Estudando os cérebros de médiuns (2012)
Seguem os comentários de Steven Novella sobre a pesquisa dos brasileiros publicada na revista PlosOne e que foi matéria deste blog neste link. Os comentários deixam bem claras as limitações da pesquisa e oferecem explicações perfeitamente normais para os resultados obtidos.
O que está acontecendo quando um médium afirma estar canalizando ou falando com espíritos? Os crentes afirmam que eles estão, na verdade, entrando em contato com entidades não-físicas, e que suas palavras e ações canalizadas vêm de um lugar que não o seu cérebro. A interpretação cética é que a mediunidade, de qualquer tipo, nada mais é do que uma atuação. A verdade está no cérebro do médium, e uma vez que não podemos ler a mente parece que sempre haverá espaço para interpretação.
Isso pode estar mudando, no entanto, à medida que desenvolvemos a tecnologia para enxergar diretamente a atividade cerebral. Eletroencefalograma (EEG), ressonância magnética funcional (fMRI), tomografia por emissão de pósitrons (PET), e tomografia computadorizada de emissão de fóton único (SPECT) são todos métodos de se visualizar a função cerebral. Um estudo recente utilizou a última técnica, SPECT, para visualizar o cérebro de médiuns durante a execução de psicografia – escrita automática que dizem ter uma fonte externa, de espíritos.
O estudo envolveu apenas 10 indivíduos, cinco novatos e cinco experientes psicógrafos (entre 15-47 anos de experiência). Pediu-se a cada sujeito que gerasse escrita normal, e depois gerasse escrita “automática” enquanto supostamente em um estado de transe. Os pesquisadores descobriram duas coisas – que a escrita dos experientes (mas não novatos) psicógrafos era mais complexa no estado de transe que no estado de controle, e os experientes (mas não novatos) psicógrafos apresentaram redução da atividade em determinadas partes do cérebro relacionadas com alta cognição ao escrever no estado de transe. Especificamente:
Os psicógrafos experientes apresentaram menores níveis de atividade no culmen esquerdo, hipocampo esquerdo, giro occipital inferior esquerdo, anterior esquerdo ou cingulado, giro temporal superior direito e giro precentral direito durante a psicografia em relação á sua escrita normal (não-transe).
Para deixar claro, ambos os grupos mostraram atividade nas áreas do cérebro que estão envolvidas na escrita (aquelas listadas acima). A quantidade de ativação foi apenas menor nos psicógrafos experientes, em comparação com a escrita basal (não em transe) e psicógrafos menos experientes.
Os autores reconhecem algumas das limitações de seu estudo:
Uma limitação do estudo surge no pequeno tamanho da amostra, o que impede a análise detalhada que uma amostra maior poderia suportar. Utilizamos apenas um limiar para clusters como uma correção para a significância já que a correção para comparações múltiplas seria mais conservadora para este estudo exploratório. No entanto, em um estudo maior, poderia-se executar uma análise mais robusta para corrigir comparações múltiplas, bem como a correção de pequeno volume.
Eles corretamente caracterizam o estudo como “exploratório” – o que significa que não podemos tomar os resultados como confiáveis ou definitivos. É um estudo muito pequeno, projetado para procurar por quaisquer padrões interessantes, mas não capaz de distinguir entre padrões reais e ilusórios ou coincidências estatísticas. Eles não corrigiram para comparações múltiplas, o que significa que qualquer padrão ao acaso poderia ter emergido. Além disso, o escaneamento SPECT (qualquer tipo de escaneamento funcional do cérebro, na verdade) apresenta muito ruído nos dados que ele gera, tornando necessários múltiplos sujeitos e múltiplos ensaios para filtrar um sinal real do ruído.
Portanto, qualquer interpretação deste estudo deve ser preliminar e provisória. Os próprios autores reconhecem que o estudo precisa ser replicado com maior número de indivíduos.
Se, no entanto, tomarmos os resultados como estão, o que eles poderiam significar? Note-se que os autores não estão tentando mostrar que psicografia é um fenômeno paranormal ou “extra-neurológico”. Eles estão usando psicografia como um exemplo de um estado dissociativo. Eles concluem apenas que é pouco provável que os psicógrafos experientes estejam fingindo ou atuando, o que provavelmente estaria associado com uma atividade nas regiões do cérebro listadas proporcional à complexidade da escrita.
Concordo que isto é razoável, até certo ponto. Eu acho que eles estão cometendo a falácia lógica da falsa dicotomia. É possível que alguns ou todos os psicógrafos experientes tenham conhecimento sobre o que estão fazendo (eles sabem que estão fingindo), mas desenvolveram a sua técnica a tal ponto que eles estão em grande parte realizando-a subconscientemente. Também é possível que eles estejam interpretando os seus próprios estados dissociativos como espirituais. Este estudo não fornece nenhuma evidência, na minha opinião, para separar essas duas possibilidades.
Há uma interpretação puramente neurológica dos resultados que são consistentes com estudos anteriores (e de novo, eu não acho que os autores estão tentando disputar isto). Perícia em determinadas tarefas tem sido associada com níveis baixos de ativação nas áreas do cérebro correlacionadas. A interpretação padrão disto é que, com treinamento e prática, o cérebro torna-se mais eficiente na execução de tarefas. Alguns dos componentes da tarefa tornam-se arraigados em regiões subconscientes do cérebro, de modo que menos esforço consciente é necessário para realizá-las.
Nos esportes, por exemplo, profissionais experientes muitas vezes falam da necessidade de “se deixar levar” e permitir que o seu corpo faça o que sabe fazer. Qualquer um que tenha se tornado mesmo moderadamente competente em uma atividade física complexa (como esportes, ou tocar um instrumento musical) terá tido essa experiência. Depois de um tempo a técnica adequada torna-se automática, e você não tem que pensar em cada detalhe – você simplesmente faz. Você ainda está conscientemente no controle, apenas requer muito menos poder do cérebro e você pode realizar a tarefa muito mais rapidamente e sem problemas.
A interpretação mais parcimoniosa do presente estudo, portanto, é que a psicografia é simplesmente uma habilidade treinada que especialistas executam com maior eficiência neurológica do que os novatos – como qualquer outra habilidade treinada. O aumento da complexidade na escrita também não é surpreendente. Depois de décadas de realização de escrita automática eu esperaria que especialistas tivessem um vasto repertório de frases e idéias que eles podem empregar, sem a necessidade de nova criatividade. Eles não têm que reinventar a roda para cada leitura. Dessa forma, eles são como qualquer leitor a frio. [Nota do tradutor: para uma definição de leitura fria ver este link.]
Eu acho que é possível que médiuns de qualquer tipo se tornem tão bons no que fazem, que para eles isso pareça automático. Eles podem, portanto, vir a acreditar no seu próprio marketing: que o desempenho pareça automático não porque eles têm feito isso há anos, mas porque a fonte da informação advém verdadeiramente de fora. Ela de fato veio de um lugar diferente de sua mente consciente – veio de seu subconsciente, e não há necessidade de especular sobre uma fonte não-física. Isso seria análogo a um suposto vidente que é intuitivo e pode fazer observações e tirar conclusões sobre as pessoas que são provavelmente verdadeiras, e eles interpretam sua própria intuição como se fosse uma habilidade paranormal.
Eu também acho que a diferença entre psicógrafos novatos e especialistas é muito reveladora. Se psicografia fosse verdadeiramente uma questão de entrar em um estado de transe em que outra entidade assumisse e produzisse a escrita, por que haveria qualquer atividade de áreas do cérebro envolvidas em tal escrita, e por que a diferença entre novatos e especialistas? Ou o psicógrafo é a fonte da escrita ou alguma outra entidade é. Eu esperaria, portanto, um resultado binário com médiuns “falsos” e verdadeiros mostrando padrões completamente distintos de atividade cerebral. Também não haveria uma relação direta com experiência, já que haveria experientes e novatos apenas entre psicógrafos falsos mas não entre psicógrafos genuínos.
O padrão dos resultados, no entanto, é completamente consistente com a conclusão de que a psicografia é uma atuação ou performance do psicógrafo, uma habilidade que se desenvolve ao longo do tempo como qualquer outra habilidade.
Artigo original: ‘Studying the Brains of Mediuns‘ de Steve Novella do blog Neurologica, disponível aqui.
Traduzido por André Luzardo, do blog Sociedade Racionalista USP.
dezembro 7th, 2012 às 3:27 PM
Novella participa de um site que eu adoro, o Quackwatch.
Vou ler com calma, depois comento.
dezembro 7th, 2012 às 5:42 PM
Novella foi bastante parcimonioso.
Acho que tem razão quando fala do “se deixar levar”. Isso vale não só para esportes, como para qualquer atividade habitual, como dirigir, por exemplo. A gente entra no modo “automático”, sai melhor do que se a gente fica concentrado, pelo menos na minha experiência. Já pratiquei vários esportes, inclusive tiro, dirijo muitas horas por semana, vivo na estrada, sei do que ele fala.
dezembro 7th, 2012 às 10:35 PM
Exatamente, concordo com o autor do texto. Mas o cérebro media todas as nossas experiências. Usar este órgão pra saber ou confirmar a “realidade” das coisas é cair em um abismo profundo.
dezembro 8th, 2012 às 9:03 PM
Vitor, também achei bem razoáveis os motivos expostos por Novella. Também eu esperaria resultados “binários” se estivesse estudando pessoas com supostos poderes psíquicos acima da média. Ou o sujeito é médium, ou não é. Parafraseando o seu nobre amigo Scur, do qual provavelmente você sente muita saudade, não existe “mulher mais ou menos grávida”. Ou se está grávida, ou não se está. Parece-me que esses estudos que usam de alta tecnologia para entender o funcionamento cerebral em estados de transe sempre tendem a apresentar dados semelhantes aos que foram obtidos na presente pesquisa: determinadas áreas do cérebro funcionam mais em um grupo, determinadas áreas do cérebro funcionam menos em outro, mas, no geral, todas as áreas funcionam, de algum modo, para todos os participantes – o que permite muita especulação, evidentemente. O pequeno tamanho da amostra também deixa a desejar, mas, ao menos, os pesquisadores foram bem honestos em assumir o fato de imediato.
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Seria interessantíssimo se um determinado estudo encontrasse um suposto médium que, em estado de transe, não apresentasse qualquer nível de atividade cerebral em áreas relacionadas à cognição, sobretudo no que tange à escrita. Óbvio que a comunicação com espíritos seria apenas uma hipótese, dentre tantas outras que poderiam surgir, para explicar o “achado”. Todavia, seria realmente bem interessante descobrir algo dessa natureza.
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Novamente, quanto ao estudo em pauta, a meu ver, creio que nada de interessante foi localizado. Curioso é notar que, para o mesmo fato, duas fontes fizeram análises totalmente distintas: enquanto a revista brasileira flertou com a possibilidade de a atividade mediúnica ser real, a análise de Novella mostrou, por meio de argumentos lógicos e científicos (neurológicos, especificamente), uma explicação alternativa, de teor materialista, que me parece bem coerente. Eis a diferença entre uma reportagem para vender revistas e um comentário honesto.
dezembro 8th, 2012 às 9:06 PM
Marcos, sinceramente, não compreendi muito bem sua observação. Se a informação assimilada pelo cérebro não é crível, como pode você tomar qualquer decisão, por mais simples que seja? Aliás, se a informação que processamos não pode ser crível, até seu próprio comentário de que a informação não é crível é vazio, afinal de contas partiu de seu próprio cérebro.
dezembro 8th, 2012 às 11:25 PM
No começo eu custei acreditar quando li este artigo. Tudo bem, qualquer um de nós podemos concordar ou discordar do ponto de vista dos outros. Faz parte da nossa natureza inquirir sobre as coisas. Disso resulta frases como “perguntar não ofende”. Mas levantar falso testemunho, afirmar algo baseando em crenças pessoais, pode ser, sim, ofensivo. E porque estou dizendo isso? Não sei se vocês observaram, mas veja o que disse o Novella: “(eles sabem que estão fingindo)”. Essa é uma afirmação perigosa. Revela uma fraqueza do médico em questão. Revela também que ele está deixando de analisar os fenômenos que se apresentam e que está partindo de uma ideia baseada em suas crenças, ou no que lhe for mais conveniente. Disse ainda este médico: “Alguns dos componentes da tarefa tornam-se arraigados em regiões subconscientes do cérebro, de modo que menos esforço consciente é necessário para realizá-las.” Alguém aqui sabe que componentes são esses? Quais seriam as regiões subconscientes do cérebro? Essas regiões aparecem nos testes? Se não aparecem, então assumo que o citado médico esteja utilizando de um argumento filosófico. Até aqui não há problema algum em fazer tal colocação, mas assumindo essa postura, ele não fica em melhores lençóis quando os médiuns dizem que são os espíritos. Espíritos e o subconsciente não foram detectados nestes testes. Me corrijam se eu estiver errado. Então porque este médico afirma que os médiuns sabem que estão fingindo? Será que alguém mais aqui consegue ver o problema?
dezembro 8th, 2012 às 11:28 PM
– “Seria interessantíssimo se um determinado estudo encontrasse um suposto médium que, em estado de transe, não apresentasse qualquer nível de atividade cerebral em áreas relacionadas à cognição, sobretudo no que tange à escrita. Óbvio que a comunicação com espíritos seria apenas uma hipótese, dentre tantas outras que poderiam surgir, para explicar o “achado”. Todavia, seria realmente bem interessante descobrir algo dessa natureza.” – Muita gente ainda faz confusão sobre espiritismo e necromancia. Acredito que este mesmo erro esteja sendo cometido aqui. Sem qualquer nível de atividade cerebral, não representaria a morte do cérebro? O dia que eu souber de mortos que se levantam das tumbas e vem trazer informações sobre o além, meu conceito sobre imortalidade da alma, cairá por terra abaixo, na mesma proporção que os cadáveres, levantarem, por terra acima.
– “Novamente, quanto ao estudo em pauta, a meu ver, creio que nada de interessante foi localizado.” – Não te parece interessante saber que os cérebros dos médiuns apresentaram características similares a dos esquizofrênicos e que, mesmo assim, os médiuns não apresentaram nenhuma patologia? O que será que fazem os médiuns suportarem as vozes e as visões, enquanto que os esquizofrênicos precisam ser medicados ou inclusive internados? Sugiro que faça uma releitura do texto, quebrando alguns paradigmas e provavelmente encontrará mais coisas interessantes.
– Houve sim duas fontes. Mas não foi a revista. Primeiro foram os médicos que realizaram o trabalho, segundo foi o comentário do Novella sobre este trabalho. E ficou claro as intenções suspeitas deste último médico.
dezembro 9th, 2012 às 12:17 AM
Fabiano, meu caro, não há confusão entre “necromancia” e “espiritismo”. O que “tentei” dizer é que seria interessante encontrar um suposto médium, que se submeta a um exame controlado, e, monitorado por aparelhos, apresente um índice ínfimo, ou um índice não possível de se medir pela tecnologia hoje à disposição (se é que isto seja possível), em áreas do cérebro responsáveis pela escrita. Não é o que o presente estudo nos mostra. O grupo de maior experiência com escrita mediúnica mostrou menos atividade em determinadas áreas. O segundo grupo, de menor experiência, mostrou mais atividade nas mesmas áreas, se comparado ao primeiro. Ambos, no entanto, apresentam algum índice claramente visível de atividade. Apesar de bastante cético, acho interessante, por exemplo, o caso de EQM de Pam Reynolds, afinal, segundo os relatos da equipe médica responsável, Pam estava clinicamente morta, sem qualquer registro de atividade cerebral e, mesmo assim, apresentou um curioso relato de experiência fora do corpo. Sinceramente, não sei ao certo se nos últimos tempos o caso do Pam revelou-se como fraude, estou com uma enorme preguiça para pesquisar isto agora, mas, se não o foi, continua então sendo um caso bem interessante. Resumidamente foi o quê, a muito custo, tentei explicar. 🙂
dezembro 9th, 2012 às 7:48 AM
Senhores,
Achei perfeita a análise do neurologista Dr. Steven Novella. Acho que ele pode estar absolutamente correto nas especulações que faz sobre a consciência que os médiuns têm de que estão fingindo. Eu conheci muitos deles que, ao longo do tempo, foram deixando transparecer que fingiam. E acabei, de maneira não científica, mas bastante empírica, chegando à mesma conclusão do Dr. Novella: Os médiuns mentem. Só faltou ele dizer o motivo pelo qual eles simulam suas supostas capacidades. Para mim, o principal móvel é o desejo de ser especial, diferente, privilegiado. É a busca da admiração, do respeito e do reconhecimento. É a vaidade.
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Emprestando a sentença final do poema I-Juca Pirama, de Gonçalves Dias: “Meninos, eu vi”.
dezembro 9th, 2012 às 1:32 PM
Além do mais, se Chico Xavier, “o maior brasileiro de todos os tempos” (segundo o público do SBT), ícone maior dos espíritas do Brasil, fundador do “brazilian spiritism”, homem santo, sinônimo de pureza, humildade, e caridade, foi COMPROVADAMENTE um grande farsante, o que esperar dos demais?
dezembro 9th, 2012 às 1:35 PM
Estou contigo Antonio G.
dezembro 9th, 2012 às 7:20 PM
Este blog já foi mais movimentado.
dezembro 9th, 2012 às 10:04 PM
“Marcos, sinceramente, não compreendi muito bem sua observação. Se a informação assimilada pelo cérebro não é crível, como pode você tomar qualquer decisão, por mais simples que seja? Aliás, se a informação que processamos não pode ser crível, até seu próprio comentário de que a informação não é crível é vazio, afinal de contas partiu de seu próprio cérebro.”
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Você acertou na mosca Caio. Este é um dos melhores argumentos que apoiam o dualismo. Atualmente, para o materialismo científico, cérebro e mente são exatamente a mesma coisa. Porém, diversos estudos vêm trazendo o fato de que o cérebro não possui capacidade de discernimento, ou seja, ação e imaginação são praticamente a mesma coisa para este órgão.
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Portanto, o livre-arbítrio passa a ser bem aceitável, pois o que nos traz discernimento seria a mente, de uma natureza diferente do cérebro. A neuroplasticidade autodirigida também é uma das evidências. A mente não é redutível ao cérebro, pois nesses casos ocorre um processo inverso.
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Quando alguém busca uma psicoterapia e consegue mudar e curar-se de uma psicopatologia, há uma transformação cerebral, nas conexões neurais. No entanto, se o materialismo estivesse certo, tal coisa provavelmente não seria possível. O placebo, por exemplo, fica difícil de ser explicado pelo modelo newtoniano clássico de causa-efeito.
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Espero que tenha compreendido.
dezembro 10th, 2012 às 7:21 AM
Este é um dos melhores argumentos que apoiam o dualismo. Atualmente, para o materialismo científico, cérebro e mente são exatamente a mesma coisa. Porém, diversos estudos vêm trazendo o fato de que o cérebro não possui capacidade de discernimento, ou seja, ação e imaginação são praticamente a mesma coisa para este órgão.
Não sei se entendi bem. Sua tese seria que sem o dualismo “cartesiano” “mente” – cérebro, não teríamos como discernir entre o “real”, i.e., o que se convenciona chamar “mundo físico”, e o universo metafísico das ideias; uma vez que dentro do cérebro tudo “existe”. Viveríamos num universo a la Berkeley. Tanto uma vaca quanto um hipogrifo “existem” no cérebro, sendo que a “mente” é que permitiria este discernimento entre o puramente imaginário e o real. Seria mais ou menos isso que o Sr especula/sustenta?
dezembro 10th, 2012 às 7:28 AM
Antonio G. – POA disse e André Ribeiro assinou embaixo: “Além do mais, se Chico Xavier, “o maior brasileiro de todos os tempos” (segundo o público do SBT), ícone maior dos espíritas do Brasil, fundador do “brazilian spiritism”, homem santo, sinônimo de pureza, humildade, e caridade, foi COMPROVADAMENTE um grande farsante, o que esperar dos demais?” – Senhores, podemos notar nesse argumento falacioso, um grave erro, muito comum em nossa sociedade, que foi incutido pelas religiões, que é o mito do pecado original. Que justiça é essa que condena seus filhos por aquilo que foram seus pais? Libertem-se senhores desse mito, se forem o vosso desejo viver numa sociedade livre e justa. Como podemos ser todos pecadores só porque alguém pecou num passado, do qual não vivenciamos? Para ajudá-los a se libertarem desse vício religioso, recomendo a leitura de um texto ateísta (melhor antídoto para a religiosidade), onde é explicado de forma bem simples algumas das principais falácias: http://consciencia.blog.br/falacias-carnistas#.UMOwZ4PZYrU
dezembro 10th, 2012 às 7:53 AM
Caio, entre “morta” e “clinicamente morta”, filosoficamente falando, existe ai um abismo profundo. Mesmo assim, ainda não tenho notícias se os “clinicamente mortos” poderiam falar, mover braços, como se estivessem escrevendo. Portanto, acredito que o seu exemplo não caberia aqui. Eu também queria ver tais resultados. Não consigo conceber um espirito fazendo um médium psicografar, sem ativar ou sem criar impulsos elétricos no cérebro do médium. Se isso não for necromancia, seria então magia, coisa que meu raciocínio também repudia.
dezembro 10th, 2012 às 4:26 PM
Fabiano, concordo que entre “morto” e “clinicamente morto” há uma substancial diferença. Tanto é que tomei o cuidado de usar o termo “clinicamente”, para que ficasse evidente que Pam não estava, necessariamente, morta. Estava, em verdade, “morta de acordo com o protocolo médico vigente”. O conceito de quem está morto ou não muda muito, conforme a Ciência avança e descobre novos métodos de postergar o que chamamos de “vida”. O que acho interessante no caso de Pam são as circunstâncias peculiares relatadas pela equipe de médicos: nenhuma atividade elétrica registrada no cérebro; temperatura corporal baixíssima, etc. E, mesmo assim, temos um interessante caso de eqm. Eu, pessoalmente, não creio na sobrevivência de qualquer coisa após a morte do corpo. Mas não estou “blindado” a discutir evidências neste sentido – prova disso é que freqüento, quando posso, este blog. Agora, quanto ao presente estudo, a meu ver, não há nele características tão singulares quanto no caso de eqm de Pam Reynolds. Sei que estou comparando coisas distintas. Julgo que, nesta discussão especificamente, não é muito proveitoso, por assim dizer, correlacionar uma coisa com a outra e alegar que a primeira, pela comparação, não é tão robusta. Mas, de fato, é assim que me parece: o estado conduzido não tem sucesso quando tenta levantar alguma evidência consistente pró-mediunidade. Por pura falta de conhecimento científico no ramo, não posso dizer qual seria o “nível mínimo” de atividade cerebral possível em determinadas áreas do cérebro, responsáveis pela escrita, para aqueles que alegam estar em transe mediúnico, psicografando, sem que essas pessoas entrassem em óbito. Talvez um neurologista, ou, quem sabe, o Vitor Moura possam ajudar.
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Antonio, fico contente em ver você por aqui. Você continua na mesma, não? Ou seja, descendo a marreta em Chico Xavier, haha. Forte abraço.
dezembro 10th, 2012 às 4:28 PM
Corrigindo:
* o estUdo conduzido
dezembro 10th, 2012 às 6:38 PM
Caio, ficou clarificado agora seu argumento. Também não sei se haveria um limite para se fazer experiências com médiuns, principalmente quando se envolve risco de vida, se fosse esse o caso. Mediunidade para mim é um fenômeno universal, desde os índios da Amazônia, passando pelo Tibet, até a Europa. As doutrinas ou as metodologias empregadas com tais médiuns, é que variam. A própria filosofia estava muito atrelada com a religiosidade, mas depois de René Descartes, houve uma mudança de paradigma, surgindo a filosofia moderna, com um novo conceito mais racional. Repare que o método científico no qual conhecemos hoje, é, em grande parte, atribuído à Descartes, mas este, por sua vez, através de um processo de autoanálise, na busca do autoconhecimento, concluiu a existência de uma força criadora, que os religiosos chamam de deus, e, também, a imortalidade da alma, conceitos que, evidentemente, já eram do conhecimento de outros filósofos, principalmente os religiosos. Se tiver interesse em ler o livro de Descartes, veja o link que deixei na matéria da menina PAN THI KIM PHUC, neste blog. Resumindo, filosoficamente, deus, como uma força criadora, exite, tal qual existem espíritos. Então, do ponto de vista filosófico, do ponto de vista religioso, espírita, espiritualista, inclusive do ponto de vista de muitos cientistas, o universo é dualista. Os que duvidam dessa premissa são os materialistas. E para a filosofia, os materialistas são de suma importância, porque são os que duvidam e duvidar é a base da filosofia. Sem a dúvida, a filosofia não dá um passo a diante, nem para trás. Infelizmente, ainda, nos debates de hoje, faltam dúvidas e sobram ofensas.
dezembro 11th, 2012 às 7:13 AM
Olá, Caio! Que bom “revê-lo”!
Sim, realmente não perco oportunidade de criticar o Chico Xavier porque hoje sei que ele foi um tremendo “171”. Ninguém enganou tantos por tanto tempo como ele. Procuro apenas alertar os incautos, provocando-os a refletir um pouco a respeito.
Veja o exemplo do Fabiano: Pelo que entendi de sua crítica ao meu post, ele acha que eu condeno todos os espíritas por causa do “pecado original” do Chico (a quem atribui a figura de “pai”). Ou seja, tá bem que o Chico foi um farsante, mas isso não significa que todos os médiuns são. Será que é isso mesmo que ele quer dizer? Então ele admite que o “maior de todos os médiuns” foi realmente um farsante, mas os outros, seus seguidores (filhos), não são? Então a obra do Chico Xavier deve ser desconsiderada, porque é irrelevante ao espiritismo? Mas, neste caso, existiria mesmo espiritismo no Brasil? É possível conceber o espiritismo sem Chico Xavier?
Parem o mundo, que eu quero descer!!!!
dezembro 11th, 2012 às 4:09 PM
Antonio, eu tenho dito repetidamente aqui, ad nauseam, que o espiritismo hoje só tem alguma relevância no Brasil, e graças a São CX.
dezembro 11th, 2012 às 7:55 PM
Grande mundo este em que não há unanimidade para absolutamente nada, tudo é passível de acaloradas discussões. Em termos de Fenômenos Espíritas então a discussão é interminável. Nos extremos os crentes fanáticos e os incrédulos detratores, raros aqueles que se posicionam no centro, no ponto de equilíbrio, pois munidos do bom senso, da racionalidade, observam e emitem opiniões com inteligência sobre os fatos em comentário. Quando alguém entra num fórum como este e desanca seu fanatismo cego ou destilando seu zoilo, basta ler as primeiras linhas de seu infeliz comentário, preteri-lo e passar adiante.
Sobre o fenômeno da mediunidade psicográfica, sem dúvida é real e não mereceria qualquer estudo se não o fosse. Excetuando-se os casos das descaradas mistificações que ocorrem mesmo no seio Espírita, analisando aqueles que escrevem textos cuja profundidade filosófica impressiona e não aqueles cujo amontoado de palavras tiradas do fundo do léxico impressionam apenas o incauto, aqueles sim merecem ser estudados. Virá do subconsciente do “médium? de matrizes armazenadas numa inteligência cósmica? da telepatia, ou seja, este “médium” seria médium porque possui a capacidade de extrair de outras mentes o cerne de seus escritos? e por fim, seria a partir de um ser invisível e inteligente, “ET” ou espírito?
dezembro 12th, 2012 às 6:35 AM
Antonio G. – POA, eu acredito que o Marcos Arduin, já tenha respondido essas suas dúvidas. Acredito que não é trabalho do espiritismo ficar nomeando “o maior espírita de todos os tempos”, “o maior médium de todos os tempos”. Não sou um entendido da parte religiosa do espiritismo, me preocupo mais com a parte filosófica do espiritismo e das suas consequências morais. Pelo que pude observar, Chico Xavier representa, de forma bem contundente, a parte religiosa do espiritismo, ou seja, os católicos que hoje abraçam o espiritismo, sem ainda ter se desvencilhado de toda a sua religiosidade. Mas isso não é culpa do espiritismo. E nem do Chico. Talvez culpa da igreja católica. E para não dizer que estou inventando algo, acredito que o próprio Marcos seja um exemplo vivo do que acabei de dizer, pois pelo que pude observar no que ele escreve, não há traços de religiosidade em seus comentários. Não sei se a f.e.b teve participação nisso e para mim isso pouco importa. E não me estranharia se tiver tido participação nessas nomeações. P: “Então a obra do Chico Xavier deve ser desconsiderada, porque é irrelevante ao espiritismo?” – R: Para o espiritismo, sim, é irrelevante. Na minha visão, o Chico nunca foi espírita. Ele sempre foi católico, da mesma forma que sempre houve católicos que falavam com os “anjos do senhor” ou que estavam “possuídos pelos anjos das trevas”. Nem todo médium é espírita. P: “Mas, neste caso, existiria mesmo espiritismo no Brasil?” R: Vou iniciar minha resposta tomando emprestado novamente o personagem Marcos Arduin. Será que ele se considera espírita? Será que ele se considera um devoto de Chico Xavier? Se as respostas forem sim e não, respectivamente, acredito que pode sim haver espíritas no Brasil. Penso que esta resposta sempre esteve clara para você, depois do que Marcos já te mostrou, mas de todas as maneiras, espero poder estar contribuindo para clarificá-la ainda mais. P: “É possível conceber o espiritismo sem Chico Xavier?” R: Sim! É perfeitamente possível. Agora vamos para a parte da filosofia do espiritismo. Se eliminarmos todos os livros espíritas do planeta e eliminarmos também todos aqueles que se dizem espíritas ou acreditar no espiritismo, os fenômenos espíritas cessariam? Você pode querer eliminar também todos os espiritualistas, todos os religiosos, todos os filósofos, incluindo todas as suas obras, vamos deixar apenas os materialistas no mundo, você acredita que ainda assim os fenômenos espíritas/espiritualistas deixariam de acontecer? Filosofe sobre estas questões e você poderá constatar que o materialismo está em declínio no mundo todo, assim como esta em declínio a igreja católica com sua verdade puramente materialista. Por isso que cada vez mais a filosofia vem ganhando destaque não somente no Brasil, como no mundo todo. E foi baseando-me na filosofia, que disse aquilo do seu comentário, pois vi que se tratava de uma injustiça. E justiça “é estar regido pela razão”, como muito bem disse Platão. E continua ele, “que a razão é a parte superior da alma”. Para que você possa entender melhor os conceitos de justiça que são propostos pela filosofia, recomendo-lhe ver os vídeos do professor Clóvis de Barros Filho, que é consultor de ética da UNESCO: http://youtu.be/4SPlQv445NE. É um pouco extenso assistir todos os vídeos, mas de suma importância se você quiser entender tais conceitos de justiça, para que no futuro não volte a cometer outras injustiças, como esta de generalização dos espíritas. Portanto, reafirmo, seu comentário foi baseado no mito do pecado original, algo que o espiritismo vem ensinando ser contra a verdade e que a razão repudia, como ensina a filosofia.
dezembro 12th, 2012 às 6:49 AM
Marciano, a filosofia vem ganhando espaço nos dias atuais e com isso iremos ter, cada vez mais, seres pensantes e não simplesmente, seres que são conduzidos por outros seres. Ao adquirirem o hábito de filosofar, algo que estava tão escasso em nossos dias, esses seres, os novos pensantes por si mesmos, irão se deparar com a parte filosófica do espiritismo e, portanto, irão tomar conhecimento das consequências morais que esta filosofia encerra. Será que você também concorda com o mito do pecado original? Pois saiba que este mito é contrario às leis de uma moral superior. Não condene, você também, todos os espíritas, por que um ou outro espírita, fez ou deixou de fazer algo.
dezembro 13th, 2012 às 8:52 AM
Fabiano, eu não condeno as pessoas que têm fé religiosa, seja no espiritismo ou em qualquer outra religião. Eu apenas lamento que percam seu precioso tempo com fantasias e deixem de viver a “vida real”. Mas é problema de cada um…
Agora, eu insisto que não há como conceber o espiritismo sem a figura de Chico Xavier. Ele é, basicamente, só o que restou da doutrina de Allan Kardec, que já “faliu” há muito tempo. O espiritismo praticamente já não existe mais, no mundo inteiro. Só uma meia dúzia de “gatos pingados” ainda perdem seu tempo com a DE. O que existe atualmente (e só no Brasil) é o Chiquismo, mistura mal arranjada do catolicismo com o Kardecismo. Por isso, dizer que o espiritismo prescinde da figura de Chico Xavier é quase como dizer que o cristianismo dispensa a figura de Jesus Cristo. Só para aceitar a ideia “em tese”.
dezembro 13th, 2012 às 8:54 AM
Ops! Eu quis dizer: Só dá para aceitar a ideia (do espiritismo sem CX) em tese.
janeiro 6th, 2013 às 12:11 AM
Segundo Antonio G – ” O espiritismo praticamente já não existe mais, no mundo inteiro. Só uma meia dúzia de “gatos pingados” ainda perdem seu tempo com a DE.”
O Companheiro realizou alguma pesquisa para chegar a tal conclusão ? É uma pergunta retórica. Sei que não o fizeste. Logo, sua argumentação carece de validade científica e qualquer coisa semelhante. Mas como opinião pessoal, ainda é alguma coisa.
Isso serve para tudo que o Senhor disse sobre o Espiritismo e Chico Xavier em todos os posts que eu li do Senhor.
janeiro 6th, 2013 às 12:20 AM
Quanto à análise do Médico, sobre o artigo, fico com os comentários do Fabiano. O Fabiano fez uns comentários, que ate agora, estou esperando os céticos de plantão responderem.
Sabe o que é engraçado nestas coisas ? É que criticam o tamanho da amostra, mas ignoram o fato da seleção destes indivíduos para o estudo. Estas 10 pessoas não são réplicas no rigor da palavra. Cada uma traz uma bagagem que difere das demais.
Então o cidadão lá, o excelentíssimo Médico, diz que todos estão fingindo ou todos tem habilidade para escrever… Essa é a nova explicação materialista ? É o máximo que conseguem extrair desse estudo ? Eu esperava mais…
Segundo, e se por acaso, fosse uma amostra de 1000 indivíduos e o estudo concluísse que realmente a atividade cerebral prescinde a realidade física e é originada por algo extra físico ? Ou seja, o organismo biológico está em contato com entidades incorpóreas ?
O que vós, caros materialistas, fariam ? Procurariam admitir e se render ao fato ? Não… Claro que não… Tentariam de toda maneira, invalidar o estudo…
Porque não existe boa fé no materialismo. O materialista anda de mãos dadas com o Niilismo. Querem que se exploda essa idéia de Deus ou de almas… São egoístas…
Já o cético, este ainda pode mudar de opinião. Mas daí, a ver ele começar a rezar e se tornar espirituoso, não coloco a mão no fogo…
Afinal, há céticos que custam a acreditar, mesmo diante de seus olhos…
Este blog é a prova disso.