MARIE-LISE, INVISÍVEL E PRESENTE – Capítulo 1

Esta é a segunda de uma série de postagens sobre um suposto caso de reencarnação divulgado pelo alegado médium baiano Divaldo Pereira Franco. O livro que contém o caso foi publicado apenas em francês, e aqui oferecemos uma tradução por capítulos. Ainda não conseguimos dinheiro suficiente para levar a tradução até o final. Quem puder ajudar a pagar o restante basta fazer um depósito no Banco Santander, Agência 3939, Conta 01001497-4, em nome de Vitor Moura (e peço que me avise quando fizer o depósito). O livro em francês pode ser baixado nesse link. A seguir fique com o Capítulo 1. Esse capítulo ainda não adentra no caso principal, citando a regressão hipnótica de uma outra pessoa, uma mulher chamada Ghislaine.

CAPÍTULO I 

A VIDA SECRETA DE MIRANDA 

Nosso desejo de reiterar e, se possível, exceder a experiência de Bridey Murphy se justificava, sobretudo, por termos à nossa disposição um dos ilustres magnetizadores e hipnotizadores da França: André Dupil.

Nós tivemos a chance de reencontrá-lo em prol de uma averiguação anterior[1] e pudemos apreciar a excepcional eficácia de seus dons.

Este não é o espaço para falar das curas miraculosas que ele opera – o objetivo é que o leitor possa melhor apreciar o valor de nossas experiências. Deve-se saber que André Dupil pertence à categoria de magnetopatas no qual o fluido vence múltiplas doenças e mais particularmente àquelas pelas quais a medicina clássica admite-se impotente. André Dupil não é um curador de praça pública – ele é reservado. Ele teve a sorte, desde o início, de ser encorajado por autênticos médicos que reconheceram e apreciaram a preciosa ajuda que ele lhes trazia no tratamento de inúmeras doenças. Ele pratica sua arte, em perfeita colaboração com a equipe médica, tanto em Meaux quanto em Paris.

Sobre o plano do hipnotismo puro – que ele é, algumas vezes, conduzido a utilizar como terapêutico – André Dupil não é menos dotado, e agora que as nossas experiências tiveram fim, podemos dizer que elas puderam ser bem conduzidas, somente graças à sua colaboração. Certamente, na França, ele é um dos magnetizadores e hipnotizadores que podem proceder a tais demonstrações e obter interessantes regressões de memória. Não há, em nosso conhecimento, quem possa dominar as experiências com tal autoridade, agilidade e segurança.

Fora de nossos trabalhos sobre o “caso” Marie-Lise, procedemos com André Dupil em centenas de experiências de hipnotismo, algumas fáceis e apaixonantes, outras difíceis e perigosas. Jamais o vimos em dificuldade, e o número de leigos que convidamos a essas sessões a fim de que o testemunhassem o consideram ainda hoje quase como um “feiticeiro”!

Abramos, a esse propósito, para contar em poucas palavras, a surpreendente aventura do pintor Marcel Caille, que foi testemunha de várias sessões consagradas pela história de Marie-Lise e que deve ele mesmo à hipnose suas mais surpreendentes composições artísticas.

Sofrendo, o senhor Caille foi se tratar com André Dupil; dessa forma ele foi informado de nossas experiências e um dia pede ao magnetizador para adormecê-lo “para ver qual a sensação”. Ele se revela, de repente, um sujeito particularmente fácil. Uma vez que ele esteve em hipnose, André Dupil teve a ideia de lhe pedir para pegar seus pinceis e executar um quadro de sua escolha. Calmo, Caille começou a trabalhar na obra. Para a estupefação dos assistentes, ele pinta em tempo recorde uma alucinante composição, cujo simbolismo saltava aos olhos de todos: duas mãos imensas e radiantes ocupavam o centro da tela expelindo de frente a elas as nuvens escuras da doença, enquanto sobre o sol, o caduceu estava quebrado e inútil.

Pode-se, naturalmente, discutir sobre a parte consciente ou inconsciente que a hipnose tomou dentro da execução desta tela, o que é incontestável é que – como todos aqueles que Caille pintava em hipnose – ela é de uma técnica e inspiração absolutamente diferentes daquelas habituais do pintor.

O mais curioso é que Caille, uma vez despertado, não se recorda absolutamente de nada e sente-se impossibilitado de acrescentar qualquer retoque a suas telas, mesmo tendo a consciência das imperfeições que elas apresentam e da maneira que elas podem ser corrigidas.

Propomos, em outra ocasião, retomar e detalhar este caso, asseguradamente extraordinário, de Marcel Caille e analisar como, em hipnose, essas obras são executadas. Sua aventura serve, hoje, para provar a qualidade excepcional dos dons de André Dupil.

Todo o sucesso de nosso empreendimento dependia da eficácia do hipnotizador e da escolha do sonâmbulo ao qual iríamos pedir para nos guiar para o além misterioso e reviver, para nós, uma outra vida.

André Dupil escolheu, em meio aos sujeitos que ele tinha o costume de adormecer, uma jovem mulher que ele tinha tratado, reconstituído a saúde e parecia ser uma sonâmbula excelente.

De fato, Ghislaine – dessa forma nós a chamaremos para as necessidades da exposição – iria revelar-se uma pessoa excepcional, entretanto os resultados seriam decepcionantes, não pela culpa da sonâmbula: simplesmente os fatos evocados foram impossíveis de verificar.

Antes de examinar os fatos, talvez não seja inútil explicar àqueles que nunca tiveram a chance de assistir a tal sessão de hipnose, como e em qual ambiente ela se desenrola.

Estas sessões eram, frequentemente, realizadas no consultório de André Dupil, em Meaux. Portas e janelas fechadas para evitar os barulhos exteriores, alguns assistentes somente para evitar a dispersão de questões e o cansaço da sonâmbula.

Ghislaine se estira confortavelmente sobre o divã, em estado de completo relaxamento, tudo procede com alguns passes curtos e rápidos, o senhor Dupil “pede” para ela adormecer sem temor:

– Feche os olhos… Você vai adormecer… Você verá… Tudo ficará bem… Muita tranquilidade… Respire bem… Você dorme profundamente… Você não pode abrir os olhos… Não tenha medo, eu estou com você… Eu não te deixo… Está tudo bem…

Muito rapidamente – pois ela tinha o hábito – Ghislaine estava profundamente adormecida, em estado de completa letargia. André Dupil podia então começar a lhe perguntar.

No início nós não tínhamos a preocupação de preparar as perguntas e elas não eram sempre eficazes, mas logo adquirimos grande experiência e quando o hipnotizador “tropeçava” sobre uma resposta da sonâmbula, nós lhe soprávamos a melhor das questões. De maneira geral é comum que os assistentes – mesmo leigos – tenham perguntas a fazer à pessoa.

Nós fizemos, de julho a novembro de 1956, quatro dezenas de sessões de hipnose com Ghislaine; nós daremos aqui somente um breve resumo, já que em definitivo é impossível verificar materialmente a exatidão dos fatos que ela revivia sob nossos olhos. O fato é que sua “história” é perturbadora e a experiência extraordinária. Era impossível à jovem Ghislaine inventar os detalhes que ela nos dava sobre sua existência, sobre a época (entre 1872 e 1898) que ela “vivia”.

Várias testemunhas, dignas de credibilidade, assistiram a estas sessões e podem atestar que nenhuma fraude, nenhum engano era possível, como o doutor H., bem como o senhor e senhora Thouvenot.

Não é pouca coisa transpor este “não” que separava a existência atual de Ghislaine de sua vida anterior.

André Dupil tinha remontado lentamente o curso do tempo: “Você tem 18 anos… Você tem dez anos… Você tem cinco anos…” Docemente, Ghislaine revivia sua vida passada, dava nomes de amigos, citava fatos que notamos escrupulosos, a fim de verificar a exatidão; com cinco anos ela dava nome às suas bonecas, com dois anos ela falava com voz de bebê, com um ela chupava o polegar.

Nós estamos presos aqui à primeira sessão. Na segunda, Ghislaine reconta detalhadamente – que nós pudemos verificar em seguida interrogando sua mãe – o casamento de… seus pais!

A experiência não tinha nada de excepcional, até então, a não ser pelo fato de nossa pequena sonâmbula estar se revelando uma pessoa extraordinária. As coisas tomam uma trajetória apaixonante quando André Dupil, também sensibilizado, faz a pergunta essencial: “E antes?… Quem você era?”

Um longo silêncio durante o qual o sujeito se agita sobre o divã e, de repente, sem transição, Ghislaine fala:

– “Eu sou Miranda… Eu tenho 18 anos… Uma casa com heras ao redor… Uma porta sobre o lado… uma grade…”

Nós todos queríamos fazer perguntas, mas é necessário deixar André Dupil conduzir o interrogatório.

– Quando você nasceu?…

– 17 de junho… de 1872…

– Onde?

Miranda – ou Ghislaine – nós não sabemos mais! – não responde à questão. Convém notar que, muito frequentemente, ao curso de outras sessões de hipnose, o indivíduo não responde as questões que lhe são perguntadas, seja porque essas perguntas parecem o constranger, seja porque elas são irritantes, muito indiscretas, inúteis ou porque há outra coisa mais importante a nos confidenciar.

– Onde você nasceu?

– Ela não está morta, velha Miranda… Ela não tinha 26 anos…

– Onde você morreu?

– Ao lado de Soissons… um pequenos vilarejo…

– Fale para nós sobre você, Miranda…

– Ela tem problema nas pernas… Ela deve ser paralítica… O lado direito… Oh!… Oh!…

Ela se queixa e, visivelmente, sofre. É necessário acordá-la.

Ghislaine, ao despertar, não se recorda de absolutamente nada que ela contou em hipnose.

Nós detalharemos ao leitor estas sessões fatalmente longas e enfadonhas, visto que era necessário a cada vez remontar pacientemente o curso do tempo e fazer as mesmas questões antes de poder fazer novas.

Aqui, resumida, a história de Miranda tal qual nós pudemos reconstituí-la depois de cerca de três dezenas de sessões.

Miranda foi uma criança abandonada à assistência pública com cinco anos. Ela não se recorda de seus pais. Uma velha senhora, madame Jeanne Dumesnil, a adotou e levou para casa, em uma pequena cidade perto de Soissons, na qual a sonâmbula não pôde jamais dar o nome.

Miranda era paralítica desde os cinco anos de idade. Cada vez que nós a fazíamos evocar esta enfermidade ela sofria, se queixava de suas pernas e do seu lado direito. O doutor J.-P.H… que examinou a sonâmbula em sono hipnótico pôde constatar que ela apresentava todos os sintomas de paralisia e não reagia a picadas nem a toques. Assim que acordada, Ghislaine retomava a usar as pernas, não se lembrando de nada.

Miranda vivia com sua “Mémé” – assim ela chamava sua mãe adotiva – em uma casa que ela descrevia minuciosamente. Ela contava que sua existência vegetativa era estendida ao jardim e a casa. A única visita que ela recebia era a do velho médico de campanha que a atendia e para o qual ela usava dois nomes: Dubois e Quelbec, sem que nós pudéssemos lhe fazer precisar qual era o bom. Ela recebia também a visita de alguns vizinhos.

A partir dos 18 anos, ela não se levanta mais, ela sofre do coração; o velho médico a visita quase todos os dias. Com 25 anos, ela se encontra em um hospital parisiense, devido aos problemas cardíacos. Ela não consegue dizer o nome deste hospital. O doutor J.-P.H… assiste a sessão e comete a imprudência de citar um a um todos os hospitais parisienses. A sonâmbula parece reconhecer na passagem do nome de Laënnec, mas é impossível medir a parte de sugestão que pode guiá-la para esta escolha.

Miranda, com 26 anos, voltou para a casa de sua mãe adotiva. É lá que ela vai morrer de ataque cardíaco. Ghislaine revive a cena em hipnose com um realismo que, a primeira vez, nos enche de medo.

Ela sofre, geme, respira com dificuldade. As sessões foram medicamente controladas. Todos os sintomas que ela apresenta são perfeitamente autênticos. Ela fala assim:

“O doutor veio… Ele não me disse nada… Mas ele disse à Mémé que eu não tenho mais muito tempo… Eu sofro… Eu não quero morrer!… Não, eu não quero morrer!… Ah!… Não! Não!… Há um buraco… Eu não quero descer… Não há mais ar…”

A gente compreenderá que, as primeiras vezes, nós estávamos apressados para acordar a sonâmbula que se retorcia sobre o divã. Em seguida, mais habituados, nós prosseguimos o interrogatório. Miranda nos descreveu seu sepultamento e seu túmulo, no cemitério de Soissons, com uma cruz de madeira com seu nome, Miranda.

Nossa grande preocupação era, sem dúvida, obter o máximo de detalhes para nos permitir reencontrar as pegadas de Miranda e também para provar que toda esta história não podia ser inventada por nossa jovem sonâmbula, que ignorava tudo que era revivido em hipnose.

Desta forma que Miranda nos explicita – respondendo as perguntas que nós lhe fazíamos – que sua Mémé recebia um jornal que custava um centavo; que o pão custava dois ou quatro centavos; que a carne era cara, sete centavos por duas. Ela nos relata que a casa era iluminada por velas; que carroças passavam pelas ruas. Ela nos dá o nome de uma vizinha, senhora Duhamel. Quando ela está no hospital, suas duas vizinhas de cama são: Madeleine à direita e senhora Poirère à esquerda.

Miranda nos disse ainda que ela é loira, de olhos verdes, que ela não é bem vestida, que usa uma calcinha de renda que desce até os joelhos. Elas não são ricas, sua Mémé recebe dinheiro pelo correio, ela não trabalha. O prefeito se chama senhor Barrault e ela acredita que a igreja é dedicada a São Bernardo.

Infelizmente, nós não conseguimos que ela nos indique o nome de sua cidade. Ela acredita que é necessário virar à esquerda saindo de Soissons. André Dupil apresenta um mapa da região e Ghislaine, sempre em hipnose, indica Soissons, então ela acrescenta:

– Onde é o vilarejo há um número cinco, eu não vejo nada mais… um cinco é tudo…

Miranda jamais se contradiz nas respostas às perguntas que lhe fazemos e nós repetimos muito frequentemente para tentar obter o máximo de precisão.

Entretanto, essa experiência era tão apaixonante e devia, de fato, resultar em fracasso, pois não foi possível verificar as afirmações do médium, nem reencontrar a menor pista de Miranda, que pudesse verificar que sua história era autêntica.

A assistência pública não estava disposta a revelar fatos de 1877, que madame Dumesnil adotou uma pequena filha de nome Miranda. A regra da administração é o silêncio e nós não tínhamos a possibilidade de violar esta regra.

Em Soissons, onde nós voltamos, outras decepções nos esperavam. No cemitério, André Dupil adormeceu Ghislaine que logo em seguida se dirigiu em direção ao fundo do cemitério, sensivelmente ao caminho que ela tinha descrito em seu sonho hipnótico e parou diante de um túmulo sem nome. O guarda consultado não pôde nos fornecer nenhuma informação sobre o túmulo, nem dispunha de arquivos.

Outro dia, em Soissons, fizemos uma ronda pela região com a esperança de descobrir um indício, um detalhe que nos levasse à historia de Miranda. Consentida, Ghislaine nos acompanhava. André Dupil a adormeceu no carro e lhe perguntou qual direção nós devíamos pegar para sair da cidade. Sobre suas indicações nós fomos à estrada, depois ela foi despertada. Nós parávamos, a cada cidade, para pedir informações e nos pareceu que muitas pessoas que nós perguntávamos nos achavam tolos.

Chegando a um pequeno vilarejo chamado Coeuvres, desde as primeiras casas, Ghislaine sentiu uma sensação dolorosa, uma onda de sonolência a deixou apreensiva, como se ela fosse entrar em sono hipnótico sem a intervenção do senhor Dupil. À medida que nós avançamos as ruas, o mal-estar se acentuava; no momento em que nós passamos em frente a uma casa, Ghislaine desmaiou. Refletindo um mal-estar estranho à nossa experiência, nós fizemos, em seguida, uma segunda tentativa, uma terceira e, cada vez, a sonâmbula sentia o mesmo indefinível mal-estar.

Tínhamos, enfim, encontrado o vilarejo onde Miranda tinha vivido? Nós esperávamos que fosse a verdade, mas nos foi impossível obter a menor confirmação. Grande parte dos arquivos da comuna foi destruída durante a guerra. Os registros civis sobre madame Jeanne Dumesnil e senhorita Miranda Dumesnil eram inexistentes. A imprecisão das datas não permitiu à dedicada secretária da prefeitura, que era amável e estava a nossa disposição, de fazer as pesquisas completas.

O assunto era muito antigo e os habitantes da cidade não podiam se lembrar, exceto os que eram muito velhos (se ela não tivesse morrido com 26 anos, Miranda teria 86 anos na época de nossa pesquisa) e nós não encontramos nenhuma testemunha desta idade.

Apesar de sentidos, era preciso convir nossa falha. Nós não fizemos melhor que Morey Bernstein, muito menos melhor que o Coronel de Rochas.

Mas não deixamos Ghislaine sem assinalar uma estranha particularidade do seu caso. Quase sempre, em início de hipnose ou bem quando André Dupil a adormecia, uma segunda vez ao curso da mesma sessão ela parecia reviver um episódio de uma existência que não tinha, aparentemente, nenhum ponto em comum com a história de Miranda.

O tema, suficientemente vago, quase sempre era o mesmo:

– Passos… Passos… É um castelo… É bonito… É bonito… Há damas que dançam elas têm bonitos vestidos… Faz frio… Há pessoas que falam. Eu não entendo nada que elas dizem…

– Que língua elas falam?

– Eu não sei.

O marido de Ghislaine, que assiste à sessão, pronuncia várias frases em diversas línguas.

– Não, eu não entendo…

– Quando fala em alemão, Ghislaine reage:

– Sim, isso me diz alguma coisa, eu compreendo, ele disse “Bom dia, senhorita”…

– É exatamente a frase que seu marido pronunciou e Ghislaine não sabe nada da língua de Goethe!

– Onde é o castelo?

– Eu não sei, não é francês… É longe… Na Alemanha… É alto… Há damas, elas fazem tapeçaria… Elas me saudaram quando eu cheguei… Eu não sou alemã… Eu sou uma grande dama…

– Como te chamam?

– Marie… Não apenas Marie, Marie-Antoinette, eu não quero que me chamem de Marie…

– Em que ano nós estamos?

– Em 1812… Eu tenho 30 anos…

Outro dia, Marie afirmara que ela nasceu em 19 de janeiro de 1810 em Bordeaux.

Ela disse que veio de um castelo em carro fechado. Ela chegava de outro castelo onde era quase prisioneira. Não gostam dela e ela quer partir. É a guerra, há soldados com capacetes de ferro um pouco pontiagudos que querem trancá-la no castelo. Ela tem medo.

Finalmente, ela se salva, mas é presa e trancada em um quarto, onde dão de comer por uma pequena janela. Ela morrerá com 36 anos, sempre trancada.

Neste momento ela declara:

– Eu não sou mais Marie… Eu não sou mais Marie… Eu sou Miranda, eu vou pra casa da minha Mémé.

Tudo deixa supor que se trata aqui de um episódio de uma existência anterior àquela de Miranda[2], mas a sonâmbula manifesta pânico, um evidente terror quando ela se reencontra neste misterioso castelo e nós não pudemos avançar na experiência.

Miranda fica, portanto – até nova ordem – um mistério. Mas o magnífico sucesso que constituirá para nós o “caso” de Marie-Lise, permite afirmar que sua história não tem nada de improvável e que o menor testemunho descoberto amanhã pode confirmar a surpreendente veracidade.



[1] Cf. <<Os Melhores Curadores da França>>, por Pierre Neuville.

[2] Em outra ocasião, Ghislaine nos dirá ser um pequeno garoto chamado Philippe que não ousa se aproximar de seu pai, um homem de cabelos brancos, que ele não pode incomodar e ao qual se chama “Majestade”.

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