O Caso de Kemal Atasoy (2005) – Uma Forte Evidência de Reencarnação? – Parte 1

Crianças que reivindicam lembrar-se de vidas passadas têm sido descritas na literatura científica por mais de 40 anos, e em muitos casos suas famílias identificaram um indivíduo morto cuja vida se acredita a criança esteja recordando. Estes casos têm sido criticados na seguinte base: após as famílias da criança e do indivíduo morto se encontrarem e trocarem informações, elas podem acabar por atribuir mais conhecimento sobre esse indivíduo à criança do que ela realmente demonstrou. Um caso é apresentado em que o investigador registrou as declarações de uma criança na Turquia e então descobriu subseqüentemente que elas correspondiam em muitos detalhes à vida de um homem que viveu em Istambul a 850 km de distância e que morreu 50 anos antes de a criança nascer. Uma revisão de casos semelhantes em que registros escritos foram feitos antes de o indivíduo morto ser identificado indica que eles apresentam um sério desafio à suposição de que este fenômeno seja devido a informações falsamente creditadas.

Palavras-chave: casos de reencarnação – fenômeno paranormal – memórias da infância

As Crianças que Alegam Lembrar-se de Vidas Passadas: Casos com Registros Escritos Feitos antes de a Personalidade Prévia Ser Identificada 

H. H. Jurgen Keil

 Psychology Department

 University of Tasmania, Hobart, Tasmania, Australia

Jim B. Tucker

Division of Personality Studies

University of Virginia Health System,

P.O. Box 800152

Charlottesville, VA 22908-0152

e-mail: jbt8n@virginia.edu

Introdução 

Casos de crianças que afirmam se lembrarem de vidas passadas têm sido reportados na literatura científica por mais de 40 anos (p.ex., Stevenson, 1960,2001). Em um caso típico, uma criança extremamente jovem que vive numa cultura que possui uma crença na reencarnação começa a relatar memórias de uma vida passada. Em muitos casos, a criança eventualmente fornece detalhes suficientes para que a família seja capaz de localizar um indivíduo falecido, a personalidade prévia, cuja vida parece confirmar as afirmações feitas pela criança.

Algumas possíveis explicações têm sido sugeridas para estes casos. Uma delas, que se vale de meios normais, e que é freqüentemente oferecida, é a hipótese sócio-psicológica (Brody, 1979). De forma resumida, ela diz: 

Em uma cultura que tem a crença na reencarnação, uma criança que pareça falar sobre uma vida passada será encorajada a dizer mais. O que ela disser levará os seus pais a de algum modo localizar uma outra família cujos membros passam a acreditar que a criança está falando sobre um membro falecido de sua família. As duas famílias trocam informações sobre detalhes, e elas terminam por creditar ao sujeito muito mais conhecimento sobre a pessoa falecida identificada do que ele realmente tinha. (Stevenson & Samararatne, 1988: 237) 

A característica mais importante desta hipótese é a última dada: de que as famílias terminam creditando às crianças muito mais conhecimento sobre a personalidade prévia identificada do que elas demonstraram de fato. Depois de as famílias das crianças saberem sobre a personalidade prévia, elas podem afirmar erroneamente que as crianças fizeram declarações as quais elas não fizeram, ou elas podem lembrar equivocadamente que as crianças exprimiram detalhes sobre a vida passada os quais elas não exprimiram. Essas possibilidades podem ser conjecturadas porque os registros escritos das afirmações das crianças raramente foram feitos antes de as famílias terem se encontrado. Exceções existem, entretanto, e elas fornecem um teste importante da hipótese sócio-psicológica. Nós apresentamos um novo caso aqui, no qual o investigador fez anotações das afirmações da criança antes que a personalidade fosse identificada, e três casos anteriores também serão revisados para comparação. 

O Caso de KA

O primeiro autor (JK) investigou o caso de um garoto (KA) no centro-sul da Turquia que alegava se lembrar de uma vida em Istambul a cerca de 850 km de distância, e foi eventualmente capaz de confirmar muitas das afirmações do garoto. 

Entrevista 

Em abril de 1997, JK se encontrou pela primeira vez com KA, que tinha então 6 anos de idade. O intérprete de JK era conhecido dos pais de KA, que concordaram em organizar esta primeira visita. O intérprete mencionou o interesse de JK em crianças que falavam de vidas passadas aos pais de KA, e lhe disseram que KA estava fazendo isto. As declarações de KA não eram conhecidas além do imediato círculo familiar, e sua família disse que embora ele tivesse feito algumas declarações logo depois de começar a falar, fez a maioria delas por volta dos 2 anos e meio de idade.

KA vivia em Hatay, em um ambiente de classe média, numa confortável cobertura. Seus pais estavam obviamente encantados em ter um filho (ele era o único filho deles), o que na Turquia é visto como uma benção particularmente desejável. Os pais de KA eram muçulmanos Alevi bem educados que tinham amigos entre várias religiões diferentes e de outros interesses. Apesar de eles saberem que as supostas memórias de vidas passadas são consideradas uma característica que distingue os muçulmanos Alevi[1], eles aparentemente não deram grande importância às afirmações de KA. JK notou que eles o ouviam com interesse moderado e pareciam às vezes entretidos com o seu entusiasmo.

JK e seu intérprete conheceram KA em sua casa. Sua mãe esteve presente durante a entrevista inteira, e seu pai juntou-se à entrevista durante o seu curso. O intérprete traduziu o que era dito após curtos intervalos, e JK tomou notas e fez perguntas. Registros de áudio não foram feitos porque JK descobriu que um gravador freqüentemente gera uma distração. Após o seu primeiro encontro, JK ficou impressionado com a clareza das afirmações de KA e com a confiança com que ele as tinha feito. Ele disse que o nome de sua família tinha sido Karakas e que tinha sido um cristão armênio; que durante aquela vida, era rico e viveu em uma grande casa de três andares em Istambul; que sua casa ficava sobre a água, onde os barcos eram ancorados, e havia uma igreja atrás dela; as pessoas o chamavam de Fistik, e sua esposa e filhos tinham os primeiros nomes gregos; seu casamento ocorreu em Bodrum, uma cidade na costa a aproximadamente 430 km de Istambul por ar; ele freqüentemente carregava uma substancial mochila de couro e somente vivia na casa uma parte do ano; tinha sido baleado e morto e sua esposa estava envolvida no assassinato. Adicionalmente, mencionou que o seu filho mais novo havia morrido numa corrida de carros. Uma lista completa de suas declarações é dada na seção Análise das Afirmações. 

Investigação 

Os pais e parentes de KA não tinham informações que sugerissem uma conexão entre eles e a personalidade prévia descrita por KA. Eles não tinham amigos ou parentes em Istambul, e KA e sua mãe nunca haviam estado lá. Aproximadamente dois ou três anos antes da entrevista, o pai de KA, um contador, estivera em Istambul duas vezes com relação ao seu trabalho, mas, em ambas as ocasiões, ele deixou Istambul no mesmo dia e não tentou obter quaisquer informações sobre as afirmações que seu filho havia feito. Os pais de KA não conheciam nenhum armênio. Além disso, quando JK iniciou as investigações, não havia nenhuma indicação de que uma pessoa como descrita por KA tivesse sequer existido.

Apesar de KA ter dado mais detalhes do que a maioria dos indivíduos faz, a identificação da personalidade prévia provavelmente não teria sido possível se KA não tivesse mencionado que ele era vizinho de uma mulher relativamente bem conhecida em Istambul. Esta mulher, chamada Aysegul, era uma negociante de obras de arte que havia tido algumas dificuldades com as autoridades. Quando um processo foi ou estava para ser aberto contra ela, ela deixou a Turquia, e o seu paradeiro após isso é desconhecido. Seu caso gerou alguma publicidade, e o intérprete de JK, que tinha parentes em Istambul, estava ciente da matéria. A maioria dos turcos educados (incluindo os pais de KA) que tinha algum interesse na notícia também tinha ouvido o seu nome. Os pais de KA disseram que quando o seu primeiro filho mencionou Aysegul, ele era tão jovem que ele não poderia ter aprendido isso de fontes exteriores, mas esta possibilidade não pode ser descartada. JK não foi capaz de descobrir quando as histórias sobre Aysegul apareceram pela primeira vez nos jornais, mas isto ocorreu antes de KA ser capaz de falar.

Em abril de 1997, JK foi capaz de localizar a casa de Aysegul na região de Cengelkoy em Istambul. Próxima a ela, ele encontrou uma casa (agora vazia) de três andares que batia com os detalhes que KA havia dado. Foi difícil, entretanto, descobrir qualquer evidência de que uma pessoa como descrita por KA tivesse vivido ali alguma vez. Inicialmente, JK não pode descobrir ninguém que tivesse ouvido falar de um armênio na região onde a casa de Aysegul estava localizada, e nenhum armênio vivia naquela região agora.

Durante uma segunda visita na região de Cengelkoy, em outubro de 1997, JK soube de um oficial da Igreja Armênia de Istambul que não havia armênios na região de Cengelkoy. A igreja não tinha registros, ele disse, que sugerissem que um armênio tivesse vivido na casa que JK identificou como aquela descrita por KA. Um homem idoso que tinha vivido na região de Cengelkoy por muitos anos, entretanto, disse a ele que um armênio tinha definitivamente vivido naquela casa e que os oficiais da igreja que JK havia conhecido não eram velhos o suficiente para se lembrar dele.

Durante uma visita adicional em outubro de 1998, JK foi capaz de entrevistar um historiador local, o sr. Toran Togar, que havia nascido em 1924. O sr. Togar era um excelente informante. Por exemplo, ele lembrava os nomes de cinco jornais que foram publicados na década de 1940 (e JK foi capaz de confirmar isso). Somente um desses jornais ainda está em circulação. O sr. Togar ainda lembrou, sem hesitação, vários eventos em conexão com a vida prévia, mas, particularmente, para estabelecer a seqüência correta dos eventos, ele cuidadosamente checou suas recordações sobre os acontecimentos sobre os quais ele tinha bastante confiança.

Quando JK entrevistou o sr. Togar, ele tomou o cuidado de não estimular qualquer resposta ou fazer quaisquer sugestões. Eles se encontraram perto da casa da personalidade prévia, e JK perguntou ao sr. Togar o que ele se lembrava sobre as pessoas que tinham vivido naquela casa. JK lhe disse que ele queria descobrir alguns detalhes sobre uma família que talvez tivesse conexão com a casa, mas ele não disse que uma criança havia tinha provido informações sobre isso. O sr. Togar então forneceu vários detalhes que bateram com as afirmações de KA, incluindo o nome de família Karakas. Ele disse que um armênio cristão tinha vivido na casa que JK havia identificado, que ele foi rico, que tinha sido o único armênio na região de Cengelkoy, que o nome de sua família era Karakas, que sua esposa veio de uma família ortodoxa grega e que a família dela não tinha aprovado o casamento. Ele disse que o nome da família da esposa era Yordan, que o casal teve três filhos, e que havia algum boato de que a sua esposa tinha alguma relação com a sua morte. O sr. Togar também disse que o clã Karakas vivia em uma outra região de Istambul, eles negociavam artigos de couro, o sr. Karakas freqüentemente carregava uma substancial mochila de couro, e ele vivia na casa de Cengelkoy somente a cada período de verão. O sr. Togar disse que Karakas morreu em 1940 ou 1941.

JK então perguntou a ele especificamente se Karakas ou sua esposa tinham qualquer conexão com Bodrum, já que KA havia dito que ele tinha se casado lá na vida passada. O sr. Togar disse que ele não conhecia qualquer conexão. Adicionou que se lembrou do cortejo quando Karakas casou-se em Istambul e que houve algum interesse público no casamento incomum de um homem armênio e de uma mulher grega ortodoxa. Embora seja possível de que uma segunda cerimônia tenha ocorrido em Bodrum, nenhuma informação disponível sugere uma conexão com Bodrum. Adicionalmente, KA tinha dito de que seu filho mais jovem tinha morrido como um corredor de rally, mas se todos os detalhes que o Sr. Togar forneceu estiverem corretos, o filho deveria ser uma criança quando Karakas morreu já que o Sr. Togar nasceu em 1924, recordava o casamento de Karakas, e ele disse que Karakas morreu em 1940 ou 1941. 

Análise das Afirmações 

As afirmações de KA que corresponderam à vida de Karakas:

(1)     Ele viveu e morreu em Istambul.

(2)     Sua casa era próxima à casa de Aysegul.

(3)     Sua casa era grande.

(4)     Sua casa tinha três andares.

(5)     Sua casa ficava na costa.

(6)     Barcos eram ancorados na casa.

(7)     Uma igreja ficava atrás da casa.

(8)     O nome de sua família era Karakas.

(9)     Ele era um armênio.

(10) Ele era um cristão.

(11) Ele era casado.

(12) Ele tinha filhos.

(13) Ele era rico.

(14) Ele freqüentemente carregava uma substancial mochila de couro.

(15) Ele vivia na casa somente durante uma parte do ano. 

As afirmações de KA que foram parcialmente confirmadas: 

(16) Sua esposa e filhos tinham os primeiros nomes gregos. Seus nomes de fato não são conhecidos, mas a esposa de Karakas veio de uma família ortodoxa grega.

(17) Ele era chamado Fistik. Nenhuma confirmação direta pôde ser obtida, mas desde que os armênios usam este termo para se referirem a um “ótimo homem”, isto seria consistente com a personalidade prévia. Este termo não é conhecido pela população não-armênia na Turquia, e JK inicialmente assumiu que isso fosse um nome.

(18) Sua esposa tinha alguma relação com a morte da personalidade prévia. Esta suposição também foi confirmada como boatos da vizinhança pelo sr. Togar, o historiador. 

As afirmações de KA não verificadas ou duvidosas: 

(19) KA disse que ele tinha sido baleado com uma pistola, mas que não tinha morrido imediatamente. Não houve confirmação disto. KA tinha uma marca-de-nascença em seu peito que foi visível por muitos anos, e ele disse que correspondia ao ferimento causado pela bala da pistola. Os pais de KA não haviam reparado na marca até depois de KA, com cerca de três anos de idade, começar a falar dela. A marca de nascença não era mais visível quando JK o conheceu. Marcas ou defeitos de nascença têm sido observados em 35% dos casos em que crianças afirmam lembrar-se de vidas passadas (Stevenson, 2001), então embora o tiro seja inverificável, a marca-de-nascença de KA era consistente com a sua afirmação e com outros casos.

(20) Ele conhecia Aysegul. Inicialmente pareceu que Karakas não poderia tê-la conhecido. Quando ele morreu, Aysegul tinha provavelmente entre 5 e 10 anos de idade. Posteriormente, entretanto, JK soube que Aysegul viveu na casa próxima a Karakas quando criança, e talvez Karakas a tivesse conhecido. Então, a afirmação não é diretamente verificável, mas é consistente com a história disponível.

(21) Ele casou em Bodrum. Sr. Togar lembrou um cortejo de casamento (quando Karakas se casou) em Istambul. Se havia alguma conexão com Bodrum, JK não foi capaz de descobri-la ou onde havia uma comunidade grega ortodoxa lá.

(22) Seu filho mais jovem morreu como corredor de rally. Nenhuma informação disponível sobre a família de Karakas apóia isto, e baseado na linha de tempo que o senhor Togar forneceu, o filho de Karakas era presumivelmente muito jovem para ter sido um corredor de rally na época da morte do pai. 

As seguintes duas afirmações corretas KA talvez tivessem sido feitas em um período após ele ter ouvido os nomes relevantes de JK. JK não as registrou durante seu primeiro encontro com KA, mas é possível que KA as tivesse feito na época: 

     Sua casa era em Cengelkoy.

     O nome de família da sua esposa era Yordan. 

Continuação 

JK fez algumas tentativas adicionais para obter mais informações. De acordo com os oficiais da Igreja Grega Ortodoxa, em algum período cerca de quarenta anos atrás, mais de 300 famílias gregas ortodoxas viviam na região de Cengelkoy. Os oficiais disseram que a maioria destas famílias tinha desde então retornado para a Grécia, e eles não puderam sugerir como JK poderia contactar os membros da família Yordan lá. Eles também recomendaram o Sr. Togar como a pessoa que era a mais familiarizada com a história da região.

JK tentou encontrar possíveis registros sobre o casamento e o funeral de Karakas. Infelizmente, os registros centrais, incluindo os detalhes do funeral que eram mantidos pela Igreja Armênia, foram destruídos em um incêndio em 1957. Alguns registros ainda podem existir nos escritórios de cinco cemitérios em Istambul os quais estão somente abertos ao público durante um dia por semana. JK contactou o departamento de história na universidade de Istambul, mas descobriu que havia pouco interesse neste tipo de história local. Ele pesquisou um dos jornais que foram publicados na época da morte de Karakas sem descobrir qualquer referência a ele. As notícias daquela época (início da década de 1940) ficaram reduzidas principalmente aos acontecimentos da guerra.  Na região de Hatay, JK visitou uma aldeia armênia e conheceu um homem que tinha vivido anteriormente em Istambul chamado sr. Kirant. Ele não era velho o suficiente para se lembrar de qualquer coisa da época em que Karakas estava vivo. Ele disse que sua mãe havia lhe falado sobre a família Yordan, mas ele não podia se lembrar de quaisquer detalhes.

Durante uma visita adicional à casa de Karakas, JK conheceu alguns homens idosos próximos que disseram que no passado a casa era conhecida como a casa de Yordan. Eles disseram que após a morte de Karakas, a casa permaneceu com a família Yordan por aproximadamente 15 anos, mas a esposa de Karakas e as crianças não continuaram a morar lá. JK também localizou a Igreja Ortodoxa Grega, a qual ele não havia observado antes, atrás da casa de Karakas.

Depois que JK obteve os detalhes sobre Karakas listados acima, ele visitou KA mais uma vez. KA estava particularmente impressionado com a fotografia da casa de Karakas que foi tirada sobre a água. KA acreditou que ele poderia identificar os aposentos em que ele viveu. KA não sugeriu de nenhuma forma que ele lembrava a respeito dos novos detalhes que JK tinha descoberto. Quando JK perguntou a ele se a sua esposa poderia ter sido grega ortodoxa, ele respondeu que não se lembrava.

KA estava consciente que ele tinha começado a esquecer alguns dos detalhes quando JK o visitou em 1999. Ele tinha então 8 anos de idade. Até então, não havia ainda nenhuma indicação de que qualquer um em seu meio pudesse estar ligado com a personalidade prévia ou pudesse ter alguma informação sobre ela. 

Relatórios Anteriores de Casos com Registros Escritos

Casos em que os registros escritos foram feitos antes que a personalidade prévia tivesse sido identificada são raros. Mais de 2500 casos de jovens crianças com declarações de vidas passadas estão agora registrados nos arquivos da Divisão dos Estudos da Personalidade na Universidade de Virgínia, mas somente 33 deles envolvem casos onde a personalidade prévia foi identificada depois que os registros das declarações das crianças foram feitos. Alguns destes foram publicados anteriormente (Haraldsson, 1991; Mills, Haraldsson, & Keil, 1994; Mills & Lynn, 2000; Stevenson, 1974; Stevenson & Samararatne, 1988), e eles demonstraram que tais casos, embora raros, ocorrem de fato. Qualquer esforço em rejeitar o presente caso como uma excentricidade isolada deve se endereçar a estes casos anteriores, então é importante revisar alguns deles. 

O Caso de Sujith Jayaratne 

Stevenson (1977) reportou o caso de Sujith Jayaratne, um garoto que vivia em um subúrbio de Colombo, a capital do Sri Lanka, que descreveu uma vida numa aldeia chamada Gorakana distante 12 km. Um monge registrou notas das conversas que ele teve com Sujith sobre suas memórias quando Sujith tinha 2,5 anos de idade, e Stevenson foi capaz de obter uma cópia traduzida delas. Esses documentos indicaram que Sujith disse que ele era de Gorakana e que viveu na área de Gorakawatte, que seu pai se chamava Jamis e que não tinha um olho (Sujith apontou o olho direito para indicar que esse era o defeituoso), que ele frequentou a kabal iscole (que significa “escola dilapidada”) e tinha um professor chamado Francis lá, e que ele deu dinheiro para uma mulher chamada Kusuma, que preparou “string hoopers”[2], um tipo de comida, para ele. Ele deixou subentendido que ele deu dinheiro para Kale Pansala, ou Templo da Floresta, e disse que dois monges ficavam lá, um deles se chamava Amitha. Ele disse que sua casa era caiada, seu banheiro ao lado de uma cerca, e que ele banhava-se em água morna.

O monge então foi a Gorakana e descobriu que todas as alegações de Sujith eram verdadeiras para um homem chamado Sammy Fernando, que morreu com a idade de 50 anos depois de ter sido atingido por um caminhão 6 meses antes de Sujith ter nascido. Quando Stevenson investigou o caso um ano depois, ele soube que duas pessoas na vizinhança de Sujith tinham conexões com Sammy Fernando. A família de Sujith conhecia uma delas, um camarada beberrão de Fernando, ligeiramente, e a outra, a irmã mais nova de Fernando, nem um pouco. A família não tinha idéia de quem Sujith estava falando até o monge ir a Gorakana – de fato, nem a mãe de Sujith nem o monge tinham ouvido falar sobre Gorakana antes do caso ter se desenvolvido – e a idéia de que o amigo beberrão de Fernando ou a irmã subrepticiamente deram informações a Sujith parece muito difícil. 

O Caso de Kumkum Verma 

Kunkum Verma era uma garota na Índia que descreveu uma vida na cidade de Darbhanga a 40 km de sua aldeia (Stevenson, 1975). Sua tia fez anotações de suas afirmações 6 meses antes de que qualquer um tentasse identificar a personalidade prévia, e Stevenson foi capaz de obter extratos de seus registros que continham 18 delas. Eles documentavam detalhes que batiam todos com a vida de uma mulher que morreu 5 anos antes de Kumkum ter nascido, incluindo o nome de Urdu Bazar, a área de Darbhanga onde ela viveu, o nome do filho dela e o fato de que ele trabalhava com um martelo; o nome do neto dela; o nome da cidade onde o pai viveu e o fato de sua casa ser próxima de um pomar de mangas e para se chegar lá era necessário atravessar trechos com água; a presença de uma lagoa em sua casa; e o fato de que ela tinha um cofre de ferro em sua casa, uma espada pendurada perto da cama de lona dela, e uma cobra perto do cofre que ela alimentava com leite.

Um homem de Urdu Bazar que trabalhou para um amigo do pai de Kumkum eventualmente foi capaz de identificar a personalidade prévia. A família anterior pertencia a uma classe de artesãos relativamente baixa enquanto o pai de Kumkum era um proprietário de terra, médico homeopata e autor, então ainda que ele fosse a Urdu Bazar conhecer a família da personalidade prévia, ele nunca permitiu Kumkum ir. 

O Caso de Jagdish Chandra 

O caso de Jagdish Chandra na Índia era bastante antigo quando Stevenson (1975) o investigou – de fato, o indivíduo já estava com cerca de 30 anos – mas o pai do indivíduo, um advogado proeminente, escreveu um registro das alegações do garoto e suas averiguações na época em que o caso se desenvolveu. Jagdish nasceu em Bareilly, uma grande cidade no norte da Índia, e quando ele tinha 3 anos e meio de idade começou a falar que ele tinha vivido em Benares, uma cidade a aproximadamente 500 quilômetros de distância. Seu pai enviou uma carta para um jornal pedindo por ajuda na averiguação das alegações da criança. Na carta, ele disse que Jagdish afirmou que seu pai se chamava Babuji Pandey e que tinha uma casa uma casa em Benares com um grande portão, uma sala de estar, e uma sala subterrânea com um cofre de ferro fixado em uma das paredes. (Ji acrescentou que o final do nome significa respeitado, então Jagdish estava dizendo que o nome do pai era Babu.) Ele disse que Jagdish descreveu um pátio onde Babuji sentava às noites e onde as pessoas reuniam-se para beber “bhang” e bebida indiana. Ele disse que Babuji recebia massagens e colocava pó ou barro no seu rosto depois de banhar-se. Ele descreveu dois carros e uma carruagem puxada por cavalos e disse que Babuji tinha dois filhos falecidos e uma esposa morta.

No dia seguinte em que isto foi publicado, o pai de Jagdish foi a um magistrado ter as alegações de Jagdish oficialmente registradas antes de eles viajarem a Benares. O registro das alegações, adicionados a estes listados neste artigo, incluíram o fato de que seu nome era Jai Gopal e que seu irmão, que era maior do que ele, se chamava Jai Mangal e tinha morrido envenenado. Ele disse que o rio Ganges ficava perto da casa, e que o Dash Ashwamadh Ghat estava lá. (Ghats são cais onde as pessoas vão banhar-se, e Babu Pandey era o supervisor de um deles). Ele também disse que uma prostituta chamada Bhagwati tinha cantado para Babu.

Jagdish foi levado a Benares, onde todas as suas afirmações acima sobre a personalidade prévia foram verificadas (exceto que Babu Pandey tinha usado automóveis que não lhe pertenciam de fato) e onde ele reconheceu pessoas e lugares. 

Discussão

O caso presente é típico dos casos de crianças que declaram se lembrar de vidas passadas em alguns aspectos e incomum em outros. A idade extremamente precoce quando o indivíduo começa a falar sobre uma vida é a norma destes casos, e nos 1200 casos que foram codificados e entraram na base de dados de nossos computadores, a média de idade é de 32 meses. Similarmente, seu relatório de esquecimento de alguns dos detalhes é bastante comum, e a média de idade para os indivíduos pararem de falar espontaneamente sobre uma vida prévia é de 72 meses. Sua aparente marca de nascença, a qual era consistente com seu relato de ter sido baleado, é também uma característica que é comumente reportada, como observado anteriormente.

Seu caso possui outras características que são incomuns, como a identificação da personalidade prévia que viveu a uma grande distância do sujeito. A distância média entre o sujeito e a personalidade prévia é de 14 km, e somente um punhado de casos envolve uma distância superior a 500 km. O intervalo de cerca de 50 anos entre a morte da personalidade prévia e o nascimento do indivíduo é raro, embora não único. Embora o tempo médio seja de somente 16 meses, tem havido alguns poucos casos com um espaço de tempo similar. Adicionalmente, em casos em que a personalidade prévia não havia sido determinada, o intervalo exato, naturalmente, é desconhecido, a menos que a criança mencione um ano, então talvez existam casos não resolvidos com intervalos de tempo similares que as famílias e investigadores não identificaram como tal. A longa distância e o longo intervalo geralmente tornam a identificação da personalidade prévia muito difícil, como ocorreu neste caso, mas isto também torna as declarações verificadas das crianças mais impressionantes.

Embora o caso de KA seja um dos mais fortes, a revisão de outros casos com registros escritos mostra que não é único, e como os registros escritos demonstraram que os casos não eram criados pelas famílias atribuindo às crianças mais conhecimento sobre a personalidade prévia do que elas de fato detinham, este grupo de casos coloca um sério desafio à hipótese sócio-psicológica para o fenômeno.

Estes casos podem também prover uma indicação indireta da semelhança de que tal processo ocorreu em casos onde os registros escritos não foram feitos antes de a personalidade prévia ser identificada. Schouten & Stevenson (1998) compararam 21 casos da índia e do Sri Lanka nos quais os registros escritos das alegações das crianças foram feitos antes das famílias se encontrarem com 82 casos investigados sem tais registros escritos anteriormente. Eles descobriram que o número médio de afirmações documentadas nos casos com registros escritos era de 25,5, enquanto que o número médio obtido retrospectivamente das famílias nos casos sem os registros escritos era significantemente menor, com 18,5. A percentagem de afirmações corretas era essencialmente a mesma nos dois grupos – 76,7% nos casos com registros escritos e 78,4% nos casos sem registros. Como os autores notam, os resultados indicam que as famílias não criam mais, e mais corretamente, alegações depois do encontro ou pelo menos não ao ponto de elas afetarem os dados de modo significativo. 

No caso de KA, sua família não tinha idéia se uma pessoa correspondendo a sua descrição havia de fato vivido, e foi somente com um grande esforço que JK foi capaz de confirmar a existência de tal pessoa. Isso não somente elimina a possibilidade de informação atribuída falsamente, mas a pesquisa requerida para confirmar as alegações também parece eliminar a possibilidade de que KA de algum modo tenha aprendido sobre a personalidade prévia escutando pessoas falando sobre ele. Isto torna a tarefa de explicar o caso através de meios normais muito difícil. 

Conclusão

A hipótese sócio-psicológica de crédito exagerado tem aparecido para prover o modo mais razoável de explicar através de modos normais muitos dos casos de crianças que alegam lembrar vidas passadas. Ela falha completamente, entretanto, em explicar aqueles em que o documento dos registros escritos prova que a família do indivíduo não creditou as crianças mais informação sobre as personalidades prévias do que elas de fato possuíam. Tais casos, ainda, dão crédito à validade das memórias de vidas passadas das crianças em geral já que eles demonstram que algumas crianças fazem numerosas alegações sobre indivíduos falecidos que mais tarde confirma-se serem exatas, e eles colocam dúvidas significativas na capacidade da hipótese sócio-psicológica de explicar corretamente este fenômeno. 

Agradecimentos 

Os autores gostariam de agradecer a Hande Karadas, que serviu como intérprete para o caso descrito; a Ian Stevenson, que fez várias sugestões úteis para um esboço anterior deste artigo; e a um revisor, Arthur Hastings, cujos comentários contribuíram de forma significativa para este artigo. 

Referências 

Brody, E.B. (1979). Review of Cases of Reicarnation Type. Vol. II. Ten Cases in Sri Lanka by Ian Stevenson. Journal of Nervous and Mental Disease, 167, 769-774.

Haraldsson, E. (1991). Children claiming past-life memories: Four cases in Sri Lanka. Journal of Scientific Exploration, 5, 233-261.

Mills, A. & Lynn, S.J. (2000). Past-life experiences. In Cardeña, E., Lynn, S. J., & Krippner, S. (Eds.), Varieties of Anomalous Experience: Examining the Scientific Evidence (pp. 283-313). American Psychological Association.

Schouten, S.A., & Stevenson, I. (1998). Does the socio-psychological hypothesis explain cases of the reincarnation type? Journal of Nervous and Mental Disease, 186, 504-506.

Stevenson, I. (1960). The evidence for survival from claimed memories of former incarnations. Journal of American Society for Psychical research, 54, 51-71 & 95-117.

Stevenson, I. (1974). Twenty cases Suggestive of reincarnation (2nd rev. ed.). University Press of Virginia.

Stevenson, I. (1975). Cases of the Reincarnation Type. Vol. II Ten Cases in India. University Press of Virginia.

Stevenson, I. (1977). Cases of the Reincarnation Type. Vol. II Ten Cases in Sri Lanka. University Press of Virginia.

Stevenson, I. (2001). Children Who Remember Previous Lives: A Question of Reincarnation (rev.ed.). McFarland & Company.

Stevenson, I., & Samaratne, G. (1988). Three new cases of reincarnation type in Sri Lanka with records made before verification. Journal of Scientific Exploration, 2, 217-238. 

Referência original: Keil HHJ & Tucker JB. Children who claim to remember previous lives: Cases with written records made before the previous personality was identified.  Journal of Scientific Exploration, 19(1):91-101, 2005. 

Artigo traduzido por Vitor Moura Visoni e Julio César de Siqueira Barros.


[1] Os Alevi são um ramo dos muçulmanos que acreditam na reencarnação (assim como também acontece com os Druzos). E que essa crença na reencarnação é uma característica que distingue os Alevi dos demais muçulmanos. (Nota do tradutor Julio César de Siqueira Barros).

[2] Um hoop é o aro de metal que prende as madeiras de um barril; um string é uma corda fina; um string hooper seria uma bandagem que prende um grupo de fios, como um talharim largo prendendo um feixe de macarrões, ou algo assim (Nota do tradutor Julio César de Siqueira Barros).

28 respostas a “O Caso de Kemal Atasoy (2005) – Uma Forte Evidência de Reencarnação? – Parte 1”

  1. Paloma Diz:

    Vitor, vou reproduzir aqui o que eu disse num post anterior, acrescentando algumas coisas, ok?

    Você já reparou que relatos de reencarnação estão sempre associados à realidade do indivíduo que acredita ter encarnado alguém? Explico. No caso estudado por Stevenson, a memória e as narrativas desse menino, por exemplo, estão extremamente associadas à realidade da vida (atual) dele. Por ser um morador de um vilarejo bastante característico e remoto, as referências que ele tem limitam-se ao que ele conhece, à realidade limitada desta criança.
    Ora, será que aquela criança conseguiria evocar uma vida passada na qual ele teria sido, por exemplo, um americano, um francês ou mesmo um brasileiro? Porque, nesses casos, ele precisaria ter recordações de realidades completamente diversas daquele remoto vilarejo oriental. Não sei se você já ouviu falar de falsas memórias. É um mecanismo natural, pelo qual o cérebro se “recorda” de coisas que, na realidade, ouvimos quando crianças e que, por razões ainda não completamente esclarecidas, ficam armazenadas na região cerebral da memória a longo prazo, e a tomamos como coisas verdadeiras. Fiz uma matéria sobre falsas memórias e achei muito interessante os casos que psicólogos e psiqiatras relataram. Não tinham nada a ver com memórias de outras vidas, mas de fatos que as pessoas juravam de pé junto ter ocorrido com elas na infância, mas que foram, na verdade, memórias “plantadas” por alguém ou formadas pela própria criança, com base em fragmentos de relatos que ouviu de algum adulto, alguma cena que assistiu na TV, uma história em quadrinhos… Enfim, memórias que, de fato, não pertenciam a ela. Crianças, em especial as muito novinhas, são fantasiosas, absorvem grandes quantidades de informação mesmo quando estão brincando, e têm pouca percepção do real/imaginário.

    Nesse caso que você apresentou agora, a fórmula se repete. O menino em questão mora na Turquia. Mesmo sem jamais ter ido a Istambul, ele com certeza já ouviu falar da capital. Quando entrevistado, o menino já tem 6 anos, provavelmente, vai à escola, tem acesso à internet etc. Os pais acreditam em reencarnação. Não foram feitos registros de áudio, algo que muito me incomoda. Karakas é um sobrenome extremamente comum na Turquia. Ele acerta sobre a casa de três andares – qualquer foto de conjuntos habitacionais beira mar em Istambul mostra a arquitetura típica local: casas com pelo menos dois andares…

    Estou dizendo essas coisas porque o Biasetto postou um vídeo com uma história incrível de um garotinho, o James, que seria a reencarnação de um soldado morto na Segunda Guerra. Você assiste ao vídeo e se convence da história. Mas o Paulo e eu achamos uma matéria em um site cético (veja, não foi feita pelos céticos, saiu em um jornal e foi reproduzida no site), no qual são apresentadas as evidências de que o menino não era reencarnação coisa nenhuma. O documentário da ABC “deixou passar” diversos detalhes importantíssimos. Por exemplo, o de que o molequinho passou a ter pesadelos com aviões de guerra depois de o pai o levá-lo a um museu de artefatos bélicos, onde havia, em destaque, o avião de guerra que ele dizia pilotar quando morreu. O documentário também “esqueceu” de dizer que o pai comprou vários livros sobre a segunda guerra, e que lia para o menino esses livros. Também “esqueceu” de contar que o avião que o piloto estava quando foi abatido não era o mesmo que o menino dizia pilotar. E que o menino assinava James 3 em seus desenhos porque havia acabado de completar 3 anos de idade, não porque o piloto americano era James Jr. e, provavelmente, o menino seria o James III.
    O que acontece é que o outro lado não costuma ser ouvido nesses casos. Por mais crível seja uma história, quando você investiga a fundo, descobre detalhes que poderiam modificá-la completamente.
    Minha hipótese (usando jargão do método científico, para que fique claro que não estou acusando ninguém sem provas) é: o menino tem contato com múltiplas culturas, pois a Turquia é um país bastante diverso; ele escuta histórias e armazena informações; um dia, fala algo que parece corroborar a crença em reencarnação que os pais têm; empolgados, os pais começam a estimular a criança a falar mais, oferecendo, mesmo que inconscientemente, pistas a respeito…
    Para que eu me convencesse da possibilidade de reencarnação, gostaria de ver um caso (não estudado pelo Stevenson, porque, embora um cara sério, ele claramente era inclinado a acreditar) de uma criança de um vilarejo remoto, sem acesso à internet, que se lembrasse de uma vida anterior em Nova York…
    A minha grande dúvida é: por que essas crianças sempre viveram anteriormente em realidades culturais semelhantes às que elas vivem agora? É fácil se recordar de uma cidade turca quando se é turco. Queria ver aquele menino do caso estudado pelo Stevenson descrever um lugar com metrô, máquina de vender refrigerante, museus, carros modernos…
    Não acho que essas pessoas ajam de má-fé. Mas que acabam inclinadas a acreditar no que querem.

  2. Antonio G. - POA Diz:

    Certíssimo, Paloma. É sempre assim: Mais do mesmo. Mas eles seguirão acreditando que estes relatos constituem provas de que reencarnação existe. Não tem jeito.

  3. Paloma Diz:

    mal comparando (tô brincando, heim, Vitor!), é o mesmo que bater o pé com aquelas fotos dos espíritos-pirulitos…

  4. Paulo-rs Diz:

    Bah, Paloma…tu é tudo de bom, guria! 🙂
    É bem por ai o seu post. Nada misterioso.

  5. Paloma Diz:

    Lição básica do jornalismo: duvide de tudo. Eu levo bem a sério isso 😉

  6. Vitor Diz:

    Oi, Paloma
    comentando especificamente sobre o caso do menino Kemal:
    01 – “Quando entrevistado, o menino já tem 6 anos, provavelmente, vai à escola, tem acesso à internet etc.”
    .
    Mas Paloma, dois fatores fazem descartar essa hipótese:
    a) O menino começou a falar sobre as memórias aos 2 anos e meio de idade. Isso é o que os pais afirmam. Ainda que fosse mentira dos pais – e nada leva a crer que eles estivessem mentindo – isso nos leva ao outro fator:
    b) as informações não estavam disponíveis na internet. Os arquivos haviam sido destruídos num incêndio. As informações só puderam ser confirmadas com um historiador nascido em 1924, que residia a 850 km da criança.
    .
    02 – “Não foram feitos registros de áudio, algo que muito me incomoda.”
    .
    Isso também me incomodou, inclusive escrevi um artigo que foi pulicado com minhas críticas ao caso. Mostrarei na parte 2. Na parte 3 vem a resposta de Tucker ao meu artigo. A explicação dele foi bem satisfatória. Basicamente, que as gravações em áudio geram uma distração, inclusive podendo inibir o sujeito de falar.
    .
    03 – “Os pais começam a estimular a criança a falar mais, oferecendo, mesmo que inconscientemente, pistas a respeito…”
    .
    Nem os pais sabiam a quem a criança se referia. Eles não tinham sequer condições de dar pistas. Por isso o caso é forte. Aliás, eu diria que é muito forte como evidência de reencarnação.
    .
    Sobre um caso de menino que descreva uma máquina de vender refrigerantes, há um que atende ao que voc~e pede, e até supera, no meu entender. Você pediu um que não tivesse sido investigado por Stevenson. Há o caso de Parmod Sharma, que não foi investigado inicialmente por Stevenson, e sim pelo Professor B. L. Atreya, da Universidade de Benares. O menino até explicou como a máquina funcionava. Será que esse caso será suficiente para convencê-la? 🙂 Vou colocar esse caso mais abaixo.

  7. Paloma Diz:

    Talvez, taaaalvez, muiiiiito talvez, kkk!
    O menino começou a falar das memórias aos 2 anos, mas o que exatamente ele dizia aos 2 anos? Digamos que dissesse “eu morei numa casa de 3 andares”, ainda assim não vejo nada demais…
    Não acho que os pais ou o pesquisador estivessem mentindo. Mas é como o caso das cartas psicografadas: a pessoa, quando acredita em algo, inconscientemente omite, exagera, vê coisas onde não existem.
    Mas vamos a esse caso que você falou, estou curiosa 🙂

  8. Vitor Diz:

    Oi, Paloma
    em vez de reproduzir o caso no post, vou colocar o link para o livro em que ele é descrito, ok? Ele é descrito por Stevenson, mas ele consultou o próprio Atreya, e dá a referência para a pesquisa do Atreya. Stevenson re-investigou o caso:

    http://www.4shared.com/get/OfDJ6YuU/Vinte_Casos_Segunda_Edicao.html

    Procure por “Parmod” no word.

  9. Paloma Diz:

    vou ter de abrir em casa, aqui no jornal não consigo baixar nada. Mas hoje à noite eu vejo e comento 😉

  10. André Ribeito Diz:

    Vítor, há tempos, você tem produzido ótimos artigos, mostrando claramente, as pilantragens desta corja de enganadores, mistificadores, que produzem lixo no Brasil, há quase um século. Porém, os últimos artigos, superaram quaisquer expectativas. Parabéns. Você, com a colaboração de alguns internautas, incluindo ótimos debatedores (tem algumas exceções, obviamente), merece o reconhecimento e os louros da vitória. Aos poucos, estas revelações vão sendo divulgadas e, ainda que de forma muito lenta, as pessoas vão abrindo os olhos e começam a virar às costas a esta cambada de malfeitores.
    A reportagem da jornalista Paloma e os artigos das fotos, indicam de forma clara e indiscutível, como existiram e existem pessoas que abusam da fé dos necessitados, do desespero alheio.
    A foto encontrada pelo internauta Jorge, do presidente Kennedy, põe fim a qualquer manobra diversionista e absurda que ainda, algum chiquista em desespero, pudesse tentar.
    Parabéns mais uma vez. Só uma crítica: você procura se basear em pesquisas sérias, e faz isto muito bem, pra defender suas ideias, suas análises e estudos. Só acho que você força um pouco a barra, com estas histórias de crianças que lembram de vidas passadas. Eu não duvido da existência do espírito, muito menos da hipótese da reencarnação, mas estas histórias, também apresentam pontos fracos.
    Um grande abraço!

  11. Vitor Diz:

    Oi, André
    grato pelas palavras. Todas as histórias de crianças possuem seus pontos fracos. Todas. Mas em alguns casos, esses pontos fracos não são suficientes para *destruir* o caso. O caso do menino Kemal, continuo afirmando, é muito robusto. A própria forte identificação de uma criança com uma pessoa falecida é algo não explicado pela Psicologia ou outra ciência.

  12. Antonio G. - POA Diz:

    Vitor:
    Realmente, como alguém disse outro dia, só está faltando uma (só uma já bastaria) prova aceitável de que estes fenômenos são mesmo autênticos para que tenhamos uma revolução grandiosa nos meios científicos, com dias e mais dias de matérias em todas as emissoras de TV, na internet, jornais e revistas do mundo inteiro e a concessão do Prêmio Nobel (entre muitas outras homenagens) àquele que demonstrar cabalmente a existência de espíritos e reencarnações, algo que tantos já sabem ser verdadeiro ( e tantos outros têm certeza de que não é). É incrível como mesmo dispondo de tantos recursos tecnológicos, ninguém consegue sequer uma única prova! Fala-se aqui de PROVA, e não indícios muito discutíveis.
    Será que chegará este dia?
    Sds.

  13. Paulo-rs Diz:

    Concordo plenamente!
    Seria a maior descoberta da humanidade depois do fogo.

  14. Vitor Diz:

    Oi, Antônio
    o problema é que ninguém nunca estabeleceu o que seria uma “prova” de reencarnação. Eu, pessoalmente, penso que se o caso do menino Kemal não “prova” a reencarnação, dificilmente os críticos ficarão satisfeitos com qualquer outro tipo de prova.
    .
    Penso também que, ainda que algumas pessoas não fiquem convencidas com casos como o de Kemal da existência de reencarnação, pelo menos deveriam considerar que esses casos são muito intrigantes e que merecem estudo sério pela comunidade científica, e que não é nada fácil encontrar uma explicação natural para eles. Não que seja impossível, mas muito, muito difícil…

  15. Antonio G. - POA Diz:

    Vitor, concordo que o caso é bastante intrigante. Claro que é! Para mim, qualquer coisa que eu não consiga compreender e explicar, é intrigante. Existem muitos casos curiosos, como o da Dona Ederlazil, por exemplo. Mas o fato de nós não conseguirmos explicar um fenômeno que contraria aquilo que nós temos como “normal” não significa que ele seja autêntico ou prova de alguma coisa. Os grandes prestidigitadores também executam proezas (confessadamente truques) que nós também não conseguimos explicar. E não são fenômenos paranormais. São apenas truques.

  16. Vitor Diz:

    Oi Antonio
    é bem diferente da situação da Dona Ederlazil. Ela não permite investigações. A família do menino consentiu em deixar o investigador fazer o seu trabalho. E o caso do menino possui muitas proteções naturais contra fraude ou outras explicações mundanas – o incêndio que destruiu os arquivos, a enorme distância, pouquíssimas pessoas saberem o histórico da casa, a tenra idade do menino, a forte identificação com uma pessoa falecida que ele exibiu por anos… nem que alguém tentasse fabricar um caso desses conseguiria. É difícil você implantar uma outra personalidade em uma criança. Tem gente que tentou, e as diferenças para esse tipo de caso são várias…por exemplo, trata-se de pessoas famosas (é mais fácil o acesso a informações) e a criança tem mais idade. Na minha opinião, não dá para explicar o caso de Kemal por truque.

  17. Tomé, o crítico Diz:

    Olha o Vítor Moura aí gente…
    http://www.ceticismoaberto.com/ceticismo/7680/resultados-do-concurso-por-que-as-pessoas-acreditam-em-coisas-estranhas

  18. Antonio G. - POA Diz:

    Vitor, eu não quis dizer que o caso Kemal seja um truque. Foi apenas uma analogia para dizer que nem tudo que parece é. Parece ser um caso de reencarnação. Mas não está provado que é. Não é porque assim está narrado que as coisas são necessariamente assim. O que mais temos neste caso são narrativas e especulações. É o suficiente para quem quer acreditar. Mas para quem é cético, faltam provas concretas. E o ônus da prova cabe a quem alega.
    Abraço.

  19. Toffo Diz:

    Eu pessoalmente acho o Vitor Moura um rapaz inteligente e intelectualmente honesto (principalmente), e é por isso que frequento este blog de discussão, porque sei que não vou perder o meu tempo. A respeito dele eu só tenho duas observações (que NÃO são críticas, muito menos construtivas ou destrutivas, nem objeções – são só observações!). Primeiro, não entendi muito bem em que canoa ele bota os pés, porque não me fica muito claro o que ele é, se um espírita cético, um cético espírita, ou o quê, me dá a impressão de que ele bota um pé em cada canoa e isso pode resultar em ele cair de bumbum na água. Segundo, que ele é bastante jovem ainda e a experiência neste mundo vai forjar muita coisa nele. Sei porque sempre fui um indagador e nos meus trinta e poucos eu era bem diferente do que sou hoje. Repito que não é crítica nem objeção, apenas observação.

    Eu também tenho uma experiência pessoal nesse campo. Quando era muito novinho, muito mesmo, porque nem sabia ler nem nada, aí pelos meus 4 anos, eu tinha pesadelos frequentes em que me via numa escadaria de pedra, circular, e eu sabia que estava fugindo. Sabia também que quem me perseguia eram pessoas de rostos cobertos por um véu, tinham olhos pretos, brilhantes e maus e tinham facas na mão. Eu me enfiava em buracos na parede da escadaria para escapar, eram buracos escuros e abafados e cheiravam a fezes. Depois dessa fase, os sonhos desapareceram e nunca mais me lembrei deles. Muitos e muitos anos depois, eu visitei o castelo de Segóvia, na Espanha, e quando descia a escadaria circular de pedra me lembrei imediatamente daqueles sonhos que haviam ficado sepultados na minha memória. Aí imaginei que aqueles homens de olhos escuros e maus, com o rosto coberto e com facas na mão, seriam mouros e eu estaria fugindo deles. Nunca consegui entender direito aquilo, mas não nego que possa ter visto algum desenho animado no cinema ou algum gibi, sei lá, que não me lembrasse. Mas me pegou o fato de que eu “sabia” que estava sendo perseguido e quem me perseguia, embora nunca tivesse ouvido falar de mouros naquela época.

  20. Antonio G. - POA Diz:

    Toffo, eu também teria coisas assim para narrar (mas, não se preocupem, vou poupá-los). Muita gente tem. E é fácil a gente aceitar que trata-se de um indício de memória de outra vida. Principalmente se a idéia lhe facina e você quer acreditar.

  21. Antonio G. - POA Diz:

    Putz… fascina, e não como constou.

  22. Vitor Diz:

    Oi, Antonio
    para provar a reencarnação, no meu entender, basta que seja demonstrado que a criança tinha informações apenas e exclusivamente do falecido que ela alega lembrar e que ela não podia ter acesso a essas informações por meios normais. Isso, no meu entender, a investigação de keil e Tucker demonstrou muito bem. Para mim o caso do menino kemal é o que podemos chamar popularmente de uma prova de reencarnação por isso.

  23. Paloma Diz:

    Hei,

    o Shermer acabou de responder meu email, dizendo que me dá entrevista. Quem quer fazer pergunta pra ele????

  24. Vitor Diz:

    Oi, Paloma. Minha pergunta:
    A parapsicologia é reconhecida como Ciência pela AAAS, a maior associação científica do mundo, desde 1969. Mesmo céticos como Richard Wiseman se dizem parapsicólogos. Você ainda sustenta que a Parapsicologia seja uma pseudo-ciência?

  25. Antonio G. - POA Diz:

    Ótima pergunta! Gostaria de tê-la feito.

  26. Paloma Diz:

    pergunto sim, obrigada!

  27. Antonio G. - POA Diz:

    Paloma, pergunta prá ele se ele acha que o Scur tem jeito!
    Bricadeirinha…

  28. Paloma Diz:

    kkkkk, vai ser a primeira da lista!

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