Um Olhar Cético na Análise de Paul Kurtz do Status Científico da Parapsicologia (1980), por Marcello Truzzi

Ao ser convidado para apresentar os meus comentários sobre o artigo do Professor Kurtz sobre o status científico da Parapsicologia (“A Parapsicologia é uma Ciência?”)[1], tive muito prazer em fazê-lo, porque os analistas críticos precisam ficar mais cientes das diferenças que existem entre aqueles de nós que chamam a si mesmos de céticos. Um dos grandes problemas em lidar com as alegações do paranormal é a tendência em colocar os proponentes e os críticos em categorias simplistas de Defensores ou Negadores, como se estas posições representassem conceitos unidimensionais. Assim como existem vários proponentes “conservadores” e “liberais” dentro do campo parapsicológico, também existem muitas bases, longe de serem sempre consistentes umas com as outras, sobre as quais as alegações de psi são criticadas ou rejeitadas. A ortodoxia e a heterodoxia em tais questões não é um corte claro e, como aqueles que estudam seriamente esses temas logo percebem, alguns de nós com frequência partilham mais pontos de vista com aqueles que outros rotulam como nossos “adversários” do que com aqueles que são chamados de nossos “amigos”. Também frequentemente nos vemos marcados e estereotipados como Crentes ou Céticos quando uma análise responsável revelaria um quadro muito mais complexo.


[1] Paul Kurtz, “Is Parapsychology a Science?” The Skeptical Inquirer, 1978, 3, 14-32.

Em relação à Parapsicologia, a posição de Professor Kurtz está localizada mais para a extremidade “linha-dura” do continuum de ceticismo do que está a minha própria. (Outros céticos como B. F. Skinner e C. E. M. Hansel seriam vistos como ainda mais “linha-dura” nesse continuum do que Kurtz, enquanto que um membro do Comitê do Professor Kurtz, Ray Hyman, está provavelmente mais próximo de mim do que ele está de Kurtz.) Considerando que tanto Kurtz e eu compartilhamos uma preocupação referente aos problemas de fraude, incompetência, erro, e à ausência de uma forte replicação em Parapsicologia, ainda assim chegamos a conclusões bastante diferentes. Kurtz vê alguns problemas como motivos para se retirar o rótulo de “ciência” da Parapsicologia, enquanto eu diria que essas dificuldades apenas retratam as evidências da existência de psi, e isso tem pouco a ver com o status da Parapsicologia enquanto ciência. Em outras palavras, se psi existe de fato ou não (e muitos parapsicólogos têm dúvidas, também), parece-me razoável considerar a Parapsicologia como uma empresa científica legítima — e acho que os filósofos e os historiadores da ciência mais contemporâneos provavelmente concordariam comigo.

Vou tentar tratar os pontos de Kurtz separadamente, mas deixe-me começar com algumas observações gerais. Ao ler seus argumentos, a coisa que mais me impressionou foi a geral falta de frescor deles. Isto, obviamente, não os torna menos válidos, mas estas questões foram levantadas literalmente dezenas de vezes (muitas vezes pelos próprios parapsicólogos) dentro da mesma literatura substancial, e as respostas existentes pelos parapsicólogos (e por outros) a todos esses pontos são facilmente encontradas. No entanto, o Professor Kurtz apresenta essas queixas como se todas as respostas anteriores a elas fossem ou claramente insuficientes ou inexistentes. Neste sentido, o artigo de fato pouco acrescenta às ideias já presentes na literatura. Em vez disso, parece-me, a importância de seu artigo é ser principalmente um documento que representa a postura do Professor Kurtz em seu papel como presidente do Comitê para a Investigação Científica de Alegações do Paranormal (o que não quer dizer que o artigo represente, necessariamente, a posição de todos os membros do Comitê). Ele foi convidado a apresentar o trabalho em nome do Comitê, e foi publicado na The Skeptical Inquirer (a revista do Comitê), aparentemente sem discordâncias publicadas por quaisquer outros dos seus membros. Assim, até que a dissidência seja registrada, o artigo parece expressar, ao menos, uma posição majoritária do Comitê. E por esse motivo precisa de uma crítica pública.[1]

Curiosamente, o Professor Kurtz nunca chama explicitamente a Parapsicologia de pseudociência, mas defende claramente que ela está de acordo com o que ele nos dá como sua definição de pseudociência. De certa forma, isso é surpreendente. Kurtz admite a existência de resultados laboratoriais anômalos. Ele ignora ou rejeita as evidências espontâneas e outras não laboratoriais para psi, mas presumo que ele admitiria alguns enigmas legítimos nesta área e concederia que nem toda evidência científica deve ser evidência laboratorial. Ele insiste na possibilidade de explicações não psi alternativas para tais anomalias, mas aparentemente ele não insiste que tais explicações alternativas existam para todos os casos; nem ele parece insistir que tais explicações não psi todas têm se mostrado adequadas e cientificamente aceitáveis (mesmo para todos os críticos). Nisso, parece-me, ele estaria em pleno acordo com a maioria dos parapsicólogos, uma vez que eles também permitem a possibilidade de futuras explicações adequadas, que não psi, mas discordam sobre a probabilidade de estas emergirem. Kurtz também concede que alguns parapsicólogos têm tentado honestamente uma investigação laboratorial rigorosa sobre tais fenômenos anômalos legítimos. No entanto, ele aparentemente retira o rótulo de “cientista” de tais profissionais e o rótulo de “ciência” de seus esforços organizados.

Eu diria que Kurtz chegou a esta conclusão com base em dois equívocos: primeiro, ele parece acreditar que todos os parapsicólogos insistem na realidade de psi. Em segundo lugar, ele parece acreditar que os parapsicólogos devem e de fato baseiam a legitimidade de sua ciência (ou protociência) na realidade de psi. Penso que essas duas conclusões são bastante incorretas. A primeira é comprovadamente falsa empiricamente. Tanto a literatura pelos principais parapsicólogos quanto os levantamentos realizados revelam a diversidade de opiniões sobre a realidade de psi.[2] (Na verdade, as divergências de opinião nas subdivisões do psi — telepatia, clarividência, precognição e psicocinese — são criticadas por Kurtz como indicando falta de clareza conceitual.) É imperativo que distingamos entre a crença em psi e as alegações de conhecimento científico de psi pelos e entre os parapsicólogos. É verdade que a grande maioria dos parapsicólogos acredita (às vezes sobre uma base experiencial e reconhecidamente não científica) na existência de psi (embora isso ainda não seja necessário se inscrever na Associação Parapsicológica, o que certamente é a principal forma de operacionalização da definição de um parapsicólogo); mas a maioria dos parapsicólogos, especialmente os líderes, concederia muitas dificuldades científicas envolvidas na afirmação de que há uma prova científica inequívoca da existência de psi. Continua a haver uma diferença entre crença e conhecimento, e a maioria dos parapsicólogos reconhece isso claramente.

O segundo equívoco não é totalmente empírico, mas é uma questão de Filosofia da Ciência. A Associação Parapsicológica não baseia a sua existência na realidade de psi, mas meramente na investigação científica de fenômenos psicológicos anômalos para os quais psi é o principal termo conceitual.[3] Isto foi claramente reconhecido pela Associação Americana para o Avanço da Ciência, quando concedeu o estatuto de filiado à Associação Parapsicológica e de forma alguma endossou a existência de psi. Psi ainda pode ser ilegítima; mas a investigação científica de psi claramente não é, e isso é exatamente o que a Parapsicologia é. Este foi o argumento utilizado pela Associação Parapsicológica para entrar na AAAS, e isso é explicitamente reconhecido tanto pela PA quanto pela AAAS. O Professor Kurtz pode querer discordar desta abordagem, mas ela certamente representa a opinião da maioria da comunidade científica de que a ciência consiste em seu método e não em um determinado conjunto de conclusões substanciais o qual pode provar-se historicamente falível.

Muitos, se não a maioria dos filósofos e historiadores da ciência, concordam que qualquer alegação empírica pode (ao menos em princípio) ser estudada cientificamente, seja essa reivindicação a existência de um átomo ou de uma atitude, ou mesmo a telepatia ou o “Sasquatch”. A ciência é um método (ou como antropólogo Leslie White costumava dizer:[4]Science is sciencing”) e não um corpo de conhecimento absoluto.[5] Todas as ciências em um momento ou outro estudaram variáveis ??hipotéticas que mais tarde acabaram sendo julgadas inexistentes; e muitas ciências hoje aceitam questionar a realidade das construções centrais presentes em algumas outras ciências (por exemplo, muitos psicólogos insistem que os “grupos” estudados pelos sociólogos são falsas reificações e na verdade entidades metafísicas inexistentes, e alguns skinnerianos ortodoxos excluem até mesmo o estudo da cognição da Psicologia). Se levarmos a sério o que eu entendo ser a visão de Kurtz, uma ciência que estuda entidades irreais é uma pseudociência, e isso nos obrigaria a rotular muitas ciências atualmente aceitas (incluindo grande parte da Economia e da Psicologia — que são assim criticadas pelos fisiologistas bem como pelos behavioristas radicais) como pseudociências.[6]

Pode ser que eu tenha entendido mal o Professor Kurtz. Ele pode estar dizendo que uma ciência legítima da Parapsicologia é possível, mas que os seus adeptos atuais não vivem de acordo com o nível de rigor que isso exige. Como quase todos os envolvidos neste debate reconhecem, muitas pessoas que se dizem “parapsicólogos” são apenas imitações de cientistas; mas devemos julgar uma ciência por seus melhores representantes, e não pelos seus alvos mais fáceis. Kurtz parece concordar que alguns parapsicólogos (como o Dr. J. B. Rhine) são rigorosos e veem com bons olhos as críticas construtivas dos céticos, e de fato ele não conseguiu demonstrar como esses melhores representantes da ciência dentro da Parapsicologia são menos científicos do que outros cientistas menos rigorosos cujas disciplinas não vemos Kurtz chamar de pseudociências. Eu vejo como muito significativo o fato de que Kurtz e seu Comitê não parecem estar preocupados com o pobre método científico em ciências aceitas tais como a Psiquiatria. Em qualquer caso, uma vez que uma experiência aparentemente rigorosa é conduzida e publicada, os críticos primeiro devem mostrar onde ela pode ter sido deficiente; e, em segundo lugar, e mais importante, os críticos devem procurar demonstrar essas deficiências através de experimentos com novos controles que produzam esses resultados espúrios. Por exemplo, se no meu próprio campo da Psicologia Social alguém descobre que os resultados que obtive em um estudo eram um artefato devido à minha falta de controle para o fator X (e.g., o fato de que todos os meus sujeitos tinham olhos azuis), o crítico deve fazer mais do que levantar uma contra-explicação plausível. Ele precisa demonstrar que o fator X (neste caso os olhos azuis entre os meus sujeitos) pode fazer a diferença nos meus resultados. A ciência cresce principalmente por meio de pesquisa continuada e não por meio de críticas com base no que pode ter dado errado nos experimentos que se queira ver invalidados. Pode-se, hipoteticamente, descartar assim qualquer resultado na ciência. As críticas, assim como as alegações dos defensores, também devem ser falsificáveis, se quisermos considerá-las afirmações científicas![7]

Deixe-me agora avançar para os principais pontos de discussão do Professor Kurtz na sequencia em que ele os apresenta em seu artigo. 

OS ARGUMENTOS DO PROFESSOR KURTZ

Para evitar a deturpação inadvertida de sua posição, e para ajudar o leitor a acompanhar as questões envolvidas, enumerei[8] os principais argumentos do Professor Kurtz da seguinte forma:

1. O termo paranormal é usado de forma variada e inconsistente, devendo ser “dispensado como um conceito sem sentido”.

2. Ele nos oferece uma definição de pseudociência como aquela em que “claramente: (a) não se utiliza de métodos experimentais rigorosos em suas investigações, (b) falta-lhe um quadro conceitual coerente e testável, e/ou (c) afirma que tem conseguido resultados positivos, embora os testes sejam altamente questionáveis ??e suas generalizações não tenham sido corroboradas por observadores imparciais”. Ele discute dois exemplos, a Frenologia e a Astrologia, e um candidato provável, o biorritmo.

3. Ele examina a Parapsicologia em termos de sua definição de pseudociência e considera que ela é parcialmente deficiente no que diz respeito a dois elementos: (a) um método experimental rigoroso e (b) um quadro coerente testável, e quase, se não totalmente, desprovida de (c) confiabilidade e replicabilidade por observadores imparciais.

3a. Ele afirma que “uma vez que as principais reivindicações da Parapsicologia violam os princípios básicos da ciência e da experiência comum. . . os dados devem ser substanciais”.

3b. Ao discutir o efeito da crença do experimentador, ele afirma: “Se qualquer outra ciência tivesse os mesmos resultados contingentes, os descartaríamos sem discussão”.

3c. Ele afirma que “algumas ciências podem ser isentas do critério de replicabilidade, mas isso ocorre somente se as suas descobertas não contradizem o quadro conceitual geral do conhecimento científico” e que a Parapsicologia faz tais contradições ao dizer que a “PES parece ser independente do espaço e não diminui com a distância; a precognição pressupõe retrocausalidade; a psicocinese viola a lei da conservação de energia”.

4. Ele acusa “alguns parapsicólogos” de endossar ou silenciosamente saudar “generalizações apressadas de seu trabalho” por divulgadores e pesquisadores menos responsáveis??.

5. Ele argumenta que a PES é “apenas uma teoria usada para explicar resultados acima do acaso” e que “ela não tem nenhum significado identificável além de uma interpretação operacional”; e observa que haveria “possíveis explicações alternativas”.

6. Ele afirma que “se a telepatia já está provada, eu gostaria de entender seus mecanismos”.

7. Ele cita “um problema endêmico básico da Parapsicologia”, a “falta de um quadro conceitual que funcione claramente”.

8. Ele afirma que “a hipótese central da Parapsicologia” é que “a mente é separável do corpo”.

9. Ele afirma que a existência da psicocinese “derrubaria um princípio básico e bem documentado da Física”, o princípio da conservação de energia.

10. Ele afirma que Uri Geller e Jean Girard foram “acriticamente bem acolhidos por alguns parapsicólogos e parafísicos”, e que “tais super-psíquicos foram desacreditados”. De forma um pouco semelhante, ele antes se refere a suas supostas habilidades como “abertas a acusações de trapaça” juntamente com Ted Serios, em seguida comentando sobre as médiuns espiritualistas Margery Crandon e Eusapia Palladino a quem ele descarta completamente como tendo sido “ambas reveladas médiuns fraudulentas”.

11. Ele está preocupado com os motivos religiosos de alguns parapsicólogos e diz: “Infelizmente, muitos parapsicólogos parecem estar comprometidos com a crença em psi, baseados em uma visão de mundo metafísica ou espiritualista que desejam sustentar”.

12. Embora admita que alguns céticos não estão dispostos a olhar para as evidências e que isto é indefensável, ele argumenta que um “cético construtivo” pede apenas “por uma confirmação verdadeira dos resultados e das teorias” dos parapsicólogos, “nem mais nem menos”.

13. Ele afirma que “uma vez que estas alegações contrariam um corpo substancial do conhecimento científico existente, para podermos modificar nossos princípios básicos. . . a prova deve ser extremamente forte”, e ele acredita que o grau de evidência até aqui é “altamente questionável”.

14. Ele afirma que a solução só pode vir da própria evidência e que a melhor maneira de permitir que isso ocorra é os parapsicólogos buscarem “os maiores céticos que puderem localizar e pedir o exame das suas alegações paranormais sob as mais rigorosas condições”, Ao convencer esses céticos, os parapsicólogos “teriam alcançado um critério essencial de uma verdadeira ciência: a capacidade de replicar hipóteses em todo e qualquer laboratório e em condições experimentais padrão”. Por simples dedução, a pergunta feita no título deste artigo, “A Parapsicologia é uma Ciência?”, é aparentemente respondida: “Ainda não e, provavelmente, nunca”.

ARGUMENTOS CONSIDERADOS

Vou considerar os argumentos que procurei delinear acima (espero correta e justamente) na mesma sequência numérica.

1. Embora verdadeiro que o termo paranormal é usado com muita variação, o objetivo esmagador do seu uso moderno entre seus proponentes tem sido, por um lado, se referir a coisas não respondidas pela ciência, enquanto tenta por outro trazê-lo para o discurso científico, usando este termo no lugar da palavra sobrenatural, mais antiga, com todas as suas conotações metafísicas.[9] Esta é certamente a forma como o termo tem sido usado pela maioria dos parapsicólogos. O Professor Kurtz se opõe a esta definição ampla chamando suas implicações de “absurdas”. Na verdade, porém, a maioria dos grandes avanços na ciência se baseia em ideias que foram pensadas anteriormente “impossíveis”, com a violação de teorias anteriormente aceitas. Isso inclui os exemplos de Kurtz da teoria dos germes, a relatividade, e as teorias quânticas, para não mencionar a teoria da gravidade de Newton como ação a distância e rotuladas não apenas de ideias insanas, mas muitas vezes chamadas de “ocultas”, “místicas”, ou “mágicas” (as equivalentes funcionais do nosso mais recente termo “paranormal”) por seus críticos científicos contemporâneos.

Se o Professor Kurtz realmente acredita no que diz aqui, espero que ele mude em breve o nome de sua organização; pois se ela é na verdade o Comitê para a Investigação Científica de Alegações de “Conceitos sem Sentido”, isso sugere um pré-julgamento do que é supostamente para ser investigado.

2. A definição de pseudociência de Kurtz elimina as ciências não experimentais (por exemplo, grande parte da Astronomia, Sociologia, Antropologia, Biologia, etc.); seriam pseudociências muitas das ciências sociais e psicológicas (especialmente a Psiquiatria), onde não há um “quadro conceitual coerente testável acordado”; e a maioria das ciências sociais seria descartada, bem como as ciências naturais altamente especializadas e especulativas (Cosmologia, Paleontologia, etc.) onde as alegações permanecem questionáveis ??e não foram realmente corroboradas por observadores imparciais. Tais critérios devem ser uma questão de grau, e o uso de Kurtz da palavra indica claramente que ele reconhece isso. Mas é justamente essa clareza que está em questão, e muitas ciências conhecem alguns desses critérios a um grau que é menor ou, no máximo, igual aos encontrados na Parapsicologia.

De forma semelhante, Kurtz ignora questões de grau quando discute a Frenologia e a Astrologia (biorritmo não é em si uma ciência, mas se refere ao poder supostamente preditivo do conhecimento sobre os ritmos do corpo, uma questão exagerada pelos divulgadores, mas não sem algum fundamento empírico).[10] A Frenologia assumiu várias formas[11] e é importante distinguir suas versões mais científicas das suas formas popularizadas. O Professor Kurtz parece reconhecer a diferença entre o trabalho de Gauquelin e o dos astrólogos tradicionais, mas a “astrobiologia” de Gauquelin também tem sido chamada de “neo-astrologia” e foi acolhida por muitos astrólogos tradicionais.[12] Não está claro se Kurtz incluiria ou não Gauquelin em sua galeria de pseudocientistas, mas o tom de sua discussão (e a publicação do livro de Gauquelin pela própria Prometheus Press de Kurtz) sugere que ele não rotularia Gauquelin assim. No entanto, permanece o fato de que Gauquelin pareceria se encaixar na terceira parte da definição de Kurtz de um pseudocientista.

3. Kurtz considera que a Parapsicologia possui todos os três elementos encontrados na sua definição de uma pseudociência. Como eu disse acima, a Parapsicologia não está pior do que muitas ciências sociais no que diz respeito aos dois primeiros critérios. A Parapsicologia claramente tem sérios problemas em relação ao terceiro critério de Kurtz de uma pseudociência, mas, novamente, Kurtz está superestimando o grau do problema. Os parapsicólogos há muito têm abordado o problema da replicabilidade diretamente,[13] e, apesar de reconhecer a gravidade do problema, eles apontam que (a) a ausência de replicabilidade está presente para alegações significativas em muitas outras ciências aceitas (especialmente Psicologia e Sociologia, mas também em campos como Astronomia); e (b) a replicabilidade é também uma questão de grau,[14] e muitos experimentos em Parapsicologia foram replicados com alguma consistência por diferentes experimentadores (para não dizer nada sobre replicações dentro do mesmo conjunto experimental ou de replicações com um único sujeito). É certo que psi não pode ser reproduzido à vontade (nem os meteoros pelos astrônomos, por isso vamos manter esse ponto em mente). No entanto, deve-se notar que alguns parapsicólogos iniciaram os experimentos como críticos e foram convertidos à crença em psi com o que relataram ser a evidência, e muitos que começaram a examinar a literatura sobre psi com expectativas negativas ou neutras foram levados à crença (ou, pelo menos, ao agnosticismo) pelas evidências e argumentos apresentados pelos parapsicólogos. É um mito que de um investigador científico razoável que examine ambos os lados da questão deva emergir um forte descrente.

O argumento de Kurtz (3a) está correto no sentido de que uma evidência expressiva é necessária porque psi é uma afirmação extraordinária.[15]

Mas sua afirmação de que isto é assim porque viola “os princípios básicos da ciência e da experiência comum” é muito opaca. Em primeiro lugar, a ciência e a experiência comum (que eu presumo ele queira dizer ser algo parecido com o que os outros chamam de “senso comum”) dificilmente são claramente consistentes sobre essas questões. Eu não sei quais os “princípios básicos” da “experiência comum” ele se refere aqui, mas pesquisas de opinião nacionais mostram consistentemente que a maioria das pessoas acredita em psi,[16] e muitos têm experiências transcendentes[17] (para dizer pouco do supernaturalismo religioso presente nas experiências ordinárias de milhões). Em termos de frequência numérica, essas experiências extraordinárias podem realmente ser bastante comuns. Mais importante do que isso, muitos têm apontado que a visão científica do mundo é sempre contrária à nossa “experiência comum” ou “senso comum”, já que a ciência nos diz coisas tais como que as mesas não são de fato sólidas. Na verdade, a Psicologia moderna é a principal adversária do dualismo mente-corpo, que é uma parte da experiência comum da maioria das pessoas; e, neste sentido, a experiência comum tende a apoiar, e não a contradizer, o caso de psi.

Kurtz deturpa (em 3b) o efeito da crença do experimentador como isso se representasse uma condição que o tornasse não falsificável experimentalmente.[18] (Pode ser que algumas declarações deste efeito por alguns parapsicólogos sejam impossíveis de falsificar, mas esse não é o caso para os melhores requerentes, e nós céticos devemos sempre fazer o nosso ponto contra os argumentos mais fortes dos defensores.) Efeitos do experimentador são tratados em outras ciências, e tais contingências não descartam as alegações. Se eu afirmasse que apenas os indivíduos de olhos azuis podem estudar certos tipos de problemas óticos e que a presença de pesquisadores de olhos castanhos interfere com os estados subjetivos desses sujeitos, ainda existem formas de conduzir tais estudos por meio da automação, o uso de assistentes de olhos azuis mas confiáveis?, etc., etc. Os problemas não são simples, mas certamente são solucionáveis??, e problemas semelhantes foram resolvidos em outras áreas da ciência.[19]

O argumento de Kurtz (3c), de que psi é contrário aos princípios básicos da ciência, é mais forte, mas também tem sido longamente considerado e respondido na literatura.[20] Em primeiro lugar, os princípios da ciência são metodológicos e não permanentes; e a Parapsicologia tenta ser bastante rigorosa metodologicamente (especialmente quando comparada com as experiências habituais dos psicológicos). Em segundo lugar, de forma alguma todos os parapsicólogos concordariam que todos os experimentos psi são válidos ou que foram corretamente interpretados. Assim, alguns parapsicólogos aceitam a telepatia, mas duvidam da realidade da precognição e da psicocinese. Alguns acreditam que a distância em telepatia não é importante, mas os outros sim.[21] Em terceiro lugar, as contravenções que Kurtz alega não estão tão direta e logicamente presentes. Por exemplo, pode-se argumentar que a precognição seria evidência de retrocausalidade em vez de uma presunção dela.[22] E a psicocinese poderia teoricamente ser explicada de formas que não contrariem a lei da conservação de energia.[23] Em quarto lugar, ainda que os exemplos violadores de Kurtz fossem aceitos por todos os parapsicólogos, isso apenas limitaria o domínio dos princípios aceitos a suas áreas de generalização antigas; eles não seriam falsificados para esse domínio limitado. Declarações científicas com a forma de lei (e pode ser significativo que Kurtz continue a usar o termo lei de uma forma não experimental hoje incomum dentro da Filosofia da Ciência) são apenas generalizações a partir da observação de algum determinado domínio, e é muito importante que lembremos o liminar que a ciência é essencialmente descritiva e não prescritiva.[24] Em quinto e último lugar, estou surpreso ao ler que o Professor Kurtz isentaria qualquer ciência do critério de replicabilidade. Eu acho que muitos filósofos da ciência discordariam de que podemos ir tão longe a ponto de isentar o critério de replicabilidade “daquelas afirmações científicas que não contradigam o quadro conceitual geral do conhecimento científico”.[25] Provavelmente seria uma exigência menor, mas eu acredito que isenção seja um termo forte demais daquilo que Kurtz realmente teve a intenção de dizer. Eu esperaria uma linguagem mais precisa de um filósofo profissional.

4. É verdade que alguns parapsicólogos permitiram generalizações públicas excessivas de suas evidências. Eu iria mais longe e admitiria que alguns até incentivaram ativamente tais exageros. A Parapsicologia permanece extraordinariamente grata às fontes privadas de apoio, e isso é em grande parte porque muitas de suas fontes de financiamento públicas e mais ortodoxas foram fechadas por causa de guardiões científicos céticos nestas agências. Não deve, portanto, ser surpreendente—embora nem sempre seja perdoável, ainda que compreensível—que os parapsicólogos provavelmente tenham tido que encorajar publicidade para obter financiamento. Isso poderia não ser tão necessário se os críticos fossem mais razoáveis e ajudassem a trazer mais rigor, em vez de impedir os financiamentos de pesquisa.[26]

Deve-se observar também que tal busca por publicidade não está de forma alguma limitada em ciência aos parapsicólogos. Precisa-se apenas olhar para os escritos de colunistas de ciência nos principais meios de comunicação, desde o New York Times e Times ao Science News e Science Digest, para encontrar exemplos de relatórios exagerados de ciência popular, que foram saudados em silêncio ou acolhidos pelos próprios cientistas (ao ler as colunas, alguém poderia pensar que buracos negros e pósitrons que voltam no tempo ficaram tão bem estabelecidos quanto o DNA).[27]

Essa crítica geral por Kurtz sugere uma falta de controle social adequado pelos parapsicólogos. Da mesma forma, muitos críticos comentaram sobre a longa história de fraudes reveladas na Pesquisa Psíquica. No entanto, os fatos mostram claramente que os críticos mais rigorosos dos experimentos psi foram os colegas pesquisadores psi, e as fraudes ocasionais descobertas na Parapsicologia moderna foram quase todas descobertas e chamadas à atenção do público pelos próprios parapsicólogos e não pelos críticos fora do campo. Em um sentido muito importante, as revelações de fraudes ocasionais dentro da Parapsicologia são a melhor prova do rigor e da objetividade científica presente na Parapsicologia por aqueles que fazem o policiamento da disciplina. É um mito que os pesquisadores psíquicos são um bando de crédulos que confiam cegamente uns nos outros. A desconfiança é abundante na Parapsicologia, e provavelmente há um melhor sistema de segurança científica operando na Parapsicologia do que na maioria se não em todas as outras ciências.[28] Deveria ser óbvio a qualquer um que leu a literatura parapsicológica que os parapsicólogos têm sido críticos muito melhores, mais produtivos e defraudadores do que qualquer outro fora da disciplina.

5. Podem realmente existir explicações alternativas a psi para resultados acima do acaso, mas o ônus da prova para essas alternativas está com os defensores de tais alternativas (muitas das quais têm se mostrado bastante inadequadas para atender aos fatos). As alternativas de incompetência e de fraude necessitam de demonstração. Acusações de fraude, sem evidência razoável que a sustente (e a mera possibilidade ou oportunidade para a fraude de fato não constitui nada além do que uma conjectura) são muito frequentemente tomadas como prova. Além disso, dizer que a PES é apenas uma teoria a qual “não tem nenhum significado identificável além de interpretação operacional” é como dizer que a inteligência não tem mais significado do que um teste de QI. Tal operacionalismo extremo tem sido desde há muito filosoficamente desacreditado, e, neste caso, ignora o fato de que o conceito de PES precedeu os testes estatísticos utilizados para operacionalizá-lo e dificilmente é redutível a essas operações. Noções como a telepatia vieram até nós a partir de casos espontâneos e evidências anedóticas, e os testes estatísticos são apenas uma possível medida operacional de sua suposta realidade; se a PES realmente existe, todas as estatísticas poderiam ser jogados no lixo amanhã e isso não necessariamente afetaria a sua realidade ou acabaria com a possibilidade de sua manifestação cientificamente. (Se o Psíquico X pudesse dizer a qualquer um de nós os nossos pensamentos secretos, provavelmente nenhum teste estatístico seria necessário o para convencer até mesmo o Professor Kurtz.)[29]

6. Todos os interessados?? certamente concordam que um mecanismo para a telepatia deve ser buscado,[30] e a ausência de um bem definido prejudica o caso para ela. Mas nós não rejeitaríamos necessariamente os fenômenos psicossomáticos (como muitos fisiologistas ainda fazem) só porque não temos um mecanismo claro para tais efeitos. A presença de uma boa teoria facilita a aceitação de um fenômeno, mas não é essencial para essa aceitação. A prova da telepatia, em princípio, poderia ser estabelecida independentemente de qualquer teoria ou mecanismos conhecidos.

7. A “falta de uma estrutura conceitual claramente trabalhada” em Parapsicologia continua a ser uma questão de grau uma vez que existem muitas estruturas conceituais diferentes que foram apresentadas.[31] Concordo que uma maior clareza seria uma grande ajuda, mas a resposta para isso é buscar uma maior clareza em vez de presumir um obstáculo intransponível e ignorar todo o campo e sua riqueza de dados anômalos.

8. Muitos parapsicólogos e aqueles simpáticos a suas alegações rejeitariam e rejeitam o dualismo mente-corpo. Dizer que “a mente é separável do corpo [é] a hipótese central da Parapsicologia” simplesmente não é demonstrável como uma parte necessária da definição de Parapsicologia. Certamente, ainda há muitos dualistas em Parapsicologia (como há alguns em Neurologia Cerebral e em Psicologia), mas isso não é realmente relevante para a evidência de psi, que pode ser aceito enquanto se rejeita tal suposta “hipótese central”.[32]

9. Como mencionado anteriormente (em minha discussão do argumento 3c de Kurtz), a realidade da psicocinese não requereria em absoluto a “derrubada” do princípio de conservação de energia.

10. Embora eu, pessoalmente, continue a acreditar que Geller, Girard, e Serios são provavelmente todos charlatães inteligentes, uma análise da literatura relevante e extensa sobre os seus casos não vai tão longe a ponto de “desacreditá-los”. Nenhum deles foi apanhado em fraude, houve apenas evidências circunstanciais. Não houve o equivalente a uma “prova concreta” (embora as provas contra Geller cheguem muito perto disso, de fato). Foram-nos dados motivos que soam razoavelmente plausíveis e que nos levam a suspeitar fortemente de fraude. Eu pessoalmente acho tal evidência convincente, mas ela me leva a concluir apenas que a força da evidência para as suas habilidades psíquicas é muito mais fraca do que os seus defensores afirmam. Em outras palavras, a evidência para esses psíquicos foi profundamente danificada e assim “desacreditada” na medida em que dizia ser uma forte evidência. Mas isso não é de forma alguma a mesma coisa que dizer que os próprios psíquicos foram desacreditados. Esta não é apenas uma diferença semântica entre mim e Kurtz. Se o psíquico foi desacreditado, não há sentido algum em se fazer mais testes com ele. Se a força da evidência para ele foi desacreditada, isso abre a porta para melhores testes e para melhor evidência futura. A visão de Kurtz fecharia a porta; a minha a abriria e estenderia um convite para uma melhor evidência.

A questão é ainda mais complicada nos exemplos de Kurtz de Margery Crandon e Eusapia Palladino a quem ele caracteriza como “demonstradas serem médiuns fraudulentas”. Os mais fortes defensores destas duas médiuns concordariam que elas às vezes fraudaram, mas o problema da “mediunidade mista” na psíquica investigação é complexo e permanece conosco.[33] Novamente, eu pessoalmente acredito que essas mulheres eram fraudes consistentes, mas sou obrigado a reconhecer que nem todas as provas produzidas por seus “poderes” foram necessariamente explicadas pela crítica. Assim, os cientistas razoáveis ??podem diferir em suas conclusões gerais. A postura verdadeiramente desinteressada e objetiva para esses eventos deve continuar a ser a de um agnóstico (com uma alta probabilidade sendo dada para a possibilidade de fraude consistente) ao invés de uma desqualificação simplista, sem a evidência adequada necessária para de fato derrubar todos os dados nesses casos.

11. Entrar em motivações religiosas entre os parapsicólogos é essencialmente irrelevante e — como usado por alguns críticos — se assemelha a um argumento ad hominem. Eu desaprovo os argumentos similares dos proponentes de psi que alegam ateísmo entre os críticos de psi. Nós poderíamos da mesma forma dispensar Kepler e Newton devido às suas motivações para estudar astronomia centradas no sobrenatural. Há, sem dúvida, uma “vontade de acreditar” entre alguns proponentes de psi e uma “vontade de não acreditar” entre alguns críticos de psi.[34] Ambas podem realmente ser úteis na obtenção de cientistas de ambos os lados interessados o suficiente em questões de querer investigar alegações do paranormal. Devemos deixar a cargo dos cânones da validação científica cortar esses fatores motivacionais, uma vez que é a evidência e os argumentos que em última análise precisam ser julgados, e não as psicopatologias pessoais dos cientistas envolvidos.[35]

12. Eu gostaria de apoiar as observações do Professor Kurtz sobre ceticismo construtivo, mas como tentei mostrar, a sua extrema ênfase no lado negativo ou defraudador destas questões não é construtiva, e sim destrutiva, uma vez que seguir suas prescrições levariam ao bloqueio, em vez de facilitar a livre investigação. Se estou correto, o problema é que ele não vê isso; pois acredito que ele honestamente deseje promover, em vez de dificultar, a investigação, mas tal bloqueio é inevitavelmente o resultado de sua forma muito negativa  de ceticismo.

13 Concordo que a evidência para alegações extraordinárias como psi deve ser substancial, mas o grau de evidência deve ser proporcional à extraordinariedade das alegações. Kurtz parece não discriminar entre as alegações de psi que são mais ou menos extraordinárias, e eu também acho que ele subestima a substancialidade das evidências existentes. Concordo que grande parte das provas de psi é altamente questionável, mas o volume de tal prova varia de acordo com o pedido específico que está sendo feito. Assim, a telepatia exigiria uma prova substancial muito menor do que a precognição.[36]

14. Qualquer julgamento final sobre psi deve realmente se basear sobre a própria evidência, mas eu discordo totalmente do Professor Kurtz quanto ao melhor caminho para o julgamento de tais provas. Sua insistência em envolver os “mais céticos mais profundos” — presumivelmente o seu Comitê para a Investigação Científica de Alegações do Paranormal — certamente não é sem mérito. No entanto, seu processo sugerido pressupõe incorretamente a necessidade de convencer os céticos linha-dura para a Parapsicologia ganhar um status científico completo como ciência. Se a legitimidade institucional de uma nova ciência fosse depender de convencer os “maiores céticos” muitas ciências atualmente aceitas ainda estariam esperando alçar voo.[37] É a comunidade científica em geral que a Parapsicologia precisa convencer. Céticos linha-dura, como os do Comitê de Kurtz podem e de fato realizam um papel útil no seio da comunidade científica em geral, defendendo os limites da ciência ortodoxa contra alegações não ortodoxas tais como aquelas pelos parapsicólogos. Mas é imperativo que tais grupos de céticos não sejam autorizados a atuar como juiz e júri em tais assuntos ao invés de meros advogados. Muitos nas disciplinas paranormais acusaram o Comitê de Kurtz de procurar tornar-se uma espécie de “inquisição científica” para acabar com as “heresias”.[38] A revista do Comitê e os pronunciamentos públicos de seu presidente sugerem esta abordagem em vez da de uma organização imparcial, que busca principalmente a verdade e disposta a deixar as fichas cair onde for. Assim, os parapsicólogos podem ter boas razões para não querer apresentar as suas provas perante o que consideram ser um Comitê tendencioso e orientado para o desmascaramento. Muitos podem preferir levar seu caso para a comunidade científica em geral, a qual eles veem como mais objetiva, e com os juízes adequados.

O Professor Kurtz também parece ignorar o fato de que os parapsicólogos mais conservadores (e na minha visão entre os mais responsáveis??) admitem que ainda não possuem as provas substanciais necessárias para convencer um cético linha-dura. Limitam-se a argumentar que um caso razoavelmente provável para psi emergiu e que o tema é de importância suficiente para que todos os cientistas incentivem ainda mais a pesquisa.

A literatura deixa claro que nem os defensores nem os críticos têm todas as virtudes ou defeitos do seu lado. Afirmações e críticas irresponsáveis ??ambas existem. Advogados pró e contra o paranormal ambos precisam de seu dia na corte. Eu estimulo ao Comitê de Kurtz a reconhecer publicamente o seu papel de advogado, ficar orgulhoso dele, e buscar um diálogo honesto com todos aqueles que procuram fazer um caso científico para as alegações paranormais. Tais diálogos de preferência precisam continuar nas revistas científicas regulares agora resistentes a eles. (É só por causa dessa resistência que iniciei a minha própria revista para tais diálogos, a Zetetic Scholar). Estas questões têm de ser julgadas pela comunidade científica em geral, e o Comitê poderia mostrar a sua boa fé, tomando a iniciativa de estimular tais revistas como a Science a publicar artigos de pró e contra tais temas.[39] Nesse meio tempo, os céticos linha-dura devem publicar seus comentários nas revistas paranormais e abrir suas páginas para os argumentos dos reclamantes. Precisamos parar de pensar nessas trocas como debates, como se um lado ou o outro devesse ser o perdedor; devemos conduzir diálogos responsáveis ??e rigorosos com a nossa meta principal que é chegar à verdade científica. Então todos seremos vencedores.

UMA PALAVRA FINAL

Minhas respostas aos argumentos levantados pelo Professor Kurtz, provavelmente, dão uma falsa impressão de maior discordância do que de acordo entre nós. Isso ocorre porque enfatizei as nossas diferenças para mostrar o fato de que há divergências significativas entre os críticos, bem como entre os defensores das alegações paranormais. Eu constatei que, ao julgar os casos individuais da pesquisa parapsicológica, eu geralmente concordava com as reservas apresentadas pelos membros mais linha-dura do Comitê de Kurtz. E vim a saber que muitos parapsicólogos conservadores podem ser, e frequentemente são, críticos igualmente duros dos experimentos psi bem como os mais profundos céticos.[40] Mas, como tentei argumentar, a realidade de psi é muito secundária à questão do status científico da Parapsicologia. Rotular a Parapsicologia de ilegítima ou de pseudociência só pode resultar em obscurecer as questões, estigmatizando o que é um esforço metodologicamente legítimo, forçando os parapsicólogos a buscar apoio entre o público e flertar com ocultismos, e, finalmente, acabar em bloqueio investigativo. Concordo com o grande filósofo C. S. Peirce de que a nossa primeira obrigação enquanto cientistas e filósofos deve ser não fazer nada que possa bloquear a investigação.[41] Espero que o Professor Kurtz partilhe desta opinião. E a investigação pode ser melhor promovida pelo encorajamento ao invés do ridículo, desanimando assim uma pesquisa ainda muito necessária em uma área que permanece cheia de enigmas científicos genuínos.

Artigo original: Truzzi, Marcello. A skeptical look at Paul Kurtz’s analysis of the scientific status of parapsychology. Journal of Parapsychology, Vol 44(1), Mar 1980, 35-55. 

Artigo traduzido por Vitor Moura Visoni.


[1] Com relação às demais diferenças entre mim e o Comitê de Kurtz, consulte Fate, setembro de 1979, pp. 70-76, e outubro de 1979, pp. 87-94. Após este presente trabalho ser concluído, em 16 de novembro de 1979 o Professor Kurtz enviou uma carta aos membros da Associação Parapsicológica, indicando que ele e o Conselho Executivo do Comitê voltariam a se opor a qualquer movimento destinado a expulsar a Associação Parapsicológica da Associação Americana para o Avanço da Ciência. Isso parece moderar a posição do Professor Kurtz como delineada no artigo revisto aqui, já que parece improvável que ele e o Comitê endossariam a filiação de uma pseudociência com a AAAS. Espero que isso indique uma mudança na posição do Professor Kurtz desde que ele escreveu o artigo.

[2] Cf. Gertrude Schmeidler, “Parapsychologists’ Opinions about Parapsychology, 1971”, Journal of Parapsychology, 1971, 35, 208-218.

[3] Basta olhar para as atas dos parapsicólogos para ver a gama de pontos de vista presentes. E.g., Allan Angoff & Betty Shapin (Eds.), A Century of Psychical Research: The Continuing Doubts and Affirmations (New York: Parapsicologia Foundation, 1971).

[4] Leslie White, The Science of Culture: A Study of Man and Civilization (New York: Grove Press, 1949), pp. 3-21.

[5] Para apoio a essa posição, ver: Harold I. Brown, Perception, Theory and Commitment: The New Philosophy of Science (Chicago: University of Chicago Press, 1979); e Frederick Suppe (Ed.), The Structure of Scientific Theories, 2nd ed., (Urbana, 111.: University of Illinois Press, 1977).

[6] Claro, linhas-duras criticaram as ciências sociais (incluindo a Psicologia) e rotularam-lhes pseudociências, mas os escritos do Professor Kurtz sobre as ciências sociais sugerem que ele não compartilha essa visão, e seu “Comitê científico” inclui muitos desses cientistas sociais.

[7] Este ponto foi especialmente bem feito em “Normal Explanations of the Paranormal: The Problem of Demarcation in Science with Reference to an Analysis of Fraud in Parapsychology” de T. J. Pinch.  Trabalho não publicado, 1977. Veja também: Michael Martin, “The Problem of Experimenter Fraud: A Re-evaluation of Hansel’s Critique of ESP Experiments”, Journal of Parapsychology, 1978, 43, 129-139.

[8] Estes são apresentados na sequência de sua própria apresentação. Eu não tentei agrupar os argumentos onde eles se sobrepõem.

[9] Cf. Stephen E. Braude, “On the Meaning of ‘Paranormal’”, em Jan Ludwig (Ed.), Philosophy and Parapsychology (Buffalo, N.Y.: Prometheus Press, 1978), pp. 227-244; veja também: Gardner Murphy, “The Natural, the Mystical and the Paranormal”, Journal of the American Society for Psychical Research, 1952, 46, 125-142; e minha tipologia em Zetetic Scholar, 1979, 2, 64-65.

[10] Uma bibliografia incluindo as experiências de apoio para as alegações de biorritmo pode ser encontrada em Zetetic Scholar, 1978, 1, 47.

[11] Isto é evidente a partir da história moderna da literatura científica que tem reavaliado a Frenologia: e.g., Harry J. Jerrison, “Should Phrenology be Rediscovered?” Current Anthropology, 1977, 18, 744-746; ou David Bakan, “The Influence of Phrenology on American Psychology”, Journal of the History of the Behavioral Sciences, 1966, 2, 200-220.

[12] Na verdade, existem alguns estudos de um tipo estatístico — como o de Gauquelin — apoiando a astrologia tradicional. A bibliografia de tais pesquisas pode ser encontrada em Zetetic Scholar, 1978, 2, 79-87.

[13] Cf. Gardner Murphy, “The Problem of Repeatability in Psychical Research,” Journal of the American Society for Psychical Research, 1971, 65, 3-16; e seu “Trends in the Study of Extrasensory Perception,” American Psychologist, 1958, 13, 69-76; Lawrence LeShan, “Parapsychology and the ‘Repeatable Experiment’“ em Allan Angoff (Ed.), The Psychic Force (New York: G. P. Putnam’s Sons, 1970), pp. 38-49; John Beloff, “Why Parapsychology is Still on Trial,” Human Nature, December 1978, pp. 68-74; Champe Ransom, “Recent Criticisms of Parapsychology: A Review,” Journal of the American Society for Psychical Research, 1971, 65, 289-307; J. G. Pratt, “Prologue to a Debate: Some Assumptions Relevant to Research in Parapsychology,” Journal of the American Society for Psychical Research, 1978, 72, 127-139, especialmente 135-137; e seu “Some Notes for the Future Einstein for Parapsychology,” Journal of the American Society for Psychical Research, 1974, 68, 133-155, especialmente 138-140; J. Fraser Nicol, “Some Difficulties in the Way of Scientific Recognition of Extrasensory Perception” em G. E. W. Wolstenholme e E. C. P. Millar (Eds.), Extrasensory Perception (New York: Citadel Press, 1966), pp. 24-32; Bob Brier, “Methodology in Parapsychology and Other Sciences,” Parapsychology Review, 1973, 4 (1), 1-2 & 28-31; J. B. Rhine, “Some Present Impasses in Parapsychology,” Journal of Parapsychology, 1955,19, 99-110; Charles Honorton, “Has Science Developed the Competence to Confront Claims of the Paranormal?” in J. D. Morris, et al. (Eds.), Research in Parapsychology, 1975 (Metuchen, N.J.: Scarecrow Press, 1976), pp. 199-223, especialmente 205-506; e Robert H. Thouless, From Ancedote to Experiment in Psychical Research (London: Routledge & Kegan Paul, 1972), pp. 53-56.

[14] Tem-se argumentado que a definição prática de replicabilidade é em si mesma muito socialmente negociada e não se trata de uma questão tão clara como a posição de Kurtz implica. Cf. Harry Collins, “Science and the Role of Replicability: A Sociological Study of Scientific Method”, um trabalho apresentado no encontro anual da Associação Americana para o Avanço da Ciência, em Washington, DC, em fevereiro de 1978. Veja também o seu “The Construction of the Paranormal: Nothing Unscientific Is Happening”, em Roy Wallis (Ed.), On the Margins of Science: The Social Construction of Rejected Knowledge, Sociological Review Monograph No. 27, 1978. Também estou inclinado a concordar com a posição de Paul Allison: “Embora a descoberta de uma experiência facilmente reproduzível possa vir a salvar a Parapsicologia, a falta dela certamente pouco contribui para explicar a intensidade daqueles que se opõem ao campo. Certamente não impediu outras áreas (e.g., a Psicologia) de ser aceita como legítima cientificamente. Não, a oposição parece resultar mais de duas características muito relacionadas com a Parapsicologia: sua ameaça a premissas científicas básicas e suas origens e contínua associação com o ocultismo” “Experimental Parapsychology as a Rejected Science”, ibid, p. 281.

[15] Para uma discussão mais aprofundada desta questão central, ver o meu “On the Extraordinary: An Attempt at Clarification,” Zetetic Scholar, 1978, 1, 11-22.

[16] George Gallup, “High Belief in Paranormal Phenomena,” enquete do Gallup liberada em 15 de junho de 1978, mostrando que 51% do público dos EUA acredita em PES, com isso aumentando para 64% para aqueles com faculdade. Para dados anteriores de Roper, ver E. G. Martin, “53% of Americans Believe in Psychic Phenomena,” National Enquirer, November 26, 1974, p. 2.

[17] Cf. Linda Brookover Bourque, “Social Correlates of Transcendental Experiences”, Sociological Analysis, 1969, 30, 151-163.

[18] Cf. Judith T. O’Brien, “Examining Experimenter Effects,” Parapsychology Review, 1976, 7 (5), 25-28; J. F. Kennedy and J. L. Taddonio, “Experimenter Effects in Parapsychological Research,” Journal of Parapsychology, 1976, 40, 1-33; e Richard S. Broughton, “Repeatability and Experimenter Effect: Are Subjects Really Necessary?”, Parapsychology Review, 1979, 10 (1), 11-14.

[19] R. Rosenthal, Experimenter Effects in Behavioral Research (New York: Appleton-Century-Crofts, 1968).

[20] Uma excelente discussão pode ser vista em “Extrasensory Perception: Research Findings,” de John Palmer, em Stanley Krippner (Ed.), Advances in Parapsychological Research, 2: Extrasensory Perception (New York: Plenum, 1978), 59-243, especialmente 64-68. Ver também: Remy Chauvin, “To Reconcile Psi and Physics,” em James M. O. Wheatley e Hoyt L. Edge (Eds.), Philosophical Dimensions of Parapsychology (Springfield, 111.: Charles C. Thomas, 1976), pp. 409-412.

[21] Referente à falta de clareza nessa questão, ver: John Palmer, op. cit., pp. 73-77.

[22] Essas estão longe de serem questões simples ou bem definidas. Revisões podem ser encontradas em: J. M. O. Wheatley e H. L. Edge (Eds.), op. cit., pp. 185-244; Jan Ludwig (Ed.), op. cit., pp. 287-349; Bob Brier, Precognition and the Philosophy of Science (New York: Humanities Press, 1974); e Bob Brier e James Giles, “Philosophy, Psychic Research, and Parapsychology: A Survey,” Southern Journal of Philosophy, 1975, 13, 393-405.

[23] Referente à complexidade das questões envolvidas, veja: Rex G. Stanford, “Experimental Psychokinesis: A Review From Diverse Perspectives” em Benjamin Wolman (Ed.), Handbook of Parapsychology (New York: Van Nostrand Reinhold, 1977), pp. 324-381; e Stanley Krippner (Ed.), Advances in Parapsychological Research 1: Psychokinesis (New York: Plenum, 1977).

[24] F. Sherwood Taylor colocou de forma sucinta: “O homem da ciência não diz que cada corpo tem que obedecer a lei da gravidade, mas apenas que esta lei descreve com precisão todos os casos que até agora foram investigados. Qualquer caso de um fenômeno que pareça não concordar com essa lei teria que ser rigorosamente examinado antes que acreditássemos que foi observado corretamente, mas se tal caso for encontrado e fundamentado, a Lei da Gravitação então teria que ser modificada, de modo a incluí-lo. Leis descrevem e não prescrevem. …” A Short History of Science and Scientific Thought (New York: W. W. Norton, 1949), p. 342.

[25] Por exemplo, esta declaração por Antony Flew (também membro do Comitê de Kurtz) aparentemente se opõe a essas isenções: “Todo o objetivo do exercício científico é descobrir leis verdadeiras, e as teorias que explicam a verdade dessas leis. Se os fenômenos alegados são não repetíveis em absoluto, então eles claramente não podem ser classificados sob quaisquer leis naturais, mesmo que venham a ocorrer”. “Parapsychology Revisited: Laws, Miracles, and Repeatability” em Jan Ludwig (Ed.), op. cit., p. 268.

[26] Apesar de tudo isso, alguns parapsicólogos têm sido bastante abertos contra essa sobregeneralização popular; e.g., R. A. McConnell, “Parapsychology and the Occult”, Journal of the American Society for Psychical Research, 1973, 67, 225-243.

[27] Esses problemas são reconhecidos dentro do jornalismo, ver: David Perlman, “Science and the Mass Media,” em Gerald Holton e W. A. Blanpied (Eds.), Science and Its Public: The Changing Relationship (Boston: D. Reidel, 1976), pp. 245-260.

[28] Referente à fraude em outras ciências, ver: Ian St. James-Roberts, “Cheating in Science,” New Scientist, Nov. 25, 1976, pp. 466-469; e Deen Weinstein, “Fraud in Science,” Social Science Quarterly, 1979, 59, 639-652.

[29] Referente ao caso científico para analisar os fenômenos espontâneos, não laboratoriais, ver: Ian Stevenson, “The Substantiality of Spontaneous Cases” in W. G. Roll, R. L. Morris, and J. D. Morris (Eds.), Proceedings of the Parapsychological Association, 1968, No. 5 (Durham, N.C.: Parapsychological Assn., 1968), pp. 91-128.

[30] Teorias que especificam possíveis mecanismos são várias, ver K. Ramakrishna Rao, “Theories of Psi,” in Stanley Krippner (Ed.), Advances in Parapsychological Research, 2: Extrasensory Perception, op. cit., pp. 245-295; e Carroll B. Nash, Science of Psi: ESP and PK (Springfield, 111.: Charles C. Thomas, 1978), Chap. 4, “Theories of Psi,” pp. 203-225. Recentes abordagens interessantes a possíveis mecanismos incluem: Hiroshi Motoyama, “The Mechanism by Which Psi Ability Manifests Itself,” Impact of Science on Society, 1974, 24, 321-327; e E. H. Walker, “Quantum Mechanics/Psi: The Theory and Suggestions for New Experiments,” Journal for Research in Psi Phenomena, 1976, 1, 38-52.

[31] O seguinte coloca-o bem: “Um estudo das teorias de psi inclui ideias que variam desde a radiação eletromagnética, passando pela física quântica, até para realidades não físicas. Em algumas teorias o conhecedor e o conhecido estão conectados por entidades ou processos hipotéticos (e desconhecidos), às vezes localizados nas profundezas do inconsciente; e, em outros, a distinção entre o conhecedor e o conhecido desaparece completamente já que eles se tornam o mesmo de alguma forma profunda, mas desconhecida. Assim, na explicação de psi encontram-se todos os tons de epistemologia, mas nenhum que forneça uma direção clara para a pesquisa”. Ver K. Ramakrishna Rao, “Some Frustrations and Challenges in Parapsychology,” Journal of Parapsychology, 1977, 41, p. 131. Para uma pesquisa com as estruturas principais, ver seu “Theories of Psi” in Stanley Krippner (Ed.), Advances in Parapsychological Research 2: Extrasensory Perception (New York: Plenum, 1978).

[32] E.g., veja as teorias físicas discutidas por Rao, Gardner Murphy, “Are There Any Solid Facts in Psychical Research?”, Journal of the American Society for Psychical Research, 1970, 64, 3-17, especialmente 4-6; e John Beloff, “Parapsychology as Science,” International Journal of Parapsychology, 1967, 9, 91-97, especialmente 95.

[33] Cf. D. Scott Rogo, “Eusapia Palladino and the Structure of Scientific Controversy”, Parapsychology Review, 1975, 6, (2), 23-27.

[34] Uma surpreendente e relevante discussão do “desejo de desacreditar” entre os crentes pode ser encontrada em: D. Scott Rogo, “Parapsychology and the Genesis of Doubt,” Parapsychology Review, 1977, 8 (6), 20-22.

[35] Referente a possíveis motivações negativas dos críticos, ver: Lawrence LeShan, “Some Psychological Hypotheses on the Non-Acceptance of Parapsychology as a Science,” International Journal of Parapsychology, 1966, 8, 367-381; e no lado positivo dos motivos dos parapsicólogos, ver: R. A. McConnell, “The Motivations of Parapsychologists and Other Scientists”, Journal of the American Society for Psychical Research, 1975, 69, 273-280.

[36] Cf. M. Truzzi, “On the Extraordinary: An Attempt at Clarification,” op. cit. Ver também, Laurent Beauregard, “Skepticism, Science and the Paranormal”, Zetetic Scholar, 1978, 1, 3-10; e Ray Hyman, “Believers Versus Skeptics: Comments on Laurent Beauregard’s Paper”, Zetetic Scholar, 1978, 2, 113-119.

[37] Cf. Bernard Barber, “Resistance by Scientists to Scientific Discovery,” Science, September 1, 1961, pp. 596-602; e I. Bernard Cohen, “Orthodoxy and Scientific Progress,” Proceedings of the American Philosophical Society, 1952, 96, 505-512.

[38] E.g., Theodore Rockwell et al„ “Irrational Rationalists: A Critique of The Humanists’ Crusade Against Parapsychology,” Journal of the American Society for Psychical Research, 1978, 72, 23-34; e as trocas nessas edições no Journal of the American Society for Psychical Research, 1978, 72, 349-364; John White, ‘The New Disciples of Scientism,” Human Behavior, February 1979, pp. 70-73; e Lydja Dotto, “Science Confronts ‘Pseudo-Science,” Science Forum, July/August 1978, pp. 21-24.

[39] A posição da Science está refletida em um editorial por Philip H. Abelson: “Pseudoscience,” Science, June 21, 1974, p. 1233; veja também as cartas na edição de 8 de novembro de 1974, pp. 480-483. Para um estudo de caso referente à política da Science em relação à Parapsicologia, veja o apêndice em: Charles Honorton et al., “Experimenter Effects in Extrasensory Perception,” Journal of the American Society for Psychical Research, 1975, 69, 135-149.

[40]  Cf. “The First Rule of Reason”, em Charles Hartshorne e Paul Weis (Eds.), Collected Papers of Charles Sanders Peirce, Volume I (Cambridge, Mass.: Belknap Press of Harvard University Press, 1965), pp. 56-58.

[41] Cf. R. A. McConnell, “Areas of Agreement Between the Parapsychologist and the Skeptics”, Journal of the American Society for Psychical Research, 1976, 70, 303-308.

Uma resposta a “Um Olhar Cético na Análise de Paul Kurtz do Status Científico da Parapsicologia (1980), por Marcello Truzzi”

  1. Bruno de Oliveira Diz:

    Desculpe, não encontrei um meio direto de contato com o site, então estou enviando por aqui.

    Não sei se interessa a vocês, mas faz algum tempo que analisei criticamente uma palestra do Sergio Felipe sobre a glândula pineal e suas relações com o espírito, com uma abordagem tendente ao ceticismo que convém bastante com este site. Ela foi publicada aqui:

    https://ceticosblog.wordpress.com/2013/11/23/guia-cetico-para-a-palestra-a-glandula-pineal-sergio-felipe-de-oliveira/2/

    Um abraço

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