A natureza da pseudociência: algumas considerações sobre o estudo de fenômenos inexistentes

Este artigo do físico e filósofo Roberto de Andrade Martins discursa sobre a natureza da pseudo-ciência, abordando astrologia, OVNIs mas fornecendo também exemplos de preconceito dos cientistas perante os supostos fenômenos espiritualistas, citando o exemplo histórico de William Crookes. A tradução é minha. Por falar em Crookes, há um livro chamado “Estudando o Invisível” de uma aluna do Roberto que aborda as pesquisas dele. Já li e é muito bom. Recomendo!

A natureza da pseudociência: algumas considerações sobre o estudo de fenômenos inexistentes  

Roberto de Andrade Martins  

A base empírica da ciência objetiva nada tem, portanto, de “absoluto”. A ciência não repousa em pedra firme. A estrutura de suas teorias levanta-se, por assim dizer, num pântano. Semelha-se a um edifício construído sobre pilares. Os pilares são enterrados no pântano, mas não em qualquer base natural ou dada. Se deixamos de enterrar mais profundamente esses pilares, não o fazemos por termos alcançado terreno firme. Simplesmente nos detemos quando achamos que os pilares estão suficientemente assentados para sustentar a estrutura — pelo menos por algum tempo. (Popper, 1959, p. 111.)

Introdução  

Há 5 anos a New York Academy of Sciences organizou uma conferência sobre o tema “A fuga da ciência e da razão” (Gross et al, 1996). O objetivo da conferência era discutir os ataques que, segundo os organizadores, a ciência sofreu em tempos recentes e que colocam em risco sua aceitação popular. Alguns dos ataques discutidos na conferência foram estes:

• o relativismo epistemológico radical: é tudo igual, a ciência não é um conhecimento privilegiado, todas as opiniões são equivalentes.

• a “desconstrução” da ciência e construtivismo social da realidade: não existe um mundo objetivo descrito pela ciência; os objetos de estudo da ciência são construídos socialmente e as teorias científicas são somente ferramentas de controle ideológico da sociedade pela classe dominante.

• o ceticismo destrutivo contra a ciência, juntamente com a aceitação acrítica de idéias não científicas ou anti-científicas (astrologia, parapsicologia, crença nos curandeiros, e outras semelhantes).

O Presidente da New York Academy of Sciences, Harry Greenberg, afirmou que, se a ciência não consegue defender a excelência de seus métodos e suas virtudes intelectuais, enfrentará dificuldades inclusive com a sua manutenção econômica, já que o movimento de crítica à ciência defende que os fundos de pesquisa devem contemplar igualmente todos os diferentes tipos de conhecimento, sem privilegiar a ciência (Greenberg, in Gross et al., 1996, p. x). A astrologia e a astronomia teriam o mesmo direito de receber verbas públicas. Paul Gross, um dos organizadores da conferência, chamou atenção para a existência de um movimento contrário às ciências tanto fora como no seio das universidades. De fora chegam as crenças ingênuas em curandeiros, objetos voadores não identificados, pessoas com poderes paranormais que parecem capazes de produzir efeitos quase milagrosos, as terapias de vidas passadas, etc. (Gross, in Gross et al, 1996, p. 1). De dentro do mundo acadêmico surgem as críticas à ciência provenientes dos “science studies”, que ensinam a democracia dos saberes, a valorização do irracionalismo, o anti-realismo ontológico e epistemológico, a interpretação puramente sociológica da ciência. Gross acusa os representantes deste movimento de charlatanismo intelectual, chegando a compará-los aos sofistas (Gross, in Gross et al., 1996, p. 2). Mario Bunge, que participou do congresso anterior, afirmou que até a metade da década de 1960 o misticismo e o anti-intelectualismo estavam fora da universidade, mas nos últimos 30 anos o mundo acadêmico foi invadido por inimigos do conhecimento, do rigor e da evidência empírica. Estes invasores não aceitam a existência de uma verdade objetiva, e para eles “vale tudo” (Bunge, in Gross et al, 1996, p. 96). Os anais do congresso citado incluem muitos trabalhos que criticam as pseudo-ciências e que as inserem neste movimento de oposição à ciência. Mario Bunge contrasta a ciência, que é a busca da verdade, com as pseudo-ciências, que não correspondem à realidade e que apresentam afirmações vagas e imprecisas (Bunge, in Gross et al, 1996, p. 101).

Uma luta entre duas posições 

Os defensores e os críticos da ciência não estão discutindo um problema puramente intelectual ou sem importância. Os cientistas estão defendendo a sua profissão, a sua respeitabilidade, o apoio ao seu trabalho – e estão também negando o direito de outras pessoas a igual respeito e apoio. Os críticos da ciência estão recusando os motivos aceitos que proporcionam aos cientistas o respeito e o apoio singular que eles recebem atualmente, e defendem que todos deveriam receber o mesmo respeito e apoio – ou, quiçá, que os não-cientistas possuem mais direito do que os próprios cientistas na obtenção de respeito e apoio. São tão fortes os interesses neste jogo que não devemos nos espantar quando percebemos que os duelistas empregam toda a sua energia e todos os subterfúgios que conseguem elaborar para defender-se e para tratar de destruir os seus adversários. Mas eu acho que é possível reduzir o nível das paixões que afloram quando se discute os dois pontos de vista, para examiná-los de um modo um pouco mais comedido.

Há alguns anos estou estudando dois importantes exemplos históricos de pseudo-ciência: a “descoberta” dos raios N por René Blondlot no início do século XX; e a investigação de William Crookes referente aos fenômenos espiritualistas, no final do século XIX. Estes estudos históricos foram a motivação principal para o estudo do conceito de pseudo-ciência que irei apresentar aqui. No entanto, antes de apresentar a parte essencial desta conferência, creio que é importante esclarecer meu ponto de vista geral. Agora, na passagem do século XX para o século XXI, temos que aceitar que a visão empirista ingênua da ciência que era tão popular há cem anos já não é mais aceitável. Os fundamentos da ciência se constroem em cima de um pântano (Popper, 1959, p. 111), empregando uma metáfora criada por Popper. Além disso, os cientistas não são perfeitos, e muitas vezes empregam recursos que não são tão nobres como se pensava 100 anos atrás. No entanto, sinto que tenho mais afinidade com os defensores da ciência do que com os críticos radicais da atualidade.

É claro, hoje todos temos uma concepção mais crítica da ciência Os cientistas são, talvez, demasiado humanos, e os fundamentos da ciência são, talvez, demasiado frágeis, mas não devemos descartar a ciência como lixo. É preciso evitar a antiga arrogância da ciência, mas ainda assim é nítido que a ciência construiu um edifício impressionante nos últimos séculos. A ciência não é completa ou perfeita, e podem existir coisas que ainda não aceitamos e que sejam verdadeiras. Há que se manter uma atitude aberta com relação ao estranho, ao que não é admitido pela ciência, mas ainda é preciso manter uma atitude crítica e negar que tudo tenha o mesmo valor enquanto conhecimento. O rigor é um valor que não podemos eliminar e que deve ser aplicado tanto à ciência como à pseudo-ciência.Vamos agora discutir que é a pseudo-ciência e se existe uma distinção clara entre ciência e pseudo-ciência.

Tentativas de identificação da pseudo-ciência 

O termo “pseudo-ciência” é sempre empregado com significado negativo. Ninguém vai empregá-lo para enaltecer um estudo ou uma proposta. Compreende-se que quando alguém classifica um estudo como “pseudo-científico” isto quer dizer que este estudo tem um valor inferior ao da ciência, ou que não tem nenhum valor. Num livro recente em que se discute o status científico da parapsicologia, Terence Hiñes analisou o conceito de pseudo-ciência e propôs diversas características que permitem identificar uma proposta pseudo-científica (Hiñes, 1998, pp. 1-6):

• Característica principal: o uso de hipóteses que não podem ser refutadas ou falseadas.

• A pessoa que propõe uma idéia pseudo-científica não desenvolve estudos empíricos cuidadosos nem examina cautelosamente os fatos que emprega.

• Busca por mistérios: destacam-se fenômenos que aparentemente não são explicados pela ciência, negam-se explicações simples e propõem-se explicações espetaculares.

• Utilização de mitos ou fábulas em apoio às suas alegações.

• Não modificam suas teorias frente a novas evidências.

Tentativas de identificação da pseudo-ciência 

Hiñes, como outros autores, apresenta vários exemplos de fenômenos que não aceitamos (a existência de fadas, de objetos voadores não identificados provenientes de outros planetas, os raios N de Blondlot, e outros mais) para mostrar o significado desses critérios e convencer o leitor de que os critérios são válidos (Hiñes, 1998, capítulo I). A crença de que há objetos voadores não identificados (OVNIs ou UFOs) procedentes de outros planetas talvez seja um bom exemplo.

• Trata-se de uma hipótese que claramente não pode ser refutada: não existe nenhum fato que possa falsear, de maneira conclusiva, uma proposição existencial como essa.

• Aqueles que aceitam a existência dos OVNIs apresentam como provas de sua existência alguns relatos e fotos publicados em material popular e não os examinam de forma crítica.

• Os defensores dos OVNIs recusam as explicações mais singelas (como nuvens) e propõem explicações fantásticas.

• Os mitos antigos sobre visitantes vindos dos céus ou de estrelas são empregados como suporte empírico para a crença nos OVNIs.

• Além disso, esta crença não foi atualizada quando surgiram evidências de que não há seres inteligentes nos planetas do sistema solar.

Outro autor que descreveu critérios para identificar a pseudo-ciência foi Irving Langmuir. Segundo este cientista, os indícios que permitem reconhecer a “ciência patológica” são (Langmuir, 1989, pp. 43-44):

• O fenômeno estudado é muito débil e ocorre somente com causas débeis.

• O efeito não depende da intensidade da causa.

• O efeito é muito difícil de detectar (fica no limite da detecção).

• É necessário fazer uma grande quantidade de medidas para observar o efeito, por análise estatística.

• Ignoram-se os resultados que estejam em conflito com as expectativas do pesquisador.

• Afirma-se que uma precisão muito alta foi conseguida.

• Sugerem-se teorias fantásticas, contrárias à experiência.

• Os críticos dos autores não podem observar os efeitos descritos.

• A crítica é contestada com respostas ou desculpas “ad hoc”.

• O quociente entre os que defendem a nova teoria e os que a criticam chega ao redor dos 50% e depois baixa e se torna insignificante.

Critérios sociológicos e psicológicos 

De um modo geral, aqueles que propõem critérios para identificar a pseudo-ciência indicam sintomas que podemos considerar como características negativas de qualquer estudo. Algumas das características mencionadas pelos autores são do tipo sociológico, já que descrevem a reação dos cientistas frente à proposta, ou a postura dos defensores da proposta. Ray Hyman, por exemplo, propôs uma caracterização sociológica para a ciência patológica e indicou sintomas como (Hyman, 1989, p. 244):

• A comunidade científica ignora ou ataca as alegações estranhas com hostilidade.

• Os que propõem a idéia insólita não abandonam nem mudam suas idéias frente aos ataques ou à indiferença. Outras análises, como a que foi apresentada por Martin Gardner, empregam critérios psicológicos para identificar as pessoas que sustentam teorias pseudo-científicas (Gardner, 1957, pp. 12-14):

• Estas pessoas trabalham isoladas de seus pares.

• A comunidade científica as recusa.

• Elas possuem tendência paranóica: consideram-se gênios e seus pares estúpidos ou tontos; crêem que outros as perseguem e discriminam injustamente; possuem uma compulsão forte para atacar os cientistas famosos e as teorias bem estabelecidas; e utilizam uma linguagem inventada por eles.

Uma análise puramente psicológica das pessoas que defendem ou aceitam a pseudo-ciência pode tão só esclarecer que tipo de características levam as pessoas a aceitar como conhecimento adequado uma proposta cheia de falhas; não pode esclarecer que tipo de falhas a proposta tem. Do mesmo modo, uma análise puramente sociológica não esclarece a diferença intrínseca entre ciência e pseudo-ciência. É claro que se alguém defende um relativismo extremo e não aceita que há diferenças epistemológicas ou metodológicas entre ciência e pseudo-ciência, só se é possível analisar um fenômeno sociológico de luta entre os dois grupos. Mas, como já disse, não é essa a minha postura frente ao problema. Naturalmente, é possível estudar os fenômenos sociais e psicológicos associados à pseudo-ciência. No entanto, vamos discutir somente os aspectos puramente epistemológicos ou metodológicos que podem estabelecer a distinção entre ciência e pseudo-ciência.

Demarcação epistemológica 

Vamos considerar primeiramente um critério epistemológico, como este: as pseudo-ciências utilizam hipóteses que não podem ser refutadas ou falseadas. Esse é um critério epistemológico bem conhecido, e  é claro que é útil quando é aplicado às teorias. No entanto, há problemas quando pensamos em aplicá-lo a certo tipo de estudos. Quando alguém analisa a crença nos OVNIs, há duas classes de hipóteses em discussão: as afirmações sobre a existência de certos fenômenos reais, observáveis, que não podem ser explicados por causas físicas singelas (como, por exemplo, nuvens); e as explicações desses fenômenos que utilizam a hipótese de que esses fenômenos sejam a manifestação de seres extraterrestres inteligentes. O critério de falseabilidade pode ser aplicado de forma útil à explicação dos fenômenos, mas não à afirmação de que existem objetos voadores não identificados, porque esta proposição tem esta estrutura:

Existe X tal que X é um objeto voador e não existe nenhuma explicação científica simples para X. 

Esta proposição é irrefutável por sua própria estrutura, e conseqüentemente aqueles que acreditam na existência dos OVNIs não podem ser refutados. Mas os cientistas que discordam disso utilizam outra forma de proposição irrefutável:

Qualquer que seja X tal que X seja um objeto voador, existe uma explicação científica simples Y para X.

Grande parte das discussões sobre a pseudo-ciência estão relacionadas às hipóteses da existência de um ente ou de um fenômeno. Há raios N, ou não? Há influências dos astros sobre a vida humana, ou não? Existe telepatia, ou não? Por outro lado, parece que nenhum daqueles que tentam identificar a pseudo-ciência considera que um estudo equivocado sobre algo existente deva de ser classificado como pseudo-ciência. Por exemplo: no início dos estudos sobre os raios X, obtiveram-se muitos resultados anômalos e explicações incorretas sobre os fenômenos reais. No entanto, ninguém caracteriza a esses estudos como pseudo-científicos. Outro exemplo: na Antigüidade os astrônomos explicavam os movimentos dos planetas empregando uma teoria que não aceitamos. Mas não dizemos que a astronomia antiga era uma pseudo-ciência.

O problema ontológico 

Alguns dos que tentaram caracterizar a pseudo-ciência empregaram como critério a existência dos fenômenos estudados. Mario Bunge afirmou que as pseudo-ciências não correspondem à realidade (Bunge, in Gross et ao, 1996, p. 101) e Langmuir descreveu a ciência patológica como ‘‘a ciência das coisas que não são assim” [the science of things that aren’t so] (Langmuir, 19S9. p. 46).

Tal distinção é essencialmente ontológica.[1] Se os OVNIs não existem e tentamos construir uma ciência dos OVNIs, vamos produzir uma pseudo-ciência. Se os átomos não existissem e tentássemos construir uma ciência dos átomos, produziríamos da mesma forma uma pseudo-ciência.Talvez seja útil também propor outro tipo de definição de pseudo-ciência que se aplicasse a estudos não científicos (mas aparentemente científicos) sobre coisas que existem. No entanto, deste ponto em adiante vamos considerar somente o problema da caracterização dos pseudo-fenômenos: Como é possível descobrir se uma alegação sobre a existência de um ente (ou de uma propriedade, ou de uma relação entre entes, etc.) é válida ou não o é? Vamos assumir uma postura ontológica realista, mas não ingênua. Nós não temos nenhuma possibilidade de comparar diretamente nossas crenças com a realidade externa. Qualquer critério aplicável para identificar se um suposto fenômeno é real ou não será indireto e temporário. O critério é necessariamente indireto porque se refere a propriedades empíricas observáveis do fenômeno; e é necessariamente temporário porque sempre é possível, em princípio, obter novas evidências favoráveis ou contrárias à existência de um suposto fenômeno e alterar o status ontológico que lhe é atribuído.

A possibilidade de reproduzir os fenômenos 

O matemático Marcel Boil, em seu clássico estudo sobre o ocultismo, empregou como critério principal para distinguir a ciência da pseudo-ciência a possibilidade de reproduzir os fenômenos: “Quando alguém não estabelece condições singelas e reproduzíveis, os cientistas não negam a priori [que os fenômenos existam], mas eles impugnam a inclusão das pretensões dos ocultistas no domínio das verdades científicas” (Boíl, 1951, p. 6). Marcel Boil estudou as alegações dos espiritualistas e disse que (1) quando o médium não é controlado, há fenômenos; (2) quando o médium é controlado, os fenômenos se dispersam, e diminuem quando o controle aumenta; (3) quando existe controle completo, não há nenhum fenômeno. Sua conclusão é que não existem fenômenos paranormais (Boil, 1951, p. 67). Antony Flew utilizou um critério semelhante a este para criticar os estudos parapsicológicos, quando afirmou que “não existe nenhum experimento que alguém possa repetir para demonstrar a realidade de qualquer suposto fenômeno psi” e “não existe nenhuma demonstração repetível de que [a parapsicologia] tenha realmente seus próprios dados genuínos peculiares para pesquisar” (Flew, em Grim, 1990, pp. 215-216).

Se quisermos aplicar esse critério para estabelecer a distinção entre fenômeno e pseudo-fenômeno, devemos formular uma regra geral como esta:

C1. Se um suposto fenômeno pode ser repetido ou reproduzido de forma regular, em condições conhecidas, então este suposto fenômeno pode ser aceito (provisoriamente) como um fenômeno real e suscetível de estudo científico; se o suposto fenômeno não pode ser reproduzido de forma regular, em condições conhecidas, então este suposto fenômeno não pode ser aceito como um fenômeno suscetível de estudo científico e deverá ser considerado (provisoriamente) um pseudo-fenômeno.

Um critério como este pode ser discutido, criticado e aperfeiçoado se o contrastamos com exemplos que aceitamos como científicos ou pseudo-científicos. Se todos os fenômenos efetivamente estudados pelas ciências “normais” (a física, a química, etc.) obedecem a este critério e se, além disso, todos os supostos fenômenos que associamos a pseudo-ciências (ovnis, psicocinesia, influências astrológicas, etc.) são excluídos por esse critério, então temos um bom motivo para aceitar este critério, utilizando o conceito do “círculo virtuoso” de Goodman no qual os casos particulares e as regras se reforçam mutuamente (Goodman, 1973, p. 64).

Há fenômenos que são estudados pelas ciências “normais” e que não podem ser reproduzidos de uma forma regular, em condições conhecidas? É claro que sim. O processo de desintegração radioativa de um núcleo de urânio não pode ser submetido a controle por nenhum meio conhecido. De fato, é impossível predizer quando um átomo de urânio desintegrará. Portanto, a desintegração de um átomo radioativo seria um pseudo-fenômeno, segundo a regra anterior. A passagem de um cometa não periódico é imprevisível e incontrolável. Os fenômenos meteorológicos como os relâmpagos são igualmente irregulares e incontroláveis. A criação do universo não pode ainda ser repetida em nenhum laboratório. Meus sonhos são irrepetíveis e incontroláveis, mas creio que sejam fenômenos psíquicos reais. Todos os eventos pessoais que vivemos e todos os que a história estuda são únicos, e, no entanto, cremos que são reais.

Por outro lado, há supostos fenômenos que são descritos pelas pseudo-ciências e que podem ser reproduzidos de uma forma regular, em condições conhecidas? As pessoas que acreditam nas pseudo-ciências afirmam que sim. Em condições conhecidas, uma médium repete, adiante de diferentes pessoas, fenômenos fantásticos (sem causa física conhecida), como sons, movimentos de mesas, aparição de objetos, etc. Os estudos estatísticos realizados por Gauquelin indicam uma correlação entre a posição dos astros no momento de nascimento de uma pessoa e sua capacidade para diversas profissões (Gauquelin, in Grim, 1990, pp. 37-50). Os parapsicólogos apresentam dados que (segundo lhes parece) demonstram o fenômeno da telepatia, em condições controladas, com um cuidadoso estudo estatístico (Rhine, in French, 1975, pp. 347-354). No Brasil há muitas pessoas que ganham dinheiro utilizando varetas de madeira para adivinhar onde e a que profundidade alguém deve cavar um poço para encontrar água, e as pessoas que as empregam não têm queixas de seu trabalho. Talvez este primeiro critério (a possibilidade de reprodução dos fenômenos), isoladamente, não seja satisfatório.

O apoio teórico 

Muitos cientistas não aceitam os supostos fenômenos paranormais e não os aceitariam ainda que tivessem um volume enorme de evidências empíricas irrefutáveis a favor de sua existência. Joseph Agassi escreveu há dez anos: “Vamos supor que alguma evidência paranormal é realmente reproduzível. […] Suponhamos que cada médium em transe seja capaz de produzir um girassol do nada, quando isso lhe for solicitado. […] Isto me convencerá? Honestamente, não sei” (Agassi, in Hyman, 1989, p. 253).

O problema principal parece ser a contradição entre os supostos fenômenos descritos pelas pseudo-ciências e as crenças científicas sobre o que é possível e o que não é. Se é verdade que houve astrônomos que se negaram a olhar pelo telescópio de Galileu porque tinham certeza de que o que ele descrevia não existia, esta atitude é a mesma daqueles que negaram no início do século XIX a existência de pedras que caíam do céu (ou seja, meteoritos) e dos cientistas convidados por William Crookes no final do século XIX que se negaram a presenciar os poderes fantásticos de uma médium. Mas hoje sabemos que os satélites de Júpiter que Galileu descreveu existem. Da mesma forma, sabemos que pedras caem do céu. Nesses casos, o conflito entre as observações e a teoria desapareceu, porque temos uma nova visão sobre a estrutura do universo.

Não conhecemos nenhum processo físico que seja capaz de transmitir pensamentos a distância. Não conhecemos nenhum processo físico pelo qual um planeta seja capaz de produzir uma influência relevante sobre a vida de uma pessoa. Não parece possível deslocar uma mesa sem utilizar forças de contato, ou eletromagnéticas, ou gravitacionais, e por isso é difícil aceitar que um médium produza tal tipo de movimento sem empregar nenhuma fraude.

Podemos tentar agregar outra condição a nosso primeiro critério (Cl): a compatibilidade entre os supostos fatos e as teorias científicas. O critério seria este:

C2. Se um suposto fenômeno pode ser repetido ou reproduzido de forma regular, em condições conhecidas e se é possível conciliá-lo com as teorias científicas admitidas, então alguém pode aceitá-lo (provisionalmente) como um fenômeno real e suscetível de estudo científico; mas se o suposto fenômeno não pode ser reproduzido de forma regular, em condições conhecidas ou se não é possível conciliá-lo com as teorias científicas admitidas, então este suposto fenômeno não pode ser aceito como um fenômeno susceptível de estudo científico e deverá ser considerado (provisionalmente) um pseudo-fenômeno.

No entanto, esta condição é muito restritiva. Há cem anos as medições do espectro da radiação do corpo negro estavam absolutamente em conflito com toda a física admitida. Era correto recusar as medidas do espectro do corpo negro em fins do século XIX? É aceitável recusar na ciência todos os fenômenos que entram em conflito com as teorias admitidas? É claro que não! Este critério, demasiado forte, não é aceitável.

Normas absolutas e relativas 

É impossível analisar todos os critérios que alguém pode imaginar para estabelecer a diferença entre os fenômenos e os pseudo-fenômenos, mas a análise de alguns critérios mais comuns revelou um problema comum: estes critérios são ou muito fortes ou muito brandos. Se alguém utilizar critérios suficientemente fortes para excluir tudo o que se considera indesejado em ciência, excluirá também muito do que os cientistas aceitam como válido. Inversamente, se alguém utilizar critérios suficientemente frouxos para não proibir nada do que se aceita como ciência, os critérios não vão excluir tudo aquilo que se considera como pseudo-ciência. Há outro problema: os critérios que foram sugeridos não são dedutíveis do conceito que se quer estabelecer. Que relação há entre a existência de um fenômeno e a possibilidade de repeti-lo regularmente ou de compreendê-lo pela ciência que aceitamos? Nossas vidas estão cheias de fatos que não obedecem a estes critérios, e, no entanto, aceitamos estes fatos como reais.

Que alternativas temos? 

• Seria possível recusar todos os critérios e sustentar que não há diferença entre um fenômeno e um pseudo-fenômeno. No entanto, neste caso todos os limites seriam apagados, e as portas para um relativismo radical estariam abertas.

• Seria possível eleger um critério e utilizá-lo de modo consistente, aceitando suas conseqüências em todos os casos, mas nesse caso não tenho dúvidas de que vão surgir conflitos entre o critério e a avaliação “intuitiva” sobre o que é aceitável ou não. É fácil criticar tudo o que até hoje se propôs; mas é muito difícil apresentar algo que não se possa criticar do mesmo modo. Há outra possibilidade? Creio que sim. É possível propor uma abordagem que não estabelece um critério nítido para aceitar ou recusar um suposto fenômeno, e que ao mesmo tempo não apaga todas as distinções.

Os critérios usuais de demarcação entre ciência e pseudo-ciência são equivalentes a normas absolutas que estabelecem condições necessárias e suficientes para que uma coisa seja considerada científica. As normas absolutas sobre a ciência são equivalentes a regras de atribuição de valor científico (ou epistêmico) absoluto, porque estabelecem que em determinadas condições uma proposta tem valor científico (pode aceitar-se como ciência), e em outras condições não tem valor científico – ou tem valor científico negativo (não pode ser aceitar como ciência). Tal tipo de critério proíbe na ciência determinados tipos de coisas, e obriga que sejam satisfeitas determinadas condições para que algo seja aceitável como ciência.

Critérios relativos (brandos)

Geralmente se admite de forma tácita que sem critérios rígidos é impossível escapar ao relativismo. No entanto, há outras possibilidades. É possível empregar valores científicos (ou epistêmicos) relativos, que permitem a avaliação e o planejamento das investigações, mas que não estabelecem uma fronteira clara entre ciência e pseudo-ciência. Esta nova abordagem propõe o emprego de regras relativas ou comparativas de atribuição de valor científico (ou valor epistêmico) que não estabelecem condições necessárias para que uma proposta seja considerada científica.

Vejamos como é possível formular regras de valor científico relativo. Tomemos o primeiro critério (Cl) que analisamos recentemente e o transformemos numa regra não proibitiva de comparação de valor científico:

Cl*. Se um suposto fenômeno pode ser repetido ou reproduzido de forma regular, em condições conhecidas, então ele possui um valor científico maior do que nos casos em que um suposto fenômeno não pode ser reproduzido de forma regular, em condições conhecidas.

Esta é uma forma mais branda do critério que tinha sido examinado. Se alguém aceitar de forma forte este critério (Cl), tem que aceitar também a forma branda (Cl*), mas o inverso não é verdadeiro. É possível aceitar a forma branda sem aceitar a forma forte do critério. O segundo critério (C2) introduzia uma nova condição: a compatibilidade do fenômeno com as teorias científicas admitidas. Esta seria uma condição necessária para a aceitação do fenômeno dentro do campo científico. A forma branda e comparativa do mesmo critério é:

C2*. Se um suposto fenômeno pode ser conciliado com as teorias científicas admitidas, então tem um valor científico maior do que um suposto fenômeno que não pode ser conciliado com as teorias científicas admitidas.

Como no caso anterior, a forma forte do critério (C2) implica a forma branda (C2*). No entanto, é possível aceitar a forma branda sem aceitar a forma forte do critério. Os dois critérios brandos não permitem estabelecer uma fronteira entre os fenômenos e os pseudo-fenômenos, mas permitem comparar os supostos fenômenos e atribuir-lhes diferentes valores científicos. Esses critérios podem ser usados tanto para comparar os fenômenos que geralmente se aceitam como reais, como para comparar fenômenos que se aceitam com outros que não são geralmente aceitos como reais. É possível adicionar muitos outros critérios comparativos de valor científico, como por exemplo:

C3*. Se um suposto fenômeno não pode ser repetido ou reproduzido de uma forma totalmente regular em condições conhecidas, mas exibe uma regularidade estatística, então tem um valor científico maior do que um suposto fenômeno não exibe qualquer regularidade estatística.

Os critérios comparativos de valor científico podem ser descritos de forma mais sucinta. Podemos simplesmente apresentar uma relação das características que incrementam o valor científico de uma afirmação sobre a existência de um fato. As características que aumentam o valor científico (ou a aceitabilidade racional) de um suposto fenômeno são:

V1. Poder ser repetido ou reproduzido de uma forma regular em condições conhecidas.

V2. Poder ser conciliado com as teorias científicas admitidas.

V3. Exibe uma regularidade estatística, caso não seja totalmente regular.

Nas propostas anteriores de critérios metodológicos ou epistemológicos para diferenciar a ciência da pseudo-ciência é possível, geralmente, encontrar critérios absolutos que podemos transformar em critérios relativos. Por exemplo: Langmuir propôs que na ciência patológica “o fenômeno estudado é muito débil e ocorre somente com causas débeis”. Podemos formular um critério comparativo mais brando, afirmando que “quando o suposto fenômeno estudado é muito débil e ocorre somente com causas débeis, isto diminui o valor científico do fenômeno” ou, inversamente, que “quando o suposto fenômeno estudado é forte e ocorre com causas fortes, isto aumenta seu valor científico”. Empregando a análise de Langmuir podemos indicar outras características que diminuem o valor científico (ou a aceitabilidade racional) de um suposto fenômeno:

• É muito débil e ocorre somente com causas débeis.

• O efeito não depende da intensidade da causa.

• É muito difícil detectar o efeito (está no limite da detecção).

• É necessário fazer muitas medições para observar o efeito, por meio de análise estatística.

A presença de cada uma das características que incrementam o valor científico de um suposto fenômeno proporciona argumentos adicionais para a aceitabilidade do fenômeno. Inversamente, a ausência de cada uma delas (ou a presença das características que diminuem o valor científico) proporciona argumentos adicionais para recusar o fenômeno (ou para classificá-lo como um pseudo-fenômeno). Mas nenhuma das condições (nem o conjunto inteiro das condições) é suficiente para aceitar um suposto fenômeno como real, nem para recusá-lo como irreal.

Na história da ciência houve supostos fenômenos que tiveram um aumento gradual de seu valor científico, até sua incorporação no campo dos fenômenos aceitos como reais. Um exemplo foi a influência das descargas elétricas sobre as agulhas imantadas. As primeiras descrições deste suposto fenômeno descreviam anedotas sobre efeitos estranhos atribuídos aos raios. Quando se buscou produzir efeitos semelhantes com descargas elétricas artificiais, os resultados foram muito irregulares e incompreensíveis. Somente no ano de 1820 o físico Oersted pôde estabelecer as condições em que o fenômeno podia ser repetido.

Há casos em que um suposto fenômeno não sofre nenhum aumento de seu valor científico durante um longo tempo. Nesses casos, o progresso no estudo do fenômeno estancou. Se isso acontece quando o suposto fenômeno ainda não satisfez muitas das condições de valor científico, os cientistas podem perder o interesse pelo suposto fenômeno e relegá-lo ao esquecimento. O estudo dos supostos fenômenos progride quando os pesquisadores se dedicam com sucesso a incrementar o seu valor pela adição das características positivas e pela redução das características negativas.

Observações finais 

É possível desenvolver uma análise mais e mais detalhada das condições que intensificam o valor científico (ou a aceitabilidade racional) de um suposto fenômeno. Esse tipo de análise permite guiar a investigação do fenômeno e permite avaliar comparativamente os resultados obtidos. Não é possível empregar esse tipo de análise para afirmar positivamente a existência de um suposto fenômeno nem negar claramente que ele exista. Os critérios comparativos não permitem distinguir um fenômeno de um pseudo-fenômeno e conseqüentemente não permitem distinguir a ciência da pseudo-ciência. Mas os critérios comparativos permitem comparar os supostos fenômenos estudados pela parapsicologia com os supostos fenômenos estudados pela física tradicional e permitem estabelecer que os últimos têm (sempre ou geralmente) um valor científico (ou nível de aceitabilidade racional) maior que os primeiros. Deste modo é possível justificar juízos de mérito comparativo e negar o relativismo radical. 

O tipo de abordagem apresentada aqui é compatível com o caráter provisório do conhecimento científico. Se alguém adotar esta abordagem, não pode assumir uma atitude arrogante frente à pseudo-ciência, já que não há critérios nítidos que permitam estabelecer se os supostos fenômenos aceitos pela ciência são reais e se os supostos fenômenos negados pela ciência são falsos. Esta abordagem proporciona ferramentas de análise critica, permite que alguém avalie a proposta da existência de um novo fenômeno e dirija sua investigação, sem permitir que alguém conclua de modo definitivo se o fenômeno existe ou não. Evidentemente o que se apresentou aqui é somente um projeto de análise que não foi ainda desenvolvido. Será necessário discutir as falhas mais evidentes desta abordagem e trabalhar muito para poder proporcionar algo que possa ser efetivamente útil na análise dos problemas epistemológicos relativos às pseudo-ciências.

Agradecimentos 

O autor agradece o apoio recebido da FAEP/UNICAMP para a apresentação deste trabalho, e agradece igualmente o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Brasil (CNPq), cujo auxílio permitiu a realização desta investigação.

Nota 

[1] Mas se tudo é socialmente construído, a diferença entre a ciência e a pseudo-ciência é ilusória, ou representa somente uma diferença de opinião momentânea sobre o que existe ou não existe.

 Bibliografia 

Boll, Marcel. L’occultisme devant la science. Paris: Presses Universitaires de France, 1951.

Gardner, Martin. Fads and fallacies – in the name of science. New York: Dover, 1957.

Goodman, Neison. Fact, fiction, and forecast. 3ª ed. Indianapolis: Bobbs-Merrill, 1973.

Grim, Patríele (ed.). Philosophy of science and the occult. 2° ed. Albany: State University of New York Press, 1990.

Gross, Paul R., Levitt, Norman & Lewis, Martin W. (eds.). The flight from science and reason. New York: The New York Academy of Sciences, 1996. [Se publicó este libro en la forma de un volumen especial (vol. 775, June 1996) de Annals of the New York Academy of Sciences.]

Hiñes, Terence. Pseudoscience and the paranormal. Amherst, NY: Prometheus Books, 1998.

Hyman, Ray. The elusive quarry. A scientific appraisal of psychical research. Buffalo, NY: Prometheus Books, 1989.

Langmuir, Irving. “Pathological science”. Editado por Robert N. Hall. Physics Today 42 (n. 10): 36-48,October 1989.

Popper, Karl R. The logic of scientific discovery. London: Hutchinson, 1959. 

Referência original: MARTINS, Roberto de Andrade. La naturaleza de la pseudociencia: algunas consideraciones sobre el estudio de fenómenos inexistentes. Pp. 317-328, in: CARACCIOLO, Ricardo & LETZEN, Diego (eds.). Epistemología e Historia de la Ciencia. Selección de Trabajos de las XI Jornadas. Vol. 7. Córdoba: Universidad Nacional de Córdoba, Facultad de Filosofia y Humanidades, 2001. 

Disponível online em espanhol em http://www.ghtc.usp.br/server/PDF/ram-83.PDF

27 respostas a “A natureza da pseudociência: algumas considerações sobre o estudo de fenômenos inexistentes”

  1. Carlos Diz:

    Olá Vitor,
    .
    Não entendo quando o autor diz, por exemplo, que um fenômeno possui um valor científico maior que outro. Ou então quando afirma “…já que não há critérios nítidos que permitam estabelecer se os supostos fenômenos aceitos pela ciência são reais e se os supostos fenómenos negados são falsos…” (sic). Isso muito mais me confunde, do que esclarece.
    .
    Ciência é uma forma de conhecimento da natureza que se fundamenta em um método. Se um fenômeno qualquer pode ser estudado pelo método, então o fenômeno pertence ao domínio da ciência; senão ele é qualquer outra coisa menos do domínio da ciência. Não entendo como qualificar o valor científico de alguma coisa; ou essa coisa pode ou não pode ser abordada pelo método. É isso. É possível afirmar que com o avanço da tecnologia alguns aspectos da natureza, que não podemos abordar hoje, o possam ser no futuro. Até aí tudo bem. Porém, nesse último caso, qualquer modelo sem base experimental não passa de uma hipótese, independentemente de sua lógica interna, e/ou racionalidade, e/ou beleza. Entendo que o espiritismo pertence a esse último caso.
    .
    Agora, existem pessoas que acreditam (ou tem fé!) é não estão nem aí se sua crença é ou não fundamentada no método científico. Para esses é possível obter conhecimento por outros métodos que consideram igualmente válidos (pela revelação, filosofia, etc). Essa é uma questão mais complicada e muitas vezes de foro pessoal. Infelizmente a confusão surge quando a fé se pretende ciência, e isso me parece muito mais uma característica humana, e que pode confundir mesmo o cientista mais rigoroso. Quando o autor afirma “… e SE os supostos fenômenos negados (pela ciência) são falsos…”, ele, para mim, está falando muito mais de fé em acreditar em algo que, aplicado o método, não se confirma.

  2. Vitor Diz:

    Oi, Carlos
    penso que ele quis dizer apenas que determinados fenômenos são mais fáceis de serem estudados e verificados pela ciência, possuindo, portanto, um caráter mais científico, como a característica de alta regularidade, por exemplo.Determinadas características permitem a aceitação de um suposto fenômeno de forma mais imediata. É esse conjunto de características que aumentam o valor científico.
    .
    O outro ponto é que a ciência não pode afirmar nem negar com 100% de certeza a existência de um fenômeno. É claro que coisas como “a existência do sol” temos 99,99999…% de certeza, mas mesmo isso não é 100%.

  3. Carlos Diz:

    Vitor,
    .
    Aqui normalmente acompanho a opinião do pessoal das “ciências duras” quando afirmam que se eles fossem escutar o que diz a “filosofia da ciência” permaneceriam todos imobilizados na “incerteza estatística”. A hipótese da não existência do sol é um completo non-sense, a não ser com alguns amigos tomando uma boa cerveja num final de expediente.
    .
    O que é desgastante muitas vezes é a confusão que se faz quando se quer dar um cunho científico a alguma coisa quando a ciência (entenda-se o método) não tem como abordar com segurança o problema. Ou então quando o faz, no caso da hipótese da existência de espíritos, conclui por refutar tal hipótese. As opções que restam são (1) negar a existência de espíritos (alguns aqui tem essa opinião), ou (2) admitir que o espírito não pode ser abordado pelo método científico com os meios que dispomos hoje. Nesse último caso, quem resiste e insiste na existência de espíritos deveria entender que está sendo movido pela fé, e não por alguma coisa que tenha “maior ou menor valor científico”.

  4. Paulo-rs Diz:

    Carlos, perfeito o seu pensamento.

  5. Toffo Diz:

    Também concordo com Carlos. Você admitindo que a existência do espírito não pode ser estudada pelo método científico com os meios de que se dispõe atualmente significa que você bota numa espécie de armário, ou quarentena, fenômenos aparentemente inexplicáveis, dando-lhes o rótulo de pseudociência, ou ciência patológica, ou “a verificar”, ou o que for. Parece-me uma posição sensata, pois retira a postura arrogante e faz admitir que nem tudo se pode ainda saber. Mas o fato de não se saber não autoriza a admitir que existe (ou não existe). Portanto, é um campo que deve ser deixado para a fé, que é privada, cada um tem a sua.

  6. Juliano Diz:

    Toffo

    As religiões adoram esta postura de dai a fé o que é da fé e a ciência o que é da ciência. Como o tema da possibilidade de existência da vida após a morte é de senso comum algo inexplicável no campo científico e não aferível empiricamente, então que fique o mesmo para o campo da fé. As religiões agradecem!

  7. Juliano Diz:

    A existência ou não da chamada Projeção Consciente/Viagem Astral e etc (…) poderia sim ser objeto de uma pesquisa com cunho científico, que poderia atestar com dados significativos se de fato a mesma existe ou não! Bastava se levantar as pessoas, muitos diga-se, que alegam sair do corpo lúcidas durante a noite e aferir se esta “saída lúcida” ocorre de fato. Os experimentos poderiam ser feitos inclusive no ambiente da pessoa. Ela fica no seu quarto e um experimentador isento fica em outro e dispõe no local objetos que só ele conhece, filma inclusive a sua disposição, e o dito projetor no outro dia, sem ter qualquer possibilidade de ver a disposição dos objetos, diria quais os objetos e as suas posições. Algo simples, que se feito com dez/vinte experimentadores ditos projetores, num prazo aí de um mês seguido, dariam resultados que validariam ou não uma possível saída da consciência do corpo físico durante a noite. Mas vai ver se algum deste ditos “projetores conscientes lúcidos” aceitam participar de uma testagem destas? É desculpa pra lá e pra cá. E daí vêem com esta conversa mole que tudo é uma questão privada de cada um. Então se é privada que não fiquem dando conselhos de como viver a vida p (…). Por óbvio que só se pode chegar a conclusão, quando da negativa deste pessoal, que viagem astral é conversa pra boi dormir, e não tem nada de fé, de privado nisto, é má-fé mesmo, picaretagem nos moldes de Chico Xavier e cia com as ditas “psicografias”.

  8. Marcos Arduin Diz:

    Bem, em se tratando do Espiritismo, este texto aí me pareceu mais um nada sonoro. Crookes é citado, mas nem sei por quê. Interessante que ele convidou seus colegas para ver o que ele viu. A médium estava disponível e disposta a colaborar. Mas seus valorosos colegas céticos preferiram ficar à distância. Afinal o que Crookes listou contrariava os DOGMAS da Ciência, logo eram coisas impossíveis de acontecer. Certo?
    .
    Falou-se também em repetições. Essa é a parte do método científico que é a mais negligenciada: as publicações científicas querem coisas novas. Imaginem que resposta receberia um pesquisador que apresenta o texto de sua pesquisa, onde repetiu os experimentos de um colega, chegou à concordância dos resultados e invoca a necessidade de publicação em vista da filosofia do método científico.
    .
    E aqui no Espiritismo é que temos algo muito estranho: ao longo de 80 anos, mais de 200 pesquisadores estudaram diferentes médiuns, em diferentes países e épocas e chegaram a resultados parecidos. Nunca soube de pesquisa tão replicada, seja em ciências duras ou moles. Mas ainda assim isso não é aceito na comunidade científica. Por que será? Aí seria deduzir o que é de mais plausível: a recusa se dá porque os resultados de tais pesquisas contradizem os DOGMAS da Ciência ou aqueles pesquisadores estariam envolvidos numa gigantesca conspiração para validar farsantes sem nenhum motivo plausível, já que tais pesquisas só os depreciavam perante os colegas?
    .
    Que respondam os sensatos.

  9. Carlos Diz:

    Arduim disse: “Nunca soube de pesquisa tão replicada, seja em ciências duras ou moles. Mas ainda assim isso não é aceito na comunidade científica. Por que será? … ou aqueles pesquisadores estariam envolvidos numa GIGANTESCA CONSPIRAÇÃO” (relevo meu)
    .
    Arduim, você está completamente equivocado. As “comprovações mudiúnicas” feitas em centros espíritas não são aceitas pela ciência porque os resultados só são obtidos lá, sem um mínimo controle INDEPENDENTE e, muitas vezes, sem a menor garantia da veracidade dos resultados, a não ser pela boa-fé dos “pesquisadores” que via de regra são adeptos do espiritismo. Nessas condições, mesmo um Scur pode reproduzir 1000 vezes suas comunicações com elementais marcianos para dizer; vejam, minhas pesquisas são replicadas, obedecem portanto a um dos critérios do método! Você céticos não aceitam pq tbém fazem parte da grande conspiração! E vocês não enxergam os elementais marcianos pq seus instrumentos ainda são imperfeitos… (saudades do Rolando Lero!)… Não entendo sua reclamação para a recusa científica dos resultados obtidos nos CEs?

  10. Caio Diz:

    Carlos, sempre observo muita ponderação e lucidez em seus comentários; estava eu para frisar essa característica presente em seus textos já há algum tempo. Meus parabéns. Penso que você é espírita; um espírita sensato, que lembra o nosso colega Leonardo. Quem dera toda pessoa, ao adotar uma postura religiosa perante o Mundo, agisse de modo semelhante. E, se você não for espírita – caso você se encaixe apenas na categoria de “simpatizante” -, perdão pelo equívoco.
    .
    Como tudo seria mais fácil se agíssemos de modo pouco ponderado, passando o carro na frente dos bois. Seria tanto mais fácil quanto mais duvidoso.
    .
    Arduin, se já existem provas cabais sobre a existência de espíritos, por qual motivo os céticos ainda persistem em seus “dogmas”, tendo em vista que, se espíritos existem e não há dúvida alguma sobre isso, é certo que quase todos os céticos dormiriam mais tranquilos? Veja, várias religiões divergem em seus dogmas mais fundamentais, e é dever dos diferentes tipos de religiosos defenderem suas respectivas crenças pessoais contra outras que as ameacem, às vezes tentando aplicar algum conceito manco de racionalidade à seita que decidiram seguir. Mas, quando afirmamos que não existem espíritos, estamos adotando uma postura negativa (não no sentido de “pessimista”, mas no sentido de negar uma afirmativa) e um tanto funesta da realidade. Não são os céticos, antes de céticos, humanos, que gostariam de saber que depois da morte biológica ainda há algo mais? Por que essa insistência da parte dos céticos de negar algo que é tão óbvio?

  11. Marcos Arduin Diz:

    Ei Carlos
    As “comprovações mudiúnicas” feitas em centros espíritas (…)
    – Não são destas que estou falando, meu caro. Cientificamente sou obrigado a concordar que estas aí nada provam, pois não se tratam de experimentos científicos. Quando falo em pesquisas mediúnicas refiro-me ao trabalho feito por mais de 200 pesquisadores, alguns deles com bom cabedal científico, no período compreendido entre 1850 e 1930, que fizeram tudo daquilo que normalmente os céticos falam sem saber do que se trata (ambiente controlado, fiscalização, observação por mais de uma testemunha, etc e tal).

  12. Antonio G. - POA Diz:

    Arduin, Arduin,…
    Você sabe que as coisas não são bem desse jeito que você diz… Quem são estes “mais de 200 pesquisadores, alguns com bom cabedal científico ?” Quais são as conclusões demonstráveis a que eles chegaram? Eu pesquisei muito sobre estes assuntos. E não encontrei absolutamente NADA de concreto. Hoje, já nem perco mais meu tempo. Os cientistas “de verdade” também não.

  13. Marcos Arduin Diz:

    “Arduin, se já existem provas cabais sobre a existência de espíritos, por qual motivo os céticos ainda persistem em seus “dogmas”, tendo em vista que, se espíritos existem e não há dúvida alguma sobre isso, é certo que quase todos os céticos dormiriam mais tranquilos?”
    – É o seguinte, Caio: as pesquisas feitas NÃO SÃO PROVAS cabais da EXISTÊNCIA DE ESPÍRITOS, inclusive por a grande maioria desses pesquisadores aos quais me refiro NUNCA aceitou a hipótese espírita. O meu ponto é que eles se pronunciaram positivamente a respeito do que puderam constatar: os médiuns produziram fenômenos por meios desconhecidos, sendo DESCARTADA a hipótese de fraude (a única fonte natural conhecida para a produção dos ditos fenômenos).
    .
    Quanto ao que poderia ser a eventual causa dos fenômenos, eles recorriam a termos sonoros, pomposos, bombásticos e retumbantes tudo para não terem de dizer aquela frase humilhante e constrangedora que é: não sei. Criptomnésia, Pantomnésia e outras anésias, assim como Criptestesia, Hiperstesia e outras asias, são apenas termos que por si só NADA EXPLICAM.
    .
    O que pode acontecer apenas é a aplicação da filosofia do método científico. Se os dados experimentais não conferem com o que é previsto pela hipótese, esta é DESCARTADA. Se conferem, NÃO HÁ MOTIVO PARA DESCARTÁ-LA. A hipótese NÃO É ACEITA na conceituação do método científico. Isso implicaria em certeza e tal coisa não existe em Ciência.
    .
    A hipótese espírita prevê que se há a manifestação de um espírito específico, cujos parentes que o conheceram concordam com as formas de expressão, de estilo de escrita ou de fala, lembra-se de coisas as quais o médium não teria como saber, então É PROVÁVEL que seja mesmo a manifestação de um espírito. Se não queremos concordar com isso, então vamos partir para as mirabolantes hipóteses (nunca verificadas) de que “havia quem anotasse os dados dos falecidos” e assim se explica tudo…
    .
    Compreendeu?

  14. Vitor Diz:

    Oi, Arduin,

    A hipótese de fraude foi descartada pelos cientistas, mas os motivos que deram para descartá-la foram fracos. A descrição dos controles é paupérrima. Havia margem para a fraude sim.

    Um abraço.

  15. Marcos Arduin Diz:

    “Eu pesquisei muito sobre estes assuntos. E não encontrei absolutamente NADA de concreto.”
    – Pesquisou aonde, meu caro Antônio da Aeronáutica de Poá? Bem, dê uma olhada nesses livros que vou lhe indicar e talvez você ache alguns nomes para reforçar sua pesquisa:
    O Espiritismo à Luz dos Fatos – de Carlos Imbassahy, FEB.
    À Margem do Espiritismo – idem
    (há outros livros desse autor, mas você talvez só os ache em sebos ou nas bibliotecas espíritas. Na Mário de Andrade há diversos dele.)
    Hipnotismo e Espiritismo, de Cesare Lombroso.
    E veja outros, de autoria de Gabriel Delanne e Ernesto Bozzano. Talvez nas citações dele você encontre mais o que pesquisar.
    .
    Será eu algum privilegiado que encontra as coisas e os críticos não?

  16. Marcos Arduin Diz:

    “mas os motivos que deram para descartá-la foram fracos. A descrição dos controles é paupérrima.”
    – Se é assim TÃO SIMPLES, Vitor, então por que o Massimo Polidoro precisa mentir para defender a fé cética? Nenhum sábio cético sabe apontar o que você diz? Até agora NADA vi que justificasse sua afirmação.

  17. Vitor Diz:

    O Massimo Polidoro fez um trabalho péssimo. O Wiseman não. Ele, do que vi até agora, fez um bom trabalho de contestação.

  18. Caio Diz:

    Curioso é que o Arduin, na sua explanação sobre a Ciência e seus métodos, insinua certo desdém diante das explicações sobrenaturais alternativas que não a existência de espíritos, a saber: leitura de mentes, telepatia, etc. Curioso é desdenhar destas hipóteses e abraçar a causa espírita. Não que eu prefira uma explicação sobrenatural à outra… Mas, se o fenômeno não pode ser explicado por “vias normais” como algumas pessoas fazem questão de salientar, se a única explicação possível for a sobrenatural, como defender uma alternativa perante a outra sem apelar para o “emocional”, ou até para a “teologia”? Quais os dados empíricos que sustentam a atividade espírita e descartam a leitura de mentes, por exemplo? O Alan Gauld, no seu “Mediunidade e Sobrevivência”, conduz um texto muito honesto sobre isso. Até eu gostei. 🙂

  19. Carlos Diz:

    Arduim: “As “comprovações mudiúnicas” feitas em centros espíritas (…)” – Não são destas que estou falando, meu caro. Cientificamente sou obrigado a concordar que estas aí nada provam…”.
    .
    Comentário: Começamos bem, concordo com você. Espero que nesse meio-tempo tenha refletido e colocado as materializações da Otília no mesmo saco!
    .
    Arduim: “Quando falo em pesquisas mediúnicas refiro-me ao trabalho feito por mais de 200 pesquisadores, alguns deles com bom cabedal científico, no período compreendido entre 1850 e 1930…”.
    .
    Comentário: Sou bastante reticente quanto a sua afirmação… mas enfim, vamos supor que você tenha razão! Gostaria, no entanto, de entender melhor como você vê o problema. Por que você acha que há uma conspiração? Quem conspira e por que? E, finalmente, quais são os “dogmas da ciência” que seriam colocados em cheque?

  20. Carlos Diz:

    Caio,
    .
    Agradeço os comentários. Na verdade não são mais espírita faz um bom tempo. Como já comentei antes aqui no blog, nasci em família espírita e posso mesmo dizer que me familiarizei com o espiritismo a partir dos 6-7 anos com as aulas de moral cristã do centro espírita (enquanto meus avós e pais assistiam a palestra). Por muito tempo colaborei de boa vontade com o CE. Em algum momento, porém, comecei a duvidar do que era ensinado e resolvi, por opção própria, me afastar.
    .
    A ruptura se deu com o espiritismo, quero deixar claro, mas a vivência de longos anos me mostraram que o espiritismo como religião modela muito bem o caráter do espíritas que o seguem com sinceridade. Da minha família espírita tive e tenho os melhores exemplos. É óbvio que em qualquer agrupamento, religioso, profissional, político, etc, vão existir os “sepulcros caiados”, e no meio espírita não poderia ser diferente. Isso me faz voltar um pouco ao caso Chico Xavier. Não acho que ele tenha sido um embusteiro, falsificador, enfim, que alguns deixam entender aqui. Se você me perguntar por que, eu diria apenas que se ele foi um espírita sincero, como parece ter sido, ele simplesmente não seria um mau-caráter. Mas esse é um sentimento bem pessoal e, naturalmente, posso estar enganado.

  21. Antonio G. - POA Diz:

    Arduin, quanto aos aludidos estudos “entre 1850 e 1930”, novamente eu lhe pergunto: Não temos nada um pouquinho mais “moderno” que trate cientificamente do assunto? Porque é sempre preciso trazer à discussão estudos tão antigos, de um tempo “jurássico” no que se refere aos avanços das pesquisas científicas em qualquer área do conhecimento? Porque os cientistas (os “de verdade”, repito) simplesmente não ocupam mais seu tempo pesquisando espíritos e suas supostas manifestações? Você pode me dar um (um só, unzinho) exemplo de conclusão inequívoca da existência de espíritos?
    Não, não pode. O que resta é acreditar, mesmo sem a menor evidência. A isto chamamos de fé. Não confunda com ciência, por favor.
    sds.

  22. Toffo Diz:

    Carlos: parabéns ao blog, mais um ex! A história é a mesma, apenas muda de endereço. Como você, eu também assistia a aulas de “moral cristã” na Federação de São Paulo, que naquele tempo se chamava “escolinha dominical”, enquanto os mais velhos assistiam à palestra. Ia um monte de gente – pais, avós, criançada – num velho Ford 1941, cabia todo mundo. Na verdade, fui muito além disso no espiritismo. Atravessei a adolescência e o período de faculdade (na verdade, foram três) e, a despeito do espírito de contestação da juventude e à realidade dos saberes científicos e filosóficos com que eu ia me deparando, permanecia firmão na minha crença, como o Carlos, colaborando com o CE de boa vontade. Mas, igualmente como o Carlos e tantos outros aqui, um dia comecei a duvidar e verifiquei gradativamente que a minha crença não era tão sólida como eu imaginava, e fui tentando entender o porquê, hoje sou verdadeiramente cético. Não sou de maneira alguma um iconoclasta que quer “destruir o espiritismo”, inclusive porque tenho muitas pessoas queridas que são espíritas ou católicas, vivem felizes com a sua crença e dão exemplo de autoridade moral, embora para mim autoridade moral não tenha absolutamente nada que ver com religião. Intimamente eu não concordo com esse negócio de “fé raciocinada” que os espíritas pregam, porque toda fé acaba sendo cega, o que varia é a intensidade intelectual daquilo que você enxerga. Se você abraça determinada fé, você só enxerga essa, porque no fundo todas as fés são emulativas – quem crê acaba achando que a sua fé é melhor do que as demais. É isso.

  23. Marcos Arduin Diz:

    “Arduin, quanto aos aludidos estudos “entre 1850 e 1930?, novamente eu lhe pergunto: Não temos nada um pouquinho mais “moderno” que trate cientificamente do assunto?”
    – O fato de algo ser antigo não signifique que não tenha valor científico. O que interessa é como o trabalho foi feito. Se o pessoal cético não consegue desmontar esses trabalhos, então eles continuam valendo.
    .
    Porque é sempre preciso trazer à discussão estudos tão antigos, de um tempo “jurássico” no que se refere aos avanços das pesquisas científicas em qualquer área do conhecimento? Porque os cientistas (os “de verdade”, repito) simplesmente não ocupam mais seu tempo pesquisando espíritos e suas supostas manifestações?
    – Os cientistas de verdade daqueles tempos tinham seus campos de atuação e foi neles que construíram seu prestígio e obtiveram seu ganha pão. A pesquisa mediúnica era uma atividade “por fora”, na qual aplicavam a argúcia científica que aprenderam em seus respectivos campos de atuação. Daí então o mesmo poderia se dar hoje. Pergunte ao Vitor sobre o tal cara que fez pesquisas EQM.
    .
    Você pode me dar um (um só, unzinho) exemplo de conclusão inequívoca da existência de espíritos?
    – Não, pois não sei o que você acharia válido como prova.
    .
    Não, não pode. O que resta é acreditar, mesmo sem a menor evidência. A isto chamamos de fé. Não confunda com ciência, por favor.
    – Pois é. Só fico muito ressabiado é quando os posudos de científicos, como o Massimo Polidoro, mentem para defender a fé cética por não terem como refutar o experimental científico feito naqueles 80 anos idos e passados.

  24. Marcos Arduin Diz:

    Por que você acha que há uma conspiração?
    – Não digo que haja uma conspiração voluntária e orquestrada, mas sim uma conspiração “osmótica”. Não necessariamente os sábios científicos estão de acordo.
    Einstein: _ Deus não joga dados.
    Bohr: _ Pare de dizer a Deus o que ele deve fazer.
    .
    O caso de “conspiração” ao qual me referi é apenas uma comparação: o que seria mais plausível? Aqueles vários cientistas endossarem fraudes conscientes, sem nenhum motivo plausível, sem nada a terem a ganhar, exceto desprestígio perante seus colegas, ou haver uma rejeição generalizada da comunidade científica ao mediunismo pelo fato de contrariar as leis naturais já descritas?
    É isso que estou comparando.

  25. Marcos Arduin Diz:

    Caio, as ÚNICAS explicações naturais possíveis são a fraude, as leituras frias, quentes ou mornas e acho que acabou por aí. As outras “explicações naturais” no fim nada explicam, pois não conseguem descrever como seu mecanismo funciona e quais as leis que o comandam.
    .
    Quais os dados empíricos que sustentam a atividade espírita e descartam a leitura de mentes, por exemplo?
    – Bem, já que o Vitor é fã da Leonore Piper, vou pedir para que ele poste aqui o caso de James Hyslop e de como ele obteve a prova da comunicação espiritual de seu pai, Robert Hyslop. Verá que leitura de mentes, projeção de pensamentos, ação do inconscientes e outras pataquadas não são cabíveis.

  26. Carlos Diz:

    Toffo: “Se você abraça determinada fé, você só enxerga essa, porque no fundo todas as fés são emulativas – quem crê acaba achando que a sua fé é melhor do que as demais.”
    .
    Concordo inteiramente, Toffo. Isso vale para as religiões de um modo geral mas também para um tipo de ceticismo que chamo de “xiita”. Considero importante examinar tudo com rigor, mas também manter a mente aberta para que ciência nos surpreenda. Não sabemos tudo… ainda bem!

  27. Carlos Diz:

    Arduim, é perfeitamente natural que pesquisadores, de qualquer área, estejam em desacordo quando os resultados são controversos. E na pesquisa mediúnica um dos maiores entraves, e motivo de desconfiança evidentemente, é a não replicação dos resultados por examinadores independentes. Você pode reclamar à vontade, está no seu direito, mas não há como mudar isso, FELIZMENTE.
    .
    Não consigo ver a conspiração que você enxerga. Se algum pesquisador da área mediúnica não aceita absolutamente que seus resultados tenham evidências de espíritos, por exemplo, isso é um problema dele e não do método científico. Mais dia menos dia o erro torna-se exposto e a verdade aparece. Agora, se apenas um, ou um grupo específico, obtém resultados que ninguém mais consegue reproduzir, então das duas uma: não há inteligência independente além da do médium, ou o método não atinge como deveria o problema.

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