O segundo volume de O Telégrafo Celestial aprofunda as experiências iniciadas no primeiro, ampliando as provas da sobrevivência da alma e da possibilidade de comunicação com os mortos. Cahagnet, determinado a afastar qualquer suspeita de charlatanismo, reuniu testemunhos assinados por pessoas respeitadas — magnetizadores, nobres, religiosos — e descreveu minuciosamente sessões que se tornaram verdadeiros laboratórios do invisível.
As sessões eram conduzidas com sonâmbulos em estado de êxtase magnético, especialmente a clarividente Adèle, cuja lucidez impressionava até os mais céticos. Bastava o nome de um falecido para que ela descrevesse sua aparência, vestes, hábitos e até detalhes íntimos desconhecidos pelos presentes. Muitas vezes, essas revelações vinham acompanhadas de fenômenos físicos: numa sessão, Adèle sofreu uma queimadura no rosto enquanto dizia ver um homem sob o sol escaldante do México; noutra, uma palavra escrita num rótulo desapareceu misteriosamente após a água ser “espiritualizada” por Swedenborg, espírito que se tornara guia constante das experiências.
Em outra sessão, um abade espanhol, inicialmente cético, pediu a evocação do irmão falecido; Adèle descreveu-lhe com detalhes o traje litúrgico, a doença, deixando o religioso atônito e convencido da veracidade das revelações.
Os irmãos e atores Faíska e Fumassa Alves relatam diversos episódios que demonstrariam uma profunda conexão telepática entre os dois. Seria muito bom se alguém do NUPES ou do Interpsi pudesse realizar estudos de “mentes entrelaçadas” com eles!
O primeiro volume de O Telégrafo Celestial (1851) é um marco do espiritualismo experimental do século XIX. Cahagnet busca provar a sobrevivência da alma por meio de experiências magnéticas com sonâmbulos extáticos, registrando diálogos e descrições do mundo espiritual. Entre os oito clarividentes — Bruno Binet, Fanny Binet, Françoise, Madame F., Madame Reviere, Adèle Magnot, Émile Rey e outros — Adèle Magnot se destaca pela constância e profundidade das revelações. Para a época, o método parecia rigoroso, pois o autor buscava confirmação das informações junto a consulentes, mas sob critérios científicos atuais, como as confirmações são testemunhais, falta maior controle. Apesar disso, a obra é valiosa como documento histórico, revelando a tentativa de conciliar ciência e espiritualidade em um contexto dominado pelo magnetismo animal. Algumas passagens, contudo, revelam preconceito racial, como quando se afirma que “as almas dos negros são tão alvas quanto as nossas; é apenas na pele que diferem de nós; mas no céu todos são brancos”, associando pureza espiritual à brancura. Longe de ser um tratado científico, O Telégrafo Celestial é um testemunho cultural que ilumina tanto a busca sincera por respostas quanto os limites e preconceitos de seu tempo. Para ler em português, clique aqui. Para ler em inglês, clique aqui.
Ian Stevenson é conhecido por seus estudos com crianças pequenas que afirmam lembrar vidas passadas. Uma característica comum nos casos que ele investigou foi a presença de marcas de nascença nas crianças que pareciam corresponder a ferimentos (frequentemente fatais) sofridos nas vidas anteriores que elas diziam recordar. Neste trabalho, enumeram-se alguns mecanismos químicos que provavelmente estão envolvidos na formação dessas marcas de nascença anômalas, com base na compreensão contemporânea da micro-PK (a capacidade da consciência de influenciar o resultado de eventos probabilísticos da mecânica quântica) e em aspectos relevantes da biologia do desenvolvimento. Sugerem-se dois experimentos que podem ser realizados para compreender melhor como a consciência pode influenciar a formação de marcas de nascença pigmentadas. Para ler o artigo em português, clique aqui. Para ler o artigo em inglês, clique aqui. Confesso que devido ao palavreado do artigo altamente técnico, não entendi quase nada.
Excelente vídeo de Alexandre de Carvalho Borges revelando de onde saiu a suposta imagem de Katie King em uma ectoplasmia da médium escocesa Mary Ann Marshall (1880-1963)
Este artigo analisa um dos primeiros casos de reencarnação estudados por Ian Stevenson, em 1961, e relatado em Twenty Cases Suggestive of Reincarnation. O caso de Gnanathilaka Baddevithana já havia sido investigado por H. S. S. Nissanka, que documentou suas entrevistas por escrito ou em gravações, tornando este um dos menos de três dezenas de casos publicados com registros produzidos antes da verificação das memórias de vidas passadas. Infelizmente, como o livro que Nissanka escreveu sobre o caso foi publicado apenas no Sri Lanka e só traduzido em 2001, sua investigação permanece pouco conhecida. Como as investigações de Nissanka e Stevenson foram conduzidas de forma independente, a comparação entre seus relatos permite avaliar em que medida as práticas frequentemente criticadas de Stevenson — como passar apenas alguns dias em campo e trabalhar com intérpretes — influenciaram sua apresentação e conclusões. Demonstra-se que tais práticas levaram Stevenson a omitir diversos detalhes, mas não afetaram sua avaliação do caso de Gnanathilaka. Isso sugere que as críticas aos métodos de Stevenson são equivocadas e que, na verdade, alguns dos casos por ele relatados podem ser fenomenologicamente mais ricos e evidencialmente mais robustos do que ele os apresentou, e não o contrário. Para ler o artigo em português, clique aqui. Para ler o original em inglês, clique aqui.
Eis uma breve resenha do livro How Not to Test a Psychic, de Martin Gardner, juntamente com uma refutação de sua explicação para o experimento bem-sucedido que Pratt considerou como a melhor evidência de percepção extrassensorial (PES) nas pesquisas realizadas com Stepanek. Para ver o artigo em português, clique aqui. Para ver o original em inglês, clique aqui.
Dora Incontri está oferecendo um curso (pago) em que discutirá capítulo a capítulo a obra “Nosso Lar” de Chico Xavier. Alguns dos assuntos abordados podem ser vistos no vídeo abaixo. Os leitores mais antigos deste blog já sabem que o livro de Chico Xavier não passa de um plágio da obra “A Vida Além do Véu” de George Vale Owen. E gratuitamente.
A pesquisa sobre fenômenos parapsicológicos (psi) é altamente relevante para o debate sobre se os processos mentais podem ir além dos limites conhecidos das capacidades cerebrais. Ainda assim, a maioria das discussões científicas e filosóficas sobre as relações mente-cérebro sequer menciona esse tipo de pesquisa, apesar de ela apresentar uma robustez empírica semelhante à de estudos reconhecidos nas áreas da psicologia, medicina e neurociências. Este artigo resume de forma concisa o suporte experimental aos fenômenos psi, reconhecendo, ao mesmo tempo, que estamos muito longe de compreender sua natureza. Reconhecer a relevância da pesquisa psi para as relações mente-cérebro deveria ser muito mais comum do que é atualmente. Para ler o artigo em português, clique aqui.