A face impiedosa de madre Teresa – reportagem da Isto é (2013)
Assim como Chico Xavier, mais um mito de bondade e honestidade cai por terra: Madre Teresa revela-se uma figura hipócrita e fanática. Basta lembrarmos sua frase de que “a AIDS é o justo castigo por um comportamento sexual inadequado” para vermos que ela não regulava bem, ou que de “santa” tinha bem pouco. Um novo estudo canadense revela outras características nada dignas desse “exemplo” de ser humano. Fiquem abaixo com a reportagem da Isto É.
A face impiedosa de madre Teresa
Descaso com os doentes, ligações com ditadores e corruptos, moral dúbia: estudo reúne documentos que mostram um lado pouco nobre da biografia da religiosa que está às portas da canonização
João Loes e Suzana Borin
POLÊMICA
Sinônimo de caridade no séc. XX, Madre Teresa tem sua
obra social contestada por pesquisadores canadenses
Há décadas, Madre Teresa de Calcutá é símbolo das mais elevadas causas humanas. Das centenas de sedes de sua congregação, as “Missionárias da Caridade” espalhadas pelo mundo, surgem relatos do cuidado dado aos pobres, excluídos, órfãos e moribundos. Publicamente, a missionária, que morreu em 1997 aos 87 anos, é mais do que um modelo a ser seguido. Dona de um Prêmio Nobel da Paz, conquistado em 1979, e elogiada por presidentes, papas e personalidade de alto quilate, ela foi beatificada em 2003 e está a caminho da santificação. Uma referência no céu e na terra, portanto. “Mas nem todos veem Madre Teresa e sua história com bons olhos”, revela Geneviève Chénard, pesquisadora em educação da Universidade de Montreal, no Canadá. Co-autora de uma pesquisa inédita que expõe uma face pouco conhecida da religiosa, Geneviève reviu, com dois colegas, 287 documentos sobre a freira e descobriu uma nova Madre Teresa, bem menos elogiável e nobre do que a que já se conhece. “Foi uma surpresa até para mim”, admite a estudiosa, que esperava encontrar críticas mais duras, mas não antecipava a enxurrada de acusações com as quais se deparou.
De acordo com os pesquisadores, as discrepâncias entre a realidade e a biografia heroica da candidata à santa vão da administração das sedes das congregações das Missionárias da Caridade à natureza da fé de Madre Teresa. “Vimos, por exemplo, que a congregação era pouco criteriosa na hora de aceitar doações em dinheiro”, afirma Geneviève. Da análise documental, a impressão que ficou é que, para a organização, dinheiro era dinheiro, independentemente de onde vinha. Seguindo essa lógica, Madre Teresa se associou a ditadores e famosos salafrários que, nas horas vagas, se dedicavam à filantropia. De Jean-Claude Duvalier, por exemplo, ditador do Haiti acusado de corrupção e violação de direitos humanos, ela recebeu não só dinheiro, mas também uma homenagem. Já com James Keating, nebuloso investidor do mercado imobiliário americano de quem obteve patrocínio, a religiosa topou até fazer foto. No auge da arrecadação, estima-se que a congregação tinha o equivalente a R$ 102 milhões em caixa. “E o mais curioso é que, mesmo com tanto dinheiro, as condições dos doentes nas sedes era terrível”, diz Geneviève.
FILOSOFIA
Falta de higiene e de remédios era a política nas congregações da
religiosa, que dizia que o mundo ganhava com o sofrimento dos pobres
Aparentemente, todo o dinheiro arrecadado ia para a expansão das obras e não para a melhoria das condições de atendimento aos doentes nas instituições que já funcionavam. E as condições eram terríveis. Relatos de médicos que fizeram visitas aos centros de tratamento e cuidado geridos pela congregação apontaram, além da falta higiene crônica, ausência de equipamentos básicos para os cuidados prestados e tratadores sem treinamento ou qualificação. Seringas eram lavadas com água fria de torneira e doenças graves eram tratadas com analgésicos simples, como o paracetamol. “Talvez esse descaso fosse parte da ética da religiosa, que via o sofrimento dos outros como algo que os aproximava de Cristo”, diz Geneviève. Em mais de uma ocasião Madre Teresa celebrou a dor como algo que enobrece. “O mundo ganha com esse sofrimento”, chegou a dizer. Curiosamente, quando adoecia, ela não se tratava nos centros geridos por ela, mas sim em hospitais de ponta na Índia e nos Estados Unidos.
Nos documentos levantados pelos canadenses, mais casos dessa ética eletiva são arrolados. Por exemplo, embora dura e inflexível, publicamente, em suas opiniões contra o divórcio, Madre Teresa fez vista grossa para o fim do casamento de Lady Diana, que, mesmo tendo se separado do príncipe Charles, continuou entre as preferidas da religiosa. “Diana foi uma grande patrocinadora das Missionárias da Caridade. Será que é por isso que ela continuou sendo recebida e elogiada?”, diz Geneviève.
Também recaem dúvidas sobre o milagre reconhecido pelo Vaticano, que fez de Madre Teresa beata. Segundo os canadenses, o time de médicos que tratou a miraculada, a indiana Monica Besra, tem explicação científica para a cura do suposto tumor que ela tinha no abdome. Para eles, a massa, na realidade, nunca foi um tumor, mas sim um cisto, e ele desapareceu depois de nove meses de tratamento. “É de se imaginar que o Vaticano já conheça os argumentos contrários à canonização de Madre Teresa”, diz a irmã Célia Cadorin, responsável pelos processos que resultaram na canonização de São Frei Galvão e da Santa Madre Paulina. E se o processo continua correndo, é porque, aos olhos do Vaticano, as virtudes da missionária são mais fortes que seus eventuais deslizes.
Fotos: TEKEE TANWAR; Terry Fincher.Photo Int / Alamy; CORBIS; AP Photo/Bebeto Matthews
Link:
http://www.istoe.com.br/reportagens/305045_A+FACE+IMPIEDOSA+DE+MADRE+TERESA
junho 12th, 2013 às 1:25 PM
Há bastante tempo eu já citei trechos do livro de Christopher Hitchens, aqui e no facebook, denotando com a imagem angelical (só se for anjo decaído) dessa tal madre. O Biasetto deve isso a mim, ele pensava que ela era do bem.
Não estou com tempo para fazer buscas no blog para achar meus comentários, assim, deixo um link para que o próprio Hitchens possa falar o que pensava:
http://www.youtube.com/watch?v=zjB1YlDE4ok
A própria madre mostra quem é realmente, no vídeo.
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Quem quiser todos os detalhes, o livro é The Missionary Position: Mother Teresa In Theory And Practice, de Christopher Hitchens.
Que falta ele faz!
junho 12th, 2013 às 1:25 PM
“Denotando”, não. É “detonando”.
junho 16th, 2013 às 5:45 PM
Parabéns pela postagem Vítor.
A Isto É foi boazinha com ela, uma doida, completamente maluca, que adotava a “clássica ideia” de que “o sofrimento leva à salvação”.
Conheço várias pessoas que pensam o mesmo: querem seguir o exemplo de Jesus.
Simplesmente lamentável!
junho 28th, 2013 às 10:34 AM
Era de se esperar. Não é muito humilde da parte de alguém querer ganhar projeção internacional com suas “obras de caridade”. Mas o mundo SEMPRE será hipócrita.
julho 16th, 2013 às 2:41 AM
Artigo superficial escrito por uma revista cujos editores são consagrados apoiadores da doutrina espírita. O objetivo dos artigos religiosos recorrentes da Isto É é (desculpe o cacófato) desmoralizar o catolicismo e outras religiões cristãs e enaltecer o espiritismo, fato corriqueiro em suas páginas. Waldomiro você, Vitor Moura “DJ” Visoni, utilizar dos expedientes de tal pseudo-revista. Isso mostra que ainda persegue sua insípida vendetta às religiões consagradas, mesmo que custe-lhe a reputação. Inimigo do meu inimigo é meu amigo, mesmo que em apenas em textos selecionados, heim, rapaz? Shame on you, Mr. Vítor Moura “Discovery” Visoni. Pelo menos o artigo não mencionou o ritual de exorcismo que Madre Tereza pediu antes de sua morte. Tal fato poderia ser explorado negativamente, como as situações superficialmente expostas no texto. Pergunto-me o que você, ou o seu fanático ascecla, José Biasetto, que, cheio de ódio aos religiosos, criado por um histórico recalque pessoal e uma recorrente “lavagem cerebral” feita por cultos supostamente “ateus”, juntou-se a você nessa pouco nobre vendetta, pretendem com todo esse barulho e fúria. Vocês se perdem em suas falácias, assim como eu me perco em meus apostos. Patético. Previsível, mas patético.
julho 16th, 2013 às 8:11 AM
Nem parece o Gilberto que eu estou acostumado a ver!
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A reportagem é muito superficial sim. Citei-a como mais um caso de uma personagem endeusada pelo público mas cuja realidade é bem outra… que sirva de exemplo para exercer o pensamento crítico… e as pessoas ainda podem ir atrás da pesquisa dos canadenses…
julho 16th, 2013 às 8:45 PM
Nahhh, Vítor… Sou o mesmo, colocando lenha na fogueira. Estou observando o fenômeno do fanatismo de perto, e fiquei perplexo com a “conversão” do Biasetto ao fanatismo ateu. Vc não é assim, acho eu. Mas eu sou daqueles que desabonam a fonte, sim. Se ela não for confiável, como é o caso da Isto É, eu nem leio.