro Vinte Casos Sugestivos de Reencarnação (1966 e 1974). Este caso foi severamente criticado por Leonard Angel em um artigo publicado na Skeptical Inquirer Magazine em 1994.

Em uma cuidadosa re-análise do caso e da crítica, eu concluí que ambas as partes cometeram erros importantes. Mais do que isso, eu concluí que parece haver evidência para considerar o exemplo de Imad Elawar como indicativo de paranormalidade e sugestivo de “reencarnação”, ainda que neste estágio do conhecimento humano nós simplesmente não tenhamos nenhuma maneira de saber como esta “reencarnação” acontece, nem de saber o que “reencarna”. O caso de Imad Elawar pertence ao grupo dos casos mais fortes, isto é, os casos em que o pesquisador registrou o que as crianças relataram sobre suas alegadas e respectivas vidas precedentes antes de todas as tentativas de identificar a personalidade precedente. O número total de tais casos, incluindo os 3000 casos de Stevenson e centenas de outros casos de outros investigadores, é pouco mais de 10 (0,3% do total).

Um objetivo secundário deste artigo é fornecer aspectos satisfatórios para uma revisão da pesquisa de Stevenson sobre casos do tipo reencarnação e para uma avaliação justa deles.

Este artigo começa com uma introdução de 3 páginas, seguida por uma revisão de 8 páginas da crítica de Leonard Angel do caso, até finalmente apresentar a minha própria re-análise de 8 páginas do caso de Imad Elawar. No final, eu incluo as tabulações originais do caso (19 páginas) feitas por Stevenson, para permitir que o leitor desempenhe qualquer avaliação metodológica deste trabalho que venha a ser de interesse.

Índice: 

1-Introdução

2-Revisão da Crítica de Leonard Angel

3-Re-análise do Caso Imad Elawar

4- Tabulações Originais do caso feitas por Stevenson

5-Bibliografia

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 Introdução: 

Na edição de outono de 1994 da principal revista cética do mundo, a revista Skeptical Inquirer (Skeptical Inquirer – vol. 18, outono de 1994, pp. 481-487), o filósofo Leonard Angel (Arts & Humanities Department, Douglas College, New Westminster, B.C., Canada.) apresentou uma revisão crítica do Caso Imad Elawar, como reportado em Vinte Casos Sugestivos de Reencarnação (Stevenson, Ian. Vinte Casos Sugestivos de Reencarnação. 2ª edição, 1974 Charlottesville: University of Virginia Press. – a 1ª edição é de 1966). Esta revisão também foi apresentada no livro de Angel, Enlightenment East and West (1994), basicamente com alguns pequenos pontos adicionais, e uma melhor explicação dos itens apresentados na Skeptical Inquirer. Leonard Angel tentou mostrar que o caso poderia facilmente ser explicado em terrenos “naturais” (isto é, não recorrendo a hipóteses paranormais, como PES ou sobrevivência após a morte e reencarnação).

Deve-se reforçar que, assim como o próprio Leonard Angel indicou no seu artigo da Skeptical Inquirer em 1994, sua análise do conteúdo empírico do caso foi provavelmente a única empreendida por qualquer cético que tivesse ido tão longe. E de lá para cá (setembro de 2003) a situação provavelmente não mudou muito, exceto pela crítica do próprio Angel do livro de Ian Stevenson sobre marcas de nascença em crianças que afirmam recordar vidas passadas, (Reincarnation and Biology, a Contribution to the Etiology of Birthmarks and Birth Defects– 1997). Esta mais recente revisão feita por Leonard Angel foi publicada na Skeptical Magazine (vol. 9, nº3, 2002 – Reincarnation all over again: evidence for reincarnation rests on backward reasoning). Nas próprias palavras de Angel (em seu artigo de 1994): “É curioso o fato de que, apesar do tempo decorrido desde a publicação de Vinte Casos, é difícil surgirem análises detalhadas deste caso. Aqueles que endossam o trabalho de Stevenson dizem que ficaram convencidos, mas não dizem mais do que isso. E os céticos tendem a desqualificar o trabalho sem uma explicação detalhada”. (Skeptical Inquirer, outono de 1994, p.482). O antropólogo James G. Matlock também diz quase o mesmo, em sua detalhada revisão de Past Life Memory Case Studies: “De fato, os leitores podem ficar surpresos ao descobrirem quão fracas têm sido as críticas metodológicas ao trabalho de Stevenson.” (Past life memory case studies. In S. Kripper {editors}, Advances in Parapsychological Research. S. Krippner Jefferson, N.C. Mcfarland, 1990. Página 253).

Breve descrição do caso Imad Elawar: Stevenson foi até o Líbano, em março de 1964, esperando encontrar casos de crianças que afirmassem se lembrar de vidas passadas. Logo no primeiro dia, ele encontrou uma família que tinha um garoto que afirmava se lembrar de uma vida anterior. Esta era a família Elawar, e o garoto se chamava Imad (Imad Elawar), nascido em dezembro de 1958. Stevenson anotou cerca de 57 declarações (que os pais de Imad afirmavam que ele tinha feito, que se referiam a uma vida anterior) e então ele se comprometeu a encontrar a personalidade prévia (isto é, uma pessoa falecida) que pudesse corresponder a essas indicações na vila e na família indicada “por Imad” (o vilarejo de Khirby; a família Bouhamzy). Ele acabou encontrando alguém que poderia corresponder de forma considerável às indicações, uma pessoa chamada Ibrahim Bouhamzy que morreu de tuberculose com 25 anos de idade, em setembro de 1949. Dois parágrafos no relato de Stevenson do caso (página 277 de Vinte Casos) são especialmente informativos:

Já que Imad havia citado um número considerável de nomes, sua família procurou encaixá-los em um padrão de laços familiares. As primeiras palavras que ele disse foram “Jamileh” e “Mahmoud”, e ele havia mencionado Jamileh repetidas vezes, e comparado sua beleza com a aparência menos atraente de sua mãe. Ele também falou de um desastre em que um caminhão atropelara um homem, quebrando-lhe as duas pernas e causando-lhe outros ferimentos que o levaram à morte, pouco tempo após o acidente. Imad havia falado de uma briga entre o motorista do caminhão e o homem que foi atropelado, e ele parecia achar que o motorista tinha a intenção de matar o homem acidentado, atropelando-o propositadamente com seu caminhão. Imad também tinha se referido a um acidente de ônibus. Ele disse que pertencia à família Bouhamzy, de Khriby. E, mais tarde, demonstrara uma alegria incomum por poder andar, repetindo sempre quão feliz se sentia por isto.

Sua família reunira todas essas declarações, como segue. Achavam que ele alegava ser um tal de Mahmoud Bouhamzy, de Khriby, que tinha uma esposa chamada Jamileh, e que fora fatalmente ferido por um caminhão depois de uma briga com o motorista do mesmo. Acontece que Imad nunca disse que o acidente fatal com o caminhão ocorrera com ele; apenas o descrevera com riqueza de detalhes. Ele também não dissera especificamente que Jamileh fora sua mulher; apenas referia-se a ela constantemente. A família de Imad determinou relações de parentesco em sua “família anterior” para algumas das pessoas cujos nomes ele mencionara. Assim, acharam que duas das pessoas mencionadas foram seus filhos. Posteriormente tiraram outras conclusões que se revelaram errôneas e cujos detalhes anotarei na tabulação sumarizada e na discussão apresentada a seguir. Embora eu procurasse saber exatamente o que o próprio Imad havia dito, seus pais me comunicaram, como tendo sido ditas por ele, algumas das conclusões que eles próprios haviam tirado na tentativa de encontrar um padrão coerente para toda a história. A questão, porém, é que erros nas conclusões tiradas pela família de Imad contribuem consideravelmente para a evidência de sua sinceridade, e também para a improbabilidade de que eles próprios tivessem servido de fonte ou canal das informações transmitidas por Imad”.

Contudo, o caso não estava livre de algumas “complexidades desconcertantes”, e o próprio Stevenson observou isto. Nas palavras dele: “Aqui eu posso dizer, entretanto, que a investigação do caso de Imad encontrou primeiramente complexidades desconcertantes e em duas ocasiões pareceu se dissolver em fragmentos irrelevantes e sem ligação: uma vez quando tomei conhecimento de que Mahmoud Bouhamzy não tinha sido morto por um caminhão, e novamente quando eu soube que Said Bouhamzy é quem tinha sido morto por um caminhão, o que não batia com outros detalhes das indicações feitas por Imad. Além disso, alguém que afirmava ser Said Bouhamzy renascido já havia surgido” (Vinte Casos, página 280). Assim, uma certa dose de “reinterpretação” foi necessária para relacionar as afirmações de Imad à personalidade prévia.

Isso criou um cenário bastante estranho, em que uma declaração “prévia à averiguação” que provavelmente tinha sido “Imad disse que se chamava Mahmoud Bouhamzy em sua vida anterior” (que foi confirmada como sendo errada no decorrer da investigação, já que Mahmoud Bouhamzy ainda estava vivo) foi no final reinterpretada como “correta” e inserida na tabela como “Mahmoud, nome mencionado por Imad: Mahmoud Bouhamzy era tio de Ibrahim Bouhamzy”. E, a declaração “prévia à averiguação” que provavelmente tinha sido “Imad disse que ele tinha um filho chamado Adil” (que era uma indicação que não correspondia à Ibrahim Bouhamzy) no final foi reinterpretada como correta e inserida na tabela como “Tinha um ‘filho’ chamado Adil: Ibrahim tinha um primo chamado Adil. Outro erro de inferência da parte dos pais de Imad. Imad, eles disseram depois, tinha mencionado ‘Adil’ e ‘Talal’ ou ‘Talil’ e então eles tinham assumido que estes eram seus filhos na vida anterior”.

Sendo assim, não é difícil imaginar que estas “reinterpretações” conduziram a algumas suspeitas de má conduta por parte de Stevenson. Como Leonard Angel colocou: “Surpreendentemente, as memórias são no fim consideradas boa evidência para a reencarnação apesar do fato de que o melhor candidato a sujeito da vida passada encontrado por Stevenson não se chamava Mahmoud Bouhamzy, não tinha uma esposa chamada Jamilah, e não morreu em conseqüência de um acidente, muito menos um acidente que aconteceu após uma discussão com o motorista.” (Skeptical Inquirer, outono de 1994, p.483).

Angel observou em 1994 que a investigação de Stevenson falhou em seis pontos fundamentais: 

1- As memórias originais “que precederam o processo de verificação” deveriam ter sido registradas e relatadas exatamente como foram observadas anteriormente. 

2- Qualquer tentativa do investigador de distinguir entre o que o garoto afirmou e o que os pais informaram sobre as afirmações do garoto deveria ter sido feita antes dos esforços de verificação. 

3- Dados não devem ser apresentados de modo a obscurecer hipóteses alternativas. Angel considera serem exemplos disto as indicações de que o sujeito da vida anterior “tinha vivido em Khriby” e era da “família Bouhamzy”. A hipótese alternativa seria a de que, em vez de Imad ter realmente “relembrado” esta informação, ele poder ter começado a se referir a ela após eventos casuais em seus primeiros anos de vida, talvez ouvindo o nome Bouhamzy, ou após ter-se encontrado com o homem de Khriby nas ruas quando tinha quase três anos de idade. 

4- A tabela de dados não deveria esconder problemas nos comentários. Por exemplo: os “poços” que Imad mencionou no final foram considerados como “corretos” apesar de terem sido encontrados “tanques”. 

5- Os métodos de verificação específicos deveriam ter sido documentados adequadamente. Isto é, que tipo de perguntas Stevenson fez para checar as afirmações de Imad sobre as memórias dos amigos e parentes da personalidade prévia? Foram perguntas “sugestivas”, “abertas” (“revelações”), “simples-cegas”, “duplo-cegas”? 

6- O principal registro de dados concorrentes para a hipótese de reencarnação não foi sequer levantado, foi deixado de lado. O registro apropriado tem que fazer elos estatísticos com as informações cercando qualquer material psiquicamente transmitido. Isto é, é possível que as informações de Imad estivessem dentro do estatisticamente aceitável, e que os investigadores tenham se impressionado com um simples aumento não garantido de significância das afirmações? 

Eu tentei olhar mais atentamente o caso Imad Elawar usando como regulador de medida o criticismo de Leonard Angel, buscando saber se o caso ainda parecia ser interessante (indicativo de paranormalidade) após uma “correção” dele, isto é, depois de tentar remover as reinterpretações de Stevenson. Tudo isto para ver se o que resta do caso pode ser realmente descrito em terrenos “naturalísticos” (não paranormal), como Leonard Angel afirmou quase dez anos atrás. 

O que é apresentado no trabalho seguinte é, primeiro, uma revisão crítica da crítica de Angel para o caso Imad Elawar, quase com o mesmo conteúdo de uma mensagem que eu havia enviado para ele por email; e, segundo, uma “reorganização” ou “retabulação” do caso para ver se os aparentes “aspectos paranormais” resistem às tentativas de explicações naturais de Angel.

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Revisão Crítica da Crítica de Leonard Angel para o Estudo de Caso Imad Elawar 

Desde que eu disse ao Leonard Angel que “mesmo levando em consideração a sua crítica metodológica do caso Imad Elawar, ainda acho este caso interessante”, tenho enviado a ele (como apresentado abaixo) a minha análise e explicação de porque cheguei a este ponto de vista. No final do texto, eu incluí uma retabulação que eu fiz da tabulação original de Stevenson, levando em consideração os comentários de Angel sobre o caso, e é nesta retabulação que baseio a minha opinião atual. O texto que a precede é uma avaliação do que parecem ser pontos fracos na análise de Angel sobre o caso Imad Elawar. 

Minha análise procedeu do seguinte modo: 

– Primeiro, eu li a análise de Leonard Angel do caso (Skeptical Inquirer, outono de 1994) 

– Segundo, eu li a “Continuação” – a réplica de Stevenson e a tréplica de Angel (Skeptical Inquirer, maio/junho de 1995) 

– Terceiro, eu li o caso da maneira que foi relatado em Vinte Casos Sugestivos de Reencarnação (segunda edição, 1974 – sixth paperback printing, 2002). 

– Quarto, todos estes materiais foram cuidadosamente lidos quatro vezes, e eu fiz uma retabulação da tabulação original de Stevenson. 

– Quinto, eu adquiri dois artigos adicionais sobre o assunto. Os artigos foram estes que Stevenson indicou: 

*Stevenson, Ian, e Godwin Samararatne. 1988. Three new cases of the reincarnation type in Sri Lanka with written records made before verification. Journal of Scientific Exploration, 1988, 2:217-238. 

* Mills, Antonia; Haraldsson, Erlendur, and Keil; H. H. Jürgen. 1994. Replication studies of cases suggestive of reincarnation by three independent investigators. Journal of the American Society for Psychical Research, 88:207-219. (este é de julho de 1994, e, portanto, não poderia ter sido usado por Angel). 

Finalmente, eu obtive a análise completa de Angel do caso, e obtive a réplica completa de Stevenson. 

A primeira coisa que me chamou a atenção foi que Angel estava analisando um caso que tinha sido investigado em 1964, isto é, trinta anos antes de sua análise (em 1994). Este é certamente o caso mais importante do material de Vinte Casos, mas muitas pesquisas têm sido feitas desde então. Eu apenas imagino qual é a qualidade da pesquisa que seguiu Vinte Casos. Apesar do trabalho de Angel ser precioso em linhas metodológicas, ele não nos dá nenhuma idéia da qualidade da pesquisa na área. Eu adquiri e cuidadosamente li os dois artigos mencionados logo acima, e eles me pareceram ser de qualidade científica razoavelmente boa. 

A segunda coisa que percebi foi que no artigo de Angel muito criticismo foi dirigido à reinterpretação de Stevenson das afirmações de Imad, questionando a legitimidade, motivos, e intenções dessas reinterpretações. Angel disse, por exemplo: 

“Em virtude das afirmações originais, teria então Stevenson permitido que ele próprio e que a família pensassem em Ibrahim Bouhamzy?” (seguido, em seu artigo da S.I, pela lista da “soma total das correspondências restantes das memórias originais “prévias à investigação”). 

E também: 

“Surpreendentemente, as memórias são no fim consideradas boa evidência para a reencarnação apesar do fato de que o melhor candidato a sujeito da vida passada encontrado por Stevenson não se chamava Mahmoud Bouhamzy, não tinha uma esposa chamada Jamilah, e não morreu em consequência de um acidente de caminhão, muito menos um acidente que teria acontecido após uma discussão com o motorista. Contudo Stevenson não fornece informações suficientes para que o leitor saiba o que exatamente os pais ou o próprio menino disseram que permitisse a ele Stevenson descontar as afirmações originais como interpretadas pelos pais e em vez disso apresentar as consideravelmente diferentes afirmações colocadas em sua tabela”. 

Certamente houve uma forte reinterpretação da parte de Stevenson. Eu posso até dizer que por vezes ele chegou a extremos inaceitáveis no processo de reinterpretação. Mas, na verdade, as “razões” para Stevenson proceder assim estão todas indicadas claramente em seu relatório do caso (com exceção dos extremos inaceitáveis de reinterpretação). Assim como todas as fraquezas do caso parecem (parecem, ao menos!) ter sido apresentadas abertamente, exceto pelos detalhes de seus procedimentos de entrevista com os “informantes” (o item 5 das seis bases fundamentais em que, de acordo com a visão de Angel, Stevenson falhou). Isto é, que tipo de perguntas ele usou? A maioria das perguntas era aberta e conduzida? Ou, em vez disso, poderiam alguma delas, ou talvez mesmo a maioria delas, ser qualificadas sob definições modernas como “simples-cegas?” Em todo o caso, nós todos sabemos que certamente não eram duplo-cegas, o que, por si só, é uma fraqueza séria. 

Uma terceira coisa que me surpreendeu foi o limitado espaço que a Skeptical Inquirer (S.I) deu ao assunto. A réplica completa de Stevenson é muito interessante e informativa (assim como a análise completa de Angel do caso tem outros pontos fortes, e os leitores poderiam tirar proveito desta leitura), e foi uma grande pena que a S.I não pôde (ou não quis) publicá-la completamente. Teria tomado apenas 5 páginas para publicar a réplica completa de Stevenson (eu usei a ferramenta do Microsoft Word que conta as palavras nos artigos para fazer essa estimativa), enquanto o artigo de Angel tem 7 páginas, e o Pé Grande (também em S.I. 1994, outono), tem 11! 

Além disso, eu encontrei alguns erros factuais na análise de Leonard Angel. Angel fez uma lista da “Soma total das correspondências restantes das memórias originais “prévias à verificação”. Esta lista inclui os seguintes itens: 

01- Havia uma pessoa importante (sua esposa ou alguma coisa parecida) chamada Jamilah

02- Jamilah era bonita

03- Jamilah usava roupas vermelhas

04- Jamilah se vestia bem

05- Ibrahim era um “amigo” do famoso político druso Kemal Joumblatt

06- Ibrahim tinha uma fazenda

07- Há uma entrada com um tipo de abertura redonda

08- Ibrahim gostava de caçar

09- Ibrahim tinha escondido sua arma

10- Ibrahim uma vez bateu num cachorro

11- Havia uma ladeira próxima à casa de Ibrahim

12- Ibrahim estava reconstruindo seu jardim

13- Ibrahim tinha um pequeno automóvel amarelo

14- Ibrahim tinha um ônibus

15- Ibrahim tinha um caminhão 

A princípio, eu encontrei seis erros na lista. Na verdade sete, mas a erro ortográfico do nome Jamileh (que, a propósito, é apenas um pseudônimo) é metodologicamente sem importância. Os erros são estes: 

Os itens Jamileh usava roupas vermelhas, Ibrahim tinha escondido sua arma, e Ibrahim tinha um ônibus não deveriam estar na lista. Eles não foram registrados antes da verificação. 

Os itens Ibrahim tinha uma espingarda de cano duplo, Ibrahim mantinha as ferramentas para os carros nesse lugar de abertura arredondada, e Ibrahim teve um fogão a óleo em sua casa devem ser incluídos, porque foram registrados antes da verificação. 

E novamente, na análise completa de Angel do caso, ele lista 5 itens que restaram após ele fazer uma tentativa de explicar de forma natural as afirmações: 

1-Gostava de caçar

2-Tinha escondido sua arma

3-Melhorava o jardim

4-Tinha acesso a alguns veículos

5- Entrada com um tipo de abertura redonda 

Nesta mesma análise, eu ainda encontrei dois erros: primeiro a “arma escondida”, que não foi registrada antes da averiguação. Segundo, a entrada com um tipo de abertura redonda, que se levarmos em consideração o que o próprio Stevenson relatou, poderia ser facilmente explicada de forma natural. Na verdade, o próprio Stevenson enfatizou sua potencial importância, ao indicar nas tabulações (item 47, comentários): “Embora correta, aberturas deste tipo que dão acesso o sótão, existem em outras casas da região…” Lembrando que a “ladeira perto da casa” foi explicada por Angel de forma natural, quando ele disse: Quanto à ladeira próxima à casa, poderia ser porque a maioria das casas nas vilas Drusas possuam uma ladeira em algum lugar próximo a elas?”. Então, a abertura redonda também deveria ser excluída. 

De fato, parece haver pouca ou nenhuma razão para excluir estes treze (13) itens adicionais: o jardim novo tem cerejeiras; o jardim novo tem macieiras; havia duas garagens na casa; Jamileh usava salto-alto; havia alguém chamado Amin; Amin viveu em Trípoli; Amin trabalhou no edifício do tribunal em Trípoli; as ferramentas para o carro estavam no lugar com a abertura redonda; ele teve uma cabra quando era mais novo; teve um carneiro quando era mais novo; quando perguntado “quem são seus irmãos?”, respondeu corretamente “Fuad e Ali” (deixando fora Sami, o mais novo); ele teve um cão marrom; quando perguntado como o cão era mantido preso, ele respondeu corretamente “por corda”; em vez de com o uso de correntes como tantos cães na área são presos. 

Após ler a crítica de Angel e o relato de Stevenson muitas vezes, eu tive a impressão de que o caso Imad Elawar foi provavelmente o primeiro caso em que Stevenson teve a oportunidade de fazer registros das afirmações antes de qualquer um tentar verificá-las para só então manifestar a intenção de encontrar (talvez com sucesso) uma pessoa que correspondesse às afirmações de uma criança. Talvez Stevenson estivesse despreparado para as “complexidades desconcertantes” que encontrou, possivelmente porque esperou que as coisas aparecessem de uma maneira bem mais definida. Fez uma proposta muito arriscada (e totalmente ingênua) quando sugeriu em sua primeira entrevista com a família de Imad que poderia ir a Khriby no dia seguinte tentar ver se poderia descobrir algo interessante, o que naturalmente deve ter levantado expectativas elevadas em Imad e em seu pai. E estas expectativas elevadas, se fossem frustradas mais tarde por causa de Stevenson, poderiam ter tido conseqüências desastrosas para a investigação do caso. Na época, tudo o que Stevenson tinha era um relatório que vinha através de um intérprete nada confiável, e Stevenson não tinha nenhuma garantia de que encontraria alguém muito melhor no dia seguinte para fazer este trabalho. Parece-me que até então ele não tinha percebido o quanto as indicações de uma criança podem começar a se emaranhar com as interpretações dos pais dela, e o quanto muitas distorções adicionais podem operar em “memórias” como estas (e devemos adicionar: naturalmente, enfraquecendo o caso! Se reinterpretações forem concedidas, há um preço a ser pago. E o preço é: o enfraquecimento das afirmações evidencialmente fortes). 

Eu devo dizer que, sendo eu mesmo um pai (eu tenho uma filha de 14 anos, e um filho de 8 anos), eu não acredito na possibilidade de que um investigador possa com segurança identificar o que são (ou eram) as afirmações da criança e o que é (ou era) o “fruto da confusão” com os seus parentes mais próximos (principalmente, mas não somente, com interpretações dos pais, feedbacks positivos ou negativos, etc). (comentário: de fato, eu devo dizer que os investigadores Erlandur Haraldsson e Majd Abu-Izzeddin parecem ter feito um trabalho excelente em tentar fazer exatamente isso em um caso recente do relatório: Development of Certainty About the Correct Deceased Person in a Case of the Reincarnation Type in Lebanon: The Case of Nazih Al-Danaf. Erlendur Haraldsson and Majd Abu-Izzeddin. Journal of Scientific Exploration, Vol.16, nº.3, pp.363-380. 2002. Este caso, entretanto, não tinha registros feitos antes da verificação). 

Uma questão interessante é a questão do “tanque-abrigo”. “Um menino de cinco anos de idade de um vilarejo druso não sabe a diferença entre um tanque e um poço?” (comentário: Angel fez esta pergunta em seu artigo da Skeptical Inquirer de 1994, porque Imad tinha dito que em sua vida precedente havia dois poços em sua casa, um cheio e um vazio. Stevenson encontrou dois tanques de concretos lá, e contou essa indicação como “correta” na tabulação). 

Nós poderíamos igualmente perguntar: “Os céticos crescidos da Skeptical Inquirer (ou as pessoas responsáveis pelas ilustrações nela) não sabem a diferença entre um barril de madeira e um tanque de concreto?”[1] (na edição de outono da S.I. 1994 eles desenharam um poço de tijolos do lado de um típico barril de madeira – este desenho aparece na capa e em uma página do artigo também). 

O problema da escala de significados da palavra em línguas diferentes é duro de tratar, mesmo sem ter em mente a hipótese de reencarnação. No português brasileiro, eu nunca descreveria um “poço” usando a mesma palavra que eu uso para “tanque de concreto” (nem eu descreveria um tanque de concreto usando a mesma palavra que eu uso para um “barril de madeira”…). 

Mas uma oficina como a que foi encontrada na casa de Ibrahim Bouhamzy eu certamente descreveria como garagem (em português brasileiro), a mesma palavra que eu uso para qualquer outra garagem ordinária. Se alguém está usando a “hipótese de trabalho reencarnatória”, não importa o quão estranho isto seja, precisa ser levada em consideração a possibilidade de distorção das memórias através das hipotéticas (e esquisitas) transmissões de alma, junto com tudo o mais que poderia influenciar estas memórias (até mesmo o fato de o garoto ter citado o item “dois poços” durante a viagem de carro, o que quer dizer que ele possivelmente o fez de forma rápida, visto que “Mahmoud” foi provavelmente citado pelo garoto muitas e muitas vezes, e assim pode ser mais merecedor de uma forte crítica). 

Parece ser verdade que Stevenson não tentou saber quando exatamente Imad começou a mencionar Khriby e Bouhamzy (como Angel observou em sua crítica a este relatório do caso). Mas estas afirmações não seriam de uma natureza limitante? Elas não limitam a possibilidade de reinterpretação? 

Angel fez a seguinte pergunta: “O que aconteceria se o garoto fosse levado para outro vilarejo?”. Poderia haver uma reinterpretação que permitisse uma identificação enganosa (assim como Ibrahim pode ter sido uma identificação enganosa também)? Uma maneira de ver esta questão é recorrer a “casos insolúveis”, especialmente casos registrados antes da averiguação os quais tenham permanecido insolúveis. Em Mills et al (Mills, Antonia; Haraldsson, Erlendur e Keil; H.H. Jürgen 1994. Replication studies of cases suggestive of reincarnation by three independent investigators. Journal of the American Society for Psychical Research, 88:207-219), eles relataram que dos 19 casos com registros feitos antes da verificação (no Sri Lanka, estudados por Haraldsson), quatro casos foram solucionados, e 15 não foram. 

Isso significa 78% de casos não-resolvidos. 

Também, o antropólogo Matlock (Matlock, J. G. 1990. Past life memory case studies). Em S. Krippner – Ed – Advances in Parapsychological Research. McFarland: Jefferson, NC, Vol.6, p. 231) diz: 

3.5.2 Casos Resolvidos Versus Não Resolvidos 

Cook et al. (Cook, E. [F.] W., Pasricha, S., Samararatne, G., U Win Maung, & Stevenson, I. 1983b. A review and analysis of “unsolved” cases of the reincarnation type: II. Comparison of features of solved and unsolved cases. Journal of the American Society for Psychical Research, 77, 115-135) descreve uma série de casos não-resolvidos e (1983b) uma comparação de 576 casos resolvidos e 280 não-resolvidos em seis culturas em diversas variáveis. Eles (Cook et al., 1983b) não dizem como sua amostragem foi feita, mas o número de casos envolvidos parece indicar que usaram todos os casos na coleção de Stevenson para os quais os dados suficientes estavam disponíveis. 

Isso significa 33% de casos não-resolvidos. De fato, quase todos os casos acima devem ser casos sem registros escritos feitos antes da verificação. O que quer dizer que a identificação da “personalidade prévia” foi feita pelos próprios familiares. 

Em geral, parece que os casos não são resolvidos tão facilmente quanto se esperaria. Mas eu devo dizer que, de qualquer forma, este é apenas um olhar muito introdutório sobre o assunto. Uma outra maneira de estimar a probabilidade de encontrar uma pessoa que correspondesse às indicações feitas pelas crianças seria a aproximação experimental que Leonard Angel usou na Sociedade Cética de Vancouver BC (comentário: O Sr. Leonard Angel disse-me isto em uma comunicação pessoal em 20 de maio de 2003: “Outro fator que é bom mencionar é que isto não está escrito em nenhum lugar. Quando eu apresentei este material para a Sociedade Cética de Vancouver BC, eu planejei uma lista substituta dos fatores similares à tabela na Coleção de 20 Casos para Imad Elawar. Eu não me recordo dos detalhes, mas o que teria sido comum para o contexto de Elawar mas não comum em Vancouver aparentemente demonstrou ser igualmente comum em Vancouver. E o que era incomum no contexto de Elawar seria substituído por algo igualmente incomum em Vancouver. Eu apresentei a lista a um grupo de aproximadamente quarenta ou cinqüenta pessoas, e pedi que eles preenchessem com os elementos aplicados a eles pessoalmente. Assim nós encontramos alguns resultados que soavam verdadeiramente notáveis – havia diversas pessoas neste grupo que apresentaram tantos indicadores quanto a suposta vida passada de Imad Elawar apresentou para essa lista. O experimento não foi executado rigorosamente, a intenção era demonstrar quão poderosa é a natureza da teia informacional, e como fácil é gerar conexões que não são causalmente significativas.”). Até agora, eu não encontrei nenhum artigo em que um pesquisador de casos de memória de vidas passadas tentou fazer uso deste experimento. 

Uma questão adicional e intrigante deste caso é a própria Jamileh. Quando Imad foi a Khriby, ele não mencionou Jamile na presença dos membros femininos da família de Bouhamzy. Eu acredito que a mãe ou o pai dele, tenham instruído-lhe a não fazê-lo, porque o relacionamento de Ibrahim e de Jamileh teria sido um escândalo para a família. Em todo o caso, eu quero saber se Jamileh realmente existiu! Eu penso que é provável que ela tenha existido, mas não me surpreenderia se ela não tivesse existido. 

Os dois artigos que serviram de leitura adicional, sugeridos por Stevenson em sua réplica, contêm muitos pontos importantes. 

Em Stevenson-Samararatne (1988), muitos dos problemas identificados por Angel no caso Imad Elawar pareceram ter sido muito melhor tratados. Estes casos parecem ser mais aprofundados e melhor estudados (mais entrevistas foram feitas, os pesquisadores falavam a língua local e conheciam a cultura local). Houve muito menos reinterpretações e as tabulações pareciam muito mais claras, isto é, elas estavam menos confusas assim como as declarações (que estavam melhor explicadas; na verdade, não havia tabulação. Eu tive que extrair, as “afirmações anteriores à verificação” do artigo, uma por uma, e comparar o resultado com a tabela 1 “Soma Total”, que indicou somente o número total das declarações, o número de declarações corretas, erradas, e não-verificadas). Também parece ter tido menos possibilidade de “vazamento sensorial” (menos possibilidades de contato entre as famílias envolvidas). 

Em Mills et al (Mills, Antonia; Haraldsson, Erlendur, e Keil; H. H. Jürgen. 1994. Replication studies of cases suggestive of reincarnation by three independent investigators. Journal of the American Society for Psychical Research, 88:207-219), os autores não têm muito material que sustente as explicações paranormais. O único caso com registro feito antes da verificação tinha (de acordo com o meu ponto de vista) uma fraqueza séria: todos os itens foram “itens externos a casa”, o que aumenta as chances de que eles fossem conhecidos por estranhos e outros membros não pertencentes à família. Mas os autores fazem comentários metodologicamente interessantes sobre a possibilidade de armadilhas em relação à pesquisa nessa área: 

1- Eles dizem que “nos casos em que registros não foram feitos antes de o caso ser ‘resolvido’, é difícil avaliar até que ponto os registros do ‘testemunho original’ foram alterados. 

2- Eles observam a “dificuldade de avaliar a independência das afirmações” (isto é, como alguém pode dizer quantas afirmações existem em uma frase com exata precisão?) 

3- Eles destacam a “dificuldade de avaliar a relativa significância ou o peso dos fragmentos de informação contidos em cada declaração”. 

4- Por fim, eles comentam o problema de “avaliar a probabilidade de uma equivalência entre as afirmações, comportamento, etc. de uma criança e as características de uma pessoa falecida”, indicando ainda que “qualquer cálculo de tal probabilidade estimada tem um elemento subjetivo substancial.” 

De acordo com o que eu entendi, o item 4 acima é precisamente uma referência ao que Angel mencionou como sendo as estatísticas do nexo informativo que cerca todo material ‘psiquicamente’ transmitido (como Angel colocou em seu artigo de 1994 na Skeptical Inquirer: “O principal registro de dados concorrentes para a hipótese de reencarnação não foi sequer levantado, foi deixado de lado. O registro concorrente apropriado tem que fazer elos estatísticos com as informações cercando qualquer material ‘psiquicamente’ transmitido”). Este artigo de 1994 (Mills et al) naturalmente não poderia ter sido usado por Angel em seu livro e artigo, porque apareceu simultaneamente a estes escritos de Angel. 

Tenho a impressão de que em termos de criticismo metodológico o artigo de Angel reforçou a importância de dois itens cruciais: primeiro, quantos casos como estes poderiam ser explicados pelo acaso. E segundo, até que ponto o investigador poderia passar aos “informantes” a informação que ele ou ela ou está tentando verificar. Eu suma: o acaso, algo que tem flagelado a parapsicologia por tanto tempo; e o vazamento sensorial (informação que vaza do investigador ou do ambiente em volta – jornais, pessoas, etc. – ao sujeito ou aos informantes), que, também, tem tido um impacto devastador na aceitabilidade das reivindicações paranormais. 

Atualmente, eu penso que somente os casos registrados pelo investigador antes da verificação deveriam ser considerados como possível fonte de evidência empírica para a hipótese de reencarnação (comentário: existe um artigo interessante de 1998 feito por Shouten e Stevenson que refere-se precisamente a esta publicação, comparando este tipo de casos “mais fortes” com os outros tipos “mais fracos”, isto é, casos sem registros feitos antes da verificação. Eles concluíram que a Hipótese Sócio-Psicológica não pode explicar adequadamente estes casos “mais fracos” do tipo reencarnação, o que parece trazer estes casos “mais fracos” para mais perto dos “mais fortes” no que diz respeito à possibilidade de fornecer evidências que sustentem a hipótese de reencarnação – Does the Socio-Psychological Hypothesis Explain Cases of the Reincarnation Type? Schouten, SA & Stevenson, I. Journal of Nervous and Mental Disease. Vol.186.8, pp.504-506. Entretanto, parece que neste artigo os “casos mais fortes” incluem tanto os registros feitos pelo investigador como os feitos por outra pessoa, às vezes algum parente da criança, como no caso Swarnlata. Além disso, pelo menos no caso Imad Elawar, a avaliação quantitativa dos itens corretos, incorretos e duvidosos não parece ser muito confiável. Por exemplo, ele considerou, mesmo após a crítica de Leonard Angel em 1994, que as afirmações corretas somaram 80%, enquanto eu próprio vi seus dados como tendo no máximo 69% de afirmações corretas, e talvez apenas 63% se formos mais rigorosos – veja detalhes abaixo. Então, as probabilidades neste artigo de 1998 podem ser falhas. Parece haver uma curiosa falha estatística no artigo introdutório de Stevenson de 1993 sobre marcas e defeitos de nascimento: Birthmarks and Birth Defects Corresponding to Wounds on Deceased Persons. Ian Stevenson Journal of Scientific Exploration, Vol 7, nº4, pp.403-410, 1993. Tem a ver com a probabilidade de que o ferimento de uma pessoa morta na encarnação precedente combinaria com a posição de uma marca de nascença na encarnação seguinte. Se houvesse uma marca de nascença, os números de Stevenson indicaram uma probabilidade de 1/160, mas a cifra estatística correta deve ser 1/25. E se houvesse duas marcas de nascença, Stevenson encontrou uma probabilidade de 1/25600, mas o número correto é 1/625. Este erro foi repetido em ambos os seus livros sobre o mesmo assunto em 1997, e criticado por Leonard Angel em um artigo de 2001: Reincarnation All Over Again: Evidence for Reincarnation Rests on Backward Reasoning. A review of Ian Stevenson’s “Reincarnation and Biology”; Praeger Publishers, 1997. Vol 1 e 2, 2,228 pp. Autor da revisão do livro: Angel, Leonard. Skeptic Magazine vol. 9, 3, 2002). 

Além disso, mesmo que sejam utilizados métodos de verificação verdadeiramente duplo-cegos, estes casos nunca irão satisfazer as críticas recebidas pelas afirmações paranormais, especialmente as de sobrevivência, já que não há como submetê-las a condições controladas, o que é uma fraqueza complicada. Para uma hipótese como a de reencarnação, estas exigências por críticas severas não são apenas o resultado da necessidade de reconciliação com o resto do corpo científico de conhecimento, mas sim o resultado do seu impacto social potencialmente profundo. Quando se trata desse assunto nós não podemos permitir “verdades científicas temporárias”. Nós precisamos de algo mais forte. 

Este é o motivo pelo qual, em minha opinião, tais casos nunca deveriam ser examinados como “prova” de reencarnação. Mas eu também acho que eles fornecem alguma evidência empírica para essa hipótese. Uma evidência fraca, mas verdadeira. 

No mais recente artigo de Angel, na Skeptic Magazine (Reincarnation all over again: evidence for reincarnation rests on backward reasoning. A review of Ian Stevenson’s “Reincarnation and Biology”, Praeger Publishers, 1997. Vol 1 e 2, 2, 228 pp. Revisado por Leonard Angel. Skeptic Magazine vol. 9, nº3, 2002), ele diz: 

“Como o trabalho de Stevenson tem impressionado tantas pessoas, algumas delas com sólidas credenciais acadêmicas? Parte do problema é o que eu vejo como uma forma de persuasão através de tabulações defeituosas de dados muito volumosos para serem examinados a fundo.” 

Parece-me que estas 2000 páginas do livro de Stevenson podem de fato ter muitas falhas. Eu li algumas partes do menor, Where Reincarnation and Biology Intersect (1997), e apesar de Stevenson dizer em sua introdução que isto serviria quase como uma “série de resumos” para dar algum plano de fundo e para preparar o leitor para o volume maior (isto é, para despertar a nossa curiosidade e interesse no assunto), neste livro menor faltam, na minha opinião, os detalhes que são necessários para uma análise preliminar. Mas Angel diz: “Parte do problema é…”. 

Eu não necessariamente vejo um “problema” no fato de que até mesmo os cientistas com sólidas credenciais acadêmicas se impressionam com o trabalho de Stevenson. O que realmente me preocupa é o porquê de eles ficarem impressionados. Ao ler, ainda que com cuidado, um relatório de um caso como Imad Elawar ou aqueles seis que aparecem nos dois artigos que eu mencionei acima (Stevenson et al, 1988; and Mills et al, 1994), você pode muito bem terminar a leitura sentindo que há uma evidência forte, ou sentindo que há uma evidência fraca ou uma nenhuma evidência no final das contas. Eu não acredito que alguém possa ter uma boa idéia do que estes relatórios de caso realmente são (suas forças e fraquezas) sem os ler cuidadosamente muitas vezes, e, o que é pior, sem fazer retabulações e extrações das declarações para tentar pesar o valor dos casos. 

Eu acredito muito fortemente que estes relatos de caso estão sendo lidos muito mal, mesmo por bons cientistas (e por aqueles que declaram que “a crença na reencarnação é bem justificada por investigações científicas “como… digamos, a crença no passado da existência dos dinossauros”. 

Ou o filósofo Robert Almeder não leu os relatórios com cuidado e perícia suficiente, ou ele não sabe muito sobre dinossauros. Em todo o caso, sua resposta a Paul Edwards no artigo “Critique of Arguments Offered Against Reincarnation”, é razoavelmente boa – Journal of Scientific Exploration, Vol. 11, nº4, pp. 499-526, 1997. – esta é uma resposta ao livro de Edwards Reincarnation: a Critical Examination – 1996). 

E eu tenho certeza de que esses relatos de casos (alguns pelo menos) estão sendo muito mal escritos, de muitas maneiras, especialmente (mas não somente) em suas tabulações. E eu acredito que uma cuidadosa e profunda análise destes relatos de casos não conduzirá nem ao descarte rápido nem à aceitação de imediato. 

Além disso, até onde eu sei, as objeções a “coisas estranhas” como a hipótese de reencarnação oriunda da supostamente “perfeita relação” mente-cérebro, e das hipotéticas violações das leis físicas”, estão muito menos fundamentadas do que a maioria das pessoas parecem estar cientes (incluindo Michael Shermer e Barry L. Beyerstein. Shermer diz, em Why People Believe Weird Things: Pseudoscience, Superstition & Other Confusions of Our Time, “A essa altura já não deveríamos saber que as leis da ciência provam que fantasmas não existem?” (p.27), citado em uma revisão deste livro feita por Henry H. Bauer no Journal of Scientific Exploration. 

E Beyerstein diz, em A Cogent Consideration of the Case for Karma and Reincarnation, uma revisão do livro de Paul Edwards Reencarnação: Um Exame Crítico publicada na Skeptical Inquirer Magazine: janeiro/fevereiro de 1999: “Enquanto a moderna neurociência não pode conclusivamente descartar a possibilidade de que uma consciência separada do corpo possa existir, a quantidade desconcertante de evidências sugerindo que pensar, lembrar, e sentir requerem um cérebro intacto e ativo serve para fazer com que a ligação mente-cérebro seja um dos postulados mais bem sustentados em qualquer área científica”. Para mim, ambos Shermer e Beyerstein estão desinformados em suas declarações. 

Sendo assim, eu devo dizer que senti que isso em vez de nos apresentar com uma “insegura inflação da significância dos dados”, Leonard Angel nos forneceu uma “desmerecida deflação da significância dos mesmos”. 

De qualquer modo, devo reforçar que sua análise (em ambos os artigos) é inestimável em vários pontos, e eu estou bastante ciente de que Angel pode estar cem por cento certo em sua intuição de que todo este programa de pesquisa tem pouco ou nada de paranormal. 

Leonard Angel perguntou, ao comentar o caso Imad Elawar, “Quão difícil é, então, explicar o conteúdo específico do melhor material de Vinte Casos em hipóteses puramente naturalistas? 

Tendo estudado isto profundamente e, a meu ver, a resposta é: “Certamente não é impossível. Mas é, sem dúvidas, muito difícil…”

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Retabulação do caso de Imad Elawar, originalmente descrito e tabulado em Vinte Casos Sugestivos de Reencarnação de Ian Stevenson (1966-1974) 

Explicação: Esta “retabulação” é uma tentativa de ver se o caso Imad Elawar ainda permanece “interessante” (isto é, indicativo de paranormalidade) após uma “correção” da tabulação original deste caso feita por Stevenson, tentando usar como guia o criticismo metodológico de Leonard Angel do caso (e a tabulação de Stevenson) ambos apresentados por Leonard Angel em seu livro (Enlightenment East and West, 1994) e em seu artigo publicado na revista Skeptical Inquirer (Empirical Evidence for Reincarnation? Examining Stevenson’s “Most Impressive” Case. Skeptical Inquirer, vol.18, Fall 1994). 

Na tabulação abaixo, apenas as afirmações registradas antes da verificação foram incluídas. Algumas afirmações adicionais foram feitas por Imad Elawar durante a sua visita à casa da “personalidade prévia.” (Imad Elawar é o garoto que dizia se lembrar de uma encarnação prévia, e ele tinha cinco anos de idade em 1964; Ibrahim Bouhamzy é supostamente a “personalidade prévia”, que morreu de tuberculose em setembro de 1949, tendo morrido quando ele tinha cerca de vinte e cinco anos de idade.) Dessas afirmações adicionais, apenas aquelas que foram testemunhadas diretamente pelo intérprete foram incluídas. Os itens que eu deixei de fora (isto é, que não foram escritos previamente à verificação) iriam de fato reforçar o caso. Então, os deixei de fora para não enviesar esta re-análise através de uma explicação paranormal (muito pelo contrário). 

Cada item tem seu número antigo (isto é, o número na tabulação original feita por Stevenson) indicado nos parênteses. Por exemplo: 4- (St: 03) significa que o número original deste item é 3, ao qual eu estou me referindo na forma “retabulada” como item 4. St significa Stevenson. 

Comentários sobre as possíveis fraquezas do caso: Ao verificar se as afirmações de Imad Elawar estavam corretas ou não, as perguntas poderiam ter sido apresentadas aos “investigadores” de um modo “duplo-cego”, “simples-cego”, ou “aberto” (esta última categoria inclui “as perguntas tendenciosas” freqüentemente criticadas). Nós podemos supor que as perguntas de Stevenson eram uma mistura de “abertas” e “simples-cegas”, possivelmente tendendo a ser “abertas”, às vezes (talvez) até mesmo “tendenciosas”. 

O possível vazamento sensorial “do ambiente” e de informações úteis a respeito do caso: 

* Imad Elawar nasceu em dezembro de 1958. 

* Um evento que ocorreu possivelmente em dezembro de 1960: Salim el Aschkar, um nativo de Khriby, tinha casado com uma menina de Kornayel e às vezes visitava a vila. Imad tinha aproximadamente dois anos de idade e estava na rua com sua avó paternal quando Salim EL Aschkar vinha adiante. Imad correu até ele e o abraçou. “Você me conhece?” Salim perguntou, e Imad respondeu: “sim, você era meu vizinho.” Este homem tinha sido um vizinho da família de Ibrahim Bouhamzy, mas não mais vivia perto da casa deles. Ele era conhecido da família de Elawar, e tinha ido à casa de Elawar uma vez antes do nascimento de Imad. 

* No outono de 1962, uma mulher da vila Maaser el Shouf veio a Kornayel para uma visita, e encontrou-se com os pais de Imad. Ela confirmou que algumas pessoas com os nomes indicados por Imad de fato viviam (ou tinham vivido) na área em torno de Khriby, incluindo Jamileh. 

* O Sr. Faris Amin Elawar, um terceiro primo do avô paternal de Imad, conhecia, mas não intimamente, a família de Bouhamzy. Seu filho, Saleem, foi ao funeral de Said Bouhamzy (esse que foi atropelado pelo caminhão em junho de 1943, seis anos antes da morte de Ibrahim Bouhamzy em setembro de 1949) com alguns parentes. O Sr. Faris visitava a família de Elawar freqüentemente. (Stevenson disse nas páginas 315-316: “estas últimas duas entrevistas me deram a impressão de que as visitas entre Kornayel e Khriby eram mais freqüentes do que eu tinha pensado previamente. Ao mesmo tempo elas reforçaram a minha conclusão de que as pessoas conhecidas pela família de Imad não tinham conhecimento de detalhes da vida íntima da família de Bouhamzy.”). 

* Dezembro de 1963, o pai de Imad foi a Khriby para comparecer ao funeral do outro Said Bouhamzy. 

* Stevenson começou a pesquisa do caso em março de 1964. 

* As cidades de Kornayel e de Khriby estão a 40 quilômetros (25 milhas) uma da outra. Nenhum tráfego regular direto as liga, mas existem estradas razoavelmente boas, de superfície dura. Nesta área, as pessoas de diferentes cidades geralmente se reúnem principalmente nos funerais e nos casamentos. 

* É importante ter em mente que os informantes neste caso eram, na maior parte, os pais de Imad. Stevenson diz na página 277 (em Vinte Casos): “embora eu tenha tentado aprender exatamente o que o próprio Imad tinha dito, os pais deram me repassaram como sendo ditas por Imad algumas das inferências que eles mesmos tinham feito no esforço de encontrar algum padrão coerente nas declarações que ele fez. Contudo, o fato de que os erros de inferência feitos pela família de Imad emergiram contribui consideravelmente para a evidência de sua honestidade e também para a improbabilidade de que eles mesmos poderiam ter fornecido uma fonte ou canal para a informação citada por Imad”. Assim uma pergunta que nós devemos ter em mente ao tentarmos esclarecer este caso em termos “naturalistas” é: até que ponto os pais de Imad poderiam ter ganho acesso naturalisticamente às informações que eles apresentaram como sendo as memórias do menino? As opções “naturalistas” são: confabulação (fraude coletiva, envolvendo duas ou mais pessoas); criptomnésia (amnésia da fonte); e acaso somada à hipótese da inflação dos dados significantes. 

Indicadores especiais usados na “retabulação”: 

Itens objetivos: O. Este tipo de item tem valor especial. Refere-se a itens que poderiam ser objetivamente verificados por Stevenson, como, por exemplo, “logo antes de sua casa, há uma ladeira”. 

Itens de alta probabilidade: A. Refere-se a um item que não é específico. Incluí todos os nomes sob esta categoria, por falta de informação sobre as suas freqüências relativas nessa população. Devo destacar que os meus critérios para classificar itens como sendo de “probabilidade alta” ou não certamente são apenas uma tentativa. 

Itens que talvez tenham sido afetados por dicas sensoriais: P. Isto afeta principalmente os “reconhecimentos”. 

Na “retabulação abaixo”, os itens foram organizados de modo que os que possivelmente têm mais valor evidencial apareçam primeiro. Todos os comentários são meus, mesmo que eu às vezes tenha “pego emprestado” frases de Stevenson. 

Declarações corretas, tanto diretamente ou através de reinterpretação: Observe que “Ele” no começo das “afirmações” sempre se refere a Imad-Ibrahim. 

01- (St: 01) Ele era da vila de Khriby. O 

02- (St: 34) Um pouco antes da casa dele, havia uma ladeira. O 

03- (St: 35) Havia dois poços na casa dele. O. Stevenson encontrou dois tanques de concreto, os quais em sua resposta completa a Leonard Angel (1994) ele disse não ter visto em nenhuma outra casa no Líbano. Correto com reinterpretação. 

04- (St: 37) O novo jardim tinha cerejeiras.O 

05- (St: 37) O novo jardim tinha macieiras. O

06- (St: 45) Havia duas garagens na casa. O. Stevenson encontrou dois abrigos sob a casa. Tinha um teto (o da própria casa, até onde pude entender), uma porta, e esta porta tinha um cadeado. A mim pareceu mais com uma garagem. Stevenson considerou este item incorreto. Eu estou tratando este item como correto. O comentário de Stevenson foi: “Incorreto, mas talvez parcialmente correto. Ibrahim mantinha seus veículos ao ar livre. Sob a casa havia dois abrigos e Imad provavelmente tentava se referir a elas. Isto parece bastante provável já que Imad tinha se referido anteriormente a “lugares com telhados redondos” aparentemente no mesmo contexto e estes galpões embaixo da casa tinham tetos redondos que eu mesmo vi quando examinei a casa. Correto com reinterpretação. 

07- (St: 01) Ele era da família Bouhamzy. O A 

08- (St: 47) Havia uma entrada com um tipo de abertura redonda (para o sótão? este é o item 47 na tabulação original de Stevenson, após o item 46: “a chave para a garagem estava no sótão”). O A 

09- (St: 58) Imad apontou corretamente a direção geral da casa de Ibrahim Bouhamzy a 300 metros de distância. Ele não conseguiu identificá-la de forma específica. O P 

10- (St: 72) Ele apontou corretamente a direção da vila de Maaser el Shouf, onde Jamileh costumava viver. O P 

11- (St: 04) Jamileh era bonita. 

12- (St: 05) Jamileh vestia-se bem. 

13- (St: 05) Jamileh usava salto alto. Isto é incomum entre as mulheres drusas. 

14- (St: 09) Amin trabalhou no edifício do tribunal em Trípoli. Stevenson disse: o “Sr. Mohammed Elawar disse mais tarde que Amin trabalhou no edifício do tribunal e por isso eles tinham deduzido que Amin era um juiz.”. Parece-me um pouco estranho que um menino novo da vila diria que conhecia alguém que trabalhou em um edifício do tribunal. 

15- (St: 18) Ele tinha um amigo chamado Yousef el Halibi. Este era o homem idoso com a memória danificada que Stevenson encontrou em Khriby. Yousef alegou recordar ser amigo de Said Bouhamzy (o primo de Ibrahim que foi atropelado). Fuad Bouhamzy (irmão de Ibrahim) disse que conheceu Yousef. É provável que Ibrahim também o tivesse conhecido. Stevenson tratou este item como não verificado. Eu estou tratando-o como correto. Correto com reinterpretação. 

16- (St: 20,21,22) * Ele entrou em uma discussão com um motorista (de caminhão?). * Um caminhão passou por cima de um homem, quebrou suas duas pernas e esmagou seu tronco. * Ele era este homem. * Foi operado. * O motorista queria matá-lo por causa da discussão. contra: + não houve nenhuma discussão (da parte de Said), mas Ibrahim tinha uma natureza briguenta. + Foi Said (seu primo) que foi atropelado. + O motorista não queria matar Said + Ibrahim causou um acidente de ônibus; ele ficou ansioso depois disso; pouco tempo depois, ficou doente e esta doença (tuberculose) acabou o matando: Este é um grupo muito complicado de afirmações vagas feitas por Imad contra “fatos verificados”. Quando consideradas como um grupo, parece haver algo de interessante nelas. Mas isto requer uma certa quantidade de reinterpretação, o que conseqüentemente enfraquece o seu valor evidencial. Quantitativamente, este grupo de afirmações pode ser visto aproximadamente como três afirmações “corretas” e quatro afirmações “incorretas”. 

17- (St: 28) Ele tinha uma espingarda de cano duplo. 

18- (St: 35) Um dos poços estava cheio, e o outro estava vazio. Correto com reinterpretação. 

19- (St: 36) Eles construíam um novo jardim na época de sua morte. 

20- (St: 39) Ele tinha dinheiro e terrenos. 

21- (St: 40) Ele tinha um automóvel amarelo pequeno. 

22- (St: 42) Ele tinha um caminhão. 

23- (St: 48) As ferramentas para os carros estavam nesse lugar de abertura arredondada. 

24- (St: 50) Ele teve uma cabra, quando era novo. 

25- (St: 51) Ele teve um carneiro, quando era novo. 

26- (St: 71) Quando perguntado “quem são seus irmãos?”, ele respondeu corretamente “Fuad e Ali”, deixando de citar o Sami, o mais novo. 

27- (St: 60) No pátio da casa de Ibrahim, Imad disse corretamente onde o cão era mantido. P 

28- (St: 64) Perguntado “como você falava com seus amigos?”, Imad apontou para uma janela e disse “Através da janela.” P 

29- (St: 65) Ele indicou corretamente onde Ibrahim mantinha sua arma. P 

30- (St: 03) Ele mencionou uma mulher chamada “Jamileh”, e disse que ela era sua mulher. A Jamileh é um pseudônimo usado neste estudo de caso de Ian Stevenson e significa “menina bonita” em árabe. Ela não era sua esposa, mas sim sua amante. Eles tiveram um caso mas nunca se casaram. Após a morte de Ibrahim, ela casou novamente e se mudou para uma outra vila. Embora eu pense que ela provavelmente existiu, eu gostaria de saber se ela existiu realmente. 

31- (St: 07, St: 08) Havia alguém chamado Amin, que vivia em Trípoli. A 

32- (St: 26) Ele era um amigo de Kemal Joumblatt, um filósofo druso e político bem conhecido. A 

33- (St: 27) Ele gostava muito de caçar. A 

34- (St: 31) Ele teve um cão marrom. A 

35- (St: 32) Ele bateu em um cão. A 

36- (St: 49) Havia um fogão a óleo em sua casa. A Imad foi questionado se teve um fogão de madeira em sua casa, e ele respondeu que tinha tido um fogão a óleo. A casa atual de Imad tem um fogão a óleo também. 

37- (St: 61) Perguntado como o cão costumava ser preso, Imad respondeu “com corda” (correto), em vez de com o uso de correntes (como tantos cães na área são). A 

38- (St: 62) No quarto de Ibrahim, Imad reconheceu qual das duas camas tinha sido de Ibrahim. A P 

39- (St: 63) Perguntado “como a cama era arrumada quando você dormia nela?”, Imad indicou a posição precedente, transversal à posição atual, de modo que ele pudesse falar com seus amigos através da janela. A P

Declarações incorretas: 

01- (St: 52) Ele tinha cinco filhos. Quando Imad estava falando sobre filhos ele mostrou cinco dedos para indicar o número de crianças na resposta a uma pergunta. É possível que ele estivesse se referindo aos cinco filhos de seu amigo e primo Said Bouhamzy. Ou também é possível que ele estivesse simplesmente errado. 

02- (St: 44) Ele não dirigiu o caminhão. Ele dirigiu o caminhão 

03- (St: 39) Ele não teve nenhum outro negócio regular (além de ter dinheiro e terrenos). De fato ele trabalhou com o ônibus e o caminhão. 

04- (St: 38) O caminhão estava cheio de pedras, que eles estavam usando no trabalho de construção no jardim. 

05- (St: 09) Amin era um juiz no tribunal de Trípoli. Ele trabalhou neste edifício, como um oficial do Departamento de Topografia do governo libanês. 

06- (St: 25) O motorista era um cristão. (do caminhão ou do ônibus?). Isto parece se referir a um motorista relacionado aos eventos descritos por Imad. Ibrahim teve um amigo que era cristão e motorista de ônibus. Ibrahim teve (possivelmente) muitos amigos… 

07- (St: 31) Seu cão era um cão de caça. 

08- (St: 02) O primeiro nome dele era Mahmoud. A Havia um Mahmoud que era tio maternal de Ibrahim. Ele ainda está vivo. Eu acho interessante que o nome “Mahmoud” possa ser foneticamente similar a “Mohammed” (eu não sei como são pronunciados em árabe, mas parecem similares). Mohammed é o nome do pai de Imad… 

09- (St: 03) Jamileh era sua esposa. A. Na verdade, era apenas sua amante. 

10- (St: 10) Ele teve uma filha chamada Mehibeh. A Havia uma Mehibeh que era prima de Ibrahim. 

11- (St: 11) Ele teve um filho chamado Adil. A Ele teve um primo com esse nome. 

12- (St: 12) Ele teve um filho chamado Talil ou Talal. A Ele teve um primo chamado Khalil. Disse Tliby, em vez de Khriby quando era muito novo, e assim pode ter dito Talil em vez de Khalil. 

13- (St: 15) Ele teve um filho chamado Salim. A Seu tio, com quem viveu, era Salim. 

14- (St: 16) Ele teve um filho chamado Kemal. A Ele teve um primo com esse nome (e um amigo também, o político). 

15- (St: 13) Ele teve um irmão chamado Said. A Ele conheceu duas pessoas chamadas Said. Os parentes e amigos próximos podem ser chamados de irmãos (comentário em St. 07). 

16- (St: 14) Ele teve um irmão chamado Toufic. A Ele teve um primo com esse nome. 

17- (St: 07) Ele teve um irmão chamado Amin (esse que viveu em Trípoli). A Ele teve um parente com esse nome.

 

Soma total original de Stevenson

Declarações: 61 

Corretas: 49 

Não verificadas: 05 

Incorretas: 06 

Duvidosas: 01

* Duas declarações “incorretas” eram, de fato, em parte corretas ou duvidosas. A “soma total” de Stevenson difere drasticamente do que é apresentado na “retabulação” acima.

Discussão: 

Um péssimo ponto em estudos de caso como estes é que nós devemos confiar muito no investigador. É uma coisa boa que outros investigadores tenham feito “replicações” da pesquisa de Stevenson (entre outros trabalhos: Mills, Antonia; Haraldsson, Erlendur, e Keil; H. H. Jürgen. 1994. Replication studies of cases suggestive of reincarnation by three independent investigators. Journal of the American Society for Psychical Research, 88:207-219). 

Um outro ponto ruim é o fato de que nós temos que confiar também nos investigadores. Isto poderia ser evitado se o questionário “duplo-cego” fosse feito. Ao invés disso, o procedimento de questionário de Stevenson parece ser, no seu melhor estado, “simples-cego”, e muito possivelmente “não-cego” (baseado em perguntas “abertas”) muitas vezes, talvez até na maioria das vezes. Além disso, em consequência de sua natureza muito particular, estes casos não podem se desenvolver sob “proteções sensoriais condicionadas”, e esta é certamente uma outra armadilha para as hipóteses paranormais, especialmente para a hipótese de reencarnação. 

Algumas “falhas” e “fraquezas” deste estudo de caso específico devem ser indicadas. Parece que Stevenson não estava preparado para o que encontrou neste caso, as chamadas “complexidades desconcertantes” como ele coloca, e eu penso que foi assim porque este muito possivelmente foi o primeiro caso em que ele teve a oportunidade de registrar informações antes de verificar o que o sujeito declarava. Assim, pode ser que tenha lhe faltado a experiência necessária para saber lidar com os desafios que encontrou, o que conseqüentemente fez com que a investigação e a análise dele se tornassem fracas. Um outro ponto fraco é a necessidade de usar intérpretes que ele não conhecia e que não eram investigadores. Uma falha adicional e séria foram as reinterpretações drásticas que ele usou, às vezes (ao menos) claramente inaceitáveis. Além disso, em sua “resposta a Leonard Angel” em 1994, ele reafirmou a sua tabulação original do caso (que apresenta a soma total indicada acima, que é: Indicações: 61 corretas: 49 não-verificadas: 05 incorretas: 06 duvidosas: 01), não reconhecendo os erros existentes em sua tabulação, o que, na minha opinião, é muito ruim. O caso também é enfraquecido por cinco principais fontes potenciais “naturalistas” de informação: o encontro de Imad com o vizinho de Ibrahim; o encontro dos pais de Imad com a mulher de Maaser el Shouf; as visitas freqüentes à casa de Imad do Sr. Faris Elawar, que conhecia a família Bouhamzy de Khriby; o funeral de Said Bouhamzy em 1963, que o pai de Imad assistiu; e o fato de que as duas cidades envolvidas não são muito distantes uma da outra (apesar de não serem muito próximas). Um ponto importante que devemos ter em mente (já que os pais de Imad eram os informantes principais) é que ao avaliar a possibilidade de obtenção de informação “paranormal”, nós na verdade estamos analisando a possibilidade dos pais de Imad obterem o acesso a essa informação, e não o próprio Imad. Uma última fraqueza possível é que os “reconhecimentos” e “indicações” adicionais que ocorreram durante a visita de Imad à casa de Ibrahim são sujeitos a sugestões sensoriais. 

Ao fazer a “retabulação” acima, eu não usei as afirmações que não foram registradas antes da verificação, e também não usei os reconhecimentos nem as afirmações registradas durante “a fase de reconhecimento do caso” que não foram testemunhadas diretamente pelo intérprete. A soma desses itens é igual a doze. Destes, no máximo três estavam incorretos. De modo que este procedimento que eu usei de deixar estes itens fora da análise realmente enfraquece o caso. Eu devo destacar a dificuldade extrema em separar as afirmações de casos como estes, como foi enfatizado previamente por Mills et al (1994). Por vezes, o que Stevenson considerou como sendo uma afirmação eu retabulei como duas ou mais afirmações. Em pelo menos um caso, eu reuni duas afirmações em apenas uma. 

Eu devo dizer que, apesar das muitas armadilhas e possíveis falhas, para mim este caso certamente não está perdido. A descrição do caso feita por Stevenson nos deu bastante material para pensar sobre ele e para analisá-lo (isto é, “reanalisá-lo”). Stevenson disse que os erros que os pais do Imad cometeram (na interpretação das afirmações de Imad) acabaram adicionando força ao caso. Eu concordo com isto até certo ponto, e penso ainda que os erros de Stevenson de uma certa maneira também adicionaram força ao caso. Pelo menos às vezes as reinterpretações pareceram apropriadas. E nestas ocasiões, estas reinterpretações (ou melhor, as interpretações ou as expectativas erradas precedentes) acabaram dando um efeito “duplo-cego” verdadeiro à investigação do caso. O que quer dizer que Stevenson procurava uma coisa, e acabou encontrando algo muito diferente, mas ainda bastante sim consistente com as afirmações. 

Na minha tentativa de retabulação, eu observei que dos 55 itens totais 69% estavam corretos, e 31% incorretos. Além disso, somente na coluna de firmações “corretas” nós temos “itens objetivos”, de fato dez deles. Na coluna das afirmações “incorretas”, a maioria das afirmações foi classificada como item “não específico” (isto é, como altamente provável). Deve-se reforçar, entretanto, que os critérios que eu usei para classificar os itens como de probabilidade elevada ou não (H) certamente são falhos e apenas tentativas. 

A tabulação abaixo mostra as diferenças nas “afirmações”, porque elas aparecem na “retabulação”. O item 16 da coluna correta foi deixado de fora. Este é um “item” muito complexo, e sua complexidade é tratada na própria retabulação. 

Avaliação

Corretos

Incorretos

O

10

(Destes, 2 eram A, e 2 eram P)

0

nem A nem P

21

(Destes, 6 eram O)

7

A P

17 

(Destes, 4 eram O)

10

Total (55)

38 (69%)

17 (31%)

O significa “item objetivo”; A significa item de “alta probabilidade” (ou não-específico); P significa “item sujeito a possíveis pistas sensoriais”. 

Em minha retabulação, quatro itens foram considerados corretos através de reinterpretação. Um destes foi considerado não-verificado por Stevenson (“Ibrahim teve um amigo chamado Yousef el Halibi”); e outro na verdade foi considerado incorreto por ele (“ há duas garagens na casa”). Se nós tirarmos esta “declaração não verificada” e recolocarmos os 3 itens restantes que eu considerei “corretos através de reinterpretação” na “Coluna Incorreta”, então teríamos a seguinte soma total: 

Corretos

Incorretos

34 (63%)

(Destes, 7 eram O)

20 (37%)

(Destes, 3 eram O)

Mesmo nesta última re-análise bem cautelosa da tabulação, os itens corretos claramente ultrapassam em número os incorretos. Mais dos que isso, eles parecem ser de uma natureza mais forte.

Conclusão: Parece que o caso sofreu da falta de experiência por parte do investigador (Stevenson). Muitas reinterpretações foram usadas, e isto levantou algumas críticas e suspeitas. Falhas metodológicas ocorreram. Ao menos uma determinada quantidade de “inflação significativa de dados” afetou a análise do caso (Stevenson faz essa afirmação na página 2 de Vinte Casos: “em minha discussão no final eu argumento que alguns dos casos fazem muito mais do que sugerir a reencarnação; eles parecem fornecer evidência considerável para ela.”). Este caso, assim como todos os outros nesta categoria, certamente está sujeito a vários tipos de vazamentos sensoriais. 

Entretanto, o caso parece digno de ser analisado seriamente. Todas as fraquezas do caso parecem ter sido aberta e inteiramente apresentadas pelo próprio Stevenson. Pode ser que algumas das “fraquezas” acabem no fim das contas adicionando força ao caso, fornecendo até mesmo alguns procedimentos “duplo-cegos” fortuitos. A hipótese naturalista de fraude por parte da família de Imad Elawar parece insustentável. A hipótese de criptomnésia (amnésia da fonte) parece improvável (mas talvez não seja impossível). Ao levarmos em consideração a retabulação a hipótese de puro acaso me parece muito improvável. Os itens 11, 12, e 13 (“Jamileh era bonita”, “vestia-se bem”, e “usava salto alto”) poderiam ser devidos a uma combinação “de perguntas tendenciosas” e memórias confusas por parte do investigador (o Sr. Haffez Bouhamzy). Para que os outros itens fossem erroneamente considerados como “corretos” pelos investigadores, parece que seria necessário algo mais sério, como mentiras deliberadas. As únicas três hipóteses que parecem restar são: mentiras deliberadas por parte dos investigadores; fraude executada pelo investigador; e algum processo paranormal. 

Tendo pensando longamente neste caso, assim como lido e analisado profundamente ambos os argumentos a favor e contra as interpretações paranormais, eu não posso deixar de dizer que não acredito que seja impossível esclarecer este caso em termos naturalistas. Entretanto, parece muito difícil fazê-lo. A meu ver, este caso parece fornecer algumas evidências de reencarnação, principalmente quando consideramos alguns estudos adicionais feitos por Stevenson e por outros investigadores nesta área. 

Se eu tivesse que responder à pergunta “Existe evidência empírica para a reencarnação?”, atualmente a minha resposta seria: “A evidência é fraca. Mas certamente existe.” 

Comentário: é importante enfatizar que mesmo que Stevenson diga em seu livro Vinte Casos Sugestivos de Reencarnação que considera que alguns dos casos fornecem evidência considerável para a hipótese de reencarnação (na introdução da edição de 1966), ele também fez algumas afirmações mais cautelosas, por exemplo: “aqui eu apenas reitero que considero estes casos sugestivos de reencarnação e nada mais. Todos os casos apresentam deficiências assim como todos os seus relatórios. Nenhum caso individualmente e nem todos coletivamente oferecem qualquer coisa que possa ser considerada como uma prova de reencarnação.” (prefácio da segunda edição, 1974). Em seu artigo de 2000 (The Phenomenon of Claimed Memories of Previous Lives: Possible Interpretations and Importance. Medical Hypotheses. Vol 54. nº4. pp.652-659, 2000), Stevenson também disse: “Mesmo após quase 40 anos de investigações, a pesquisa sobre as crianças que alegam recordar vidas precedentes mal começou” (página 658). O antropólogo James G. Matlock, em sua revisão detalhada deste programa de pesquisa (Past Life Memory Case Studies. In S. Krippner, editors: Advances in Parapsychological Research. pp.184-267. Mcfarland. Jefferson, N.C. 1990.) também faz uma observação muito cautelosa ao mencionar a força empírica combinada que foi reunida até o momento: … “Seria imprudente declarar que foi demonstrado que a reencarnação ocorre. Até que os dados e os conceitos discutidos neste capítulo possam ser assimilados ao restante do conhecimento científico, os dados, no máximo, continuarão a ser nada mais do que sugestivos de reencarnação.” (página 255). 

Portanto, ainda que às vezes os investigadores nos “casos do tipo reencarnação” tenham feito algumas reivindicações extremas, eles também fizeram algumas observações mais cautelosas, muito compatíveis com as forças e as fraquezas dos dados empíricos que foram obtidos até aqui. 

Na verdade, muito do criticismo dos céticos parece menos com uma perspectiva original, e mais com o plágio…

___________________________________________________________________________

Tabulações Originais do Caso Imad Elawar 

Estas são as tabulações originais (1 e 2) que Stevenson fez para o caso Imad Elawar, tal qual foram impressas em seu livro Vinte Casos Sugestivos de Reencarnação (1974). Stevenson disse em sua réplica a Leonard Angel (Skeptical Inquirer, outono de 1994) que este caso tinha 61 afirmações, das quais 49 eram corretas, 5 não-verificadas, 6 incorretas, e 1 duvidosa. Nas tabulações originais, Stevenson não aplicou de forma consistente essas classificações, então eu tive que fazer o melhor que pude ao supor quais classificações deveriam ser aplicadas em cada item. Assim, eu incluí estas avaliações (supostas por mim) diretamente nas tabulações e as realcei em azul (e negrito), para permitir uma visão mais clara. 

TABULAÇÃO 1

SUMÁRIO DAS INFORMAÇÕES DE IMAD, ANTES DA CHEGADA A KHRIBY

Nota: A menos que o contrário seja declarado, o Sr. e a Sra. Mohammed Elawar foram, separadamente ou juntos, os informantes de todas as declarações feitas por Imad. Contudo, em muitas das declarações estavam presentes um ou vários outros membros da família Elawar, principalmente os avós paternos de Imad, como testemunhas verbais ou tácitas do relato dos pais de Imad.

Item

Informantes

Verificação

Comentários

1. O nome dele era Bouhamzy e ele morava na aldeia de Khriby.

 

Correto

Mohammed Elawar, pai de Imad.

Nassibeh Elawar, mãe de Imad.

Haffez Bouhamzy, primo de Ibrahim Bouhamzy.

Várias famílias de nome Bouhamzy moravam em Khriby. Há uma outra aldeia chamada Khriby, perto de Kornayel, mas, quando lhe fizeram perguntas sobre isto, Imad disse que a sua aldeia ficava “longe”. Parece que Imad nunca mencionou o primeiro nome de “Ibrahim”.

2. Mahmoud (nome mencionado por Imad).

 

Correto

 

Haffez Bouhamzy.

Nabih Bouhamzy, primo de Ibrahim Bouhamzy

Mahmoud Bouhamzy era tio de Ibrahim Bouhamzy.

3. Tinha uma mulher chamada Jamileh.

 

Correto

 

Haffez Bouhamzy.

Nabih Bouhamzy.

Fuad Bouhamzy, irmão de Ibrahim Bouhamzy.

A amante de Ibrahim Bouhamzy chamava-se Jamileh. O Sr. Milhem Abuhassan prestou um depoimento discrepante quanto a esse item, mas modificou sua declaração quanto ao item, duas vezes, e gabou-se de conhecer muito bem o Ibrahim, o que não foi comprovado por suas respostas a perguntas que lhe foram feitas para testar esse conhecimento. Duas outras testemunhas da redondeza, que não eram membros da família, também prestaram depoimentos conflitantes sobre Jamileh.

4. Jamileh era bonita.

 

Correto

 

Haffez Bouhamzy.

Jamileh era famosa na região por sua beleza. A opinião do Sr. Haffez Bouhamzy foi apoiada pelo testemunho de uma mulher da aldeia, Masser el Shouf, onde Jamileh morara, que havia falado da beleza de Jamileh ao Sr. Mohammed Elawar. Em uma terra de mulheres belas, como é o Líbano, este detalhe pode parecer falho em especificidade, porém não parecia ser o caso para as pessoas que tinham conhecido Jamileh.

5. Jamileh vestia-se bem e usava salto alto.

 

Correto

 

Haffez Bouhamzy.

O uso de salto alto chamava a atenção para uma mulher drusa nas aldeias. E mesmo hoje em dia isto não é comum.

6. Jamileh usava roupas vermelhas. Ele sempre comprava coisas vermelhas para ela.*

 

*Este item não foi registrado por escrito antes de sua verificação.

 

Correto

 

Haffez Bouhamzy.

O Sr. Haffez Bouhamzy recordou-se de Jamileh usando um lenço vermelho na cabeça.

7. Tinha um “irmão”, Amin.

 

Correto

 

Haffez Bouhamzy.

Nabih Bouhamzy.

 

Amin Bouhamzy é parente próximo de Ibrahim Bouhamzy. Os parentes próximos e amigos íntimos podem ser chamados de “irmão”. Também é possível que os pais de Imad tenham deduzido o parentesco de irmão como fizeram com o de filho, com relação a outras pessoas, cujos nomes Imad mencionou. Vide comentários sobre os itens abaixo.

8. Amin morava em Trípoli.

 

Correto

 

Haffez Bouhamzy.

Trípoli é uma cidade litorânea, ao norte de Beirute.

9. Amin trabalhava no edifício do tribunal, em Trípoli.

 

Correto

 

Haffez Bouhamzy.

Nabih Bouhamzy.

Amin era funcionário do Departamento de Topografia do governo libanês. Seu emprego era no edifício do tribunal, em Trípoli. Estava vivo, mas se aposentou em 1964. Ocorreu aqui um erro de dedução por parte dos pais de Imad. Eles primeiro declararam que Imad havia dito que Amin era “juiz” em Trípoli. O Sr. Mohammed Elawar disse mais tarde que na verdade Imad apenas havia declarado que Amin trabalhara no edifício do tribunal e essa informação fez com que eles deduzissem que ele era juiz.

10. Havia alguém que se chamava Mehibeh.

 

Correto

 

Nabih Bouhamzy.

Sleimann Bouhamzy, primo de Ibrahim Bouhamzy (obtivera a informação de sua mãe, não foi diretamente entrevistado por mim).

Mehibeh era prima de Bouhamzy. Os pais de Imad tinham pensado que Mehibeh era a filha da personalidade anterior.

11. Tinha um “filho” chamado Adil.

 

Correto

 

Sleimann Bouhamzy.

Nabih Bouhamzy.

Ibrahim teve um primo chamado Adil. Outro erro de inferência por parte dos pais de Imad. Posteriormente eles disseram que Imad tinha mencionado os nomes de “Adil” e “Talal” ou “Talil” e eles presumiram que esses fossem os nomes dos filhos da vida pregressa.

12. Tinha um “filho” chamado Talil ou Talal.

 

Duvidoso

 

Haffez Bouhamzy.

Nabih Bouhamzy.

 

Ibrahim teve um outro primo chamado Khalil (Khalil como sendo um parente de Ibrahim também verificado por Sleimann e Bouhamzy*) (*Verificação de Sleimann Bouhamzy, por alegar recordar-se da vida de Said Bouhamzy.) e Sr. Assad Bouhamzy, pai de Sleimann Bouhamzy). Vide comentário do item nº 11, quanto à questão do parentesco com Talil. A família de Imad não se lembrava exatamente se Imad tinha dito “Talil” ou “Talai”. Se foi o primeiro, ele bem poderia estar tentando dizer o nome “Khalil” cuja primeira consoante é gutural e poderia ter sido ouvida com o som de “T”. Os avós de Imad sustentam essa suposição, dizendo que quando ele começou a falar sobre a vida anterior, Imad havia dito que era de “Tliby” (Khriby) antes de conseguir pronunciar o nome da aldeia corretamente.

13. Tinha um “irmão” chamado Said.

 

Correto

 

Haffez Bouhamzy.

Nabih Bouhamzy.

Ibrahim conheceu duas pessoas com o nome de Said Bouhamzy. Uma delas, o seu primo, foi morto por um caminhão, em 1943. A outra, um amigo, morreu em dezembro de 1963. (Vide comentário do item 7). Por ocasião da morte do segundo Said Bouhamzy, em dezembro de 1963, alguns habitantes de Kornayel foram convidados para o enterro, que foi anunciado em Kornayel. (Imad já falava em sua vida anterior há vários anos, antes desse acontecimento). Quando Imad ouviu a notícia da morte do segundo Said Bouhamzy, ele demonstrou grande interesse pelo fato.

14. Tinha um “irmão” chamado Toufic.

 

Correto

 

Haffez Bouhamzy.

Nabih Bouhamzy.

Toufic é primo de Ibrahim Bouhamzy. (Vide comentário do item 7).

15. Tinha um “filho” chamado Salim.

 

Correto

 

Haffez Bouhamzy.

Nabih Bouhamzy.

O tio de Ibrahim, com quem ele morava, chamava-se Salim Bouhamzy. (Vide comentário do item 7). Os pais de Imad depois disseram que ele nunca havia especificamente mencionado ninguém como seus “filhos”. Eles é que deduziram aquele parentesco.

16. Tinha um “filho” chamado Kemal.

 

Correto

 

Haffez Bouhamzy.

Nabih Bouhamzy.

Kemal é irmão de Toufic e Khalil Bouhamzy, portanto um outro primo de Ibrahim Bouhamzy (Vide comentários dos itens 7 e 15).

17. Tinha uma “irmã” chamada Huda**.

 

**Este item não foi registrado por escrito antes de sua verificação.

 

Correto

Kassim Elawar, avô paternal de Imad.

Estive com Huda Bouhamzy, irmã de Ibrahim Bouhamzy, em Khriby.

As testemunhas não se recordam se Imad tinha usado especificamente a palavra “irmã” ao mencionar Huda. Mas os informantes deduziram corretamente o parentesco da pessoa mencionada com a personalidade anterior. É possível que eles tenham sido ajudados, porque, quando a irmã de Imad nasceu, ele pediu à família que dessem à criança o nome de Huda.

18. Tinha um amigo chamado Yousef el Halibi.

 

Não verificado

 

Não verificado, mas provável.

Yousef el Halibi ainda estava vivo em 1964, e recordava a amizade com Said Bouhamzy. Ele provavelmente também era amigo de Ibrahim Bouhamzy, mas esta informação não foi especificamente verificada. O Sr. Fuad Bouhamzy disse que conhecia Yousef el Halibi, de modo que é provável que seu irmão Ibrahim também o tivesse conhecido.

19. Tinha um amigo chamado Ahmed el Halibi.

 

Não verificado

 

Não verificado de modo independente, mas leia os comentários.

Não verificado de modo independente. Em agosto de 1964, o Sr. Mohammed Elawar me contou que o filho do Sr. Yousef el Halibi tinha confirmado, em março, que seu pai teve um irmão chamado Ahmed el Halibi, mas eu não ouvi isto ser interpretado naquela ocasião.

20. Um caminhão atropelou um homem, fraturou-lhe as duas pernas e esmagou-lhe o tronco.

 

Correto

 

Haffez Bouhamzy.

Fuad Bouhamzy.

Sleimann Bouhamzy.*

 

(*Verificação de Sleimann Bouhamzy, por alegar recordar-se da vida de Said Bouhamzy.)

Verdadeiro quanto a Said Bouhamzy, cujo acidente e morte eram do conhecimento de Ibrahim Bouhamzy.

21. Foi para o “lugar onde estão os médicos” e lá foi operado.

 

Correto

 

Haffez Bouhamzy.

Sleimann Bouhamzy.*

 

(*Verificação de Sleimann Bouhamzy, por alegar recordar-se da vida de Said Bouhamzy.)

Depois do acidente, Said Bouhamzy foi levado a um hospital onde foi submetido a duas operações, uma cerebral e outra abdominal, mas mesmo assim morreu poucas horas após as operações.

22. O acidente aconteceu depois de uma briga, e o motorista tinha a intenção de matá-lo.

 

Incorreto

 

Incorreto.

Incorreto, mas não se sabe ao certo se o próprio Imad associou a briga ao acidente.

Parece possível que Imad ou os pais dele tenham confundido ou associado imagens do fatal acidente de caminhão ao Said Bouhamzy e ao acidente envolvendo o ônibus de Ibrahim, (Vide itens 23 e 24 e a discussão no texto). Imad nunca disse especificamente que o acidente de caminhão fora com ele. O motorista foi julgado e recebeu uma pena leve, por negligência, mas não foi considerado culpado de agressão. Isto seria muito provavelmente uma suspeita. Ibrahim, que tinha um temperamento briguento, poderia, por causa disso, ter atribuído um motivo hostil ao motorista. Sleimann Bouhamzy* declarou que, quando estava morrendo, Said Bouhamzy pediu aos que estavam a sua volta que tratassem o motorista com brandura, pois temia que ele fosse acusado falsamente de má fé.

23. Seu ônibus tinha saído da estrada e houve um acidente. Mas ele não dirigia o caminhão na hora do acidente. Algumas pessoas foram mortas no acidente.**

 

**Este item não foi registrado por escrito antes de sua verificação.

 

Correto

 

Nabih Bouhamzy.

Ali Mohammed Abouhassan.

Fuad Bouhamzy.

Mohammed Elawar (relatando verificações do filho de Yousef el Halibi, Daukan el Halibi).

Certa vez Ibrahim desceu do ônibus que estava dirigindo e que ainda tinha alguns passageiros. Seu ajudante estava no ônibus e possivelmente na direção. O freio de emergência falhou, o ônibus rodou em marcha à ré por um barranco e os passageiros se feriram. Uma multidão se aglomerou (praticamente a aldeia toda) e logo veio a polícia. Um dos informantes, o Sr. Nabih Bouhamzy, disse que depois desse acidente Ibrahim ficou muito apreensivo e não dirigiu mais o ônibus. Pouco tempo depois, ele ficou irreversivelmente doente. Em março de 1964 eu soube que o acidente tinha sido com um caminhão (não com um ônibus), mas em agosto ficou bem claro que este foi um acidente de ônibus, tal qual foi declarado por Imad e verificado como tendo acontecido com o ônibus de Ibrahim, não com o caminhão. Ninguém morreu nesse acidente.

24. Tinha havido uma briga, porque o motorista havia insultado sua irmã. Ele agrediu o motorista e o derrubou, e logo a polícia e o seu amigo Ahmed el Halibi chegaram.

 

Não verificado

 

Mohamed Elawar (citando o filho de Yousef el Halibi, Daukan el Halibi)

Nenhum informante confirmou os detalhes de tal briga entre Ibrahim e o motorista de ônibus, mas o fato é bem característico da natureza briguenta de Ibrahim. Depois do acidente a polícia veio investigar os danos. Em agosto eu soube que, em março, o Sr. Daukan el Halibi, filho do Sr. Yousef el Halibi, havia confirmado que o pai e o tio tinham ido ao local do acidente, mas o intérprete não me passou essa informação durante a entrevista.

Acredito (sem ter certeza) que Ahmed el Halibi e Yousef el Halibi eram irmãos. 

Isto aconteceu após o acidente de ônibus citado no item 23.

25. O motorista era cristão.

 

Incorreto

 

Nabih Bouhamzy.

Incorreto, se for uma referência ao motorista do caminhão que matou Said Bouhamzy. Ele era muçulmano. Imad deve ter confundido o homem que dirigia o caminhão que matou Said Bouhamzy com um outro homem. Ibrahim de fato tinha um amigo próximo que era motorista de ônibus e era cristão.

26. Era amigo do Sr. Kemal Joumblatt.

 

Correto

 

Haffez Bouhamzy.

Nabih Bouhamzy.

Tanto Ibrahim como Said Bouhamzy eram amigos daquele conhecido filósofo e político druso. O Sr. Joumblatt mora numa aldeia não distante da região meridional de Khriby. Imad ficou muito emocionado quando um dia, para testá-lo, um vizinho afirmou (falsamente) que o Sr. Joumblatt havia falecido.

27. Gostava muito de caçar.

 

Correto

 

Haffez Bouhamzy.

Nabih Bouhamzy.

Fuad Bouhamzy.

Ibrahim gostava muito de caçar. Imad pede freqüentemente ao pai que o leve para caçar. Na casa de Said Bouhamzy, Imad demonstrou muito interesse por duas perdizes. As perdizes são a principal caça da região.

28. Tinha uma espingarda de cano duplo.*

 

*Registrado depois da verificação ter começado, mas antes deste item ter sido verificado.

 

Correto

 

Haffez Bouhamzy.

Nabih Bouhamzy.

Fuad Bouhamzy.

Correto. Imad costumava juntar dois dedos para mostrar o que queria dizer quando descrevia a espingarda de cano duplo.

29. Tinha também um rifle.**

 

**Este item não foi registrado por escrito antes de sua verificação.

 

Correto

 

Haffez Bouhamzy.

Nabih Bouhamzy.

Fuad Bouhamzy.

Correto.

30. Ele tinha escondido a espingarda.**

 

**Este item não foi registrado por escrito antes de sua verificação.

 

correto

Kassim Elawar.

O lugar onde Ibrahim havia guardado a espingarda me foi mostrado por sua mãe, Lateife Bouhamzy.

Correto. Esse item provavelmente se refere ao rifle, cuja posse era ilegal para um civil, no Líbano. Ibrahim tinha escondido a sua arma.

31. Tinha um cão de caça marrom.

 

Correto

 

Nabih Bouhamzy.

Haffez Bouhamzy.

 

O cachorro era marrom claro, mas não era um cão de caça. Esta foi mais uma inferência da família de Imad. Imad tinha dito que gostava de caçar, que tinha uma espingarda e um cão. A família deduziu que fosse um cão de caça, mas, na verdade, era um tipo de cão pastor.

32. Certa vez ele próprio havia batido em um cachorro***

 

***Mencionado por Imad durante a viagem de Kornayel a Khriby.

 

Correto

 

Nabih Bouhamzy.

 

Correto. Um outro cachorro tinha brigado com o cachorro dele e ele (Ibrahim) bateu nesse outro cachorro.

33. Sua casa era na aldeia de Khriby.

 

Correto

 

Casa que eu mesmo visitei.

A casa fica na parte central da aldeia, não nos arredores. No primeiro dia de perguntas foi dito que Imad havia declarado que a casa ficava fora da aldeia, mas isto foi corrigido antes de chegarmos a Khriby e foi provavelmente um erro de tradução.

34. Um pouco antes da casa há uma ladeira***

 

***Mencionado por Imad durante a viagem de Kornayel a Khriby.

 

Correto

 

Casa que eu mesmo visitei.

A estrada possui uma ladeira bem íngreme pouco antes de chegar à casa de Ibrahim.

35. Havia dois poços, na casa; um cheio e um vazio***

 

***Mencionado por Imad durante a viagem de Kornayel a Khriby.

 

Correto

 

Nabih Bouhamzy.

Fuad Bouhamzy.

 

Os “poços” foram vistos por mim na casa.

Durante a vida de Ibrahim havia dois poços, cujos locais nos foram mostrados. Os “poços” haviam sido cobertos desde a morte de Ibrahim. Não eram poços de água, mas simples escavações ou tanques de concreto usados para armazenar suco de uva. Eles eram usados alternadamente, durante a estação chuvosa, um desses recipientes enchia-se de água, mas o outro, mais raso, não se enchia, porque a água evaporava. Assim, um ficava vazio, enquanto o outro ficava cheio.

36. Eles estavam fazendo um novo jardim, na época em que ele morreu.

 

Correto

 

Haffez Bouhamzy.

Fuad Bouhamzy.

 

Na época da morte de Ibrahim, eles estavam reformando o jardim da casa.

37. Havia cerejeiras e macieiras, no novo jardim.

 

Correto

 

Haffez Bouhamzy.

Fuad Bouhamzy.

As macieiras e cerejeiras me foram mostradas nas visitas a Khriby.

 

38. O caminhão estava cheio de pedras, que estavam sendo usadas no trabalho de construção do jardim.

 

Incorreto

 

Haffez Bouhamzy.

Nabih Bouhamzy.

Incorreto ou duvidoso. O Sr. Haffez Bouhamzy se lembra que eles estavam usando e recolocando as pedras nos terraços que já existiam no jardim. Ele não recordava se eles traziam novas pedras em um caminhão. Imad poderia estar se referindo ao caminhão que atropelara Said Bouhamzy, mas parece que ele estava vazio e não cheio de pedras no momento do acidente.

39. Ele tinha dinheiro e terras, mas nenhum emprego fixo.

 

Correto

 

Haffez Bouhamzy.

Nabih Bouhamzy.

Correto, de modo geral, porém Ibrahim realmente tinha um caminhão com o qual trabalhava comercialmente. Ele também foi motorista de ônibus por algum tempo.

40. Tinha um automóvel amarelo pequeno.

 

Correto

 

Haffez Bouhamzy.

Nabih Bouhamzy.

Fuad Bouhamzy.

Correto.

41. Tinha um ônibus*.

 

*Este item não foi registrado por escrito antes de sua verificação.

 

Correto

 

Kassim Elawar.

Fuad Bouhamzy.

Nabih Bouhamzy.

 

Correto.

42. Tinha um caminhão.

 

Correto

 

Haffez Bouhamzy.

Nabih Bouhamzy.

Fuad Bouhamzy.

Correto. Ibrahim Bouhamzy não usava aqueles veículos simultaneamente, mas sucessivamente. Na realidade ele não era o “dono” deles, pois pertenciam à família, mas a família tinha muitas propriedades em comum.

43. Usava o caminhão para transportar pedras*.

 

*Este item não foi registrado por escrito antes de sua verificação.

 

Correto

 

Kassim Elawar.
Nabih Bouhamzy.

 

Correto.

44. Não era ele quem dirigia o caminhão.

 

Incorreto

 

Incorreto.

 

Ele mesmo dirigia o caminhão. É provável que este item se refira ao acidente de ônibus citado nos itens 23 e 24. Aparentemente, Imad queria ressaltar que ele (Ibrahim) não estava no ônibus (isto é, dirigindo o ônibus) quando este saiu da pista, e que o ajudante (motorista) foi o responsável pelo acidente. Houve alguma confusão quanto a Imad ter se referido a um ônibus ou a um caminhão.

45. Há duas garagens na casa**.

 

**Mencionado por Imad durante a viagem de Kornayel a Khriby.

 

Incorreto

 

Os dois galpões citados foram examinados por mim.

Incorreto, mas talvez seja um “acerto” parcial. lbrahim deixava seus veículos ao ar livre. Embaixo da casa, havia dois galpões e Imad provavelmente se referia a eles. Este parece ser o caso já que Imad havia se referido anteriormente a “salas com tetos arredondados” aparentemente no mesmo contexto, e aqueles galpões mais abaixo da casa tinham tetos arredondados, como pude ver quando examinei pessoalmente um deles.

46. A chave da garagem estava no sótão*.

 

*Mencionado por Imad durante a viagem de Kornayel a Khriby.

 

não verificado

 

Não verificado.

A casa possui um sótão e é possível que Ibrahim guardasse uma chave extra lá. A irmã dele não conseguiu verificar esta informação. Essa teria sido uma chave dos galpões citados no item 45.

47. Há uma entrada com um tipo de abertura circular**_***.

 

**Mencionado por Imad durante a viagem de Kornayel a Khriby.

 

***Registrado depois da verificação ter começado, mas antes desse item ter sido verificado.

 

Correto

 

Esta abertura foi examinada por mim.

Acima da porta principal que dá para o quintal, há uma abertura que leva até o sótão e que é quase semicircular e fechada por uma janela. Esta parece poder ser removida para dar acesso ao sótão, ao qual também se podia ter acesso através de pequeno alçapão atrás da porta da frente da casa. Embora esta informação esteja correta, aberturas deste tipo, que dá acesso ao sótão, existem em outras casas da região.

48. As ferramentas para os carros estavam nesse lugar de abertura arredondada*.

 

*Mencionado por Imad durante a viagem de Kornayel a Khriby.

 

Correto

 

Huda Bouhamzy, irmã de Ibrahim Bouhamzy.

Lateife Bouhamzy.

O Sr. Haffez Bouhamzy, primo de Ibrahim, não sabia que ele guardava as ferramentas no sótão. É possível que o item 46 fosse uma tentativa de fazer a mesma referência e que uma confusão tenha surgido em conseqüência do fato de que em francês, a palavra “clef” é usada tanto para chave como para chave de fenda. O árabe, que usou muitos termos técnicos do francês, usa a mesma palavra “clef” em ambos os sentidos. De qualquer modo, Imad estava completamente certo quanto ao item 48; o detalhe do item 46 não pôde ser verificado, mas talvez também estivesse correto.

49. Em sua casa havia um fogão a óleo.

 

Correto

Majeed Toufic Elawar, primo do avô paterno de Imad.

Fuad Bouhamzy.

Perguntamos a Imad se havia um fogão a lenha na família anterior, e ele respondeu que não, mas que havia um forno a óleo. Seu comentário mostra que ele não se deixou enganar. O pormenor em si não é específico, uma vez que muitas casas, no Líbano, incluindo a de Imad, têm fornos a óleo.

50. Tinha uma cabra e a cabra tinha um filhote (cabritinho).*

 

*Mencionado por Imad durante a viagem de Kornayel a Khriby.

 

Correto

 

Fuad Bouhamzy.

Quando Ibrahim era jovem, a família tinha tido um rebanho de cabras.

51. Tinha um carneiro.*

 

 

*Mencionado por Imad durante a viagem de Kornayel a Khriby.

 

 

Correto

 

Fuad Bouhamzy.

A família de Ibrahim também possuía carneiros, quando ele era jovem.

52. Tinha ao todo cinco filhos.

 

Não verificado

 

Nabih Bouhamzy.

 

Não verificado. Ibrahim não tinha filhos registrados. Ele nunca se casou mas tinha pelo menos um filho. O Sr. Nabih Bouhamzy o ouvira admitir isso. Quando Imad estava falando em filhos, ele ergueu cinco dedos, indicando o número deles, em resposta a uma pergunta. É possível que ele estivesse se referindo aos cinco filhos de seu amigo e primo, Said Bouhamzy, de quem Ibrahim gostava muito.

53 Ele era “bem de vida”.

 

Correto

 

Haffez Bouhamzy.

Nabih Bouhamzy.

Um ponto não muito específico, mas se comparado a muitas das famílias da aldeia, Ibrahim teria sido considerado rico.

54. Tinha uma fazenda.

 

Correto

 

Nabih Bouhamzy.

 

55. “Sei falar inglês”.*

 

*Mencionado por Imad durante a viagem de Kornayel a Khriby.

 

Incorreto

 

Incorreto.

Incorreto para Ibrahim, que falava bem o francês mas não falava nada de inglês. O Sr. Abushdid disse que Imad fizera esse comentário no carro, depois de ouvir o Sr. Abushdid e eu trocarmos algumas frases em inglês. O pai, que estava guiando o carro no momento, não ouviu Imad fazer tal comentário, mas o ouviu dizer quase no mesmo momento: “Sei falar como o senhor”, referindo-se ao francês, língua em que o Sr. Abushdid e eu falávamos usualmente. Imad estava aprendendo francês no seu primeiro ano na escola e sabia contar até vinte, corretamente, nessa língua. Existem, portanto, dúvidas quanto a este item, e de qualquer modo é possível que Imad não estivesse se referindo à vida pregressa. O pai de Imad nunca o ouviu dizer que sabia falar inglês, em ocasião alguma.

56. Chega-se a Khriby por Hammana.


Correto

Naileh Elawar, avó paterna de Imad.

Mapas de estradas do Líbano.

Correto. Hammana é uma aldeia a sudeste de Kornayel, e passa-se por ela no caminho para Khriby, vindo de Kornayel. O pai de Imad insistiu que ele não tinha saído anteriormente de Kornayel por aquele lado da aldeia. É estranho que, considerando que Hammana não seja próximo de Khriby, “a personalidade de Ibrahim” se lembrasse dessa relação. Seria uma orientação mais característica, para alguém que morasse em Kornayel, que estivesse procurando Khriby no mapa e visto o caminho a ser seguido para chegar lá partindo de Kornayel. Parece, portanto, possível que Imad tenha obtido esta informação ao ouvir seu pai mencioná-la. Talvez o importante é que ele tenha retido essa informação em função do seu grande interesse por Khriby e pelo seu desejo, freqüentemente manifestado, de ir até lá. (Veja a discussão no texto sobre a evidência de que Imad pudesse ter visitado Khriby anteriormente).

57. Reconhecimento de Salim el Aschkar, de Khriby.

 

Correto

Naileh Elawar.

 

Salim el Aschkar, natural de Khriby, tinha-se casado com uma moça de Kornayel, e às vezes visitava esta aldeia. Quando Imad tinha mais ou menos dois anos de idade, ele estava na rua com a avó, quando Salim el Aschkar passou. Imad correu até ele e o abraçou. “Você me conhece?” perguntou Salim. E Imad respondeu: “Sim, você era meu vizinho”. Aquele homem havia sido vizinho da família de Ibrahim Bouhamzy, mas não morava mais perto da casa deles.

 

Na tabulação 2, quatro itens foram considerados como “afirmações” na soma total feita por Stevenson em sua resposta a Angel (que indicou um total de 61 afirmações). Os itens eram os números 63, 64, 70, e 72 da tabulação abaixo. Para estes, eu também incluí e realcei as avaliações em azul (e negrito).

 

TABULAÇÃO 2

SUMÁRIO DAS DECLARAÇÕES E RECONHECIMENTOS FEITOS POR IMAD EM KHIRBY

Nota: Os reconhecimentos e declarações a seguir ocorreram na minha presença ou na presença do intérprete, ou nos foram contados poucos minutos depois de acontecerem. O Sr. Haffez Bouhamzy, a Sra. Huda Bouhamzy e a Sra. Lateife Bouhamzy verificaram a exatidão do que Imad disse ou fez. Os itens seguidos de asterisco (*) foram testemunhados diretamente pelo intérprete; outros itens só foram relatados mais tarde por testemunhas.

Item

Comentários

58. Reconhecimento do local da casa da vida anterior (*).

A casa de Ibrahim Bouhamzy, vista posteriormente. Imad indiscutivelmente apontou a direção geral correta em que ficava a casa: a uma distância de mais ou menos 300 jardas. Mas não conseguiu identificar a casa, especificamente.

59. Reconhecimento da estrada de Khriby para Baadaran. (*)

Declaração feita durante o trajeto de Khriby a Baadaran. Item não significativo, pois Imad poderia ter visto alguma sinalização apontando o caminho, ou talvez ter ouvido alguém mencionar a direção.

60. Reconhecimento do lugar onde Ibrahim deixava seu cachorro. (*)

No quintal da casa, perguntaram a Imad: “Se você tinha um cachorro aqui, onde o deixava?” Ele corretamente indicou o lugar no quintal.

61. O cachorro ficava preso por uma corda. (*)

Quando perguntaram como o cachorro ficava preso, Imad disse: “Por uma corda.” Muitos cães da região ficam presos com correntes, não cordas.

62. Reconhecimento da cama de Ibrahim Bouhamzy. (*)

Havia duas camas no quarto. Imad apontou para a de Ibrahim.

63. Declaração quanto a antiga posição dessa cama. (*)

 

Correto

Perguntaram a Imad: “Qual era a posição dessa cama quando você dormia nela?” Ele então mostrou que a cama ficava em posição transversal à posição atual, completamente diferente desta. (Vide o item seguinte).

64. Declaração de como os amigos conversavam com Ibrahim (*).

 

Correto

Durante sua doença infecciosa, os amigos não podiam entrar no quarto de Ibrahim, e por isso conversavam com ele através de uma janela, e a cama foi colocada em uma posição que permitisse que ele pudesse ver e falar com os amigos, pela janela. Quando perguntaram a Imad: “Como você conversava com seus amigos?”, ele apontou para a janela e disse: “Por ali.”

65. Lugar onde Ibrahim Bouhamzy guardava sua espingarda (*).

Quando perguntaram onde ele guardava “sua” espingarda, ele apontou para o fundo de um armário embutido em uma parede divisória. Ele não apontou para as portas do armário, mas estava certo quanto ao armário. A mãe de Ibrahim disse que apenas ela e Ibrahim sabiam onde a espingarda estava guardada. O Sr. Haffez Bouhamzy, primo de Ibrahim, não sabia deste fato.

66. O não reconhecimento da mãe de Ibrahim Bouhamzy.

Na presença da mãe de Ibrahim, perguntaram a Imad: “Você conhece esta senhora?” E ele disse: “Não”. Disseram-lhe, então, que fosse cumprimentá-la, o que ele fez. Depois, quando lhe perguntaram se gostava dela, ele respondeu: “Sim, muito.”

67. Reconhecimento da irmã de Ibrahim, Huda.

A irmã de Ibrahim perguntou a Imad: “Você sabe quem eu sou?” e ele replicou: “Huda”.

68. Reconhecimento de um retrato de Fuad, irmão de Ibrahim.

Primeiro mostraram a Imad um retrato bem pequeno de Fuad, em uniforme militar. Ele não reconheceu esta fotografia. Mas, quando lhe perguntaram de quem era o retrato em um grande quadro a óleo pendurado na parede, ele disse corretamente: “Fuad”.

69. Reconhecimento de um retrato de Ibrahim Bouhamzy.

Quando lhe mostraram uma fotografia relativamente grande de Ibrahim Bouhamzy, e lhe perguntaram quem era a pessoa na foto, Imad disse: “Eu.” Neste caso foi feita uma insinuação de que era uma foto de seu irmão ou de seu tio, mas ninguém deu a entender que era de Ibrahim.

70. Declaração das últimas palavras ditas por Ibrahim antes de morrer.

 

Correto

A Sra. Huda Bouhamzy perguntou a Imad: “Você disse algo um pouco antes de morrer. O que foi?”’ Imad replicou: “Huda, chame o Fuad.” Esta informação é correta, pois Fuad havia deixado o quarto um pouco antes, e Ibrahim queria vê-lo novamente, mas ele acabou morrendo naquele instante.

71. Fuad e Ali eram irmãos de Ibrahim (*).

Perguntaram a Imad: “Quem são seus irmãos?” e ele respondeu: “Fuad e Ali,” ambos corretamente. Parecia não lembrar-se de um terceiro irmão, Sami, o caçula.

72. Declaração de onde Jamileh morava.(*)

 

Correto

Imad apontou corretamente com o dedo a direção da aldeia vizinha, Masser el Shouf, onde Jamileh morava.

73. A mãe de Ibrahim, certa vez, esmagou um dedo na porta que dava para o quintal.

Ouvi testemunhos antagônicos sobre o que Imad dissera e o que de fato acontecera durante a vida de Ibrahim. Uma das testemunhas disse que Imad se lembrava de ter machucado o “seu” (de Ibrahim) dedo. A Sra. Huda Bouhamzy declarou que Imad lembrava que a mãe de Ibrahim havia esmagado o dedo na porta. Isto de fato ocorreu, e a mãe de Ibrahim ainda tinha a extremidade de um dedo achatada, quando a vi durante uma de minhas idas a Khriby.

Bibliografia: 

01- Past Life Memory Case Studies. James G. Matlock. In S. Krippner (editors.), Advances in Parapsychological Research. Mcfarland.Jefferson, N.C. , 1990. pp. 184-267. 

02- Reincarnation: a Critical Examination. Paul Edwards. Prometheus Books. Amherst, New York.1996. 

03- Twenty Cases Suggestive of Reincarnation. Ian Stevenson. Second edition, revised and enlarged. Sixth paperback printing, 2002. University of Virgina Press. Charlottesville, V.A. 1974. 

04- Reincarnation All Over Again: Evidence for Reincarnation Rests on Backward Reasoning. A review of Ian Stevenson’s “Reincarnation and Biology”, Praeger Publishers, 1997. Vol 1 and 2, 2,228 pp. Author of the book review: Leonard Angel. Skeptic Magazine. vol. 9, No.3, 2002. 

05- A Critique of Arguments Offered Against Reincarnation. Robert Almeder. Journal of Scientific Exploration, Vol. 11, No. 4, pp. 499-526, 1997. 

06- Empirical Evidence for Reincarnation? Examining Stevenson’s “Most Impressive” Case. Leonard Angel. Skeptical Inquirer, Vol. 18. Fall 1994. pp.481-487. 

07- Empirical Evidence for Reincarnation? A Response to Leonard Angel. Ian Stevenson. Skeptical Inquirer, May/June 1995. pp. 50-51. Including: Leonard Angel Replies, p.51. 

08- Full Critique of the Imad Elawar Case by Leonard Angel. Personal communication from Leonard Angel through email, containing pages 273-291 of his book Enlightenment East and West (1994). 

09- Full Reply from Ian Stevenson to Leonard Angel regarding Angel’s critique of the Imad Elawar Case. Personal communication from the Division of Personality Studies through email, University of Virginia 1995-2003. 

10- Three New Cases of the Reincarnation Type in Sri Lanka With Written Records Made Before Verifications. Ian Stevenson & Godwin Samararatne.Journal of Scientific Exploration. Vol. 2, No. 2, pp. 217-238, 1988. 

11- Replication Studies of Cases Suggestive of Reincarnation by Three Independent Investigators. Antonia Mills, Erlendur Haraldsson, and H. H. Jürgen Keil. The Journal of the American Society for Psychical Research. Vol. 88, July 1994. pp.207-219. 

12- Past Lives of Twins. Ian Stevenson. The Lancet. Apr 17;353(9161):1359-60. 1999. 

13- Ropelike Birthmarks on Children Who Claim to Remember Past Lives. Ian Stevenson. Psychol Rep. Aug;89(1):142-4.2001. 

14- Birthmarks and Birth Defects Corresponding to Wounds on Deceased Persons. Ian Stevenson. Journal of Scientific Exploration, Vol 7, No.4, pp. 403-410, 1993. 

15- Where Reincarnation and Biology Intersect. Ian Stevenson. Praeger Publishers. Westport, Connecticut. 1997. 

16- Development of Certainty About the Correct Deceased Person in a Case of the Reincarnation Type in Lebanon: The Case of Nazih Al-Danaf. Erlendur Haraldsson and Majd Abu-Izzeddin. Journal of Scientific Exploration, Vol.16, No.3, pp. 363-380. 2002. 

17- Does the Socio-Psychological Hypothesis Explain Cases of the Reincarnation Type? Schouten, SA & Stevenson, I. Journal of Nervous and Mental Disease. Vol.186. No.8, pp.504-506 

18- The Phenomenon of Claimed Memories of Previous Lives: Possible Interpretations and Importance. Medical Hypotheses. Vol 54. No. 4. pp. 652-659, 2000

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Referênca original: Barros, Júlio César de Siqueira. “Another Look at The Imad Elawar Case – A Review of Leonard Angel’s Critique of This ‘Past Life Memory Case Study’” (disponível em http://www.criticandokardec.com.br/imad_elawar_revisited.html, acessado em 29 de agosto de 2011).

_________________________ 

Este artigo foi traduzido para o português por Vitor Moura Visoni e revisado por Inwords.



[1] No texto original o termo usado foi vat e esse termo pode ser traduzido como tonel, barril, tina, cuba, balde, tanque. Mas em português nós não temos um termo tão geral que possa ser aplicado a todos esses citados acima. Então o critério de diferenciação usado foi o material citado pelo autor, ou seja, quando é um vat de madeira usamos barril de madeira, e quando é um vat de concreto usamos tanque de concreto pelo simples fato de que, em português, barril de concreto e tanque de madeira não fariam sentido. (Nota do Revisor.)

7 respostas a “O Caso Imad Elawar, Parte 6 (2004 – Final)”

  1. Vitor Diz:

    Agradeço imensamente ao Juliano, Carlos, Marcio, Biasetto e Marcos por terem ajudado a pagar o serviço de revisão deste artigo, que custou 440 reais.

  2. Biasetto Diz:

    Vítor,
    É tanta coisa (boa, muito boa) que você está colocando aqui, que não estou conseguindo ler praticamente nada. Estou envolvido com minha vida profissional até o pescoço, as coisas da casa, família, cachorro… e o tempinho que sobra, escuto uma música boa e vou fazendo minhas pesquisas aqui.
    Você sabe do que estou falando né?
    Se tudo correr dentro do programado, e está correndo, os livros do André Luiz já eram. Não vai sobrar um que não tenha sido cópia… Não sei o que o Luciano dos Anjos poderá dizer, porque aquela ideia dele de que somente Nosso Lar e Libertação tinham plágios, ah! esta já foi pra casa do chapéu. (nem imagino onde fica a “casa do chapéu”)
    Naquele artigo lá na frente… o Waldo vai entrar na dança. Aí, a gente vai ver como fica.
    Voltando aos temas atuais aqui, eu acho tudo muito interessante. Nunca escondi que acredito na existência do espírito, acho perfeitamente possível que existam cidades espirituais, reencarnação. Logicamente, que são crenças minhas – não tenho como provar nada disto. Dentro desta linha, os trabalhos do Stevenson me parecem muito sérios e bem analisados. Tem uns vídeos também, sobre crianças que lembram de vidas passadas. Tem aquele do garotinho lá, que lembrava ter sido piloto, acho que foi o Juliano que me indicou. Muito bom. Se não houve manipulação alguma ali, a história é espetacular. Estou falando isto, porque o que há de melhor no campo da vida espiritual, da reencarnação, estou concluindo que são as histórias contadas por crianças. Porque no que se refere a livros psicografados… Meeeuuu Deeeuuusss!

  3. Gazozzo Diz:

    Gente, eu sinto falta de termos no blog uma pequena área, logo abaixo do logotipo “Obras Psicografadas”, mostrando em que posts/links estão os últimos comentários. Porque muitos posts bons saem da discussão da forma como é hoje.
    Se acharem interessante a ideia (que não vai descaracterizar o blog em nada), e precisarem de alguma ajuda técnica pra implementar, podem me falar que ajudarei de bom grado.

  4. André Ribeiro Diz:

    Vítor, você me permite dedicar uma música pro Juliano e pro Gilberto?
    Bem, já dediquei…
    http://www.youtube.com/watch?v=OTf-WP6bkac&feature=related

  5. André Ribeiro Diz:

    Vítor, me dá licença mais uma vez, porque este cara deve ser médium, com certeza:
    http://www.youtube.com/watch?v=IYDfDIeIvY0

  6. Flávio Josefo Diz:

    André, sensacional! Ele deve ser médium mesmo. Por que não? O Robson Pinheiro diz que é médium com todas aquelas doideiras e idiotices que ele escreve. O Chico, foi o médium dos médiuns, copiando tudo quanto era livro.
    Gostei daquela parte da entrevista dele, onde ele diz que “bla, bla, bla” é chato demais – é só o que aparece nos livros do Chico/André Luiz, aqueles papos chatos e entediantes, das palestras: “lindas palavras”, “que explicação mais bela”, “quanta sabedoria”… Pena que o Paulo não aparece mais por aqui – e aí, Paulo? Tá tudo bem contigo? É muito besteirol, meu amigo, ninguém merece isto.

  7. Gilberto Diz:

    André, obrigado. Um mimo…

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