A crença espírita no ‘Vale dos Suicidas’ que angustia parentes em luto

Matéria da BBC News Brasil, escrita por Mariana Alvim. Para ler, clique aqui.

21 respostas a “A crença espírita no ‘Vale dos Suicidas’ que angustia parentes em luto”

  1. Gorducho Diz:

    Vovó era profundamente impressionada por esse Vale, sendo que o 1° livro espírita que li foi ou o Memórias — muito + provavelmente…— ou O Martírio dos Suicidas de Almerindo Martins de Castro. Em sã consciência não me lembro + qual foi eis que ambos tinham em casa, claro.

  2. Bernardo amorim Diz:

    Mas a doutrina original do Allan Kardec tambem dizia que era bem dramática e desesperadora a situação dos suicidas, ” que sentem os vermes roerem a carne mesmo depois de já espiritos “, algo assim, o Kardec teria ouvido isso da ” boca ” ? de um próprio espírito desencarnado………..no livro dos espíritos dizia que a situação dos suicidas era muito triste mesmo, mas no espiritismo brasileiro a coisa degringolou de vez

  3. Gorducho Diz:

    👍💯% Doutrinário — e.g. CI – V.
    Por isso mesmo que não critiquei o Espiritismo Brasileiro. Só comentei porque me marcou muito: vovó vivia impressionada c/o Vale e por indução acabou sendo o 1º livro espírita que li (1 desses 2…).

  4. mrh Diz:

    Vcs têm razão, mas cumpre recordar q essa besteira sucede uma ainda maior, a de que os suicidas ficarão para sempre no inferno.
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    E, paradoxalmente, quem sabe os mitos possuam uma função útil, e de modo geral inibam as pessoas de se matarem. Li uma vez uma entrevista na qual uma enfermeira sueca reclamava que as pessoas no seu país não tinham resiliência alguma, e na primeira dificuldade se matavam. Seria o niilismo completo o responsável?

  5. mrh Diz:

    Com o avanço histórico da ciência, fomos levados a pensar q a fé religiosa ou a mera crença ñ valem nada.
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    Mas serem eventualmente falsas por ñ corresponderem à realidade e ñ valerem nada são duas coisas distintas.
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    Recordo-me q 1 experimento científico evidenciou isso. Cito d memória, portanto os dados exatos são outros – o geral é verdadeiro – procurem na net. Ratinhos deixados para morrerem afogados lutavam em média 20 minutos e desistiam. O experimentador salvou uns pouco antes desses desistirem tb. Dias depois, colocou-os na mesma situação. Se a memória ñ me trai, todos lutaram por muitas horas. O campeão pelejou por 84 h antes d morrer. Presume-se q adquiriram a esperança d serem ajudados.
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    Na época da faculdade, acerca d 1 assunto q ñ me lembro, provavelmente por ter me declarado ateu mais 1 vez para ela (God sive natura – hoje agradeço a Deus pela enorme paciência q minha mãe teve no desenvolvimento moral e intelectual do idiota q eu era), minha mãe deu seu ponto de vista: todo mundo deve ter alguma crença. Vejam q ela ñ disse q eu devia crer no q ela acreditava, nem fez qualquer apologia a 1 determinada religião. Ela disse apenas q convém crer que a cavalaria vem (aqui vcs já podem inferir q sou do tempo em q os filmes terminavam com a tensão do enredo sendo resolvida com a chegada brutal d 1 força maciçamente superior).
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    Claro, na idade em q a gente faz faculdade pensa q sabe tudo, q os velhos ou a tradição são coisas tolas.
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    Só para terminar, Platão acreditava que os mitos fundadores da sociedade ñ precisam ser verdadeiros, mas úteis para organizar bem a sociedade e a moralidade.
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    Basicamente com força da fé, o cristianismo transformou o império romano (q 1 ator d 1 filme do tema chamou d império dos assassinos) por dentro e conduziu parte do mundo a 1 novo degrau civilizatório – ñ o último, claro, pois essa escada ñ tem fim.
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    Assim, ñ ser V é apenas 1 ponto do tema, ñ todo o tema.

  6. mrh Diz:

    A idiotia a q me refiro acima ñ c refere ao ateísmo, 1 posição tão respeitável quanto as outras, mas a ignorar sabedoria ancestral d mãe.
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    D qquer modo continuo ateu, mas sou 1 pessoa bem mais tolerante e interessada na tradição.

  7. Luiz Manvi Diz:

    Mrh, perdão pela pergunta, mas você é ateu, porém acredita na sobrevivência da consciência (em uma espécie de “mundo não-material” ou “mundo dos espíritos”)? Pergunto só por curiosidade mesmo, porque essa é minha inclinação atual, depois de alguns anos como espirita na juventude e muitos anos como ateu e cético total a respeito de qualquer coisa que não fosse material. Hoje acredito na existência de algo após a morte, sem a necessidade de deuses ou divindades, acredito na sobrevivência fora do contexto religioso. Porém, é uma posição que não se encontra muito. Quase sempre a crença em qualquer coisa além-túmulo é sequestrada pelas religiões.

  8. Mrh Diz:

    Creio q algo d nos sobrevive á morte, mas onde vai parar e um problema. Nos so permanecemos atados á terra por causa da gravidade, pq temos massa. Um ser imaterial tv em um segundo poderia ficar no espa?o sideral vendo a terra se afastar. O mesmo tv ocorrersse com um ser na 4a dimensao material.
    Assim o tema tem muitos problemas. Se vc tem curiosidsde sobre minhas razoes e experiencias, leia nesse blog Kant & Swedenborg.

  9. mrh Diz:

    Errata: 4a dimensão espacial.

  10. Luiz Manvi Diz:

    Obrigado pela resposta, Mrh, já baixei o artigo e vou lê-lo!

  11. Thiago Diz:

    Eu gostaria de saber de onde surgiu esse mito no livro dos espíritos de que o suicida tem seu espírito preso ao corpo após a morte

  12. Gorducho Diz:

    Bom, só mera especulação🆗❓
    Note que havia certa tradição como e.g. n’alguns lugares enterrar o(a) suicida em encruzilhada e às vezes até c/1 estaca cravada no peito. Especulo que a ideia da encruzilhada era confundir o espírito pra deixá-lo indeciso pra onde ir e a estaca prender ele ao corpo.
    Então a origem deve ter sido 1 amálgama dessas crenças que circulavam, adaptando-as claro ao novo modelo Espírita.

  13. Thiago Diz:

    Tá bom, mas onde você leu sobre esse costume? Como posso encontrar na Internet?

  14. Gorducho Diz:

    E.g. Reações ao Suicídio na Europa Medieval
    Aliás o Πoρφυριoς [De Abstinentia II – 47] já fala que as almas sob certas circunstâncias — implícito também suicídios — ficam incapazes de se separarem do corpo.
    Então já tinha toda 1 tradição filosófico-teológica fundamentando.

  15. Thiago Diz:

    Quem fala isso? Qual tradição?

  16. mrh Diz:

    É Porfírio, Thiago, 1 neoplatônico; d vez em quando o Fat c faz d difícil. A passagem é a seguinte:
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    “Puesto que un alma vil e irracional, que abandona el cuerpo, al haber sido arrancada violentamente, permanece junto a éste (porque igualmente las almas de los hombres que murieron violentamente se mantienen junto al cuerpo), este hecho pondría de manifiesto el impedimento para que alguien se escape violentamente fuera del cuerpo. Por consiguiente, cuando se producen las muertes violentas de animales, obligan a sus almas a deleitarse con los cuerpos que abandonan, y ya no encuentra el alma impedimento alguno para estar donde la atrae lo que le es afín por naturaleza. Es por estlo por lo que se les ha visto a muchas lamentarse, y también por ello las almas de los que no reciben sepultura permanecen junto a los cuerpos. De estas, precisamente se sirven los encantadores para su uso personal, reteniéndolas a la fuerza por la posesión del cuerpo o de parte del cuerpo. Por tanto, porque nos manifestaron ‘O’ (o egípcio que contou a história) estos hechos (la naturaleza de un alma vil, el parentesco y el placer que experimenta con los cuerpos de los que ha sido arrancada), rehusaron convenientemente comer carne, para no verse importunados por unas almas ajenas, arrastradas por medios violentos e impuros a lo que es connatural a ellas, ni impedidos de acercarse solos a la divinidad, en el caso de que los molestaran unos démones con su presencia”.
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    O contexto aqui é a recomendação d não comer carne, pois a alma do animal violentamente morto estaria junto ao corpo. Um motivo para a abstinência.

  17. Gorducho Diz:

    [I – 38 tradução de Thomas Taylor (1823)] destaque meu:

    He, therefore, who philosophizes, will not separate himself [from his terrestrial bonds] by violence; for he who is compelled to do this, nevertheless remains there from whence he was forced to depart.

  18. Gorducho Diz:

    [Louis-Alphonse Cahagnet, Arcanes II – 118 (pg. 120 do papel)] de ’49 — portanto também precursor da DE.
    Médium Adèle Maginot.

    elle¹ prie Adèle de demander M. B… , Jacques. Adèle dit : Je vois un homme de 36 ans environ ,

     

    Madame D…. interrompit Adèle pour lui demander de quelle maladie cet homme était mort ? Cette dernière répond : Je ne vois pas de maladie grave chez lui, je ne vois que des indispositions ; mais, mon Dieu , cet homme a été tué ! .. par une arme à feu…., un pistolet …, il s’est brûlé la cervelle !
    Oh ! le malheureux ! Je comprends sa tristesse. Je te l’avais bien dit : Ceux qui se suicident n’entrent pas de suite , ils errent autour de la terre !
    — Quelle est donc leur souffrance ?
    — Celle de ne pouvoir jouir de la lumière comme les autres.
    — Quand espère-t-il en jouir ?
    — Lorsque le temps qu’il devait accomplir sur terre sera terminé. C’est-à-dire qu’il errera ainsi jusqu’à l’âge de 60 ans s’il devait vivre jusqu’à cet âge matériellement.

    Então está claro que tinha 1 tradição precursora à DE do Kardec, como eu disse.
    ¹ a consulente.

  19. Thiago Diz:

    Gorducho e Mrh, não consegui entender a referência, está em outra língua, me falem o nome da obra para que eu possa pesquisar

  20. Gorducho Diz:

    A obra do Porfírio é Sobre a Abstinência de Alimentação Animal livros I e II.
    Do L.-A. Cahagnet é o Arcanos da Vida Futura Revelados volume II.
    Obs: não sei qual seu nível de conhecimentos sobre Espiritismo, mas o L.-A. Cahagnet foi 1 dos maiores senão O maior pesquisador pré-Kardec. E a Adèle Maginot 1 das grandes médiuns da história do Espiritismo.
    Mas os trechos que interessam dessas tão citados acima nas traduções pra inglês, espanhol e no original francês.
    Caso tenha dificuldade pra entender pode usar o GT; e eu ajudo se quiser n’algum ponto, claro.
    Obviamente a questão do vegetarianismo do Porfírio não vem ao caso pra nós.
    Do Reações o trecho relevante é

    The superstitious aspect is evident also; it was believed that burial at a crossroads would confuse the ghost of the deceased (which was also why it was a punishment for criminals), as the ghost would not know which direction to travel. The ghost would thus be stuck waiting at the crossroads forever. The dagger through the heart was also an attempt to pin the spirit to the body, possibly denying the deceased the ability to rise on judgement day.

    O que isso tudo mostra é que o surgimento disso no LE como o Sr. colocou, não surgiu d’1 nada: tinha fundamentação em tradições existentes.

  21. Thiago Diz:

    Olá Gorducho, tudo bem? Estou passando por uma fase de transição, quero abandonar o espiritismo, então preciso mudar algumas crenças que tenho. Gostaria de conversar com pessoas experientes no assunto e que tenham uma visão de fora, você tem whatssap? Se quiser passo o meu, ou podemos conversar por outra plataforma de preferir. Seria um prazer!

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