Resgate Histórico! “Muita Luz”, de Berthe Fropo (1884)

O livro revela em detalhes o que aconteceu ao movimento espírita kardecista após a morte de Kardec, e traz:
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– diversas comunicações mediúnicas inéditas de Kardec para a sua mulher
– a revelação de que diversos documentos de Kardec foram incinerados
– como ocorreu a morte da mulher de Kardec
– os roubos financeiros e a deturpação de Leymarie da doutrina espírita para a Teosofia
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O livro é uma raridade. Foram feitos apenas 1200 exemplares à época. Dos 1200, só restou… 1. Isso mesmo, 1. Pelo menos é o que dizem. E desse 1 foi feita a tradução, sendo que havia borrões atrapalhando a leitura, páginas cortadas nas pontas, uma série de dificuldades. Mas quem ler o livro não percebe nada disso. Um trabalho primoroso, traduzido e disponibilizado de forma gratuita por Ery Lopes e Rogério Miguez. Muito agradeço a ambos. Para ler o livro, clique aqui.

20 respostas a “Resgate Histórico! “Muita Luz”, de Berthe Fropo (1884)”

  1. Gorducho Diz:

    Maravilha ❗
    Confesso que não conhecia ou não me lembrava dessa Mme Berthe ou desse livro ❗
     
    Na verdade o que o Leymarie fez foi tentar salvar o espiritismo dogmático do Kardec pois já tinha ficado claro que o rei estava nu e eram necessárias as tais provas que nunca apareceram pro castelo-de-cartas que ele (Kardec) tinha feito.
    E era necessário desbitolar um pouco porque a época do socialismo romântico tinha passado, daí a abertura pra Teosofia.
    Claro que ele foi infinitamente infeliz no que fez pra implementar uma tentativa que era necessária.

  2. mrh Diz:

    Percebo q encontraram um “vilão” para imputar todos os males; mesmo assim, o texto é recalcitrante quanto a isto – nem a acusação faz completamente.
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    Esta saída, a de encontrar um bode expiatório, é fraquinha; o cara foi condenado judicialmente e foi mantido na equipe – um caso de criminoso de estimação.
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    O manter na equipe denuncia mais do que a própria denúncia. A esposa do Kardec foi testemunha DE DEFESA do cara. Os “médiuns” com que ele trabalhava confessaram, foram apanhados em fraude e presos depois etc, e ele FOI MANTIDO na equipe, sob alegação de que precisava sustentar sua família, pretexto que também revela o caráter profissional com que as lideranças tomavam o espiritismo.
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    E imagino que não houvesse nenhum outro emprego na Europa para justificar tal alegação.
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    Em outras palavras, minha hipótese, que creio mais abrangente e com maior poder explicativo, é a de que ele era um cúmplice, o cara que assumia maiores riscos, a ponta do iceberg de uma organização muito semelhante aos partidos brasileiros atuais e algumas das entidades do ramo espiritualista.
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    Vale a pena, no processo dos espíritas, ler as palavras que o juiz dirigiu à esposa de Kardec.
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    Por isso ele era imprescindível; por isto estava tão seguro de si, que não seria defenestrado (sabia demais) etc.
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    Quem aliciaria viuvinhas ricas para bater fotos “espíritas” com gravuras dos maridos mortos aparecendo?
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    Este caso está profundamente linkado ao que discutimos no post anterior, no qual a “médium” segurava as gravurinhas dos “espíritos” em pentes em seu cabelo para que a foto “espírita” fosse batida; só que naquele caso, as fotos eram tiradas na própria sede do Instituto de Metapsíquica.
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    Vemos que o tema foucaultiano do micropoder institucional & o tema financeiro se aproximam por demais das fraudes encontradas, o q afinal seria de se esperar. Como diria o Moro e juízes afins, siga o dinheiro…
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    E a moça q escreveu o livro parece ser alguém de fora do metiér, uma idealista, inocente sempre tão útil para essas organizações. Por isso insistiu na explicação simples.
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    Já pensei em escrever um artigo intitulado: Pescando idealistas; ou a descrição fundamental de como as lideranças desses times espiritualistas vivem e enriquecem com doações e trabalho não pago dos militantes (há entidades espiritualistas que vivem de formar professores que trabalham gratuitamente, fazendo-os dar aulas e palestras, trabalhar dentro da entidade em todas as tarefas, de lavar o banheiro até viajar ás próprias expensas, tudo pelo ideal. Em seu estatuto, tais entidades declaram-se entidades sem fins lucrativos, mas a verdade é que lucram muito, muito mesmo, e as lideranças dividem o butim. De vez em quando essas entidades racham (mais frequentemente como no caso da morte de Kardec – o lider finalmente morre e, então, começa a luta de foice e martelo no escuro pelo poder e grana), e dai vislumbramos o cerne da instituição. Estas vivem e prosperam fundamentalmente através de trabalho não pago – uma ótima tese para quem estuda direito do trabalho contemporâneo e o neoescravismo).

  3. mrh Diz:

    Obrigado pela luz, Berthe!

  4. Gorducho Diz:

    Mas aquela do grimorium foi uma besteira do juiz. Deve ter sido católicos que botaram essa pilha na cabeça dele.
     
    Leymarie
    Com a eclosão da Guerra da Criméia as mesas pararam de girar;
    e com o fim da Commune (que aliás foi bem por ali onde o Kardec mora se bem me lembro…) e depois ’73 a eleição do Mac-Manon o socialismo religioso já era.
    Apesar do Jean Reynaud ter publicado – com considerável sucesso, claro – o T&C em ’54, era uma síntese. A ideologia é pré-débâcles de ’48.
    Aparecera já a pesquisa psíquica do outro lado do canal e só se manteria o espiritismo se aparecessem as alegadas “provas”.
    Ele lobrigou um modo tentando fotografar as almas e certamente fez vistas grossas.

  5. mrh Diz:

    Não era quanto ao livro “grand grimoire”, 1522, Alberti, embora eu nunca despreze hipóteses, cujas indicações vêm das pessoas e lugares os mais inesperados – eu gostaria de ver tal livro.
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    Falo da intuição do juiz, captada pela testemunha q por fim escreveu o relato, de estar lidando com mais do que um réu, mas sim com uma quadrilha.
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    E q interessante, no livro o réu é o juiz, o q lembra muito uma certa linha d defesa bem contemporânea, de outro agrupamento duvidoso.
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    A polícia pegou numa sala um monte de figuras usadas nas fotografias, conseguiu confissão de “médiuns”, comprovou a sequência financeira, tinha testemunhas, notou q as fotos produzidas iam parar na revista espírita (o que envolve todo o conjunto) e simplesmente parte substantiva dos espíritas continua defendendo o indefensável. Impressionante.

  6. Gorducho Diz:

    É a minha tese do duplo cérebro: o racional e o irracional que os humanos têm (na minha tese).
    Alguns muitos misturam essa parte física da mente – que é a que usamos nas nossas atividades profissionais e as outras da vida prática – com a outra parte mística que trata da “metafísica”, dos sentimentos e das superstições.
    São universos (realms) disjuntos.
    O problema é misturar esses como muitos fazem.
    Note que as aberrações aparecem é por aí, quando profissionais trazem a crença pra dentro da profissão e tentam usar os mesmos métodos dessas pra “comprovar” dogmas místico/religiosos.
    Exemplos clássicos o Crookes: qualificação em química aplicada de nada serve nesse outro universo onde “existe” o misticismo/religiosidade;
    e o Richet – cujo merecimento do Nobel ninguém discute.
    Mas qualificação em medicina/fisiologia não tem aplicabilidade no estudo da condensação de fantasmas.
    Daí o vexame da villa Carmen e a provável (visto que é quase inimaginável que ele não soubesse de nada) “vista grossa” ou mesmo a participação no escândalo do IMI.

  7. Marciano Diz:

    É por essas e outras que eu digo sempre que os cabeças das religiões, os fundadores, os principais líderes, não acreditam em nada. Ou não forjariam truques para inculcar ou manter crenças absurdas nas cabeças dos ingênuos.
    A diferença desses caras para mim é que eu sou um mané e não procuro ganhar dinheiro explorando a credulidade pública.
    Eu deveria ser mais safado e usar os mesmos truques, para tirar dinheiro dos crentes, em vez de tentar em vão tirar suas crenças.
    Culpa da seleção natural, que me fez babaca assim. Esmurrador de pontas de facas.

  8. Gorducho Diz:

    Después de la firma de los tratados de alianza con todos sus vecinos y el cierre del templo de Jano, Numa dirigió su atención a los asuntos domésticos. La ausencia de todo peligro exterior podría inducir a sus súbditos a regodearse en la pereza, ya que dejaría de reprimirse por el temor de un enemigo o por la disciplina militar. Para evitar esto, se esforzó por inculcar en sus mentes el temor de los dioses, considerando ésta como la influencia más poderosa que podría actuar sobre ununa profunda impresión sin cierta pretensión de sabiduría sobrenatural, fingió que
    había tenido conversaciones nocturnas con la ninfa Egeria: Y que fue por su consejo que estaba estableciendo el ritual más aceptables a los dioses y nombrando para cada deidad sus propios sacerdotes específicos.

  9. Gorducho Diz:

    Fvr. deletar a mensagem anterior que saiu truncada, Sr. Administrador

    Después de la firma de los tratados de alianza con todos sus vecinos y el cierre del templo de Jano, Numa dirigió su atención a los asuntos domésticos. La ausencia de todo peligro exterior podría inducir a sus súbditos a regodearse en la pereza, ya que dejaría de reprimirse por el temor de un enemigo o por la disciplina militar. Para evitar esto, se esforzó por inculcar en sus mentes el temor de los dioses, considerando ésta como la influencia más poderosa que podría actuar sobre un incivilizado y, en aquellos tiempos, bárbaro pueblo. Pero, ya que esto no produciría
    una profunda impresión sin cierta pretensión de sabiduría sobrenatural, fingió que había tenido conversaciones nocturnas con la ninfa Egeria: Y que fue por su consejo que estaba estableciendo el ritual más aceptables a los dioses y nombrando para cada deidad sus propios sacerdotes específicos.

  10. Gorducho Diz:

    Mas, ao contrário, desfaleceu-se quase que abruptamente, entre o final do século XIX e o começo do século XX, até o ponto de – podemos dizer – dissolver-se de maneira quase absoluta, seja na sua terra natal, seja nos demais países europeus, vindo a encontrar sustentação somente muito distante, no cone sul das Américas, mormente em solo brasileiro. E a explicação para a derrocada daquele movimento espírita original, o francês, pode estar contida na brochura da qual tratamos – o que justifica o valor que hoje lhe atribuímos.
     
     
    Cá temos um erro de avaliação histórica fundamental dos editores/tradutores. Se esvaneceu porque os tempos tinham mudado e aquela ideologia “pré-48” não se sustentava mais.
    O Leymarie à moda desastrada dele tentou salvar se adaptando aos novos tempos.

  11. Gorducho Diz:

    Tâtez mon pouls, et voyez si j’ai peur
    [Cel. Delorme]
     
     
    Depois da Commune não tinha mais nenhum espaço praquela ideologia pré-48 na qual o Kardec tinha baseado a doutrina dele.
    Desastradamente que fosse (foi…) o que o Leymarie fez foi tentar se ajustar aos outros tempos.

  12. mrh Diz:

    Vale a pena ler o Laboratório de Fé, de Monroe:
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    “Em 22 de abril de 1875, após ter recebido uma ordem do juiz encarregado do caso, Lombard e de Ballu, o inspetor principal, foram para o estúdio de Buguet na avenida Montmartre. Eles se apresentaram como clientes comuns. […]. Quando Buguet entrou na sala da frente, os policiais lhe disseram que tinham esperança de obter o retrato do falecido pai de Ballu. Buguet escoltou-os ao estúdio, deixou-os por quinze minutos, e voltou com uma placa de vidro, que depois introduziu na câmera. Assim que Buguet “entregou-se às suas invocações”, Lombard anunciou que ele era um policial e pediu para ver a placa. Depois de mostrar uma breve resistência, Buguet entregou a placa. Pouco tempo depois, Clemente, um comissário de polícia, e Lessondes, que comandava o serviço de fotografia da Prefeitura, chegaram. Eles desenvolveram uma impressão da placa confiscada. Ela já “revelava duas imagens bem visíveis de pessoas, cuja reprodução um pouco indistinta poderia justificadamente ser chamada fantasmagórica.”
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    Em face desta evidência, Buguet confessou e começou a revelar seus métodos em detalhes. Ele levou os policiais a um segundo estúdio escondido, no qual ele fazia as revelações preliminares. Ele usou bonecos de madeira envoltos em gaze para simular os corpos dos espíritos; seus rostos foram feitos a partir de fotografias coladas em discos de papelão e afixadas aos bonecos por meio de um grampo. A polícia confiscou uma caixa contendo 240 cabeças diferentes, junto com os bonecos e uma variedade de outras provas.

    As consequências destes desenvolvimentos se cristalizaram durante um julgamento que começou em junho de 1875 e veio a ser conhecido como o Processo dos Espíritas. Nele, Leymarie, o fotógrafo chamado Edouard Buguet, e um médium americano chamado Alfred Firman foram considerados culpados da fabricação e venda de fotografias fraudulentas de espíritos. Todos os três acusados receberam penas de prisão e multas pesadas, e seus casos atraíram publicidade considerável”.
    .
    E, na minha opinião, após análise do caso, não há como eximir mais gente da responsabilidade.

  13. mrh Diz:

    E olhem q legal o q encontrei:
    .
    http://obraspsicografadas.org/2012/a-viva-de-allan-kardec-era-uma-fraudadora/
    .
    ? (o autor esqueceu de acrescentar).

  14. Vinicius Diz:

    Acessei o link MRH, putz, as “comunicações de Kardec’ parecem a de chiquistas:

    “Carlos Diz:
    FEVEREIRO 23RD, 2012 ÀS 12:47 AM
    Olá Vitor,
    .
    Não tenho a versão original do texto, mas a tradução da mensagem atribuída a Allan Kardec pode ter um significado diferente do comentado no blog.
    .
    Eu poderia entender assim: “Cara mulher (no sentido de esposa). Vigiai nosso médium Buguet: falsos espíritas o perturbam NESSE momento. Apenas Ele É Verdadeiro. É sobretudo ele que fará com que nossa doutrina prospere. Leymarie deve ajudá-lo. Estou com vocês. Coragem E adeus.”

    Já menciona um adeus para selar de vez o debate;

  15. mrh Diz:

    Sim, e ele acreditou ver Deus implícito no texto etc.
    .
    Mas acho q no fim a ficha caiu.

  16. Marciano Diz:

    Como já ficou claro em comentários mais antigos, tanto meus quanto de Gorducho, Numa era muito mais esperto do que eu.
    Vou tentar fingir que sou ingênuo e começar a propagar crendices aqui. Só pra treinar.
    Se der certo, se fizer seguidores, começo minha própria religião, mas não vou inventar novos deuses. Vou me acertar com os atuais. FG, Iavé, as nossas senhoras (posso até inventar mais alguma, procurando na lama dos rios).
    Vou me servir do milagre da multiplicação das mães de FG.
    Alguém aí sabe se já inventaram alguma N.S. dos Desgraçados ou N. S. de Brasília?

  17. Marciano Diz:

    A malandragem residirá em pegar um desses deuses já existentes, fazer umas pequenas modificações, interpretar a meu modo escritos que se lhe atribui, et voilà!

  18. Gorducho Diz:

    ============================================================
    Sim, e ele acreditou ver Deus implícito no texto etc.
    .
    Mas acho q no fim a ficha caiu.

    ============================================================
    O curioso é que eu não consigo achar essa passagem no livro 🙁
     
    “Chère femme” só me retorna
    “Merci, chère femme: Merci, Leymarie ; Courage”

    « Signé: Madame ALLAN KARDEC. »”
     
    “Lui Seul est Le vrai” não me retorna nada mesmo mandando ignorar capitalizações e/ou pondo tudo em minúsculas.

  19. Gorducho Diz:

    O Administrado acho que já deve estar de feriadão então 2ª peço pra ele corrigir o bold e o itálico…
    DESCULPEM

  20. Gorducho Diz:

    Para se fazer útil ao espiritismo, ele propôs à Sra. Kardec se ela consentiria emprestar 10 mil francos ao diretor do jornal intitulado: A Vida Doméstica, a fim de escrever artigos espíritas, analisar as obras do Mestre, e tornar a doutrina conhecida a numerosos leitores. Ela prontamente aceitou, acreditando que esse jornal poderia ser o órgão da nova sociedade. O primeiro artigo foi publicado a 30 de abril de 1881. O autor relata como ele tornou-se espírita e analisa todo O Livro dos Espíritos;
     
     
    Interessante a gente tentar ver essa publicação…
    Será que o editor deixa claro às suas leitoras – pelo título o público alvo devia ser predominantemente o feminino…– que estava sendo pago pelos espíritas ❓

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