Algumas Más Formações Corporais Atribuídas a Vidas Anteriores (2005)

Neste artigo o famoso Ian Stevenson e seus associados apresentam cuidadosa evidência de que marcas e defeitos de nascença podem ser fruto de traumas físicos ocasionados em vidas anteriores.

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Agradeço ao Biasetto e ao Arduin pelo pagamento integral da tradução desse artigo, que custou 180 reais.

Journal of Scientific Exploration, Vol. 19, No. 3, pp. 359-383, 2005

Algumas Más Formações Corporais Atribuídas a Vidas Anteriores

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Satwant K. Pasricha

Department of Clinical Psychology, National Institute of Mental Health and Neurosciences, Bangalore, India

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JÜRGEN KEIL

Department of Psychology, University of Tasmania, Hobart, Tasmania, Australia

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Jim B.Tucker e Ian Stevenson

Department of Psychiatric Medicine, Division of Personality Studies, University of Virginia Health System, PO Box 800152, Charlottesville, VA 22908-0152

e-mail: ips6r@virginia.edu  

Resumo — Más formações corpóreas que são estranhamente grandes ou incomuns na forma ou localização ocorrem raramente. Às vezes uma criança jovem que apresenta tal anormalidade fala sobre a vida de um indivíduo morto que sofreu uma ferida que é dita ter correspondido de algum modo à anormalidade. Resolvemos investigar a justificativa para atribuir más formações a feridas em uma pessoa morta em particular. Os casos deste tipo ocorrem freqüentemente na Ásia, mas também em países Ocidentais. O método principal de investigação é uma série de entrevistas com informantes em primeira mão sobre o indivíduo e a pessoa morta relacionada. Relatórios médicos, tais como relatórios post-mortem, são examinados quando disponíveis. Na Parte I nós apresentamos três relatórios de anomalias de pele e resumos de tabulações de cinco casos adicionais. Obtivemos evidência de uma correspondência próxima entre as anomalias de pele e as feridas na pessoa morta em questão, embora a evidência não seja conclusiva. Na Parte II informamos quatro casos de defeitos de nascimento atribuídos a vidas anteriores. Apresentamos e discutimos algumas evidências, mais uma vez não conclusivas, que tendem a apoiar esta atribuição. 

Palavras-chave: anomalias de pele raras — vidas anteriores — defeitos de nascimento — más formações

Introdução

Este artigo informa 12 casos de más formações, a maioria deles raros, em que os informantes atribuíram ferimentos a uma vida anterior. Precedemos os relatórios de caso com um resumo das características típicas de casos de crianças que alegam lembrar-se de vidas anteriores; em seguida descrevemos os métodos através dos quais investigamos os casos.

Características Típicas de Casos de Crianças Que Alegam Vidas Anteriores 

As crianças que falam sobre vidas anteriores normalmente começam a fazê-lo entre as idades de 2 e 4 anos. Em um grupo composto por 458 crianças com essa faixa etária a idade principal para primeiro falar sobre uma vida anterior foi de 37 meses. A maioria das crianças continua a fazer referências à vida anterior até as idades de 6 a 8. Em um grupo de 135 casos a idade média em que os sujeitos deixaram de falar sobre a vida anterior era de 7 anos e meio. O número e o conteúdo das declarações das crianças variam bastante. A maioria das crianças, no entanto, se refere ao modo de morte na vida anterior. Em um grupo de 419 casos, 74% referiu-se ao modo de morte. Mortes violentas figuraram nestes casos muito mais do que nas populações gerais onde ocorrem. Em um grupo de 536 casos a pessoa morta em questão morreu violentamente em 274 (51%) dos casos. (Os dados fornecidos neste parágrafo foram primeiro publicados em Cook et al., 1983; informações sobre algumas características não puderam ser obtidas).

Além do modo de morte, as declarações das crianças tendem a girar em torno dos últimos anos da vida anterior. Muitas crianças comparam essa vida com a “atual”, às vezes com clara preferência pela anterior. Muitas pedem e algumas exigem estarem reunidas com sua família “real”. Comportamentos incomuns na família da criança, mas que estão de acordo com suas declarações são freqüentemente identificados. Por exemplo, muitas das crianças apresentam fobias de pessoas, armas, ou lugares relacionados à morte que elas descrevem. Dentre as 387 crianças que são sujeitos destes casos tais fobias ocorreram em 141 (36%) (Stevenson, 1990). Brincadeiras incomuns ocorrem freqüentemente. Em uma série de 278 casos, 66 (23,7 %) das crianças se empenharam em brincadeiras que eram raras nas suas famílias e não tinham nenhum modelo em membros da família ou outro estímulo normal óbvio. A Brincadeira normalmente repetia, dentro da capacidade da criança, a vocação ou ocupação da pessoa cuja vida a criança alegou lembrar-se (Stevenson, 2000). Algumas crianças apresentam hábitos relacionados à religião ou sexo dessa pessoa, caso estes difiram das vidas da criança e da pessoa morta.

Uma ou mais destas características ocorreram no grupo de casos aqui informados, embora este não inclua um caso do tipo de mudança de sexo, uma característica comumente encontrada nos casos de Myanmar, mas de modo algum em algumas outras culturas, tal como a cultura dos Drusos do Líbano.

As malformações (anomalias de pele ou defeitos substanciais de nascimento) ocorrem freqüentemente nestes casos. Dentre 895 casos de nove países ou culturas diferentes, 309 (35%) dos indivíduos tiveram tal malformação (Stevenson, 1993).

As crianças deste grupo são mais facilmente encontradas em países e culturas com uma tradição de crença em reencarnação, mas elas também são identificadas na Europa (Stevenson, 2003) e América do Norte (Stevenson, 1983) onde tal tradição não existe. Dois dos casos informados aqui ocorreram nos Estados Unidos. 

Métodos de Investigação 

Entrevistas com informantes em primeira mão foram os métodos principais das investigações. Relacionados ao indivíduo do caso, foram entrevistados os pais do indivíduo, os irmãos mais velhos, e outros membros seniores da família. Nós também podíamos entrevistar outros informantes, tais como vizinhos, que se mostraram informantes em primeira mão. Conversávamos com o indivíduo se ele ou ela concordasse em falar conosco. No que se refere à pessoa morta em questão, nós entrevistamos os parentes ainda vivos, tais como o(a) esposo(a), os pais, e os irmãos. Em nossas entrevistas com ambas as famílias, nós tentamos conhecer a base para sua crença de que o indivíduo é a reencarnação da pessoa morta identificada.

Nós não pagamos os informantes pelo tempo que eles nos cedem. Ocasionalmente, reembolsamos um informante se ele perdeu um dia de trabalho ou viajou uma distância considerável para nos encontrar. A maioria dos informantes tem apenas a educação primária da escola.

Em muitos casos a pessoa morta em questão era membro da própria família do indivíduo ou uma pessoa conhecida por seus membros. Nossas entrevistas incluem atenção cuidadosa à possibilidade de que pessoas mais velhas que sejam membros da família do indivíduo ou em contato freqüente com a família do indivíduo tenham de qualquer maneira influenciado o indivíduo a se identificar com a pessoa morta.

Como mencionado, mortes violentas freqüentemente aparecem nestes casos, e nós tentamos obter e copiar quaisquer registros impressos disponíveis sobre tais mortes. Estes incluem relatórios de polícia, registros de hospital, e relatórios post-mortem.

Examinamos e fotografamos as más formações. Anotações e às vezes esboços complementam as fotografias com detalhes sobre a aparência da pele afetada, tal como a cor, a pigmentação, e qualquer elevação ou depressão da área anormal em relação à pele adjacente. Nós também pegamos emprestado ou examinamos quaisquer fotografias relevantes disponibilizadas pela família do indivíduo.

Nós não tivemos um relacionamento médico profissional com os indivíduos destes casos, e, portanto, não nos referimos a eles como pacientes. 

Parte I 

Introdução aos Casos com Anomalias de Pele 

Quase todo mundo tem uma, várias, ou mais numerosas anomalias de pele, sendo que as mais comuns são as áreas de pigmentação aumentada, popularmente chamadas de pintas e chamadas de nevos melanocíticos por dermatologistas. Comparativamente poucas destas anomalias estão presentes no nascimento. Sua incidência em recém-nascidos varia em grupos diferentes de 1% (Castilla et al., 1981; Walton et al., 1976) a 2,4% (Pack & Davis, 1956) e 2,7% (Pratt, 1953). Elas não ocorrem com freqüência igual em toda a pele. Ocorrem muito mais freqüentemente no tronco, nas extremidades superiores, no pescoço, e na cabeça do que nas extremidades mais baixas. Na cabeça, elas quase nunca ocorrem acima da linha do cabelo (Pack et al., 1952).

Pouco é conhecido sobre as causas dos nevos. Um gene particular foi descoberto ser a causa de um tipo, chamado neurofibromatosis, que é caracterizado por múltiplas áreas de pigmentação aumentada. As investigações sugeriram que o número assim como os locais dos nevos podem ser herdados em algumas famílias (Denaro, 1944; Estabrook, 1928). Apesar disso, apenas algumas linhagens mostrando tal herança foram publicadas.

A maioria dos nevos e de outras anomalias de pele são pequenas e menores do que 3 cm de diâmetro. Os pais que notam estas pequenas anormalidades em suas crianças normalmente lhes dão pouca atenção. As maiores, no entanto, estimulam conjecturas sobre a origem de tais anormalidades raras e às vezes desfigurantes. Os pais, e a própria criança quando mais velha, pode ceder à necessidade de achar uma causa para isso.

Em culturas que incluem a crença em reencarnação, os adultos podem atribuir grandes ou raras anomalias de pele a uma ferida ou a outra lesão obtida em uma vida anterior. Em alguns casos, eles identificam uma criança como sendo a reencarnação de uma pessoa morta em particular antes dela ter falado sobre uma vida anterior ou mesmo quando ela nunca fala sobre uma (Keil, 1996). Os sonhos sobre essa pessoa morta, normalmente tidos pela mãe do indivíduo, podem contribuir para a identificação.

Relato de Casos 

O Caso de AL1

AL nasceu em 1983 próximo a Loei no nordeste da Tailândia. Um pouco antes de sua mãe ficar (inesperadamente) grávida dele, ela sonhou com o seu sogro, WL, que disse (no sonho) que desejava renascer como sua criança. WL tinha sido ferido fatalmente em um acidente de carro em 1981, quando tinha 64 anos de idade.

Investigação do caso. Jurgen Keil (J.K.) investigou este caso em 1997. Ele entrevistou AL, seus pais, um tio paterno, o homem que levou WL ao hospital depois que foi ferido, e três membros da família de AL que viram o corpo do WL depois de sua morte.

A pele afetada em AL. A figura 1 mostra a aparência do abdômen de AL alguns dias depois do seu nascimento. Uma área de pigmentação aumentada atravessando o abdômen pode ser vista. As figuras 2 e 3 expõem a aparência anormal da pele em 1997, quando AL tinha 14 anos de idade. O abdômen e o flanco direito do tronco tinham áreas extensas de pele parecendo cicatrizes, sendo que algumas delas ainda tinham pigmentação aumentada. Estas áreas são coerentes com resíduos da cura de áreas extensas de pele pouco desenvolvida (chamadas de cutis de aplasia).

O nascimento e início da vida de AL. A gestação de AL e o nascimento foram normais. Quase imediatamente depois do seu nascimento uma enfermeira que o limpava notou extensas anormalidades na pele do seu abdômen. A pele desta área parecia transparentemente fina, de modo que, disseram os informantes, os órgãos embaixo dela eram discerníveis.

Na infância AL era frágil, e disseram a seus pais que ele tinha uma doença do baço. Ele recebeu transfusões de sangue diversas vezes. Na adolescência, no entanto, ele parecia saudável e robusto.

AL nunca falou sobre uma vida anterior — nem a de WL nem a de qualquer outra pessoa. Uma vez, quando lhe foi mostrada uma fotografia de WL, ele a olhou durante muito tempo, sorrindo, mas nada disse.

As feridas e a morte de WL. No dia de sua morte WL tinha sido encarregado de transportar arroz. Para tanto ele usou uma bicicleta a qual ele tinha unido a um reboque carregado com o arroz. Ele viajava numa rodovia muito movimentada. Repentinamente houve uma perturbação inesperada no trânsito. Uma motocicleta desviou para o lado e bateu no reboque de WL com um impacto que o arremessou da bicicleta e então o arrastou pelo abdômen por vários metros. Um lado do guidão da bicicleta atingiu o seu abdômen, e ele sangrou muito. (Uma testemunha do acidente forneceu a informação contida neste parágrafo).

 

clip_image002Fig. 1.         AL quando criança, com alguns dias de idade, mostrando pigmentação aumentada do abdômen (topo). 

Fig. 2.     Peito inferior e abdômen de AL com 14 anos, mostrando áreas de pigmentação aumentada e aparência de cicatriz (canto inferior esquerdo). 

Fig. 3.     Lado direito de AL com 14 anos de idade, mostrando áreas de pigmentação aumentada e aparência de cicatriz (canto inferior direito). 

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Fig. 4. Nevos na cabeça de NK. Pele enrugada e calva com áreas de aspereza incomum. 

WL foi levado para um hospital, onde morreu quase imediatamente. J.K. não conseguiu obter nenhum registro do hospital, talvez porque não haja nenhum. (WL pode ter sido declarado como “morto ao chegar”, o que pode livrar o hospital de fazer um registro.) J.K. foi capaz de analisar uma ficha na polícia, que culpou o motociclista pelo acidente mas não forneceu nenhum detalhe das feridas de WL.

No hospital, o corpo de WL foi limpo, e as feridas abdominais principais foram costuradas. O corpo, vestido em roupas de WL, então foi enviado para a família dele. Os membros da família, quando viram o corpo, abriram as calças e puderam ver que havia muitos pontos no abdômen.

Comentário. Na ausência de declarações sobre uma vida anterior feitas por AL, a crença de que ele é a reencarnação de WL depende, junto com o sonho em que WL apareceu à mãe do AL, em grande parte da correspondência entre a anormalidade rara da pele de AL e as informações sobre as feridas no corpo de WL. 

O Caso de NK

NK nasceu na aldeia de Kharwa, próximo a Ajmer, Rajastão, Índia em 1982. Ele tinha uma área linear de pele anormal (chamada de nevo epidérmico verrugoso) na área frontal esquerda da cabeça (Figura 4). NK começou a andar e a falar quase ao mesmo tempo, quando tinha um pouco mais de um ano e meio de idade. Quando ele ainda era um bebê e era repreendido, ele ia embora da casa da sua família. Quando perguntado para onde ia, ele respondia: “vou para a minha aldeia”. Quando perguntado onde a sua aldeia era, ele dizia: “sou de Sarnia. Minha esposa se chama Dakho, e o meu filho Madan”. Ele rejeitou o nome que lhe foi dado e disse: “o meu nome é Babu”. Ele falou sobre a vida de Babu até os 5 ou 6 anos de idade. Ele descreveu como Babu tinha sido emboscado por assaltantes que o mataram com um machado para pegar o dinheiro que ele carregava. Os detalhes que ele disse correspondiam à vida e à morte de um homem chamado Babu que foi assassinado em 1978. A família de NK soube do assassinato, mas as duas famílias tornaram-se familiarizadas só depois que a família de Babu tomou conhecimento das declarações de NK.

A investigação do caso. Satwant K. Pasricha (S.K.P.) soube deste caso em maio de 1998 e começou a investigá-lo em dezembro de 1998. Na época S.K.P. entrevistou a mãe de NK; o pai do NK não estava disponível. Ela também entrevistou e examinou NK e entrevistou quatro membros da família de Babu. Com base na informação obtida, ela então foi capaz de estudar um relatório da polícia sobre o assassinato de Babu. Subseqüentemente, o assistente de S.K.P., Ashraf Valli, obteve para nós uma cópia do relatório post-mortem de Babu. Pareceu importante entrevistar o pai de NK. Assim, em 2001, Ian Stevenson (I.S.) e S.K.P. juntos procuraram-no fora de seu local de trabalho em Beawar. Eles também encontraram, entrevistaram e novamente examinaram NK no povoado onde ele estudava.

O nevo de NK. A figura 4 expõe o grande nevo na área esquerda da têmpora/área parietal da cabeça de NK. Em 1998 o nevo tinha 7,5 cm de comprimento e 2 cm de largura. A pele era enrugada e tinha a pigmentação aumentada. Dentro da pele afetada havia duas áreas levemente elevadas de aspereza incomum.

A vida e morte de Babu. Babu foi um homem jovem e casado que viveu na aldeia de Gwadia, onde tinha nascido. Ele possuía uma loja pequena de chá em outra aldeia chamada Sarnia, que fica a aproximadamente 2,5 km de Gwadia. Ele foi assassinado ao retornar de Sarnia a Gwadia. (NK disse que dois homens pararam-no com o pretexto de pedir um fósforo para acender um cigarro.) Os assassinos o golpearam na cabeça e em outra parte com um machado, arrastaram o seu corpo até um poço próximo, e o colocaram no poço, onde ele foi encontrado. Mais tarde dois homens foram detidos pelo crime mas foram absolvidos por falta de evidência. Kharwa (o local de nascimento de NK) fica a 6,5 km de Sarnia.

O relatório post-mortem descreveu três feridas no corpo de Babu. Há uma ferida pequena na mandíbula e uma maior no ombro esquerdo e na raiz do pescoço. Uma terceira ferida incluiu fraturas dos ossos no lado esquerdo do crânio com uma penetração profunda na substância cerebral. Esta foi presumivelmente a ferida fatal, que também correspondeu à área de pele anormal no lado esquerdo da cabeça de NK.

NK não tinha anormalidades que correspondiam aos outros ferimentos citados no relatório post-mortem.

As declarações feitas por NK. Os informantes creditaram NK com 19 declarações sobre a vida e a morte de Babu. Destas, sete recaíam sobre Babu e membros da sua família e todas estavam corretas. Nas outras 12 declarações, NK descreveu como os assaltantes o tinham emboscado e assassinado. Como não havia nenhuma testemunha do assassinato, a maioria dessas declarações eram inverificáveis, mas o relatório de polícia verificou quatro delas. Além disso, os informantes creditaram NK como espontaneamente reconhecendo cinco membros da família de Babu quando eles o encontraram.

A família de NK preocupava-se com a possibilidade de ele fugir do lar. E por isso tentaram reprimi-lo quando ele falava sobre a vida de Babu, e chegaram até a bater nele por tocar neste assunto.

Comentário. Este caso tem duas características raras. Primeira, o indivíduo fez mais declarações do a maioria dos indivíduos destes casos normalmente fazem, e todas as declarações verificáveis estavam corretas. Segunda, um relatório post-mortem estava disponível, e mostrou uma correspondência próxima entre a anomalia de pele do indivíduo e uma ferida fatal na pessoa cuja vida o indivíduo alegou lembrar-se. 

O Caso de PM

PM nasceu de pais americanos na região centro-oeste dos Estados Unidos em 1992. Sua mãe, assim que o viu pela primeira vez depois do seu nascimento, acreditou que ele era o seu filho que havia morrido anteriormente e que tinha voltado para ela. (Embora formalmente uma cristã, ela acreditava em reencarnação.) Esse filho, KC, tinha morrido em 1980 de complicações de neuroblastoma, um tipo de câncer que afeta principalmente crianças jovens. Ele tinha menos de 2 anos. A mãe de PM depois se divorciou, casou-se novamente, e deu à luz três outras crianças, uma filha e dois filhos. A sua convicção de que PM era KC renascido tornou-se mais forte quando, logo depois do nascimento de PM, ela notou uma linha escura no seu pescoço, uma opacidade do seu olho esquerdo, e um inchaço no couro cabeludo acima de sua orelha direita. Estas características correspondiam às lesões que KC teve antes dele morrer. PM também mancava quando começou a andar, como KC tinha feito. Quando ele tinha aproximadamente 4 anos de idade PM fez várias declarações sugestivas de memórias de acontecimentos da vida de KC.

A investigação do caso. Jim Tucker (J.T.) e I.S. souberam deste caso em 1998, e logo depois visitaram a família. Eles examinaram PM e os registros obtidos de seus exames oftalmológicos. Entrevistaram a mãe de PM, o pai, a tia materna, e o padrasto de KC; e obtiveram cópias de registros médicos de KC num hospital terciário de tratamentos. Em 2000 voltaram a visitar a família para mais entrevistas e para observar o desenvolvimento posterior de PM.

As anormalidades de PM. PM tinha uma marca escura e inclinada na superfície frontal inferior direita do pescoço (Figura 5). Esta marca parecia ser a abertura de uma cavidade pequena, e a mãe de PM disse que essa abertura havia gotejado uma vez. Há um inchaço arredondado de aproximadamente 1 cm de diâmetro acima da sua orelha direita. Por volta de 1998 (quando PM tinha 6 anos de idade) o que uma vez tinha sido uma área de opacidade do olho esquerdo tinha diminuído, mas alguma opacidade permaneceu. O olho esquerdo também mostrou desigualdade nos seus músculos (esotropia). Sua capacidade visual, impossível de se medir exatamente, não era maior do que 20/200. Observou-se também que PM mancava quando andava, como se dispensasse sua perna esquerda, e sua mãe disse que ele tinha feito isto desde que começou a andar.

Doença e morte de KC. KC nasceu no início de 1978. E tinha uma saúde boa até que, na idade de aproximadamente 16 meses, ele começou a mancar. Depois que caiu um dia, um exame médico mostrou uma fratura patológica da tíbia esquerda. Em outubro de 1979, ele deu entrada em um hospital terciário de tratamento, onde exames radiológicos e biópsias da medula óssea e um inchaço acima da sua orelha direita mostrou que ele tinha um neuroblastoma e que este tinha se espalhado. O seu olho esquerdo estava saltado e e pareceu ter sangrado levemente. Um tubo intravenoso foi colocado numa veia no lado direito do seu pescoço. KC então começou uma terapia de radiação e quimioterapia. Foi liberado em novembro mas admitido de novo alguns meses mais tarde, em abril de 1980. Ele então apresentou várias áreas afetadas da boca e alguma delas estavam sangrando. Ele havia ficado cego do olho esquerdo. Foi liberado alguns dias depois de sua admissão e morreu em casa 2 dias mais tarde. Não houve nenhuma autópsia, mas obtivemos registros médicos que confirmaram completamente a história contada pela mãe de PM e que fornecem as demais informações apresentadas aqui.

                                                                                                                                  

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Fig. 5. Anomalia na superfície frontal inferior do pescoço de PM, indicado pela flecha. 

As declarações feitas por PM. Com aproximadamente 4 anos de idade, PM fez declarações referentes à vida de KC. Ele comentou que queria retornar ao lar anterior da família, dando uma descrição exata do local, e então contou a sua mãe que ele a havia deixado lá. Ele também descreveu a cirurgia no couro cabeludo onde KC tinha sofrido uma biópsia. Quando lhe mostraram uma foto de KC, ele disse que era ele na foto. Ele fez estas declarações a sua mãe. Outros membros da família que entrevistamos não puderam se lembrar de nenhuma declaração específica que PM tenha feito sobre a vida de KC em sua presença.

O comportamento incomum de PM. Em duas ocasiões diferentes nós passamos várias horas com PM e sua família. Observamos que ele gostava de ficar com sua mãe mais do que as outras crianças da família. Devemos observar, no entanto, que a mão dele disse que ela era mais solícita com ele do que com suas outras crianças.

Comentário. Este caso levanta a seguinte pergunta: até que ponto o desejo da mãe de PM de que KC retornasse poderia ter influenciado o desenvolvimento de PM? Ela pode ter interpretado erroneamente suas declarações sobre a vida de KC ou até mesmo tê-lo induzindo a fazê-las. Que ela o pudesse ter influenciado a mancar parece duvidoso. As correspondências entre a marca escura no pescoço de PM, o inchaço acima da sua orelha direita, e a opacidade do seu olho esquerdo com as anormalidades identificadas em KC (a colocação intravenosa no pescoço, o inchaço do couro cabeludo da biópsia, e o olho esquerdo cego, respectivamente) parecem exigir alguma explicação além do acaso.

A Tabela 1 resume as principais características de cinco casos adicionais que investigamos.

Discussão da Parte I 

As anomalias de pele em seis dos oito indivíduos são incomumente grandes ou incomumente longas. Os leitores podem perguntar quão comuns tais anomalias da pele são. Numa pesquisa de mais de 500.000 crianças, Castilla et al. (1981) acharam uma incidência de um nevo pigmentado gigante (definido como tendo 10 cm ou mais de diâmetro) de 1 em 20.455 recém-nascidos. Portanto, as anomalias dos nossos indivíduos não são corriqueiras.

As anomalias de pele nos outros dois indivíduos tiveram características raras. As duas em ND (anotadas na Tabela 1) estavam em locais um tanto incomuns e correspondiam em tamanho à ferida de bala de entrada e de saída. A diferença em seus tamanhos corresponde ao fato de que as feridas de saída de balas são quase sempre maiores do que as feridas de entrada (Fatteh, 1976; Simpson & Knight, 1947/1985). A principal anormalidade em PM (no seu pescoço) tinha a aparência de uma abertura pequena; além disso, esta e três outras anormalidades em PM corresponderam aos ferimentos ou a outras anormalidades em KC que foram verificadas através de registros médicos.

Embora sejam raras, as anomalias de pele grandes ou incomuns ocorrem, e são freqüentemente ilustradas por textos de dermatologia. Por exemplo, Freedberg et al. (1999), Habif (1996), Solomon & Esterly (1973), e Soter e Baden (1991), todos publicaram ilustrações do que os dermatologistas chamariam de grandes nevos melanocíticos. Freedberg et al. (1999) e Rassner (1994) publicaram ilustrações de nevos grandes de pele áspera. Os autores destes textos pouco têm a dizer sobre a causa de tais anormalidades além de comentários sobre a ocorrência ou ausência de um histórico relevante na família e outras anormalidades congênitas concomitantes.

Todavia, nós estamos menos preocupados com o tamanho incomum ou com a aparência das anomalias de pele do que com o fenômeno de sua atribuição a uma vida anterior. Isto nos leva à seguinte pergunta: as anomalias que nós informamos realmente correspondem proximamente às feridas ou lesões das pessoas mortas? Neste ponto confrontamos uma fraqueza no testemunho. Com exceção de dois casos para os quais obtivemos relatórios médicos, o nosso julgamento sobre a correspondência entre as anomalias e as feridas que lhes foram atribuídas depende de testemunho oral. Além disso, quase todos os informantes para as feridas relevantes numa pessoa morta já tinham visto ou aprendido sobre a anomalia ou anomalias do indivíduo. Em culturas com uma crença na reencarnação, informantes podem tender a harmonizar suas memórias das feridas com seu conhecimento das anomalias de pele. Mesmo supondo que isto possa ter acontecido, ainda temos que explicar a ocorrência das anomalias de pele em si.

As declarações da maioria das crianças que alega a identidade da pessoa morta em questão também necessitam de explicação. Nós não temos nenhuma razão para acreditar que os adultos os treinaram a fazer estas declarações. Embora as crianças pudessem assimilar informações sobre a pessoa morta sem estarem cientes ou sem que os pais estivessem cientes de que agiam dessa maneira, esta suposição leva a outra pergunta: por que uma criança desejaria assumir outra identidade? Não é de surpreender, portanto, que informantes para estes casos normalmente pensem que a reencarnação é a melhor explicação para eles.

Explorar os pensamentos que pais ou pacientes têm sobre a possível causa de uma anomalia de pele pode ser útil em todos os casos de anomalias de pele grandes ou incomuns ou ainda defeitos de nascimento. Como o caso de PM indica, crenças que são relacionadas a uma vida passada podem ocorrer mesmo em culturas sem uma crença generalizada da reencarnação.


TABELA 1

Sumário das Informações Sobre Cinco Casos Adicionais de Anomalias Incomuns de Pele

Indivíduo

Sexo

País

Local da Anomalia

Tamanho da Anomalia

Características

Correspondendo a

Relacionamento entre o indivíduo e a pessoa morta

Indivíduo falou sobre a vida da pessoa morta

Comentário

Más Formações e Vidas anteriores

WK

F

Burma

Atrás do pescoço

8 cm de comprimento e 3 cm de largura

Fluxo anormal de sangue (hiperemia); alguns inchaços com pele áspera e pigmentação aumentada

Ferimento fatal de faca atrás do pescoço

Nenhum

Sim

Caso de mudança de sexo

KSL

M

Burma

Peito e braço direito

Sinais irregulares e extensos na área do peito 15 cm por 6 cm;

Aspecto de toda a superfície lateral do braço direito

Hiperpigmentação

Feridas fatais quando o corpo foi arrastado sobre pedregulhos e trilhos da estrada de ferro

Pessoa morta era um empregado do pai do indivíduo

Sim

 

PND

F

Turquia

a) Embaixo do queixo

b) No alto da cabeça

a) Arredondada 0,7 cm

b) Arredondada 2 cm por 5 cm

a) Hiperpigmentação

b) Hipopigmentação

Feridas de entrada e saída da bala

Nenhum

Sim

 

OG

F

Turquia

Frente do pescoço

12 cm por 6-7 cm

Hiperpigmentação; crescimento de cabelo anormal

Estrangulamento

Nenhum

Sim

As duas famílias eram de religiões diferentes

SM

F

Turquia

Pescoço

Área linear atravessando toda a frente do pescoço

Fluxo anormal de sangue (hiperemia)

Corte fatal da garganta

Nenhum, mas dois familiares eram vizinhos

Sim

 


Parte II 

Introdução aos Casos com Defeitos de Nascimento 

As causas de muitos defeitos de nascimento permanecem desconhecidas. Em grandes grupos deles, quando causas conhecidas tais como teratogenes químicos (p.ex., talidomida), infecções virais, e fatores genéticos são excluídos, até 43% (Nelson & Holmes, 1989) e mesmo 65%-70% (Wilson, 1973) foram designados à categoria de “causas desconhecidas.” As crianças que alegam lembrar-se de uma vida anterior às vezes têm defeitos de nascimento que seus pais e às vezes as próprias crianças atribuem a feridas naquela vida. Alguns defeitos de nascimento nestes casos são de tipos raros e não se adaptam aos “padrões reconhecíveis de más formações humanas” (Smith, 1982). Dois de nós publicamos relatórios de casos com defeitos de nascimento semelhantes a alguns desses aqui informados, tais como a ausência ou encurtamento de parte do membro ou dele como um todo (ectrodactilia, braquidactilia, e hemimelia) (Pasricha, 1998; Stevenson, 1997). 

Relatório de Casos 

O Caso de IA

IA nasceu no pequeno povoado de Kanoi em Uttar Pradesh, Índia, em novembro de 1982. Seus pais eram muçulmanos bem-educados do ramo sunita. Seu pai era um empregado do governo de nível médio. A gravidez da mãe de IA não foi comum, porque seu pai foi assassinado (tiro nas costas) quando ela estava em seu sexto mês. A gestação não obstante foi normal, exceto pelo fato de que o nascimento de IA foi pós-maturo.

Quase imediatamente após o nascimento do IA, sua mãe observou que ele tinha más formações severas nos dedos das mãos e dos pés (Figuras 6-8). Durante sua infância estes às vezes sangravam e apresentavam infecções. Um dedo de uma das mãos ficava tão freqüentemente infeccionado que seus pais tiveram que amputá-lo. Nenhum outro membro da família teve más formações como essas apresentadas por IA. Não há também nenhuma história de nenhuma outra má formação nas famílias de ambos os pais de IA.

Quando IA começou a falar ele disse que era de um lugar chamado Dapta Balia, e ele descreveu sua vida e morte neste lugar. Ele disse que tinha sido um dacoit, como bandidos são chamados na Índia, e que os próprios membros do bando o tinham torturado e assassinado.

A investigação do caso. Os bisavós maternos de IA viveram numa aldeia descrita como “próxima” de Dapta Balia. A uma distância de cerca de 20 km de distância. Depois de tomar conhecimento das declarações de IA, o seu avô materno foi a Dapta Balia, onde ouviu falar de um dacoit que havia sido morto na região. No entanto, ele não obteve nenhum detalhe particular que nós pudéssemos considerar como sendo uma verificação adequada do que IA tinha dito.

A primeira vez que ouvimos falar sobre este caso foi em novembro de 1998. Em dezembro de 1998, S.K.P. foi a Kasganj (outro povoado pequeno de Uttar Pradesh) onde a família então vivia. Ela entrevistou longamente os pais de IA, sua irmã (5 anos mais velha que IA), e um amigo de IA (que o tinha conhecido por aproximadamente 2 anos).

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Fig. 6. Severas más formações dos dedos da mão de IA (topo). 

Fig. 7. Severas más formações de dedos da mão de IA (abaixo).clip_image010

Fig. 8. Severas más formações dos dedos do pé de IA. 

Em dezembro de 2000, S.K.P e I.S. encontraram os pais do IA outra vez. Nesta ocasião sua mãe foi a informante principal. IA não estava presente desta vez. Como I.S. desejava examinar suas más formações, ele e S.K.P retornaram à família outra vez em dezembro de 2000. Nestas visitas posteriores nós não obtivemos nenhuma informação adicional sobre declarações feitas por IA nem sobre o seu comportamento. Nesse ínterim, S.K.P tinha enviado seu Assistente de Pesquisa, Ashraf Valli, para fazer perguntas em Dapta Balia e nas aldeias adjacentes. Ele consultou um número de pessoas idosas e procurou os registros da delegacia local. No final do século 20 esta era uma parte de Uttar Pradesh onde não havia lei. Ashraf Valli soube de vários dacoits que tinham sido ativos na área antes de 1980. Alguns tinham morrido de mortes naturais, e outros foram mortos pela polícia ou aldeãos zangados. Uma possível exceção a estas duas situações foi um dacoit chamado Jagan. Um informante pensou que os membros do seu bando o tivessem assassinado. Jagan não era de Dapta Balia, mas sim de outra aldeia que ficava a 1 km de distância. Decidimos investigar sua história mais a fundo. Em março de 2001, S.K.P. e I.S. foram à área de Dapta Balia e entrevistaram o irmão de Jagan e alguns outros aldeãos mais velhos. Soubemos que Jagan de fato tinha sido um dacoit, mas que foi morto por aldeãos. Em resumo, as declarações de IA não foram verificadas.

As declarações feitas por IA. Quando IA tinha aproximadamente 2 anos, ele saiu de casa e seguiu rumo à estrada. Sua mãe o alcançou e perguntou aonde ele ia. Ele disse que ia para casa onde “sua” mãe e filhas viviam. Sua mãe protestou que ela era a sua mãe. IA então explicou que ele era de Dapta Balia, onde a “sua” família vivia. Ele descreveu detalhadamente o caminho para Dapta Balia, que é uma aldeia (aliás, duas aldeias gêmeas próximas uma da outra) a aproximadamente 95 km de Kanoi. Ele disse ainda que havia sido o líder de um bando de dacoits e descreveu como ele e o seu bando tinham saqueado uma aldeia e à noite concordaram em dividir o que roubaram no dia seguinte. Normalmente o líder de um bando de dacoits recebe metade do que foi saqueado, sendo que a outra metade é compartilhada pelos outros membros do bando. IA disse que os outros membros de seu bando suspeitaram que ele (isto é, a pessoa cuja vida ele se lembrava) os estaria enganando na divisão do que foi roubado. Eles então o amarraram, torturaram, cortaram os seus dedos das mãos e dos pés com uma faca grande, sufocaram-no, e o deixaram morrer.

IA falou freqüentemente sobre a vida que ele disse se lembrar até a idade de aproximadamente 6 anos. Depois falou menos, mas aos 16 anos de idade ele disse que ainda podia se lembrar de alguns detalhes da vida anterior.

O comportamento incomum de IA. No início de sua infância IA ficava muito preocupado com a necessidade de ter “suas” filhas casadas. (A grande despesa e complexidade dos dotes tornam o casamento das filhas uma questão de muito mais importância para os pais na Índia do que na maioria dos outros países.) Um segundo motivo para o seu desejo de ir a Dapta Balia era o de recuperar o tesouro roubado que ele alegou ter enterrado lá e que ele havia confessado a um amigo que seria o suficiente para durar a vida inteira. Ele ameaçou ir a Dapta Balia e por diversas vezes saiu da casa onde morava para fazer isso. Ele se considerava hindu, um hindu de casta claramente alta e recusou-se a comer carne e a praticar o namaz (orações muçulmanas) até completar os 8 anos de idade. Ele reclamava por fazer parte de uma família muçulmana, e até o final da infância ele não se unia aos outros membros da família em seu mês anual de jejum (Ramadan). Por outro lado, ele nunca perdeu uma oportunidade de participar das festividades Hindus.

IA disse que se lembrou dos nomes dos membros do bando que o tinham assassinado na vida anterior, e ameaçou vingar-se deles. Quando tinha 3 a 4 anos de idade, ele brincou de ser um dacoit, imitando um revólver com um ramo de uma árvore e organizando seus companheiros num bando do qual ele era o líder.

IA às vezes mostrou arrependimento por matar tantas pessoas em sua atividade como um dacoit. No entanto, ele não considerou as más formações das suas mãos e pés como um castigo pelos assassinatos.

A atitude da família de IA em relação às suas declarações e comportamento. Os muçulmanos sunitas não acreditam em reencarnação. A família de IA nunca tinha ouvido falar de uma criança que alegasse lembrar uma vida anterior. No entanto, a familiaridade de IA com a geografia da área em torno de Dapta Balia e de como ir até lá partindo de onde a família vivia surpreendeu-os como sendo muito além do seu conhecimento normal.

Eles, no entanto, não aprovaram a rejeição inicial de IA do Islã e suas ameaças de ir embora ou de tentar fazê-lo. Suas atitudes para com ele melhoraram já que, no fim da infância, ele se adaptou às crenças e práticas muçulmanas. Podemos estar certos, no entanto, de que eles nunca incentivaram a alegação de IA de ele ter sido um ladrão hindu em uma vida anterior. Eles cooperaram plenamente com a nossa investigação.

Os defeitos de nascimento de IA. As Figuras 6 e 7 mostram as más formações graves das mãos de IA. Nós acreditamos que o dedo anelar da mão direita era o mais suscetível à infecção, tendo sido amputado cirurgicamente. Os dedos restantes são mostrados: o dedo do meio tem um anel de constrição. Os dedos da mão esquerda são extremamente deformados ou ausentes; o dedo anelar rudimentar desta mão tem um anel de constrição. A Figura 8 mostra más formações graves de vários dedos. Vários deles possuem anéis de constrição.

Comentário. Embora as declarações de IA permaneçam não verificadas, pedimos que os leitores vejam o caso como um todo. As más formações não são sua única característica, embora as sangrentas e repetidas infecções dos dedos tenham originado ferida recentes; nós não encontramos esta característica na literatura de anomalias congênitas da mão.

As más formações exigem alguma explicação, assim como o comportamento incomum de IA. Como, por exemplo, o comportamento que registramos: a rejeição a sua família e o interesse de retornar — como via sua situação — a Dapta Balia para recuperar o tesouro que havia enterrado e casar suas filhas. Podemos considerar estas atitudes como expressões de fantasias infantis. Nós não podemos, no entanto, dizer o mesmo sobre a sua rejeição do Islã e sua forte preferência pelo Hinduísmo.

Os anéis de constrição (ou faixas) não são somente uma curiosidade da gravidez. Eles às vezes são associados ao desprendimento de membros (amputações uterinas) e estrangulamento do cordão umbilical, que pode ser fatal ao feto. Torpin (1968) calculou a incidência de anéis de constrição (ou faixas) entre 1 em 5.000 e 1 em 15.000 nascimentos vivos. Ele não declarou a base para sua estimativa. Contudo, este resultado corresponde aos resultados de pesquisas. Mastroiacovo e Calabro (1980), de uma pesquisa de 160.000 nascimentos na Itália, acharam uma incidência de 1 em 14.500 nascimentos. Em outra pesquisa Baker e Rudolph (1971) acharam uma incidência de 1 em aproximadamente 10.000 nascimentos.

Os peritos debateram extensamente a causa dos anéis de constrição. Torpin (1968) foi um dos primeiros investigadores a atribuir amputações uterinas a rupturas e emaranhamentos das faixas amnióticas. As faixas amnióticas foram observadas em muitos casos, às vezes durante a gravidez (Pedersen & Thomson, 2001; Schwarzler et al., 1998). A frase “síndrome da faixa amniótica” se aplica apropriadamente a estes casos.

As faixas amnióticas, no entanto, não podem explicar todos os casos de anéis de constrição. Elas não podem, por exemplo, explicar os casos de gêmeos monozigóticos que apresentam um âmnion (um saco adjacente dentro do útero) que, por sua vez, afeta apenas um dos gêmeos (Lockwood et al., 1988). As faixas ou anéis podem surgir de uma falha do desenvolvimento embrionário (Abbe, 1916; Streeter, 1930). De acordo com esta explicação a aparência de uma “faixa” ou mesmo de um “anel” pode ser ilusória; há simplesmente uma inibição do desenvolvimento normal dos locais afetados. A frase “síndrome de anel de constrição” pode ser apropriada até que um maior entendimento dos casos sem envolvimento do âmnion ocorra (Al-Qattan, 2000; Kohler, 1962; Moerman, et al., 1992).

Em alguns casos publicados em outro artigo, nós encontramos evidência de uma correspondência na localização entre os anéis de constrição no indivíduo e as feridas na pessoa morta em questão (Stevenson, 1997). Nós não oferecemos nenhuma evidência desse tipo para o caso de IA. Permanece possível, no entanto, que o corte fatal dos dedos descrito por IA tenha, de algum modo, influenciado o seu desenvolvimento embrionário. 

O Caso de NS

NS nasceu em maio de 1981 numa aldeia do Distrito de Etah, Uttar Pradesh, Índia. Seu pai era fazendeiro de modestas posses. Alguns dias depois do nascimento de NS, sua mãe observou que ele não tinha nenhum músculo em um lado do seu peito (Figura 9). Ele também tinha uma área pequena de pigmentação aumentada dentro da parte defeituosa do peito direito. (Nós não sabemos se os pais de NS tinham notado esta marca de nascimento antes de ele próprio ter chamado a atenção para ela).

Quando NS estava começando a falar, ele notou um homem de uma aldeia próxima, Millawali, e chamou por ele. Ele reconheceu este homem e de algum modo o convenceu de que ele (NS) se chamava Mulayam e tinha vivido em Millawali. O homem que ele pareceu reconhecer informou as pessoas de Millawali sobre o que NS tinha dito. Os aldeãos locais, incluindo as crianças de Mulayam, então vieram ver NS, que parece tê-los satisfeitos sobre o seu conhecimento da vida e morte de Mulayam. Ele descreveu o assassinato do Mulayam em detalhes.

A investigação do caso. Soubemos deste caso em dezembro de 2001, e nesse mesmo mês S.K.P. foi à aldeia de NS e o entrevistou, assim como entrevistou o pai dele. Alguns aldeãos curiosos adicionaram mais informações. Na época, a mãe de NS não estava na aldeia. Em setembro de 2002, S.K.P e I.S. foram à aldeia de NS onde conversamos mais ainda com ele e com seu pai. Nós também entrevistamos a mãe dele. Em seguida nós fomos a Millawali onde tivemos uma entrevista não-satisfatória com o filho de Mulayam e uma mais útil com o líder dessa aldeia. Fomos a várias delegacias da área na esperança de obter algum registro comprovando a morte de Mulayam. Não obtivemos nenhuma informação desta maneira, talvez em função de mudanças no quadro de funcionários. De acordo com o próprio NS, o corpo de Mulayam foi jogado em um canal do qual presume-se que nunca foi recuperado. Mulayam era um criminoso, e é possível que o seu desaparecimento não tenha sido informado.

As declarações feitas por NS. No meio da infância, quase todos os indivíduos destes casos esquecem as memórias de uma vida anterior que eles parecem ter no início da infância. NS, na época com um pouco mais de 20 anos alegava lembrar-se de sua vida anterior tanto quanto o fez antes, quando era criança. Seu pai escutou calmamente o que NS nos contou sobre a vida e morte de Mulayam, e nós podemos considerar que ele consentia a narração do filho. Devemos observar, no entanto, que a essa altura NS poderia ter aprendido normalmente alguma ou muita coisa do que ele nos contou sobre Mulayam.

 

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Fig. 9.     Completa ausência do principal músculo no lado direito do peito do NS. A flecha indica a área de pigmentação aumentada no peito direito. 

NS disse que ele, assim como Mulayam, tinha sido um informante da polícia. Ele também tinha se empenhado em ajudar aldeãos em suas transações oficiais com a polícia. Ele cobrava os aldeãos para ajudá-los e dava metade de sua taxa à polícia. Alguns companheiros inicialmente trabalharam com ele como sócios neste sistema de suborno. Depois de um tempo ele descobriu que seus companheiros estavam ativos no esquema independentemente dele e compartilhando menos com a polícia do que ele. Ele contou à polícia o que estava acontecendo, e os policiais espancaram os seus companheiros. Como resultado, seus companheiros deixaram de ser seus amigos e passaram a ser seus inimigos. Eles induziram Mulayam a acompanhá-los em resposta a um novo pedido pela ajuda deles. Então o capturaram e mataram. Um de seus assassinos o golpeou fortemente no peito com o joelho. (Ao descrever o ocorrido, NS disse: “Ele quebrou o meu peito com o joelho”). O mesmo homem atirou nele, também no peito. Quando perguntaram onde a bala o tinha atingido, NS apontou para a área de pigmentação aumentada no seu peito direito (Figura 9). Os assassinos então jogaram o corpo de Mulayam em um canal de irrigação. NS citou este detalhe como sendo a última memória da vida anterior.

Comportamento relevante de NS. No início de sua infância NS tinha medo de imergir em água. Este medo durou até quando ele tinha entre 14 e 15 anos de idade. Na infância NS roubava alimento de sua própria família, e ele roubou dinheiro de seu pai pelo menos uma vez. Ele parou de roubar quando tinha aproximadamente12 anos de idade. As outras cinco crianças da família não roubavam. NS falava que iria se vingar dos assassinos de Mulayam até quando ele tinha 8 a 10 anos de idade.

Informação independente sobre Mulayam. Além de NS, obtivemos alguns detalhes sobre Mulayam através de outros informantes. Mulayam costumava passar pela aldeia de NS no caminho para Etah, o Povoado do Distrito. O avô de NS sabia que ele tinha a reputação de criminoso e advertia seus filhos para permanecerem longe dele. NS reconheceu ao menos duas pessoas de Millawali que passaram pela sua casa. Isso é, as reconheceu como pessoas conhecidas por Mulayam. Além disso, alguns membros da família de Mulayam vieram visitar NS e aceitaram a sua alegação de que ele era Mulayam renascido. A mãe de NS disse a alguns membros da família de Mulayam que desejava adotá-lo, mas a família de NS recusou esta proposta. O líder de Millawali lembrou-se da morte do Mulayam como tendo ocorrido em aproximadamente 1987-88. (Esta informação pode estar incorreta, já que os aldeãos indianos às vezes se enganam em relação às datas.) Ele tinha ouvido NS falar sobre a vida de Mulayam quando ainda era uma criança e nos contou que o que ele (NS) disse sobre Mulayam tinha sido “contado corretamente”.

Os defeitos e marcas de nascimento de NS. A figura 9 mostra que NS tinha uma ausência completa do músculo principal (pectoralis principal) no lado direito do peito. Por outro lado, o seu braço direito e mão direita eram normais. Nenhum outro membro da família tinha um defeito semelhante. A área de pigmentação aumentada no peito direito está no local onde, de acordo com NS, Mulayam foi baleado por um de seus assassinos.

Comentário. A ausência do músculo principal na região frontal do peito normalmente é acompanhada pelo desenvolvimento diminuído do braço (freqüentemente com uma membrana entre os dedos) do lado afetado. A combinação então é descrita como Seqüência de Polônia, assim chamada em homenagem ao médico que a descreveu pela primeira vez (Poland, 1841). Um fator genético foi considerado em alguns casos (Smith, 1982) mas Flatt (1977) não encontrou nenhuma evidência de incidência familiar numa série de 43 pacientes. Nós não tomamos conhecimento de evidências ou conjecturas sugerindo outros fatores causais.

Smith (1982) calculou a incidência da Seqüência de Polônia plena como 1 em 20.000. Nós não encontramos nenhum dado para a incidência de ausência unilateral do músculo principal do peito sem outras anomalias congênitas, tal como o subdesenvolvimento do braço no lado afetado.

Como mencionado, a nossa evidência independente sobre a vida anterior que NS alegou ter vivido consiste no conhecimento de que existiu um homem chamado Mulayam na aldeia de Millawali, que era conhecido por ser um criminoso, e que foi dito “ter desaparecido”. Não temos nenhuma evidência direta de que Mulayam teve o seu peito fraturado e de que tenha sido baleado no peito antes de morrer. A sugestão de uma correspondência entre os ferimentos em Mulayam e as anormalidades congênitas de NS deriva, portanto, da alegação de NS que afirma lembrar-se de como Mulayam foi morto.

O Caso de AD

AD nasceu em uma aldeia da província de Hatay, Turquia, em outubro de 1974. Seus pais eram Alevis, uma seita Islâmica do ramo xiita com muitos seguidores na região centro-sul da Turquia. Eles acreditam em reencarnação. A gravidez da mãe dele foi normal e rotineira. Ele nasceu com uma ausência completa da mão esquerda (Figura 10). A extremidade do braço não sangrava. Ele também tinha duas marcas de nascimento na cabeça.

Quando AD tinha aproximadamente 1 a 2 anos de idade, ele começou a falar sobre uma vida anterior. Suas declarações incluíram uma descrição de como na vida anterior ele tinha trabalhado num edifício de uma fábrica que tinha caído durante uma forte tempestade. Um pedaço do edifício em queda atingiu a sua mão esquerda antes de um outro pedaço do edifício que também caiu o atingir e matar. DC disse que se lembrou do nome, Salih, que ele tinha tido na vida anterior. Este e outros detalhes que ele narrou corresponderam a acontecimentos na vida e morte de um jovem chamou Salih Girisken que tinha vivido em outra aldeia a cerca de 20 km de distância da aldeia de DC. As duas famílias não eram relacionadas e não se conheciam antes do desenvolvimento do caso.

Os pais de AD acreditavam numa crença local de que crianças que parecem se lembrar de vidas anteriores morrem jovens. Assim, aplicaram um remédio padrão para tais memórias e o colocaram em sua boca. Esta medida provou-se ineficaz, como todas as medidas desse tipo parecem ser (Stevenson & Chadha, 1990)

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Fig. 10. Antebraço esquerdo de AD com pedaços de ossos no fim do toco. 

A investigação do caso. J.K. soube deste caso em 1992. Investigou-o em 1992 e 1994. Entrevistou DC, os pais de DC, a mãe de Salih, dois de seus irmãos, e um colega de trabalho de Salih na fábrica onde ele morreu.

A ausência da mão de AD o embaraçava bastante, e por muito tempo ele manteve o seu antebraço esquerdo coberto. Inicialmente, ele se submeteu a exames relutantemente, mas tornou-se mais acessível depois que J.K. o ajudou a obter uma prótese.

O colapso da fábrica em que Salih morreu foi atribuído à tempestade e nenhuma investigação oficial sobre sua ocorrência parece ter sido feita. Assim como também não foi feito um exame post-mortem do corpo de Salih.

As declarações feitas por AD. AD fez as seguintes declarações quando era criança. Ele não as fez necessariamente na ordem em que os informantes de J.K. lembravam-se delas. Ele disse que o seu nome era Salih, não A.; e ele pediu para não ser chamado de A. Disse que estava noivo de uma moça chamada Vahide. Disse que tinha uma bicicleta vermelha, que foi deixada na fábrica onde trabalhou. Com uma exceção estes detalhes eram todos corretos; o item sobre a bicicleta vermelha não foi verificado.

DC também descreveu como tinha morrido na vida anterior: um telhado de metal tinha caído nele e cortou sua mão esquerda. O metal também atingiu a sua cabeça e ele morreu. Este registro era substancialmente correto, embora J.K. não tenha fornecido detalhes precisos sobre as feridas no braço esquerdo de Salih.

Encontros entre as famílias relacionadas. Entre os Alevis (e alguns outros grupos que acreditam em reencarnação) acredita-se que os sonhos às vezes comunicam onde uma pessoa morta renascerá ou renasceu. Um sonho dessa natureza levou a mãe de Salih à aldeia de DC à procura de um bebê recém-nascido que poderia, ela supôs, mais tarde falar sobre a vida de Salih. Ela encontrou os pais de DC, mas nenhuma informação útil foi obtida nesta reunião. Nesta época DC não tinha começado a falar, e seus pais nem sequer o mostraram à mãe de Salih. Subseqüentemente, no entanto, e provavelmente como um resultado retardado desta reunião inicial, dois dos irmãos de Salih vieram visitá-lo. Outra vez, pouca informação foi trocada. Ainda mais tarde, quando DC estava na escola, um dos irmãos de Salih veio vê-lo na escola. Naquele encontro DC mencionou os detalhes da vida anterior que ele já tinha declarado à sua família e, além disso, citou o nome da aldeia onde Salih tinha vivido. Com base na evidência dos informantes de J.K. parece provável que as informações de DC sobre Salih não vieram do contato de sua família com a família do Salih.

Informação independente sobre a morte de Salih. Como mencionado, nenhum exame post-mortem foi feito no corpo do Salih. Quando a fábrica parecia prestes a cair a maioria dos trabalhadores escapou do edifício. Salih e um ou dois outros ficaram para trás. Depois de tentar encontrar três possíveis testemunhas do acidente em vão, J.K. conseguiu encontrar e entrevistar uma delas, Yusuf Yesiloglu, que escapou da morte por ter ficado ao lado de uma viga ereta que não quebrou quando o telhado caiu. Ele disse que as vigas de metal que apoiavam o telhado vieram abaixo. Uma bateu na cabeça de Salih e uma ou duas no seu braço e perna. Ele não tinha certeza se haviam caído no braço direito ou esquerdo nem na perna direita ou esquerda. Neste ponto a mãe de Salih forneceu um detalhe relevante. Ela disse que viu o corpo de Salih quando estava sendo enterrado. Beijou a sua mão direita e ao fazer isso observou que o seu pulso esquerdo e dedos estavam azuis escuros.

Salih morreu em 1974; J.K. não soube dizer uma data mais precisa.

Os defeitos e marcas de nascimento de AD. A figura 10 mostra o nítido encurtamento do antebraço esquerdo de AD com um pedacinho evidente no fim do toco. Em termos médicos isto é chamado de hemimelia transversal parcial terminal. Birch Jensen (1949) descobriu esta anomalia estando presente em 1 de 25.000 nascimentos na população dinamarquesa que ele pesquisou. Das marcas de nascimento na cabeça que os pais de DC disseram que ele tinha, J.K. encontrou apenas um resíduo pequeno de uma marca na testa que não seria adequadamente visível em uma fotografia. Os pais de DC não estavam cientes de quaisquer outras anormalidades congênitas que ele tivesse. Sua saúde em geral era boa.

Comentário. Embora este caso tenha sido investigado cerca de 15 anos depois de seu desenvolvimento, nós não acreditamos que este fato coloque em descrédito a evidência que J.K. obteve. Nas continuações a longo prazo destes casos nós descobrimos que informantes não aumentam ou modificam seu testemunho sobre eles com a passagem dos anos. Pelo contrário, detalhes de suas memórias são freqüentemente perdidos (Stevenson & Keil, 2000). 

O Caso de DG

DG é um menino americano que nasceu em 1997 com estreitamento da artéria pulmonar no local das válvulas (atresia de válvula pulmonar). Sua mãe não informou nenhuma infecção durante sua gravidez que pudesse explicar esta anomalia, que ocorre uma vez a cada 70.000 nascimentos (Keith et al., 1967). Não havia nenhum histórico de defeitos congênitos do coração na família. Embora seus pais fossem cristãos, sua mãe freqüentava uma igreja ecumênica e estava aberta ao conceito de reencarnação. O defeito de nascimento de DG era muito semelhante à ferida fatal sofrida pelo seu avô materno (LS) num tiroteio. Além disso, quando DG atingiu idade suficiente para falar, ele fez um número de declarações que indicaram conhecimento sobre a vida do seu avô que sua mãe pensou que ele não podia ter obtido por meios normais.

A investigação do caso. J.T. entrevistou a mãe de DG duas vezes sobre o caso, uma vez em dezembro de 2001 e outra vez em abril de 2002. Além disso, os registros médicos de DG e o relatório da autópsia do seu avô foram revisados e partes foram copiadas.

As declarações feitas por DG. Quando DG tinha 3 anos de idade, ele persistiu um dia em se comportar mal em casa. Finalmente sua mãe lhe disse: “Sente-se, ou eu baterei em você”. DG respondeu: “Mamãe, quando você era uma menininha e eu era o seu papai, você era má muitas vezes, e eu nunca bati em você!” Ele mais tarde conversou sobre ser seu avô um número de vezes e falou sobre sua morte. Disse que várias pessoas atiravam durante o incidente quando foi morto, e fez perguntas sobre isto várias vezes. DG também conversou sobre outros aspectos da vida do seu avô. Ele corretamente descreveu os dois gatos que a sua família possuiu e ainda declarou o apelido que o seu avô tinha dado a um deles. Ele também citou o dia correto da semana da morte do seu avô.

Além disso, ele descreveu com precisão a tendência da sua mãe de segurar o seu abdômen quando estava grávida dele e subia os degraus do lar prévio da família. Quando ela perguntou como ele sabia que ela tinha feito isso, ele disse que a tinha observado.

A vida e a morte de LS. LS passou a maior parte da sua vida adulta trabalhando como um sargento de polícia. Ele eventualmente se aposentou devido a uma fratura, mas ele mais tarde trabalhou como guarda em um banco. Após um dia de trabalho em 1992, ele entrou num armazém e descobriu que um roubo acontecia. Ele apontou o seu revólver para um assaltante na caixa registradora mas não viu os outros atrás de um balcão. Eles começaram a atirar, e ele foi atingido seis vezes. Um relatório de autópsia declarou o seguinte sobre o tiro fatal:

A ferida da pistola [o rastro] passa pela pele, pelo tecido macio subjacente, penetrando o peito entre a 10ª e a 11ª costelas esquerdas posteriores, lacerando o lóbulo inferior e superior do pulmão esquerdo, perfurando o [saco] pericárdico e lacerando o aurículo esquerdo e a artéria pulmonar principal, prosseguindo pelo saco pericárdico, pelo mediastino pelo esterno. Há um ferimento lacerado de 4-1/2 cm no ventrículo esquerdo. Há um ferimento lacerado de 4 cm na artéria pulmonar principal. 

Os defeitos de nascimento de DG. Observou-se que DG era cianótico imediatamente após o seu nascimento, e uma avaliação cardíaca foi executada. Uma cateterização cardíaca no seu primeiro dia de vida revelou o seguinte diagnóstico:

1. Atresia da válvula pulmonar com septo ventricular intacto. [Estreitamento da artéria pulmonar no local das válvulas]

2. Ventrículo direito hipoplástico, severo. [Má formação do lado direito do coração]

3. Defeito septal não restritivo interatrial. [Buraco na parte do coração separando os aurículos]

4. Ventrículo direito pequeno para as comunicações coronárias arteriais sem evidência de estenose coronária arterial ou dependência ventricular direita. [Desenvolvimento pobre do lado direito do coração; nenhuma obstrução da artéria coronária]

5. Grande ductus arteriosus patente. [Canal normalmente fechado ainda aberto]

DG submeteu-se a um desvio, o primeiro de vários procedimentos, e ele passa bastante bem sem nenhuma restrição atual ao seu estilo de vida.

Comentário. O estreitamento da artéria pulmonar de DG correspondia bastante ao ferimento da artéria pulmonar de LS. O ventrículo direito pouco desenvolvido de DG era secundário ao estreitamento da artéria pulmonar. DG não tinha um defeito que combinasse precisamente com o ferimento do ventrículo esquerdo do seu avô. Seu caso demonstra que casos com defeitos de nascimento ocorridos nos Estados Unidos podem ser semelhantes aos casos ocorridos em muitas culturas asiáticas onde há uma crença predominante em reencarnação. Casos americanos anteriores foram observados antes (Stevenson, 1983) mas estes envolvem apenas declarações feitas por crianças sobre vidas anteriores e não incluem marcas de nascimento ou defeitos de nascimento que correspondessem a ferimentos sofridos nessa vida.

Um caso exatamente como o de DG não poderia ter se desenvolvido nas aldeias asiáticas onde muitos dos outros casos ocorreram porque uma criança com doença congênita severa de coração morreria na infância antes de ser capaz de fazer declarações sobre uma vida anterior. Não obstante, alguns casos asiáticos incluíram defeitos internos significativos que não envolvem a pele (Stevenson, 1997 pp. 1655-1721) embora tais casos não sejam tão comuns quanto aqueles em que marcas de nascimento visíveis ou defeitos de nascimento são interpretados como associados às feridas sofridas em uma vida passada.

Discussão da Parte II 

Nós acreditamos que temos condições de descrever como “incomuns” os defeitos de nascimento nos quatro casos aqui informados. Ao usar este termo nós nos referimos à incidência conhecida ou calculada de tais defeitos. Os casos são adicionalmente raros nas alegações dos informantes de que os defeitos de nascimento correspondem a ferimentos em vidas anteriores específicas. A evidência para esta alegação é reconhecidamente fraca em dois casos. De fato, para estes casos (os de IA e NS) não obtivemos nenhuma evidência direta de tais correspondências. Pode parecer provável a muitos leitores que nós fracassamos na tentativa de saber mais sobre umas das conhecidas causas de defeitos de nascimento. Talvez a mãe do indivíduo tenha dado pouca atenção e logo esquecido que sofreu uma infecção viral quando estava grávida do indivíduo em questão; ou durante a gravidez ela pode ter tomado algum medicamento “natural” local que pudesse causar defeitos de nascimento, ou, em termos médicos, teratogênicos.

Todavia, nós acreditamos que obtivemos algumas evidências indiretas de uma relevância dos defeitos de nascimento para as feridas impostas. Isto com base na evidência de que todos os indivíduos mostraram conhecimentos de acontecimentos na vida de uma pessoa morta que nós acreditamos que eles não obtiveram normalmente. Essa demonstração de tais conhecimentos sobre acontecimentos não relacionados à morte na vida anterior permite que as declarações dos indivíduos sobre como estas mortes ocorreram sejam creditadas.

Independente de os defeitos de nascimento estarem ligados aos ferimentos em pessoas mortas ou não, é importante destacar que as crianças acreditam nessa ligação.

Como o caso de DG demonstra, tais crenças podem ocorrer tanto em famílias ocidentais quanto em asiáticas. 

Nota 

1 Neste relatório nós designamos os indivíduos dos casos e outros informantes por iniciais sem pontuação, p.ex., AL. Designamos os investigadores também por iniciais, mas com pontuação, p.ex., S.K.P. 

Agradecimentos 

A pesquisa da Divisão de Estudos de Personalidade é apoiada pelo Azuma Nagamasa Memorial Fund, o Japan-US Fund for Health Sciences, a Sociedade para Pesquisa Psíquica, o Fundo de Perrott-Warrick, Richard Adams, e vários doadores anônimos. Agradecemos a Dra. Bárbara Wilson do Departamento de Dermatologia, Universidade do Sistema de Saúde de Virginia, por ter lido a Parte I deste artigo e fornecido comentários úteis. Nós também agradecemos a Dra. Emily Kelly e a Patrícia Estes pelos úteis comentários em esboços deste artigo.

Referências 

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Al-Qattan, M. M. (2000). Classification of the pattern of intrauterine amputations of the upper limb in constrição ring syndrome. Annals of Plastic Surgery, 44, 626-632.

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Referênca original: Pasricha SK, Keil J, Tucker JB, Stevenson I. “Some Bodily Malformations Attributed to Previous Lives”. J. Sci. Exploration 2, Vol. 19, No. 3, pp. 359-383, 2005.

_________________________ 

Este artigo foi traduzido para o português por Vitor Moura Visoni e revisado por Inwords.

75 respostas a “Algumas Más Formações Corporais Atribuídas a Vidas Anteriores (2005)”

  1. Marciano Diz:

    Aparições de mulas sem cabeça ocorrem raramente. Às vezes alguém relata um avistamento, entretanto eu nunca resolvi investigar. Acho que não vale a pena, não sei o porquê.
    Já pensei em fazer uma série de entrevistas com pessoas que relatam avistamentos de mulas sem cabeça. Não sei qual a razão, mas fico sem motivação.
    O Scur tem um relato de caso de aparição de disco voador, já contou aqui. Teve testemunhas. Já pensei em fazer um estudo do caso, mas desanimei. Não entendo por que razão.
    Acho que sou um preguiçoso. Ou um debochado. Talvez me falte interesse em enganar trouxas ou em ganhar prestígio, fama e dinheiro com o resultado de minhas pesquisas. Talvez eu não seja bobo. Realmente não sei.
    Seja como for, começo a ficar entusiasmado com os estudos de Stevenson. Já vi várias crianças com más formações corpóreas, principalmente no INCA, nunca tive coragem de perguntar a elas alguma coisa sobre lembrança de vidas passadas.
    Por outro lado, fico pensando que talvez seja pelo fato de as divindades (são tantas) terem sido perversas comigo, não me dotando de inteligência como a do Otávio, do jcff, do merden, do vegetal alcaguete bruno, e outros tantos gênios cientistas que frequentam o blog, nos dando o prestígio de sua atenção, mesmo que seja para nos ofender pela nossa falta de inteligência, da qual não temos culpa e para vomitarem sua erudição e genialidade.

  2. Toffo Diz:

    Esse assunto não me interessa. Passo.

  3. Antonio G. - POA Diz:

    Marciano, eu repito o que já disse outras vezes: Sou preguiçoso demais para despender meu tempo e energia aprofundando pesquisas acerca de fenômenos sobre os quais já formei 99,99% de convicção. Não tenho ânimo para mover um único músculo (exceto o zigomático maior) para investigar estes assuntos.
    Pode ser que eu esteja sendo obtuso e preconceituoso. Mas eu acho que só estou evitando desperdiçar meu tempo. E tempo é o nosso bem mais precisoso, penso eu.

  4. Antonio G. - POA Diz:

    A despeito de possuir um reconhecido polo de desenvolvimento de tecnologia, a Índia é um dos lugares mais atrasados do planeta. Lugar de misticismo, crendices, preconceitos, segregação, miséria, fome e o “escambau”. Francamente, não sinto a menor disposição para considerar seriamente estudos desta natureza realizados na Índia.
    .
    Preconceito? Talvez. Eu prefiro dizer que é apenas justificada prudência.

  5. Vitor Diz:

    Oi, Antonio

    não sei se você leu o artigo todo, mas ele traz casos nos EUA também.

  6. montalvão Diz:

    Pelo visto só o Vitor (e Stenvenson e sua corte) é quem acredita piamente que marcas de nascimento ratifiquem a reencarnação. Dos espíritas que frequentam esse sítio não vi um que se animasse a defender a insólita suposição. Tudo indica que nem eles encontram fundamentação na ideia. Mas o fato de um solitário defender bandeira exótica não faz dele automaticamente profeta do vazio. Embora não se ache motivo consistente para acatar-se essa proposta, nem mesmo como objeto de reflexão, há uma remota possibilidade que o arauto da marcas esteja correto e os desprezadores da conjetura errados. Eu disse remota possibilidade? Vamos ser mais coerentes: remotíssima possibilidade…
    .
    De qualquer modo, pretendo avaliar mais detidamente o artigo de Stenvenson e procurar nele achar algo que me faça mudar de ideia. Breve volto a hablar do assunto: hablar porque habemos papa…
    .
    Marcas do que se foi, sonhos que vamos ter…

  7. Marcos Diz:

    Antonio e Marciano, bem, pra quem está assumindo que não “perde tempo” estudando parapsicologia, então o silêncio é sempre a melhor opção, diante da ignorância. Ou será que estou errado?

  8. Marciano Diz:

    Marcos, você está quadrada e redondamente enganado. Já li um monte de livros sobre parapsicologia. Assim como de espiritismo (todos os do Rivail) e um monte de outras bobagens, tenhos bíblias em várias línguas, tenho o corão. Já li tudo.
    Se sua inteligência não permitiu que você entedesse, eu estava de gozação quando disse que não faço EXPERIÊNCIAS, com relatos de discos voadores e mulas-sem-cabeça, que nada têm a ver com parapsicologia.

  9. Marciano Diz:

    Explicando para quem não consegue entender, eu estava zombando de quem faz estudos em marcas de nascença procurando evidências da existência de espíritos e de reencarnação destes.

  10. Marciano Diz:

    Até os lixos que o Quevedo escreveu sobre parapsicologia eu li.
    De vez em quando eu cito trechos da bíblia aqui, sempre em português, mas tenho também em latim.
    Só pra te demonstrar, isso aqui é do meu corão:
    There shall be faces on that day radiant,
    Laughing and joyous:
    And faces on that day with dust upon them:
    Blackness shall cover them!
    These are the Infidels, the Impure.
    .
    E isto é da bíblia, em latim só de sacanagem:
    1. In principio creavit Deus cae lum et terram.
    2. Terra autem erat inanis et vacua, et tenebrae super faciem abyssi, et
    spiritus Dei ferebatur super aquas.
    3. Dixitque Deus:”Fiat lux”. Et facta est lux.
    4. Et vidit Deus lucem quod esset bona et divisit Deus lucem ac tenebras.
    5. Appellavitque Deus lucem Diem et tenebras Noctem. Factumque est vespere et
    mane, dies unus.
    6. Dixit quoque Deus:”Fiat firmamentum in medio aquarum et dividat aquas ab
    aquis”.
    7. Et fecit Deus firmamentum divisitque aquas, quae erant sub firmamento, ab
    his, quae erant super firmamentum. Et factum est ita.
    8. Vocavitque Deus firmamentum Caelum. Et factum est vespere et mane, dies
    secundus.
    .
    Agora não pense que só porque leio estas merdas, vou acreditar nelas, muito ao contrário, não acredito justamente porque leio.
    Já se disse que a melhor maneira de alguém se tornar ateu é ESTUDAR os livros religiosos.
    Tanta incoerência, tanta besteira.
    Coisas que raramente encontramos em livros de física, mas encontramos também, procure o efeito Coriolis.
    Nesse caso são erros de professores idiotas, não da física.
    Antes que você pense que não acredito no efeito Coriolis, explico que ele não se aplica a pequenas massas de gases ou líquidos, como vemos em alguns maus livros de física.

  11. Marciano Diz:

    Se você quiser continuar acreditando nesse nonsense, aconselho-o a parar de estudá-lo. Vai chegar a um ponto em que começará a questionar o que lê, daí pra frente, é um passo para deixar de acreditar.
    Como você acha que Toffo, Antonio, Biasetto, e até Vitor deixaram de ser espíritas.
    Foi de tanto ler os livros espíritas.

  12. Marciano Diz:

    Esqueci do ponto de interrogação. Aí vai:
    Como você acha que Toffo, Antonio, Biasetto, e até Vitor deixaram de ser espíritas?
    .
    Se você falasse mal do espiritismo com qualquer um deles até há alguns anos atrás, só não te chamariam de burro, ignorante, porque são educados.

  13. Marciano Diz:

    Devo confessar uma coisa, antes ler todas essas besteiras eu era cético com relação a elas, por isso as li, queria sair da dúvida sistemática. Hoje tenho certeza, não sou mais cético.
    .
    Em tempo:
    Nunca precisei ler livros de quiromancia, tarot, i ching, iridologia, cartomancia, medicina ortomolecular, reiki, acupuntura. . .
    Desgraçadamente li alguma coisa sobre homeopatia, mas parei na CH 12 (quem não for muito burro haverá de entender o gracejo).

  14. Marciano Diz:

    Por favor, não me falem em “memória da água”, estudos publicados nessa ou naquela revista científica, Benveniste e coisas tais.
    Já foi tudo detonado.

  15. Gorducho Diz:

    Dada a insistência no assunto, e por falta do que fazer, acabei me interessando por tentar descobrir de donde o Stevenson tirou a ideia das marcas reencarnatórias. Talvez provenha de crenças indígenas Americanas. No verbete Reencarnação da Encyclopedia of Death and Dying, leio – negrito meu:
     
    Native Americans and Inuit
    The Inuit and many other Native American tribes, particularly those in the most northern and northwestern parts of North America, also believe in reincarnation. The details of the beliefs have varied greatly across different groups. Many do not necessarily expect all individuals to be reborn, but they instead focus on those who have had premature deaths, such as deceased children being reborn into the same family or dead warriors being reborn with birthmarks corresponding to their wounds.

     
    Se a hipótese for verdadeira, temos então a Reencarnação Americana, em oposição à Reencarnação Romântica (Socialista Utópica) Francesa.
     
    Read more:
    http://www.deathreference.com/Py-Se/Reincarnation.html#b#ixzz2NbqnlOvo

  16. Toffo Diz:

    O Vitor me indaga no FB por que este assunto não me interessa. Infelizmente eu não estava disponível na hora e por isso respondo aqui: não me interessa porque já me considero suficientemente convencido de que não existe reencarnação. Por isso fecho a página e passo adiante. É a tal história: eu adorava Toddy desde que era pequeno (na década de 1950 já existia, tal e qual é hoje). Tomei tanto Toddy que hoje não posso nem ver a embalagem. Tomei ojeriza. Eu também tomei um “porre” de reencarnação desde a década de 1950, bombardeado pela minha formação espírita-chiquista. Chega. Me dá urticária. De qualquer forma, consigno aqui que o chiquismo também não deixa de admitir a existência de estigmas, ou supostas marcas reencarnatórias. Vários livros atribuídos a André Luiz trazem casos de gente que tem eczema porque foi incendiário na outra vida, crianças com crupe por terem sido suicidas, epilépticos que foram déspotas, retardados mentais ex-tiranos, enfim, nada de novo sob o sol.

  17. Gorducho Diz:

    De qualquer forma, consigno aqui que o chiquismo também não deixa de admitir a existência de estigmas, ou supostas marcas reencarnatórias.
     
    Sim, porém, até onde entendo, neste modelo, as marcas são para poder ocorrer o resgate kármico; sendo que são defeitos/problemas, que afetarão a saúde do reencarnante. No caso da “Reencarnação Americana”, as marcas são, ou podem ser, inconsequentes.
    Ou seja, continuam modelos completamente diferentes…

  18. Antonio G. - POA Diz:

    000000……Bocejei.
    .
    Boa tarde!

  19. Antonio G. - POA Diz:

    Eu estava pensando que podíamos tratar de assuntos mais “recreativos”, tais como as fraudes dos textos psicografados de Chico Xavier, as farsas das materializações de espíritos ou simplesmente esculhambar com a Igreja Católica… Ou algum outro tema divertido. rsrsrsrs

  20. Marciano Diz:

    Toffo Diz:
    março 15th, 2013 às 10:00
    “De qualquer forma, consigno aqui que o chiquismo também não deixa de admitir a existência de estigmas, ou supostas marcas reencarnatórias. Vários livros atribuídos a André Luiz trazem casos de gente que tem eczema porque foi incendiário na outra vida, crianças com crupe por terem sido suicidas, epilépticos que foram déspotas, retardados mentais ex-tiranos, enfim, nada de novo sob o sol”.
    .
    Engraçado, qualquer veterinário está acostumado a tratar de animais com epilepsia, eczema, etc. Fico pensando, será que também foram incendiários, déspotas, etc, em outra encarnação? O que será que estarão resgatando? Qual será ser carma?

  21. Marciano Diz:

    Qual será o SEU carma? Saiu ser.
    Não tem importância, de qualquer jeito. É ridículo falar em carmas de animais, animais déspotas, incendiários, e eles também têm marcas de nascença.

  22. Biasetto Diz:

    Vítor Moura é o rei da contradição.
    Criou um blog pra detonar o espiritismo, mas é espírita até o último fio de cabelo. Acredita na mediunidade de Leonora Piper. Acredita nos estudos de Stevenson. Diz que Sagan também acreditava. Sagan não acreditava nada. Ele apenas considerou os estudos de Stevenson interessantes, nada além disso!
    Se diz ateu, mas defende que Jesus existiu, sem provas concretas.
    Desce o pau no espiritismo-chiquista, mas defende o catolicismo. Sendo que o espiritismo-chiquista é catolicismo do começo ao fim.
    Diz que os espíritos reencarnam sem ‘lei-cármica’, mas defende o carma, como no caso deste post.
    Você é muito estranho Vítor, muito estranho.

  23. Vitor Diz:

    Oi, Biasetto
    comentando:
    .
    01 – “Criou um blog pra detonar o espiritismo, mas é espírita até o último fio de cabelo. ”
    .
    Não. Eu detono o kardecismo. Kardecismo e espiritismo são coisas bem diferentes… a palavra espiritismo já existia antes de Kardec usá-la no lançamento do “Livro dos Espíritos”. Há diversos tipos de espiritismo, o Kardecismo é só um deles.
    .
    02 – “Acredita na mediunidade de Leonora Piper.”
    .
    Sim. Que ela tinha poderes paranormais isso pra mim é fora da dúvida razoável!
    .
    03 – “Acredita nos estudos de Stevenson. Diz que Sagan também acreditava. Sagan não acreditava nada. Ele apenas considerou os estudos de Stevenson interessantes, nada além disso!”
    .
    Ele acreditava que os estudos de Stevenson eram dignos de crédito. Nunca disse que Sagan acreditava em reencarnação.
    .
    04 – “Se diz ateu, mas defende que Jesus existiu, sem provas concretas.”
    .
    Teoricamente alguém pode ser ateu – descrença em deuses – e acreditar na existência de um homem chamado Jesus que foi crucificado – e que nada tem a ver com o Jesus mítico, aquele que nasceu de uma virgem, que anda sobre as águas…
    .
    05 – “Desce o pau no espiritismo-chiquista, mas defende o catolicismo. Sendo que o espiritismo-chiquista é catolicismo do começo ao fim.”
    .
    Óh, céus, será que dá para entender que são searas diferentes? Apenas para começar, Chico plagiou e Jesus não deixou nada escrito…
    .
    06 – “Diz que os espíritos reencarnam sem ‘lei-cármica’, mas defende o carma, como no caso deste post.”
    .
    Este post não defende o carma. Aliás, em um caso é dito explicitamente: “IA às vezes mostrou arrependimento por matar tantas pessoas em sua atividade como um dacoit. No entanto, ele NÃO considerou as más formações das suas mãos e pés como um castigo pelos assassinatos.”

  24. Marciano Diz:

    Que eu saiba, Sagan nunca disse que
    “ . . . acreditava que os estudos de Stevenson eram dignos de crédito”, como Vitor afirma.
    O que ele escreveu, com certeza, em Demon Haunted World, foi:
    .
    “Seances occur only in darkened rooms, where the ghostly
    visitors can be seen dimly at best. If we turn up the lights a little,
    so we have a chance to see what’s going on, the spirits vanish.
    They’re shy, we’re told, and some of us believe it. In twentiethcentury
    parapsychology laboratories, there is the ‘observer effect’:
    THOSE DESCRIBED AS GIFTED PSYCHICS FIND THAT THEIR POWERS DIMINISH
    MARKEDLY WHENEVER SCEPTICS ARRIVE, AND DISAPPEAR ALTOGETHER IN
    THE PRESENCE OF A CONJUROR AS SKILLED AS JAMES RANDI. WHAT THEY
    NEED IS DARKNESS AND GULLIBILITY”. (Destaquei em MAIÚSCULAS).
    Para quem não sabe inglês, ele disse que
    .
    “aqueles descritos como médiuns dotados vêem seus poderes diminuir notavelmente sempre que os céticos chegam, e desaparecer completamente na presença de um prestidigitador como James RAndi. O que eles precisam é de escuridão e de ingenuidade”.

    Não me parece afirmação de quem teria dito o que Vitor lhe atribuiu.
    .
    Quem quiser conferir, pode olhar a página 230.

  25. Marciano Diz:

    Vitor, como pesquisador do assunto, você sabe alguma coisa sobre reeencarnação em outras espécies que não a humana, inclusive marcas de nascença, etc., as quais alguns espécimes também ostentam?
    Pergunto isto porque, como disse Toffo acima e eu comentei logo abaixo, espíritas (ao menos alguns) sustentam tal possibilidade.

  26. Vitor Diz:

    Oi, Marciano
    a frase a que eu me referia é:
    .
    “No momento em que escrevo, acho que três alegações no campo da percepção extra-sensorial (ESP) merecem estudo sério: (1) que os seres humanos conseguem (mal) influir nos geradores de números aleatórios em computadores usando apenas o pensamento; (2) que as pessoas sob privação sensorial branda conseguem receber pensamentos ou imagens que foram nelas “projetados”; e (3) que as crianças pequenas às vezes relatam detalhes de uma vida anterior que se revelam precisos ao serem verificados, e que não poderiam ser conhecidos exceto pela reencarnação. Não apresento essas afirmações por achar provável que sejam válidas (não acho), mas como exemplos de afirmações que poderiam ser verdade. Elas têm, pelo menos, um fundamento experimental, embora ainda dúbio. Claro, eu posso estar errado.

  27. Marciano Diz:

    Sagan cita a paranormalidade como típicos exemplos de pseudociência e superstição, como no seguinte trecho:
    .
    Typical offerings of pseudoscience and superstition – this is
    merely a representative, not a comprehensive list – are astrology;
    the Bermuda Triangle; ‘Big Foot’ and the Loch Ness monster;
    ghosts; the ‘evil eye’; multi-coloured halo-like ‘auras’ said to
    surround the heads of everyone (with colour personalized);
    extrasensory perception (ESP), such as telepathy, precognition,
    telekinesis, and ‘remote viewing’ of distant places; the belief that
    13 is an ‘unlucky’ number (because of which many no-nonsense
    office buildings and hotels in America pass directly from the
    twelfth to the fourteenth floors – why take chances?); bleeding
    statues; the conviction that carrying the severed foot of a rabbit
    around with you brings good luck; divining rods, dowsing and
    water witching; ‘facilitated communication’ in autism; the belief
    that razor blades stay sharper when kept inside small cardboard
    pyramids, and other tenets of ‘pyramidology’; phone calls (none
    of them collect) from the dead; the prophecies of Nostradamus;
    the alleged discovery that untrained flatworms can learn a task by
    208
    eating the ground-up remains of other, better educated flatworms;
    the notion that more crimes are committed when the Moon is full;
    palmistry; numerology; polygraphy; comets, tea leaves and ‘monstrous’
    births as prodigies of future events (plus the divinations
    fashionable in earlier epochs, accomplished by viewing entrails,
    smoke, the shapes of flames, shadows and excrement; listening to
    gurgling stomachs, and even, for a brief period, examining tables
    of logarithms); ‘photography’ of past events, such as the crucifixion
    of Jesus; a Russian elephant that speaks fluently; ‘sensitives’
    who, when carelessly blindfolded, read books with their fingertips;
    Edgar Cayce (who predicted that in the 1960s the ‘lost’
    continent of Atlantis would ‘rise’) and other ‘prophets’, sleeping
    and awake; diet quackery; out-of-body (e.g., near-death) experiences
    interpreted as real events in the external world; faith-healer
    fraud; Ouija boards; the emotional lives of geraniums, uncovered
    by intrepid use of a ‘lie detector’; water remembering what
    molecules used to be dissolved in it; telling character from facial
    features or bumps on the head; the ‘hundredth monkey’ confusion
    and other claims that whatever a small fraction of us wants to be
    true really is true; human beings spontaneously bursting into
    flame and being burned to a crisp; 3-cycle biorhythms; perpetual
    motion machines, promising unlimited supplies of energy (but all
    of which, for one reason or another, are withheld from close
    examination by sceptics); the systematically inept predictions of
    Jeane Dixon (who ‘predicted’ a 1953 Soviet invasion of Iran and in
    1965 that the USSR would beat the US to put the first human on
    the Moon*) and other professional ‘psychics’; the Jehovah’s
    Witnesses’ prediction that the world would end in 1917, and many
    similar prophecies; dianetics and Scientology; Carlos Castaneda
    and ‘sorcery’; claims of finding the remains of Noah’s Ark; the
    ‘Amityville Horror’ and other hauntings; and accounts of a small
    brontosaurus crashing through the rain forests of the Congo
    Republic of our time. [An in-depth discussion of many such claims
    can be found in Encyclopedia of the Paranormal, Gordon Stein,
    * Violating the rules for ‘Oraclers and Wizards’ given by Thomas Ady in 1656:
    ‘In doubtful things, they gave doubtful answers . . . Where were more certain
    probabilities, there they gave more certain answers.’
    209
    ed., Buffalo: Prometheus Books, 1996.]
    .
    Páginas 208 e 209 do mesmo livro citado acima.

  28. Vitor Diz:

    Oi, Marciano
    .
    desconheço evidências dignas de créditos relativas a reencarnação entre os animais.
    .
    Um abraço.

  29. Marciano Diz:

    Bem, pelo que consultei do livro, ele não menciona Stevenson, conheço o trecho a que você se refere. Não há nenhuma referência a Stevenson, como você dá a crer quando diz:
    ,
    “Ele acreditava que os estudos de Stevenson eram dignos de crédito”.
    .
    Isto é ilação sua.
    E parece incompatível com o mais que sagan diz no livro, inclusive este trecho:
    ,
    “In exact parallel to regressing people so they supposedly retrieve
    forgotten memories of ‘past lives’, Frankel notes that therapists
    can as readily progress people under hypnosis so they can
    ‘remember’ their futures. This elicits the same emotive intensity as
    in regression or in Mack’s abductee hypnosis. ‘These people are
    not out to deceive the therapist. They deceive themselves,’
    Frankel says. ‘They cannot distinguish their confabulations from
    their experiences.’

  30. Marciano Diz:

    Pelo que vi, parace que você entende mal o que disse Sagan, embora o cite a todo momento, e pinça apenas trechos fora do contexto que levam a crer que ele endossava a parapsicologia, quando na verdade era o contrário.
    Apenas ele como cientista honesto achava que uma ou outra coisa merececiam um estudo mais sério.
    Acho que as frequentes citações de Sagan são um tiro no pé.
    Um abraço, Vitor, e fique na certeza de que nossas divergências são apenas culturais, por isso que trato você com o mesmo respeito que você demonstra por mim, ao contrário pessoas que vivem com ataques “ad hominen” e quando os respondo à altura, desaparecem convenientemente, como pode ser visto nos comentários acima e nos últimos do post anterior.

  31. Vitor Diz:

    Oi Marciano,
    esse outro trecho de Sagan é sobre as memórias de vidas passadas recordadas sob hipnose, e com adultos. Os casos estudados por Stevenson são de crianças que exibem memórias espontâneas. Os trechos, portanto, não são incompatíveis. E ainda que Sagan não mencione explicitamente Stevenson, as pesquisas de Stevenson contêm exatamente o tipo de evidência a que Sagan atribuiu algum crédito.

  32. Vitor Diz:

    Oi, Marciano
    comentando:
    .
    01 – “Pelo que vi, parace que você entende mal o que disse Sagan, embora o cite a todo momento, e pinça apenas trechos fora do contexto que levam a crer que ele endossava a parapsicologia, quando na verdade era o contrário.”
    .
    Ele endossava parte da parapsicologia. Uma pequena parte, mas endossava. Isso fica claro neste trecho:
    .
    “Cada área da ciência tem o seu próprio complemento de pseudociência. Os geofísicos têm de se haver com Terras chatas, Terras ocas, Terras com eixos loucamente oscilantes, continentes que emergem e afundam rapidamente, além de profetas de terremotos. Os botânicos têm plantas cuja ardente vida emocional pode ser monitorada com detectores de mentiras, os antropólogos têm homens-macacos sobreviventes, os zoólogos têm dinossauros remanescentes, e os biólogos evolutivos têm os literalistas bíblicos mordendo o seu fIanco. Os arqueólogos têm astronautas antigos, runas forjadas e estatuária espúria. Os físicos têm máquinas de movimento perpétuo, uma multidão de refutadores amadores da teoria da relatividade, e talvez a fusão fria. Os químicos ainda têm a alquimia. Os psicólogos têm grande parte da psicanálise e quase toda a parapsicologia. “
    .
    Para dizer “quase” toda, é porque uma parte Sagan considerava legitimamente científica.
    .
    02 – “Apenas ele como cientista honesto achava que uma ou outra coisa merececiam um estudo mais sério.”
    .
    Exato. Entre essas coisas estão os estudos de reencarnação de memórias espontâneas que certas crianças exibem.

  33. Biasetto Diz:

    Marciano,
    O Sagan apenas disse que respeitava os estudos de Stevenson, considerando-o um pesquisador sério, o que acho que foi mesmo. Mas para por aí.
    O problema do Vítor, é que ele age como todo crente: “eu não acredito em nada sobre a sua religião/crenças, mas a minha é a verdadeira”.
    Ou seja, o Vítor quer provar pra todo mundo que o kardecismo é um monte de estercos, que Chico Xavier e Divaldo Franco nunca foram médiuns, mas a Leonora Piper foi.
    Para o Vítor, espíritos desencarnados existem e se comunicam com os encarnados, mas só ele (o Vítor) conhece a verdade de como isto funciona.
    Difícil hein?

  34. Vitor Diz:

    Biasetto,
    eu não tenho religião. Mas sou espiritualista, pois penso que existem espíritos, que são capazes de se comunicar e reencarnar. Mas não sei como é exatamente o modus operandi, embora existam algumas ideias a respeito.
    .
    O que você faz comigo é equivalente a atacar o Sagan por não jogar toda a parapsicologia no lixo.

  35. Marciano Diz:

    Vitor, o trecho que você postou, “Os psicólogos têm grande parte da psicanálise e quase toda a parapsicologia”, é exatamente o que eu postei acima, ” é este aqui:
    “Each field of science has its own complement of pseudoscience.
    Geophysicists have flat Earths, hollow Earths,
    Earths with wildly bobbing axes to contend with, rapidly rising
    and sinking continents, plus earthquake prophets. Botanists
    have plants whose passionate emotional lives can be monitored
    with lie detectors, anthropologists have surviving ape-men,
    zoologists have extant dinosaurs, and evolutionary biologists
    have Biblical literalists snapping at their flanks. Archaeologists
    have ancient astronauts, forged runes and spurious statuary.
    Physicists have perpetual motion machines, an army of amateur
    relativity disprovers, and perhaps cold fusion. Chemists still
    have alchemy. Psychologists have much of psychoanalysis and
    almost all of parapsychology”.
    Parece que não temos a mesma edição e eu não tenho tempo de ficar traduzindo.
    .
    Quando ele diz:
    “Cada área da ciência tem o seu próprio complemento de pseudociência”.
    ou seja:
    Psychologists have much of psychoanalysis and
    almost all of parapsychology.”
    .
    o que ele está afirmando é que considera a psicologia como uma área da ciência e grande parte da psicanálise e quase toda a parapsicologia, ele considera essas as partes de pseudociência da psicologia, ou seja, ele considerava quase toda a parapsicologia como pseudociência.
    .
    Precisamos nos ater ao fato de que Sagan, embora um sábio, laborava em erro também, como todos os humanos.
    Ele acredita na equação de Drake, que já está desmoralizada. E isso não tem nada a ver com parapsicologia, mas com astrobiologia.
    Sagan não acreditava em discos voadores, mas esperava que a humanidade fizesse contato com seres extraterrestres em breve. Estava errado nisso.
    Eu via em Sagan uma necessidade de acreditar em extraterrenos e vislumbro em você uma necessidade de acreditar em reencarnação.
    Livre-se 100% de ideias reencarnacionistas, o espiritismo kardecista é apenas uma parte dela, esta já não mais o encanta, como no passado.
    Você está no caminho certo, continue estudando.
    Faça como o personagem Sherlock Holmes, não procure evidências que sustentem sua opinião, procure fatos que lhe dêem uma opinião.
    Se você fizer essa busca sem desejos ocultos, subconscientes, com neutralidade, provavelmente vai ver que as probabilidades falam em desfavor da paranormalidade, da reencarnação.

  36. Marcos Diz:

    Marciano,
    .
    “Explicando para quem não consegue entender, eu estava zombando de quem faz estudos em marcas de nascença procurando evidências da existência de espíritos e de reencarnação destes.”
    .
    Eu percebi isso. E tal atitude é estúpida e elitista. Não podemos julgar um determinado estudo científico simplesmente porque vai contra nossas crenças. Estudar algo NÃO implica defendê-lo. Por que é tão difícil pra você e para o Antonio perceberem isso?

  37. Marciano Diz:

    Porque vocês não se limitam a estudar, por via de pesquisas de outros, o objeto de estudo, limitam-se a defendê-lo com unhas e dentes, dizendo que é estúpido quem não o faz.
    E eu não tenho crenças, ainda que você insista nisso, tenho descrenças.
    Diferentemente de você, eu vejo tudo com desconfiança, todas as afirmações. Então, algumas delas (papai-noel excluído, parapsicologia incluída) eu procuro estudar. Vou formando uma opinião. Num dado momento eu começo a desconfiar que não é sério, que não faz sentido. Ou então, o contrário.
    Continuo estudando, aquilo que vejo que em quase sua totalidade é verdadeiro, eu acredito, aquilo que vejo que não é sério, descarto.
    E não chamo ninguém de ignorante, estúpido, nada disso, porque nossas opiniões são discordantes, quando o faço, é retorsão, fui chamado primeiro.
    Não tenho raiva em quem não acredita nas coisas em que eu acredito.
    Até agora eu acho que grande parte da física merece crédito, que a parapsicologia não merece crédito, e que as religiões são apenas meio de enganar pessoas ingênuas.
    Estou disposto a dialogar civilizadamente com você, civilizadamente, como faço com o Vitor.
    Arduin é um cara que debocha, sem ofender, faço o mesmo com ele, é crente de carteirinha, o que não impede que eu tenha grande empatia por ele, pelo expulso Scur, outro zombeteiro, mas não ofensor.
    Sou sarcástico por vezes, nunca ofensor, senão em legítima defesa.
    Não precisa partir para a grosseria se alguém não concorda com suas ideias.
    Antonio parece meu alter ego. Biasetto é um cara por quem nutro carinho, apesar de ele ainda acreditar em algumas bobagens, eu não fico bravo com ele por causa disso, ele nunca me ofendeu, ao contrário, me exalta muito mais do que mereço.
    Isto aqui é uma fogueira de vaidades, quando deveria ser um forum de debates educados.
    Você não é um caso perdido, nem quanto à educação nem quanto às crenças, por isso me dou ao trabalho de te responder um pouco mas alongadamente, mesmo sem ter tempo pra nada na vida.
    Sou um escravo do trabalho.
    Um abraço e, por favor, se quiser responder, não me ofenda. Não gosto de ser ofendido. Esse é meu lado atrasado. Pessoalmente, já saí na porrada por causa disso, várias vezes, embora ache que, no final das contas, não valha a pena.
    Biasetto também tem sangue quente. Será que isso é pecado?

  38. Marciano Diz:

    Outra coisa, Marcos, se quiser responder, não se limite ao que escrevi acima, comente sobre o que ficou irrrespondido pra trás, pode relevar as retorsões:
    1. Marciano Diz:
    março 15th, 2013 às 00:45
    Marcos, você está quadrada e redondamente enganado. Já li um monte de livros sobre parapsicologia. Assim como de espiritismo (todos os do Rivail) e um monte de outras bobagens, tenhos bíblias em várias línguas, tenho o corão. Já li tudo.
    Se sua inteligência não permitiu que você entedesse, eu estava de gozação quando disse que não faço EXPERIÊNCIAS, com relatos de discos voadores e mulas-sem-cabeça, que nada têm a ver com parapsicologia.
    1. Marciano Diz:
    março 15th, 2013 às 00:54
    Até os lixos que o Quevedo escreveu sobre parapsicologia eu li.
    De vez em quando eu cito trechos da bíblia aqui, sempre em português, mas tenho também em latim.
    1. Marciano Diz:
    março 15th, 2013 às 01:00
    2. Se você quiser continuar acreditando nesse nonsense, aconselho-o a parar de estudá-lo. Vai chegar a um ponto em que começará a questionar o que lê, daí pra frente, é um passo para deixar de acreditar.
    Como você acha que TofMarciano Diz:
    março 15th, 2013 às 01:03
    Esqueci do ponto de interrogação. Aí vai:
    Como você acha que Toffo, Antonio, Biasetto, e até Vitor deixaram de ser espíritas?
    .
    Se você falasse mal do espiritismo com qualquer um deles até há alguns anos atrás, só não te chamariam de burro, ignorante, porque são educados.
    fo, Antonio, Biasetto, e até Vitor deixaram de ser espíritas.
    Foi de tanto ler os livros espíritas.
    1. Marciano Diz:
    março 15th, 2013 às 01:03
    Esqueci do ponto de interrogação. Aí vai:
    Como você acha que Toffo, Antonio, Biasetto, e até Vitor deixaram de ser espíritas?
    .
    Se você falasse mal do espiritismo com qualquer um deles até há alguns anos atrás, só não te chamariam de burro, ignorante, porque são educados.
    2. Marciano Diz:
    março 15th, 2013 às 01:17
    Devo confessar uma coisa, antes ler todas essas besteiras eu era cético com relação a elas, por isso as li, queria sair da dúvida sistemática. Hoje tenho certeza, não sou mais cético.
    .
    Em tempo:
    Nunca precisei ler livros de quiromancia, tarot, i ching, iridologia, cartomancia, medicina ortomolecular, reiki, acupuntura. . .
    Desgraçadamente li alguma coisa sobre homeopatia, mas parei na CH 12 (quem não for muito burro haverá de entender o gracejo).
    3. Marciano Diz:
    março 15th, 2013 às 01:26
    Por favor, não me falem em “memória da água”, estudos publicados nessa ou naquela revista científica, Benveniste e coisas tais.
    Já foi tudo detonado.

  39. Marciano Diz:

    E desculpe pelas ofensas, foram todas retorsões. Você começou. Eu, pelo menos, estou me desculpando.

  40. Marciano Diz:

    Saíram algumas coisas truncadas, fui escrevendo e copiando textos escritos acima, não revisei nada, falta de tempo. Desculpem e leiam com atenção, assim os erros não mudarão a compreensão.

  41. Marciano Diz:

    Chegando agora, ninguém é de ferro, achei que encontraria algo, nada.
    Biasetto, cadê você?
    Montalvão, cansou mesmo?
    Antonio, ainda está com sono?
    Marcos, tá de mal comigo?
    Vitor, aproveitando a vida?
    Scur, tá de olho?
    Toffo, realmente este assunto não te interessa nem um pouquinho, não vai nos brindar com seus comentários?
    Arduin, tá viajando?
    Eu vou viajar, mas volto logo.
    Espero encontrar muita coisa aqui, este blog faz minha alegria.

  42. Marciano Diz:

    Contra, espero que você esteja acompanhando.
    merden, seja malvindo, se estiver espionando aqui.

  43. Marcos Diz:

    Marciano, me perdoe, mas não te chamei de estúpido. Eu falei que a sua atitude de desconsiderar a parapsicologia é elitista. E posso repetir se quiser. Sim, você está tendo uma atitude estúpida.
    .
    Qualquer um pode ter atitudes estúpidas, entende? Até Einsten.
    .
    Respeito profundamente sua opinião, mas tenha consciência Marciano, que está é apenas sua opinião, e não vale mais do que a minha ou a do Vitor, por exemplo.

  44. Carlos Diz:

    Alguns comentários do Marciano retratam bem os limites dos temas aqui debatidos. Sobre Sagan ele afirma “… (Sagan) esperava que a humanidade fizesse contato com seres extraterrestres em breve. Estava errado nisso.”
    .
    A rigor não dá para saber se o Sagan está errado apenas porque até agora não houve contato algum “marciano”. O ponto central aqui é, há extraterrestres? A resposta é provavelmente sim ou, dito de outra forma, há uma real chance estatística de que outros planetas também tenham vida inteligente. Mas será que um dia teremos a confirmação? Talvez não, e nem por isso a tese de que há vida inteligente lá fora estaria invalidada.
    .
    Vamos supor que uma civilização situada a de mil anos-luz envie um sinal em direção a Terra. Se isso acontecesse hoje, esse sinal chegaria aqui em dez mil anos! Até lá muita coisa pode acontecer, inclusive o desaparecimento da humanidade ou então algum tipo de degradação social e tecnológica de forma que não mais saibamos interpretar o sinal. Porém, se o sinal fosse recebido, não haveria garantia que, retornando o sinal, eles ainda estivessem lá vinte mil anos depois para receber nossa réplica. E olhe que a distância de dez mil anos-luz é “logo ali na esquina” comparado às dimensões do universo.
    .
    Ou seja, a afirmação” Segan estava errado” pode ser verdadeira e falsa dependendo da perspectiva adotada. Ela deve ser falsa visto que é improvável que a Terra seja o único planeta com vida inteligente no universo, e verdadeira pois talvez jamais faremos contato se, por exemplo, a velocidade da luz for o limite máximo possível para o envio de sinais de comunicação. E a pergunta que perturba os físicos depois de Einstein é “e se houvesse um meio de ser mais rápido que a luz?” Se isso for possível então muita coisa deverá ser repensada, inclusive a de que Segan estava corretíssimo, ou não…

  45. Carlos Diz:

    Corrigindo: “…uma civilização situada a dez mil anos-luz enviasse…”

  46. Biasetto Diz:

    Antonio, Marciano, Toffo …
    Vejam isto:

    http://www.youtube.com/watch?v=EItAxZNqZjE

  47. Biasetto Diz:

    Vejam mais isto:
    http://www.youtube.com/watch?v=aw_DHTQpOD0

  48. Biasetto Diz:

    Corram, fujam, tirem as crianças da sala …
    “Meeeeuuuuuuuuu Deeeeeeuuuuuuuussssss”

    http://www.youtube.com/watch?v=riU_gnFeCbc

  49. Biasetto Diz:

    “Carl Sagan deve se virar no túmulo”
    Vixi !!!

    http://www.saltoquantico.com.br/benjamin-aguiar/

  50. Biasetto Diz:

    Show de horrores !!!
    Parei por aqui, até …
    http://www.saltoquantico.com.br/category/principais-provas-imortalidade/

  51. montalvão Diz:

    Biasetto Disse: Antonio, Marciano, Toffo …
    Vejam isto:
    http://www.youtube.com/watch?v=EItAxZNqZjE
    .
    COMENTÁRIO: Benjamin Teixeira (o médium que diz canalizar o espírito Eugênia) é sujeito bem articulado. Fala com desenvoltura incomum e é convincente: em debate que travou com Quevedo, quase deixa o padre louco, pois replicava as alegações do clérigo sem hesitação e com concatenação argumentativa admirável. Um dado curioso é que recentemente contraiu núpcias com um guapo mancebo, cerca de vinte anos mais jovem. Até aí tudo bem, o inusitado é que, concomitante às núpcias terrenas, Benjamin também formalizou contrato de casamento com Eugênio, o espírito. Quer dizer: oficializou-se bígamo.
    .
    Mas, o que quero dizer mesmo é que essa Eugênia seria excelente para ser testada se se faz realmente presente junto a Benjamin. A prova da leitura de livro fechado, ou aberto de forma que ninguém vivo veja o escrito, ou a de informar o título de livros e identificar materiais guardados em mochila seriam bem-vindas como confirmação da realidade do espírito…

  52. montalvão Diz:

    Marciano Disse:
    Chegando agora, ninguém é de ferro, achei que encontraria algo, nada.
    Biasetto, cadê você?
    Montalvão, cansou mesmo? […]
    .
    COMENTÁRIO: cansei…
    .
    Saudações estafadas.

  53. montalvão Diz:

    Corrigindo: Benjamin casou-se espiritualmente com Eugênia, não Eugênio…

  54. Toffo Diz:

    Isso tudo me embrulha o estômago. Principalmente o tom piedoso dos que falam nos vídeos, aquela entonação rançada, manteigosa. Com a devida vênia, já vivi o suficiente para decidir o que é bom para eu ver ou não. Isso me é indigesto. Quanto ao fato de o médium ter se casado no físico com um rapaz e no espiritual com um fantasma feminino, parece-me uma solução bastante razoável, acho que satisfaz bem às três partes envolvidas. É bom lembrar que o matrimônio espiritual não tem regime de bens e consequentemente não exige partilha, o que facilita sobremaneira um eventual divórcio.

  55. André Ribeiro Diz:

    Pegando carona nas postagens do Biasetto e nos comentários dos sábios Montalvão e Toffo, fui dar uma olhadinha no tal Benjamin e o seu “salto quântico”, encontrando o vídeo que segue abaixo. O que me chama a atenção nestas “psicografias”, é que elas não dizem nada de concreto. O “modus operandi” é sempre o mesmo: a introdução vem com uma mensagem de Jesus Cristo, Nossa Senhora … Seguem-se depois, informações vagas, informações ao estilo “livrinhos de horóscopo”, que não dizem nada de concreto. E o mais incrível, é que as pessoas que se apresentam nestes vídeos, nestes encontros, parecem ser pessoas, a princípio, esclarecidas, grau superior, com especializações. O que me parece claro, é que está ocorrendo “leitura fria” e “leitura quente”. Claro, que o tal médium sabe escolher palavras e tocar em temas que se encaixam para qualquer um dos presentes ali. Além disso, ele pode muito bem saber sobre algum aspecto particular da vida dessas pessoas, porque devem conversar aqui e ali, e algo sempre acaba sendo exposto. Michael Shermer, seguindo os passos de Sagan, mostra muito bem em seus livros e palestras, como estas supostas mensagens do além, podem muito bem (e facilmente) serem inventadas, convencendo muitos de que são autênticas.
    Por que as pessoas ali presente não fazem perguntas simples para provarem a mediunidade e a presença do tal espírito? Algo do tipo:
    – qual é a cor de minha calcinha ou da cueca do fulano ali?
    – quanto eu tenho na carteira ou que música eu ouvia no carro?
    Por que nenhum médium pode responder isto?
    Entretanto, ficam usando de, como citou o Toffo, de “tom piedoso”, “entonação manteigosa”, enfim: o “estilo flamboyant” realmente faz sucesso nestas casas.

    http://www.youtube.com/watch?v=uLPM07SBF2g

  56. André Ribeiro Diz:

    Tem muita gente que não conhece o “kit”
    http://www.youtube.com/watch?v=oSI9UOtlj4c

  57. Gorducho Diz:

    O vídeo do kit é excelente mesmo! Há legendamento em vernáculo.

  58. Antonio G. - POA Diz:

    O vídeo sobre as comunicações recebidas pelo “médium” Benjamin Teixeira e os comentários das senhoras que estão enaltecendo as maravilhosas mensagens dá uma demonstração bem clara do que eu outro dia disse por aqui: Um título de graduação, mestrado ou mesmo doutorado em algum campo do conhecimento não é garantia suficiente de que o portador seja uma pessoa inteligente ou que tenha adquirido um mínimo de capacidade de raciocínio lógico e discernimento. No popular: “- Diploma não encurta orelhas”.

  59. Toffo Diz:

    pelo contrário, Antonio. Quanto mais diplomados, mais crédulos.

  60. Marciano Diz:

    André Ribeiro, Sagan, no livro “The Demon Haunted World”, cita o baloney detection kit várias vezes.
    Eu nasci com um instalado.
    No mais, acho que vou continuar tendo ideias estúpidas e elitistas.
    Montalvão, também estou cansado.
    Exaustivas saudações.

  61. Marciano Diz:

    André Ribeiro, tentei me comunicar contigo, nao consegui. Os grupos sumiram, não sei o que houve, não entendo disso.

  62. Evair M Diz:

    Muito interessante este blog.
    Alguém aqui já fez algum teste ou acompanhou algum medium para conhecer o comportamento e os resultados de seus trabalhos?

  63. Biasetto Diz:

    Hahaha, é isto aí:

    http://www.youtube.com/watch?v=t11JYaJcpxg

  64. Marciano Diz:

    A moral da história do vídeo postado por Biasetto é aquilo que venho sustentando: a gente precisa se converter a todas as religiões do mundo, para garantir. O problema é que elas são mutuamente excludentes.
    A gente precisa acreditar em tudo o que se fala, mesmo que sejam coisas que se excluem mutuamente.
    Eu tenho certeza de que vou para o inferno de qualquer jeito, se eu seguir qualquer religião, existem milhares de outras que me mandam para o inferno. Por isso prefiro não seguir nenhuma, vai dar no mesmo.
    Se algum cientista, matemático, sábio, etc., disser para a gente que 1 + 1 = 3 a gente acredita. Aí vem outro e diz que o resultado é 22,5. Por aí vai.
    Por exemplo, nem os parapsicólogos se entendem. Como fazer para acreditar em algo assim?
    Help!
    Obs.:
    Não digam que sou burro, disto eu já sei, quero apenas ficar sábio como os cientistas e religiosos do blog.

  65. Marciano Diz:

    Vale a pena darem uma lidinha neste artigo da Galileu, para verem que não sou o único burro do planeta.
    Michael Shermer era burro, dentre outros:
    http://revistagalileu.globo.com/Revista/Common/0,,EMI320171-17579,00-POR+QUE+VOCE+ACREDITA+EM+HOROSCOPO+ESPIRITOS+ETS+E+RELIGIOES.html

  66. Marciano Diz:

    Qual a diferença entre um medium e um ilusionista?
    Michael Shermer responde:
    http://revistaepoca.globo.com/ideias/noticia/2012/01/michael-shermer-pessoas-gostam-de-ser-enganadas.html

  67. Marciano Diz:

    Por que as mulheres parecem acreditar mais em esquisitices que os homens?
    Shermer – Não é verdade. Homens e mulheres, indistintamente, têm a mesma tendência para acreditar nessas coisas. O que muda é o tipo de esquisitice. Mulheres acreditam mais em mediunidade, espiritismo, cartomantes, bruxaria, amuletos, terapias alternativas, curandeiros e simpatias. Os homens preferem acreditar em paranormalidade, pseudociência, criacionismo e objetos voadores não identificados.

  68. Biasetto Diz:

    Quando a gente pensa que já viu tudo, aparece isto:

    http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=YCsg_It_-Q8#!

  69. Marciano Diz:

    Biasetto, eu vi isso no top 5 do CQC, foi o primeiro lugar.
    Inacreditável!
    Que velha maluca!

  70. Biasetto Diz:

    Realmente, rs …

    Abraços !!!

  71. Marciano Diz:

    Biasetto, preciso de que vc leia um post meu no grupo.

  72. ANdre Diz:

    Olá a todos.
    Vi muita citação de Sagan, li vários dos seus livros. Pena que, embora Físico, não tenha publicado nada de Física. Penso que a teoria não era seu forte, além de que “Kepler para leigos” não venderia muito. Vejo que ambos, Sagan e Stevenson, tem muito em comum… falam sobre o que acreditam. Não posso dizer que Stevenson está errado, pois não posso provar, no máximo argumentar de erros lógicos no desenvolvimento da tese mas sem negar a hipótese inicial. Quando o Marciano citou a bíblia em Latin lembrei do meu irmão, habilitado em Grego e Latin e participante das reuniões da Opus Dei. Mas Latin é só tradução já que o original está em Aramaico, Grego e Hebreu antigo! Particularmente não considero a Bíblia uma boa referência. Todos que estão aqui acreditam em alguma coisa, já que exitem dois tipos de céticos puros; os mortos (suicídas) e os burros (ser cético e não cogitar o suicídio é burrice). Por fim, parabenizo o Vitor pelo post que incita nosso debate

  73. Antonio G. - POA Diz:

    ANdré, você poderia explanar para este cético o que significa a sua expressão: “Todos que estão aqui acreditam em alguma coisa, já que exitem dois tipos de céticos puros; os mortos (suicidas) e os burros (ser cético e não cogitar o suicídio é burrice)” ???
    .
    Gostaria de saber em qual tipo de cético eu me encaixaria, pois li (e reli) a sua assertiva, mas não entendi.
    .
    Cogitando as duas hipóteses que você apresenta, vejo que elas não esgotam as possibilidades, uma vez que eu não estou morto, mas entendo que, em determinadas circunstâncias, o suicídio é uma alternativa perfeitamente considerável.
    .
    Será que significaria que, não sendo morto nem burro, eu não poderia ser cético ??? Ou eu seria um burro já morto? Ou, ainda, morto, mas burro demais para perceber ???
    Tá meio enrolado…
    .
    Sds.

  74. Toffo Diz:

    Acredito que seja ironia pura, como ele quer fazer entender com os “céticos puros”, isto é: se já não estão mortos, deveriam suicidar-se. Ou seja, em uma palavra: céticos não existem.

    Eu estou aqui vivinho da silva, por enquanto, e não penso em suicidar-me, e sou cético sim senhor. Pena que eu não seja psicólogo nem tenha conhecimento na área, por isso não saberia explicar adequadamente por que as pessoas, quanto mais escolarizadas, mais tendem a acreditar em esquisitices. Eu só me limito a observar essa tendência, visto que conheço muita gente doutorada que acredita em espiritismo, alguns até militam nele. Seria uma espécie de processo mental de transferência, na medida em que aumenta o seu nível intelectual, essas pessoas tenderiam a varrer para um determinado “ladrão” toda a sua porção mística/irracional, procurando uma espécie de compensação para se manterem equilibradas? não sei.

  75. Antonio G. - POA Diz:

    Sim, eu penso que toda crença religiosa – bem incluído o espiritismo – funciona mesmo como “muleta”, ou “válvula de escape”.

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