“Pode a mediunidade antecipar informações científicas?” – por Elias Inácio de Moares

Elias Inácio de Moraes publicou um vídeo no youtube sobre certo aspecto limítrofe da mediunidade: a antecipação de informações científicas. Transcrevi o vídeo e fiz alguns comentários sobre o que vejo como erros da parte dele. Para ler a transcrição com os meus comentários, clique aqui. Abaixo o vídeo:

6 respostas a ““Pode a mediunidade antecipar informações científicas?” – por Elias Inácio de Moares”

  1. Carlos Diz:

    Vitor, algumas das questões levantadas por ti em seus comentários me fazem rememorar o caso dos jornalistas que tentaram pegar o Chico Xavier no pulo em certa feita e muito tempo depois fizeram uma retratação informando que receberam uma prova espontânea, já houve alguma refutação estruturada que desmente as evidências do episódio?

  2. Vitor Diz:

    Oi, Carlos
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    Eu já fiz um artigo sobre esse caso aqui, mas que precisaria ser reformulado devido a novas descobertas e depoimentos, há certas contradições:
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    https://obraspsicografadas.org/2009/a-esperteza-de-chico-xavier-david-nasser-e-jean-manzon/
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    Os repórteres são David Nasser e Jean Manzon. Uma das contradições é que há duas versões. Na 1ª versão, Jean Manzon ligou para Nasser. Na 2ª, foi Nasser quem ligou primeiro para Manzon. As fontes estão na postagem. Essa contradição será mencionada pela mulher do Jean Manzon também (veja o depoimento dela adiante…)
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    Há o relato em vídeo do próprio David Nasser no youtube em duas partes:
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    1ª parte: https://youtu.be/RhymAlf2F48?si=-Q5hOoekBUn06WbZ (a partir de 9m15s)
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    2ª parte: https://youtu.be/ZtfPXx6Z_Wk?si=PKqTJG1al-BLzfot
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    Eu não conhecia esses vídeos na época que escrevi o artigo, mas mudaria pouco no que escrevi. A questão principal é que os repórteres JÁ ERAM FAMOSOS, se apresentaram como AMERICANOS, mas Jean Manzon falava em FRANCÊS, o que talvez tenha denunciado suas verdadeiras identidades, segundo um suplemento da revista Época que disse:
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    “Desviando da muralha de protetores, os jornalistas foram encontrá-lo, desavisado, em casa. Apresentaram-se como pertencendo a uma revista americana (embora Manzon falasse com o médium em francês!) e Chico os recebeu de portas abertas, respondendo a todas as perguntas e se dispondo a ser fotografado da forma como desejassem.”
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    Esse suplemento da revista Época eu pus para download aqui:
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    https://obraspsicografadas.org/2018/epoca-chico-xavier-2006/
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    Mas aí há outra contradição, a Sra. Glória Manzon NEGA que Jean Manzon tenha se descuidado e falado em francês com o Chico. Isso consta no livro “Depoimentos sobre Chico Xavier”, de Antônio Cesar Perri de Carvalho:
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    P. – D. Glória Manzon, o que a senhora sabe sobre a reportagem que David Nasser e Jean Manzon, seu marido, fizeram com Chico Xavier em 1945?
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    D. Glória Manzon – Eles fingiram ser dois repórteres americanos, levaram com eles um intérprete, que fazia as perguntas ao Chico. Por mais que o Jean fosse francês e o David arranhasse esse idioma também, eles optaram por outra língua pelo fato de o Jean já ser conhecido na época, e, se falassem em francês, poderiam ser reconhecidos. Na ocasião, eles usaram óculos, se vestiram de maneira bem diferente da que apareciam nas fotos da revista. Até mesmo por isso, eles levaram também um fotógrafo, pois o Jean não poderia tirar as fotos, já que isso poderia comprometer o disfarce. Ele até orientava disfarçadamente o fotógrafo, mas não fez as fotos. Eu sempre fui muito interessada nas reportagens que ele fazia, então nós sempre conversávamos a respeito delas, e o Jean, enquanto estava lá, comentava que sentia alguma coisa que não sabia definir, ele não conseguia se decidir se acreditava ou não. Mas quando ele viu o livro, realmente se deu conta de que tinha alguma coisa acima da normalidade. Ele me disse que se arrependeu muito de ter feito isso, e que queria até voltar lá para se desculpar, mas não teve coragem. A reportagem não foi pejorativa, foi mais no sentido de divulgar e deixar que cada um tirasse suas conclusões. Até porque eles focalizaram muito o fato de as pessoas procurarem o Chico Xavier, de ele ajudar os mais necessitados, carentes. Jean sempre foi muito receoso e respeitoso com aquilo que ele não conhecia. Quando íamos à Bahia e o convidavam para ver uma sessão de candomblé, por exemplo, ele agradecia o convite, mas não declinava. Ele era muito amigo do Mario Cravo, que o convidava para ir à Mãe Menininha do Cantuá, mas ele negava. E com o Chico Xavier, ele ficou até um pouco triste, pouco à vontade de ter ido lá e mentido. Mas eles tinham de ir até lá, era uma reportagem. Às vezes o repórter precisa criar uma forma, um jeito de chegar até as pessoas e fazer determinada matéria, mas é fato que ele se arrependeu da maneira que escolheu para chegar até o Chico. Ele e o David Nasser acreditavam que, se fossem com suas identidades reais, de jornalistas já famosos, o Chico ou as pessoas de lá poderiam tratá-los de maneira diferente da que tratariam se fossem jornalistas desconhecidos ou menos famosos. Eles queriam ver a realidade, voltaram impressionados. Na verdade, eu só fui conhecer mais detalhes disso tudo depois que ficamos juntos, porque na época da reportagem nós ainda não nos conhecíamos. E, a bem da verdade, o Jean não gostava de ficar remexendo o passado, olhava sempre o futuro. De toda maneira, ao comentar comigo, fiquei muito curiosa a respeito do que havia ocorrido da dedicatória no livro. Inclusive, perguntei a ele do paradeiro do livro, que ficou em São Paulo, quando ainda morava com a primeira esposa. Ele ficou chocado pelo fato de ter recebido esse livro com tal dedicatória. E por mais que ele se mantivesse neutro nas suas convicções religiosas, ele criou um respeito muito grande pelo Chico Xavier após esse episódio, tanto que não tinha coragem de contestar nada do que diziam do Chico. E anos depois, quando o Chico já havia se tornado uma pessoa pública muito conhecida e respeitada por todos, o Jean acompanhava pela televisão, obviamente, mas se recusava a comentar algo a respeito.
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    P. – Como foi o momento em que eles descobriram a dedicatória do Chico com seus verdadeiros nomes?
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    D. Glória Manzon – Eu sempre insisti muito com o Jean para escrever um livro sobre essas reportagens todas de que ele participou. Então era a oportunidade em que conversávamos sobre ela, e que ele me contava alguns detalhes a respeito. Com relação ao episódio com o Chico Xavier, ele comentou que, ao chegar em casa, pegou o livro e percebeu que havia uma dedicatória a Jean Manzon. Eu não cheguei a saber se era uma assinatura do próprio Chico ou do Emmanuel, o Espírito protetor dele, mas era dedicado ao Jean. Ao tomar conhecimento disso, ele ligou para o David, ou foi o contrário, mas um perguntando ao outro se ele havia reparado na dedicatória do livro, em que eram citados seus verdadeiros nomes, e não os nomes falsos que haviam dado em Pedro Leopoldo, que não haviam enganado ninguém.”
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    No último comentário da postagem que fiz, o colaborador MÍSSEL CRÍTICO informa entre outras coisas – dê uma lida mais completa lá – que “Nasser na infância teve meningite, o que lhe causou algumas sequelas: “andava com dificuldade, tinha os movimentos das mãos atrapalhados, enxergava mal e escrevia com dois dedos.”
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    https://nossosvizinhosilustres.blogspot.com/2016/12/david-nasser.html?m=1
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    Como Nasser tinha características peculiares no andar e nos movimentos da mão, talvez tenha sido reconhecido pelo Chico.
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    Tudo isso é especulativo, assim, não há uma refutação robusta do caso, mas eu também não diria que o caso seja uma prova incontestável de alguma paranormalidade do Chico.

  3. C. Diz:

    Interessante essa parte do relato da esposa de Manzon: “eles usaram óculos, se vestiram de maneira bem diferente DA QUE APARECIAM NAS FOTOS da revista”.
    Os caras eram famosos e tinham fotos estampadas na revista que era bem popular. O Chico estava no epicentro de uma polêmica, que estava dando no que falar, devido ao processo da família de Humberto de Campos, e a dupla da revista Cruzeiro era conhecida por adentrar nesses tipos de polêmicas em suas reportagens. Por esse contexto não é impensável nem mesmo que os espíritas de Pedro Leopoldo já esperassem algum tipo de contato de Nasser e Manzon.
    Essa história tem várias versões contraditórias e podemos achar lacunas em que a dupla poderia ser reconhecida em todas elas. Um exemplo nesses artigos aqui:
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    “Chegaram na cidade num sábado, deram de cara com o pouco delicado Rômulo Joviano, diretor da Fazenda Modelo, da qual Chico era funcionário. Os forasteiros APRESENTARAM SUAS CREDENCIAIS COM CARA DE AUTORIDADE, mas não conseguiram autorização para entrevistar o rapaz médium. O chefe da fazenda (que também era diretor do Centro Espírita Luiz Gonzaga, onde Chico realizava as sessões públicas de Espiritismo) era tão durão quanto Emmanuel (o guia do espiritual médium), mas também cuidava de proteger o rapaz matuto: ‘Chico está exausto e precisa descansar’ — disse ele. Jean Manzon retrucou, irônico: — ‘Então dê umas férias para o seu empregado.’ Inflexível, o fazendeiro encerrou a conversa dizendo: ‘O Chico funcionário não tem nada a ver com o Chico espírita! Se quiser, pode voltar na próxima reunião pública, sexta-feira que vem’. O trio carioca bolou um plano: iriam às pressas para a Fazenda, PARA CHEGAR ANTES DO PATRÃO DE CHICO; Nasser e Manzon se apresentariam como repórteres americanos e o piloto faria o papel de intérprete da dupla.”
    Retirado do site espirita: https://espiritismoemmovimento.blogspot.com/2022/02/chico-xavier-e-o-caso-o-cruzeiro.html?m=1
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    Como é relatado em algumas versões a dupla primeiro tentou a entrevista se apresentando verdadeiramente como os jornalistas da Revista O Cruzeiro. Se isso ocorreu, quer dizer que o chefe, amigo e cooperador do centro espírita do Chico soube a identidade real da dupla. Não seria bem mais razoável o Chico ter sido avisado antes deles chegarem?
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    Nesse outro artigo vemos semelhante versão: “Nasser e Mazon foram até a Fazendo Modelo pedir para o técnico, zootecnista renomado do Ministério da Agricultura, Rômulo Joviano, uma entrevista com seu empregado Chico Xavier, que foi negada. Fotos só seriam permitidas em sessões públicas de centros espíritas e foi dito para eles esperarem até sexta feira em uma destas sessões, já que foi negado o privilégio da entrevista, tal como desejavam. A partir de então, eles iriam desrespeitar essas condições agindo rapidamente. Antes que Rômulo Joviano chegasse ao médium mineiro, POIS O PATRÃO DE CHICO HAVIA NEGADO O PEDIDO DA ENTREVISTA E JÁ CONHECIA A IDENTIDADE DOS PROFISSIONAIS de “O Cruzeiro”, David Nasser e Jean Mazon usaram dentre outros artifícios, cortarem a linha de telefone do médium, antes que seu patrão chegasse. O problema da comunicação entre Rômulo e Chico estava resolvido, pois estavam incomunicáveis.”
    Retirado do site espírita: https://etudespirite.blogspot.com/2010/09/chico-xavier-caso-envolvendo-david.html?m=1
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    Se encontrou com o chefe do médium antes, esse poderia muito bem ter avisado ou mandado alguém avisar antes deles chegarem. Na reportagem original da revista O Cruzeiro os autores não detalharam quase nada sobre o passo a passo da empreitada e da primeira abordagem com o chefe do Chico. Mas destacaram que saíram pela cidade inteira perguntando sobre o Chico Xavier e onde poderia encontrá-lo, como mostra essa parte da matéria original:
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    “Voltamos a deslizar pela estrada, neste sábado negro. A cidade aparece depois de uma curva. – ‘Onde fica a casa do Chico Xavier?’ O menino aponta a igreja. – ‘Ali, na rua da matriz. Ele mora com a família’. Encontraríamos, em várias oportunidades, a mesma designação do pessoal do município.”
    Retirado do site: https://oreidobrasil.wordpress.com/o-cruzeiro-3/as-grandes-reportagens/chico-xavier-detetive-do-alem/
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    Então muito mais gente além de Joviano poderia estar ciente da identidade dos jornalistas e ter avisado ao Chico da rondagem deles…

  4. Gorducho Diz:

    🆗 então eles:
    1) se apresentam e se identificam pro Sr. Rômulo Joviano, que se nega encaminhar a entrevista.
    2) Cortam a linha e correm pra casa de CX chegando à la brasileira so to speak, batem à porta de forma não agendada e aí sim se apresentam como Americanos + o intérprete claro.
    É isso❓

  5. Gorducho Diz:

    De Chico Xavier, Detetive do Além

    Ei-lo aqui, diante de nós. Veio a pé da fazenda e em sua companhia um senhor do Rio, que algumas vêzes vem passar semanas com o medium.
    — “Gosto de falar com êle. É um rapaz de cultura. Discute vários assuntos, lê um pouco de inglês e de francês. Devora os livros com fúria. Trouxe-lhe, há dias, “O homem, êsse desconhecido” e êle não gastou mais de quatro horas e meia para ler o volume gordo. É um prazer para êle. Seu único amor é o espiritismo”.
    Chico, perto de nós, não está ouvindo a palestra. Conversa com Jean Manzon.

    Então deduz-se que a sequência foi:
    · eles cortam o fio do telefone da FM e prosseguem pra PL enquanto CX está indo a pé pra lá também…
    · Se informam onde CX mora.
    · DN conversa em americanês c/o Sr. do Rio que veio junto c/CX enquanto JM conversa c/CX via o piloto “intérprete”.
    🤔

  6. C. Diz:

    Gorducho, não sei se essa do telefone realmente aconteceu, são muitas versões. Mas o certo é que eles foram primeiro na fazenda do Joviano onde o Chico trabalhava.
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    E não tinha me atentado pra essa parte que você relembrou: “Ei-lo aqui, diante de nós. Veio a pé da fazenda e em sua companhia um senhor do Rio”
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    Isso quer dizer que quando os jornalistas chegaram em PL o Chico não estava em sua casa. Segundo os próprios, o médium veio do mesmo lugar em que eles estavam procurando por ele antes. Então o Chico pode muito bem ter sido avisado lá mesmo que a dupla estava atrás dele.
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    Se a dupla só resolveu fingir de americana após falar com Joviano, Chico já saiu da Fazenda sabendo de tudo. No caminho da Fazenda pra cidade pode ter sido avisado por uma infinidade de pessoas também. E mesmo que já tivessem chegado ao Joviano fingindo de gringos (o que eles não dizem na matéria original) podem ter sido reconhecidos das fotos da revista, por ter falado francês, pelas sequelas da meningite de David Nasser citado pelo Vitor ou até mesmo por alguém ter percebido que o inglês falado tinha sotaque.
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    Como a matéria não diz muito desses detalhes, pode ter ocorrido uma série enorme de situações em que o Chico poderia ter sabido da informação por vias não sobrenaturais rsrs

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