Resgate Histórico: Vida depois da vida: as revelações de Vale Owen e Chico Xavier (1983)

A revista Planeta republicou em seu site uma matéria de fevereiro de 1983 em que compara as obras Vida Além de Véu, de Owen, e Nosso Lar, de Chico Xavier. É uma boa matéria, rica de informações, mas peca por sequer considerar a hipótese de plágio, algo exaustivamente demonstrado aqui e aqui. Para ler a matéria, clique aqui.

9 respostas a “Resgate Histórico: Vida depois da vida: as revelações de Vale Owen e Chico Xavier (1983)”

  1. Míssel Crítico Diz:

    “Há, ainda, um detalhe bastante importante que precisa ser lembrado: os dois médiuns não se conheceram, não falavam a mesma língua, moravam em lugares distantes um do outro – mas deram o mesmo recado!”
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    Pois é, bastante ingênua essa parte da matéria, esquecendo a hipótese mais simples de todas: que CX leu o livro de Owen rsrsrs. Curioso também essa parte:
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    “Foi justamente por esse motivo que ele levou tanto tempo para admitir que as mensagens que lhe eram enviadas – recebidas por intermédio de terceiros – provinham de pessoas falecidas, uma das quais dizia ser sua própria mãe, desencarnada anos antes. Mas, quando se convenceu da legitimidade dessas comunicações, dispôs-se a receber as mensagens diretamente, conforme sugestões da entidade.”
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    Então o reverendo, anteriormente, recebia mensagens por via de terceiros. É possível que tenha sido sugestionado com as mensagens e outras obras correlatas que porventura tenha lido, aliando-as com a sua crença primária. É muito curioso a não menção de Owen de reencarnação, tema que seria o principal elemento a ser passado a título de informação; exatamente como seria se fosse uma projeção daquilo que Owen acreditava anteriormente, unido as novidades que acatou psicologicamente.

  2. mrh Diz:

    Muito bom, e muito mais simples.
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    Todavia, eu particularmente sustento que a mediunidade existe, mas não como Kardec acreditou (em analogia com a física), q se trata de uma “força forte”; porém, trata-se, na minha opinião, de uma “força fraca”.
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    Quero dizer que a mediunidade não se presta a revelações extensas, a escrever livros etc. Quando as pessoas tentam fazer isto, acabam por registrar suas próprias convicções.
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    Parece-me que a “janela” energética, por assim dizer, pois essa é a impressão, fica aberta por segundos, e a mensagem tem d ser curta e grossa. Algumas frases de um pai q utiliza uma palavra que costumava usar, para fins de identificação, uma recomendação, às vezes uma intuição, como por exemplo, que “há reencarnação”, que pode não ser aceita pelo ouvinte.
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    Creio que na Europa ao tempo de Kardec e antes houve uma preparação dos dois lados para que esta simples mensagem fosse aceita, com espíritos sendo preparados para ouvir e dar ouvidos a isso sendo encarnados deliberadamente com esse fim.
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    Pode soar incrível, mas creio que o conteúdo real de toda aquela trabalheira e palavrório pode ter sido bem mais modesto, muito mais modesto do que geralmente se crê.

  3. mrh Diz:

    Tentou-se por a nau da metafísica no rumo.

  4. Míssel Crítico Diz:

    Mrh,
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    Sim, também penso que se existisse seria algo excepcionalíssimo, e não esse “chat da uol” interdimensional que parece vigorar aqui no brasil rsrs. Pessoalmente, pendo mais para a perspectiva materialista desses fenômenos, embora não descarte a hipótese psi/espiritualista. Acho que a grande maioria dos casos podem ser explicados por uma construção psicossocial, sem qualquer variante sobrenatural externa ao indivíduo e ao contexto cultural no qual está inserido. Mas essa hipótese não esgota todos os casos, e alguns permanecem sem explicação. É aí que devem incidir pesquisas e experimentações para elucidação da incógnita.
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    Em todo caso, acho que a mistificação, as superstições e as fraudes só tendem a obnubilar a questão, prejudicando, inclusive, a constatação de possíveis casos verídicos. Por isso é importante a crítica e a liberdade de expô-la. Aliás, tenho lido os artigos do blog desde o começo e estão de parabéns, ótimos conteúdos.

  5. Phelippe Diz:

    Nossa!!! voltou!!! que alegria!!!
    Abraços a todos!!!

  6. Phelippe Diz:

    Só um adendo ao Mrh, se entendi bem o que ele sustentou: por experiência própria existe mediunidade sim. É muito diferente daquilo que as pessoas pensam, mas existe e se manifesta de diferentes formas. Acredito que varia de acordo com a percepção de cada um de nós. O mental tb atrapalha, deveras, mas às vezes a visão vem e a mensagem junto, de maneira clara e precisa. É aterrorizante. Retiro tudo o que disse contra. Quem não acredita é por que não tem a sensibilidade necessária. Mas se procurar treinar de forma correta, por meditação e exercícios espirituais, ou se o lado de lá decidir que é a hora de agitar, meu amigo, vai ver sim, vai ver até o que não quer, vai se borrar todo, ou viver assombrado, não recomendo que se procure isso. Se Deus em sua infinita bondade decidiu que devemos vir a Terra para não ter contato, não force. Está na bíblia. Não devemos brincar com isso. Mexer com ocultismo é perigoso. Recomendo só a leitura da bíblia e oração de coração. Fica o aviso. E na minha opinião não há reza, exorcismo que dê jeito. Só passando por isso para saber como é. Não posso replicar a experiência, mas quem é do ramo sabe do que falo.

  7. Míssel Crítico Diz:

    Interessante que, lendo superficialmente sobre a origem das tais cidades espirituais, é possível traçar ao menos uma possível linha dessa malha no imaginário popular.
    O tema cidades espirituais, com casas, prédios, divisões de trabalho e ofício, qual se fosse uma repartição pública, já tinha sido tratado por Emanuel Swedenborg no século 18. Esse autor, ao que pude dar uma averiguada, influenciou muito o espiritualismo inglês.
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    Pesquisando no espiritualismo inglês, antes do Chico Xavier, é possível achar autores espiritualistas e médiuns descrevendo as cidades espirituais, com casas, móveis, roupas, prédios, política etc., que inclusive citam Swedenborg em suas obras, mostrando que o imaginário desse autor pode ter influenciado esse movimento. Oliver Lodge, Arthur Findlay, Anthony Borgia, Winifred Moyes, o próprio George Owen, são exemplos de autores antes do Chico que descrevem cidades astrais bem semelhantes a Nosso Lar.
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    Embora eles mencionem vários pontos semelhantes em livros da série Nosso Lar, os autores ingleses NÃO MENCIONAM A REENCARNAÇÃO, tema principal do espiritismo brazuca, e que fundamenta praticamente todos os acontecimentos dos personagens e pregações dos livros do Xavier e cia.
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    Possivelmente os livros desses autores circularam no Brasil e é possível ter alguns indícios disso: Caibar Schutel, divulgador espírita brasileiro, escreve antes de Chico, no livro A vida no outro mundo, sobre as cidades e cita Swedenborg, Oliver Lodge entre outros; cita artigos de revistas espiritualista cristãs da Inglaterra. Ou seja, esse imaginário viajou o atlântico antes do Chico “comprá-lo”.
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    Interessante é que há indícios de que Chico pode ter lido Arthur Findlay alguns anos antes de publicar Nosso Lar, como visto numa publicação da revista reformador:
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    “Quando de sua recente viagem a Pedro Leopoldo, em visita ao médium Fracisco Xavier, teve o nosso companheiro M. Quintão o grato ensejo de ofertar ao Dr.
    Romulo Joviano um exemplar da interessantíssima obra de Arthur Findlay: No limiar do Ethereo”. Joviano, impressionado com o conteúdo do livro que receberá de presente, teria resolvido inquirir a opinião do espírito Emmanuel (…) ‘ Impressionou-me, sobremaneira, o volume do sr. Findlay, sendo de muito interesse
    a tradução dessa obra valiosa para a nossa língua, merecendo parabéns a FEB pela realização dessa iniciativa. Manifesto o desejo de que o nosso amigo Emmanuel se manifeste sobre o livro em apreço, em uma das nossas sessões aqui, ele veio de encontro à minha vontade, escrevendo essas impressões pelo médium Xavier, das quais lhe envio cópia inclusa, julgando-as muito oportunas e interessantes.(JOVIANO APUD REFORMADOR, 1936, p. 145).”
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    A citação do Reformador foi retirada dessa tese: http://www.repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/14515/1/2015_tese_avcscunha.pdf

  8. Míssel Crítico Diz:

    Esse livro do Arthur Findlay foi traduzido e publicado pela FEB na década de 30:
    http://memoria.bn.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=089842_04&pesq=%22arthur%20findlay%22&pasta=ano%20193&hf=memoria.bn.br&pagfis=21598
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    Não o li ainda, mas por citações de outros e publicações é possível ver que muito das cidades astrais do Chico se encontravam também no livro de Findlay. E a possibilidade de ele ter lido, poucos anos antes de escrever Nosso Lar, pode ser sugestivo, dado o histórico de semelhanças dos livros de Xavier com diversas outras obras durante praticamente toda sua carreira literária. Algumas possíveis semelhanças:
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    “NO LIMIAR DO ETHEREO
    (j. Arthur Findlay)
    É evidente que uma immensa região existe, própria para outra vida, a ser habitada EM TORNO e dentro deste nosso mundo, região essa inteiramente fora dos sentidos normaes de nossas percepções.”
    http://memoria.bn.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=830399&pesq=%22Arthur%20findlay%22&pasta=ano%20193&hf=memoria.bn.br&pagfis=11766
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    Obs: Não é mais ou menos esse o conceito das cidades astrais por CX, de que ficam em torno do planeta?
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    “Nesse outro estado de consciência, os seres se encontram em ambientes mais ou menos idênticos aos que aqui nos achamos. Crescem árvores e desabrocham flores (…) os ambientes do mundo etéreo são, em grande parte, condicionados pelos pensamentos dos seus habitantes, de forma que, por exemplo, suas casas e modo de viver são, em larga escala, obra deles (…) Reina grande atividade. Cada um tem o seu labor a executar. Servir aos outros e amar são os padrões éticos que lá prevalecem, num grau muito mais elevado do que aqui. É universal a linguagem, de sorte que todos se entendem uns aos outros”.
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    Obs: Casas e cidades refletidas da mente dos espíritos, cada um tem um trabalho, de preferência a servir terceiros. Muito semelhante ao que ocorre lá na utopia chiquista.
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    “Em geral, vivem juntos os de cada nacionalidade terrena e falam a língua de que aqui usaram; há, porém, uma linguagem comum a todos.”
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    Obs: Sempre achei estranho o mundo espiritual do Chico ser local, nacionalista; interessante que ele possa ter lido um livro que já configurava o mundo de lá dessa maneira…
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    “Insistiam muito os meus informantes num ponto: em que, entre eles, é rígida a disciplina, obedecendo todos aos que exercem autoridade. Cada um se acha submetido a Espíritos mais elevados, cujas determinações e instruções têm que ser atentamente obedecidas. É um Estado bem ordenado e governado (…)”.
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    Obs: Mais uma vez, bastantes dos elementos que compõe as bases do imaginário Nosso Lar, também estavam presentes no livro do Findlay.
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    “Perguntados como se nutrem, disseram-me que comem e bebem exatamente como nós e têm do comer e do beber as mesmas sensações que nós (…) Gozam de muito maior liberdade de movimentos, visto que se deslocam de um lugar para outro com uma rapidez que nos escapa à compreensão. (FINDLAY, 2002, p. 128-130).
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    Obs: As citações do livro do findlay foram retiradas do livro As colônias espirituais e a codificação, pgs 64 a 66, Paulo Neto.
    http://bvespirita.com/As%20Colonias%20Espirituais%20e%20a%20Codificacao%20(Paulo%20Neto).pdf

  9. Míssel Crítico Diz:

    Bom, para quem acredita, pode ser que a coincidência do tema de todos esses escritores possa ser evidência da existência real de tais cidades. Mas, considerando o caráter itinerário das crenças, se retroalimentando, modulando umas às outras e ensejando sugestões mentais, mais os indícios de que esses livros do novo espiritualismo circulavam no Brasil, não é impossível poder apontar para um caráter de apropriação ou mimetização do imaginário ficcional, entre o movimento novo espiritualismo e o espiritismo brasileiro.

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